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O presente artigo aponta para aspectos relevantes frente a temática inclusão escolar e a tecnologia assistiva (TA) em uma escola pública estadual inclusiva do município de Santa Cruz do Sul-RS. O artigo é resultado de uma pesquisa cujo objetivo foi o de conhecer acerca da temática e sua relevância quando aplicada numa sala de Atendimento Educacional Especializado (AEE). O objetivo partiu de um problema que envolveu compreender quais as implicações da TA no fazer pedagógico do professor do AEE de uma escola inclusiva.

A TA é uma área que engloba produtos, recursos, metodologias e estratégias, que visam promover a funcionalidade, relacionada à atividade e participação, de pessoas com deficiência, incapacidades ou mobilidade reduzida, visando sua autonomia, qualidade de vida e inclusão social. (BRASIL, 2007).

A inclusão escolar é um significativo tema a ser estudado pelo fato de que muitas vezes os alunos da Educação Especial são ignorados no âmbito das escolas, assim, conhecer sobre o tema relacionando-o aos recursos e materiais disponíveis que envolvem a TA é de fundamental importância para saber quais são os direitos legais desse segmento da sociedade e, então, poder atuar de forma a não somente cumpri-los, mas, principalmente, saber que se tem o direito de reivindicá-los.

A educação especial deve ocorrer em todas as instituições escolares que ofereçam os níveis, etapas e modalidades da educação escolar previstos na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (BRASIL, 1996), de modo a propiciar o pleno desenvolvimento das potencialidades sensoriais, afetivas e intelectuais do aluno, mediante um projeto pedagógico que contemple, além das orientações comuns, cumprindo 200 dias letivos, horas aula, meios para recuperação e atendimento do aluno, avaliação e certificação, articulação com as famílias e a comunidade e consequentemente um conjunto de outros elementos que permitam definir objetivos, conteúdos, procedimentos relativos à própria dinâmica escolar.

Para a definição das ações pedagógicas, a escola deve prever e prover, em suas prioridades, os recursos humanos e materiais necessários à educação. É nesse contexto que a escola deve assegurar uma resposta educativa adequada às necessidades dos seus alunos, em seu processo de aprender, buscando implantar os serviços de apoio pedagógico especializados necessários, oferecidos preferencialmente no âmbito da própria escola.

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Atendimento Educacional Especializado: Estado da Arte

A política de inclusão de alunos na rede regular de ensino não consiste apenas na permanência física desses alunos junto aos demais educandos, mas representa a ousadia de rever concepções e paradigmas, bem como desenvolver o potencial dessas pessoas, respeitando suas diferenças e atendendo suas necessidades.

Portanto a qualificação de profissionais de educação especial é de fundamental importância. Conforme a lei no artigo 59 III:

Professores com especialização adequada com nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores de ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns (BRASIL, 2003).

Porém, não é o que na maioria das vezes a nossa realidade escolar nos apresenta, já que de um lado, os professores do ensino regular muitas vezes não possuem preparo para trabalhar com crianças que apresentem deficiências evidentes e, por outro, profissionais da educação especial não efetivam suas ações por falta de estrutura.

Conforme as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica (BRASIL, 2003) são considerados professores capacitados para atuar em classes comuns com alunos incluídos, aqueles que comprovem que, em sua formação, de nível médio ou superior, tenham sido contemplados com os conteúdos ou disciplinas sobre educação especial e desenvolvidas competências para:

I - Perceber as necessidades educacionais especiais dos alunos; II- Flexibilizar a ação pedagógica nas diferentes áreas do conhecimento;

III- Avaliar continuamente a eficácia do processo educativo; IV - Atuar em equipe, inclusive com professores especializados em educação especial.

Já professores especializados em educação especial são aqueles que desenvolveram competências para identificar as necessidades educacionais especiais, definir e implementar respostas educativas a essas necessidades, apoiar o professor da classe comum, atuar nos processos de desenvolvimento e aprendizagem dos alunos, desenvolvendo estratégias de flexibilização curricular e práticas pedagógicas alternativas, entre outras, e que possam comprovar:

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a) Formação em cursos de licenciatura em educação especial ou em uma de suas áreas, preferencialmente de modo concomitante e associado à licenciatura para Educação Infantil ou para os Anos Iniciais do Ensino Fundamental;

b) Complementação de estudos ou pós-graduação em áreas específicas da educação especial, posterior à licenciatura nas diferentes áreas do conhecimento, para atuar nos anos finais do Ensino Fundamental e no Ensino Médio.

Formação profissional e sala de AEE adequada são alguns pressupostos para o processo efetivo de inclusão escolar, pois a medida que o aprendiz é incluído em uma escola de rede regular a escola deve assumir o papel de propiciar ações que favoreçam determinados tipos de interações sociais, definindo, em seu currículo, uma opção por práticas diferenciadas e inclusivas. Sendo assim não é o aluno que se adapta a escola, mas sim a escola, que de forma ativa, coloca-se à disposição do aluno, tornando-se um espaço inclusivo. Nesse contexto, a educação especial é concebida para possibilitar que o aluno atinja os objetivos da educação geral.

Uma proposta pedagógica que inclua os aprendizes deverá seguir as mesmas diretrizes já traçadas pelo Conselho Nacional de Educação para a Educação Infantil, o Ensino Fundamental, o Ensino Médio, a Educação Profissional de nível técnico, a Educação de Jovens e Adultos e a Educação Escolar Indígena. Portanto, esse projeto deverá atender ao princípio de flexibilização, para que o acesso ao currículo seja adequado às condições dos sujeitos da aprendizagem, respeitando seu percurso escolar.

Para tal é relevante para o processo educacional do aprendiz, que seja realizada uma avaliação pedagógica dos alunos que apresentem necessidades com o objetivo de identificar barreiras que estejam impedindo ou dificultando o processo educativo em suas múltiplas dimensões. Essa avaliação deverá considerar aspectos que influenciam na aprendizagem do próprio aluno; as que incidem no ensino e aquelas relacionadas às condições da escola e da prática docente. Para a realização da avaliação, deverá ser formada, no âmbito da própria escola, uma equipe de avaliação que conte com a participação de todos os profissionais que acompanhem o aluno.

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Atendimento Educacional Especializado: Estado da Arte

Muitas vezes os recursos existentes na escola são insuficientes, logo cabe aos gestores educacionais buscar uma equipe multiprofissional (médico, fonoaudiólogo, assistente social, terapeuta ocupacional) em outra escola do sistema educacional ou na comunidade, para concretizar ações que proporcionem recursos necessários aos alunos.

Quanto a acessibilidade é relevante salientar que os gestores educacionais e escolares assegurem acessibilidade aos alunos que apresentem necessidades educacionais especiais, mediante a eliminação de barreiras arquitetônicas urbanísticas, na edificação - incluindo instalações, equipamentos e mobiliário - e nos transportes escolares, bem como de barreiras nas comunicações. Para o atendimento dos padrões mínimos estabelecidos com respeito à acessibilidade, deve ser realizada a adaptação das escolas existentes e condicionada a autorização de construção e funcionamento de novas escolas ao preenchimento dos requisitos de infraestrutura definidos.