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Este processo investigativo permitiu atingir os objetivos que inicialmente defini. Assim, identifiquei os brinquedos com que habitualmente as crianças do estudo interagem, evidenciando a existência de uma relação destas crianças com os seus objetos de preferência, a boneca e o comboio; descrevi o tipo de interação que as crianças estabeleciam com os objetos, com os pares e com o educador; refleti sobre as implicações pedagógicas dos dados observados, tendo ficado claro os valores da brincadeira livre para estas duas crianças, confirmando-se de algum modo alguns aspetos que a investigação tem revelado sobre a importância do brinquedo, do brincar e da relação no desenvolvimento harmonioso da criança.

Sinto que as principais limitações deste estudo decorreram do facto de o período de observação nem sempre ser exato, isto é, o momento de brincadeira livre no período da tarde por vezes tornava-se reduzido consoante a satisfação das necessidades das crianças, sendo esta uma prioridade máxima. Nesse sentido acabava por observar apenas as interações que iam surgindo espontaneamente por parte das crianças, com alguns imprevistos a acontecer em simultâneo.

Senti ainda alguma dificuldade em realizar este estudo, apesar de entender a importância e valor de um olhar atento e permanente sobre as ações de cada criança e também do grupo, como um todo. Ao observar as crianças, senti que perdia um pouco da interação com elas, quando registava as suas ações, acabava por não conseguir fazê-lo da melhor forma, ou seja com rigor e registando de forma mais completa o que observava. Elas próprias sentiam necessidade de perceber o que estava a fazer, e de interagir comigo, acabavam por tocar no bloco de notas e na caneta. Por vezes dei oportunidade para que

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manipulassem esses objetos, incluindo uma das vezes uma criança riscou o bloco de notas com a caneta, sorrindo quando o fez.

Ao concluir o presente estudo posso afirmar que o processo de investigação com as diferentes etapas e fases inerentes à sua conceção exige por parte do educador uma atitude atenta e crítica. Delinear cada fase de um projeto de investigação envolve conhecer aprofundadamente a realidade que se quer estudar, o contexto em que se realiza a investigação, as condições em que ocorre e perceber se é pertinente o que queremos investigar. Envolve também garantir a fidelidade e validade das observações, respeitando igualmente o objeto de estudo. Para que se possa chegar a uma conclusão, o investigador tem de partir de um objetivo inicial. No decorrer da sua ação é imperativo conhecer e saber aplicar o método e os procedimentos que servem de base à investigação, para poder aplicar as diferentes técnicas e instrumentos de recolha de dados e técnicas de tratamento de dados. Esta fase final é o que permite retirar conclusões dos resultados obtidos e posteriormente apresentar novos caminhos de investigação que complementem este estudo, ou abrir caminho para outras vias de investigação pertinentes na área estudada. O resultado da investigação ocorre sempre associado a um enquadramento teórico que suporte e valide a área de estudo em que se insere a investigação.

Este estudo permitiu-me ainda constatar que, apesar de ter aprofundado o meu conhecimento acerca dos desafios de um processo de investigação, ainda tenho alguma dificuldade neste processo devido à constante necessidade de reformular algumas etapas e perceber se são as mais adequadas. Ao ter estudado este tema penso que apenas consegui observar uma pequena parte do que a brincadeira significa para crianças, desta idade em particular. Ainda assim a alegria que a simples interação com os brinquedos e também com as pessoas que estão à sua volta proporciona às crianças foi agradável de observar.

Considero ainda este objeto de estudo pertinente pois permite conhecer a forma como a criança representa o mundo que a rodeia, a realidade, expressando sentimentos e emoções, relativos à mesma. Este jogo que a criança concretiza nos momentos de brincadeira ou através da simples interação com os objetos revela um pouco do mundo interior da mesma. Esse mundo além de ser fascinante pode ajudar o adulto, neste caso o educador a adequar a sua atitude, tornando o ambiente da sala mais rico em estímulos, implicando o grupo todo em atividades mais direcionadas a sua individualidade.

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Pude descobrir aspetos sobre as crianças que ainda não tinha descoberto apesar de contactar com elas todos os dias. Pude também confirmar que a brincadeira é uma atividade saudável, tanto para crianças como para os adultos, pois nesta pequena aventura também eu brinquei e revivi um pouco da infância espetacular que me foi proporcionada. A creche parece ser assim um lugar para brincar, para descobrir e aprender a ser.

Este estudo confirma a importância de em contexto de creche, o educador criar um espaço rico em recursos, nomeadamente com brinquedos que permitam a identificação das crianças e criem o desejo do jogo simbólico. Um educador que organiza “ tempos de qualidade” com recursos significativos e cria ambientes para que as crianças interajam livremente com esses recursos. Um educador que observa essas interações e que se relaciona com as crianças entrando no seu jogo simbólico. Um educador que avalia esses agir das crianças ao nível do seu desenvolvimento linguístico, emocional e social e cria condições para um encontro significativo da criança com o brinquedo, procurando assim o seu desenvolvimento harmonioso, através da relação da criança consigo, com os pares e com o educador.

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