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Processos interativos e mediacionais na problematização da Inclusão

Por fim, os professores destacaram a relevância de um profissional que tome a frente na organização e sistematização dos encontros, neste caso, a educadora especial que atua no AEE. São tantas atividades cotidianas, que é necessário determinar funções, para que o grupo funcione:

Eu acho que foi ótimo teu trabalho aqui, incentivando e motivando a gente [...] E, isso é ótimo todo mundo deveria ter essa iniciativa por que sem alguém para organizar a gente não faz, então, é muito

importante ter alguém no grupo assim (Tatiane).

E a importância que foi pra nós o fato de ter vindo uma educadora especial e de ter sido uma pessoa aberta, comprometida. Que a gente via que tudo que era proposto era pensado... Vamos buscar, nada está ruim, sempre dava um jeito para fazer alguma coisa e eu tinha até medo que o grupo ia resistir um pouco a essa pessoa. Assim como você tinha medo eu também tinha medo mas o grupo se abriu (Paula).

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Eu só acho, com certeza, que a tua atuação nessa escola foi que causou essa discussão, a tua singularidade de professora da educação especial que fez o grupo se mobilizar mais com essa questão da

inclusão (Leia).

O que me chamou a atenção foi o tipo de trabalho que você fez aqui na escola, como você como educadora especial agiu eu acho que você está indo pelo caminho certo, por que está muito próximo do que nós

professores fizemos também (Sofia).

Assim, sustentamo-nos nas reflexões de Freire (1998) para destacarmos algumas qualidades indispensáveis para a consolidação da docência, pois o comprometimento com a ação docente implica: a humildade em termos de confiança, coragem e respeito a nossa profissão e colegas; a amorosidade que desperta nos professores a paixão pela educação e mesmo diante de condições de trabalho ainda precárias, faz sua parte, buscando a formação permanente e se reinventando a cada nova experiência; a coragem de lutar e acreditar que somos capazes de fazer diferente e mudar práticas, coragem de vencer medos; a possibilidade de conviver e aprender com o diferente; a decisão em romper com o que está posto; a segurança em assumir suas ações e suas crenças; a paciência para acreditar que quase tudo é possível e, por fim a alegria de viver, pessoas alegres contagiam e se entregam a tudo aquilo que se propõem a fazer.

CONCLUSÃO

Este estudo apontou para a relevância da formação docente tendo em vista as práticas inclusivas. Também ficou explícito que é possível transformar a escola em um lugar de formação. Cabe aos professores que atuam no atendimento educacional especializado mediarem e contribuírem para as aprendizagens dos colegas educadores. Para promover a inclusão é necessário acreditar e, para acreditar é preciso compreender sua relevância através do estudo e das trocas com os colegas.

Entendemos que a prática educativa exige, a cada momento, diferentes posicionamentos diante das demandas escolares. Por este motivo, a formação continuada ocupa papel fundamental na constituição dos docentes. A escola está em constante transformação e

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a formação docente precisa acompanhar tais mudanças. Sendo assim, é fundamental refletirmos sobre quais aspectos a formação continuada necessita contemplar, neste contexto cabe aos educadores orientarem suas atividades para consolidar tais transformações.

Além disso, encontrar no ambiente de trabalho pessoas nas quais se pode confiar e expor as dúvidas e fraquezas, fortalece um grupo que se une e busca junto solucionar problemas e conflitos. Há um sentimento de solidariedade e, por que não dizer, de amizade. Esses sentimentos abrem as portas para os diálogos, para as trocas de experiências e também para as lamentações e, nesta construção coletiva, nasce uma cultura escolar de colaboração, que propicia construções de novos conhecimentos e também a reflexão sobre as concepções de cada um.

Dar voz aos professores implica valorizar os conhecimentos e compreender que o próprio grupo é capaz de construir estratégias e buscar soluções para as demandas escolares. A escola passa a reconhecer e valorizar seus saberes, tendo o compartilhamento como peça central nessa organização.

Os elementos problematizados neste estudo explicitam compreensões de que a inclusão mobiliza-nos a aprender e compreender que ações e operações nesta direção são fundamentais. No entanto, esses são apenas os primeiros passos rumo à efetivação da inclusão escolar.

Fazendo referência aos escritos de Freire (1998) o ser professor carrega consigo responsabilidades éticas, políticas e profissionais. E, em um mundo em constante transformação é necessário que os educadores também acompanhem e se transformem constantemente. Por este motivo, temos a compreensão de que ser professor exige formação permanente, e isso significa ter respeito e compromisso com a própria profissão, implicando em uma constante aprendizagem.

E, para que este aprender aconteça é imprescindível que nos compreendamos como inacabados. Assim, é preciso que nos coloquemos a aprender com os colegas, buscando, constantemente, novas aprendizagens, além de termos o constante respeito pelos estudantes e uma atuação reflexiva acerca do que pode ser melhorado e modificado

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REFERÊNCIAS

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O ATENDIMENTO