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E XEMPLO DE PROPOSTAS EDUCATIVAS EM CONTEXTO DE J ARDIM DE

2. ª P ARTE – E XPERIÊNCIA EM J ARDIM DE I NFÂNCIA I NTRODUÇÃO

3.2. E XEMPLO DE PROPOSTAS EDUCATIVAS EM CONTEXTO DE J ARDIM DE

INFÂNCIA

3.2.1. Proposta Educativa de vinte e oito de abril de 2014

A proposta educativa do dia vinte e oito de abril (ver Anexo 11) esteve relacionada com a comemoração antecipada do Dia da Mãe (a ocorrer dia quatro de abril). As crianças tiveram oportunidade de observar (ouvindo e vendo) a história intitulada “Mãe, Querida Mãe! Como é a tua?” de Luísa Ducla Soares. Durante esta atividade, as crianças mostraram-se entusiasmadas e espantadas com os animais que iam surgindo. Esta proposta educativa teve como intencionalidades educativas a criação de laços afetivos com um livro; desenvolver o gosto em contactar com um livro; o respeito pelo material; a interação verbal; comunicar; desenvolver competências emergentes de leitura, bem como respeitar as regras de conversação.

As crianças puderam caraterizar as suas mães, registando as suas ideias por forma a construírem um mural dedicado às mães, agrupando as caraterísticas segundo determinados critérios. Esse registo foi efetuado no quadro de giz (Fig.23). Ao efetuarem o registo as crianças apontaram caraterísticas físicas como cor dos olhos; cor/tamanho do cabelo.

Figura 23 - Registo efetuado pelas crianças, sobre as caraterísticas das mães.

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Mas também referiram caraterísticas das suas mães bastante diferenciadas afirmando por exemplo “muito gira”; “muito amiga”; “cintilante”; “linda”; “como uma mãe natal”; “brincalhona”; “amo a mãe”; “carinhosa”; “amorosa”; “engraçada”; “vaidosa”; “querida do coração”; “gira”; “um amor” e “fofinha” (Fig.24).

Estas caraterísticas foram registadas pelas crianças, sendo que as crianças mais velhas escutaram a palavra soletrada, escrevendo-a simultaneamente e algumas das crianças mais novas copiaram a palavra que tinham dito anteriormente. Com esta tarefa as crianças deviam conhecer e usar convenções gráficas, bem como exercitar a sua capacidade de concentração, atenção e observação. Segundo Mata (2008, p.14)

As crianças que desde cedo estão envolvidas na utilização da linguagem escrita, e que veêm outros a ler e a escrever, (…) vão desenvolvendo capacidades e vontade para participarem em acontecimentos de leitura e escrita. Consequentemente, o seu conhecimento sobre as funções da leitura e escrita vai-se estruturando e tornando-se cada vez mais complexo e multifacetado, descobrindo quando, como e com que objectivos a linguagem escrita é utilizada.

Ao longo do conto da história, pudemos registar que as crianças SC (com três anos), SL (com quatro anos) e GM (com cinco anos) identificaram características físicas e psicológicas das suas mães. A criança SC comparou a sua mãe com a personagem “Periquita” “porque dá muitos beijinhos”. A criança SL disse que a sua mãe é “fofinha, linda, dá beijinhos e é como a mãe borboleta”. A criança GM disse que a sua mãe era como a mãe pata “porque tenho sempre ir atrás dela”. Estas crianças não sugeriram nenhum critério para agrupar as características e não identificaram as profissões das suas mães. O grupo em geral foi responsivo a esta proposta, mostrando-se implicado nos diferentes momentos, concentrado, e interessado em redescobrir as diferentes mães de todas as crianças. Ao compararem as suas próprias mães às mães da história as crianças mostraram facilidade em descrever as mães, reconhecendo caraterísticas que as tornam únicas.

3.2.2. Proposta Educativa de nove de junho de 2014

Figura 24 - Coração elaborado pelas crianças, sobre as mães, afirmando caraterísticas como "Muito amiga"; "Cintilante"; "Engraçada"; “Querida do coração”; “Vaidosa”; “Fofinha”, entre outros.

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A proposta educativa deste dia (ver Anexo 12) teve como intuito levar as crianças as explorar e contactar com jornais. A exploração de jornais ocorreu de forma muito descontraída, o grupo de crianças pôde observar os jornais (vendo, tocando e cheirando), procedendo posteriormente à sua rasgagem. Ao longo da atividade, as crianças MR (com quatro anos), MG (com cinco anos) e AY (com seis anos) respeitaram a sua vez, o material e o espaço, mantendo-se em círculo. No decorrer deste momento, as crianças rasgaram as folhas de papel de jornal consoante as indicações dadas. Estas crianças criaram um ritmo diferente através da rasgagem das folhas de papel de jornal.

Aquando da escuta do som que o papel fazia ao ser rasgado, as crianças mostraram entusiasmo, realizando diferentes sons, com ritmos mais rápidos ou mais lentos. Esta ação resultou num momento criativo, através de uma sugestão da nossa parte, nomeadamente o rasgar das folhas criando ritmos únicos, sendo estes mais rápidos ou mais lentos. Uma das propostas educativas teve o objetivo de as crianças recorrerem às tiras e às folhas de papel de jornal, previamente rasgadas, por forma a caraterizarem-se de uma forma criativa. Cada criança pôde-se caraterizar livremente, utilizando as folhas de papel jornal criando acessórios, nomeadamente, bandolete, pulseiras, laços, gravatas, e também vestuário, por exemplo saias e camisa (Fig. 25). As crianças aproximaram-se frequentemente pedindo ajuda para se caraterizarem.

Toda esta aventura com recurso aos jornais teve como principais intencionalidades cooperar com os colegas; saber estar em grupo; contactar e explorar folhas de papel de jornal; desenvolver o sentido estético entre outros. Kowalski (2012, pp. 47 e 48) afirma- nos que

O educador de infância, ao valorizar a dimensão estética (…) favorece a construção de um ambiente educativo que, no seu todo, se constitui como um desafio para a procura do sentido estético (…) Cada criança sabe-se contribuinte do espaço de criação, inserido num ambiente que é único, original, e pode saboreá-lo como canto seguro de inspiração que vai sendo revelado pelas produções criativas de cada um, com o grupo.

Figura 25 - Crianças surgem disfarçadas com as folhas de jornal.

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Após o momento de caraterização as crianças puderam dançar livremente pelo espaço escutando a música proveniente do computador da sala. Durante este momento as crianças mostraram-se bastante entusiasmadas e desinibidas, movimentando-se livremente pelo espaço. Ainda nesta exploração as crianças tiveram oportunidade de mandar as tiras, que resultaram do processo de rasgagem, ao ar. Este momento foi particularmente interessante para as crianças, pois estas revelaram um entusiasmo crescente durante todo o desenrolar da ação, foram rindo, movimentando-se energicamente pelo espaço da sala de atividades e partilhando as suas emoções com os amigos (Fig.26).

Por fim as crianças arrumaram as tiras de papel de jornal na caixa e demos início a um momento divertido, em que as crianças se escondiam dentro da caixa, e as restantes teriam de adivinhar quem estava escondido no interior desta (Fig.27). Assim as crianças viradas para a parede, sem poderem olhar para trás, esperavam que uma criança se fosse esconder na caixa, tendo posteriormente de adivinhar. As crianças ficaram bastante entusiasmadas com este momento, rindo sempre que adivinhavam quem se encontrava escondido dentro da caixa. Este ambiente único e original foi sofrendo alterações durante toda a atividade, conforme o desenrolar da ação, tendo como material de exploração as folhas de papel de jornal. Kowalski (2012, pp. 48 e 49) entende que

Um ambiente que vai mudando pela força do que acontece, pela necessidade de resolução de novos problemas, em que o espaço revela produções de cada uma das crianças é um ambiente estimulante e securizante. Aí se promove “a qualidade do sentir” e, sob a forma de jogo, surgem as interpretações das crianças, pessoais, únicas, os seus modos de representar o que as espanta e encanta, o que encontram e procuram, o que têm próximo e o que imaginam.

Figura 26 - Crianças exploram as folhas de jornal.

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