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João vende as suas acções a novo accionista (Felisberto) sem dar preferência a Pedro Quid iuris?

No documento Sociedades Comerciais - Casos Práticos (páginas 54-71)

HIPÓTESE PRÁTICA XI Numa sociedade cotada na Euronext de Lisboa:

3. João vende as suas acções a novo accionista (Felisberto) sem dar preferência a Pedro Quid iuris?

Só existe responsabilidade obrigacional. A violação de cláusulas limitadores não determina a invalidade da transmissão. Esta é valida se foram respeitados os modos de transmissão das acções nominativas. Mas a sociedade pode opor ao adquirnete a cláusula violada – não produzirá efeitos. Pode-se recusar o registo tanto nas escriturais como nas tituladas e o adquirente não pode exercer os direitos inerentes à participação social.

A cláusula de preferência consta do contrato de sociedade com forma legal e registado; esta transcrita nos titulos ou nas contas de registo das acções; pode se rinvocada em processo executivo ou de liquidação do patrimonio. Assim tem eficácia erga omnes.

CLÁUSULAS ESTATUTÁRIAS NORMATIVAS: são em tudo equivalenete a um pacto de preferencia e se não oponiveis a qualquer terceiro – direitos reais – coisas corporeas, mas acções não são coisas corporeas, mas como se asemelham a um pacto de preferencia com eficacia erga omnes pode intentar acção de preferencia.

HIPÓTESE PRÁTICA XVII

Do contrato da sociedade Movitel – Telecomunicações Móveis, S.A. constam as seguintes cláusulas:

Artigo Sexto

A transmissão de acções nominativas está sujeita ao consentimento do Presidente do Conselho de Administração.

Maria Luísa Lobo – 2012/2013 Page 55 Nos termos do art. 328º consagra-se o Princípio da Livre Transmissibilidade, mas existem limitações: o que é preciso para que está limitação conste dos estatutos?

 Tem de estar nos estatutos a necessidade de consentimento

 Qual o órgão competente para dar o consentimento – se nada se disser é a AG

 Art. 329º/3 - A lei estabelece como prazo maximo 60 dias, mas podem estipular prazo inferior. O silencio vale como consentimento

 Art. 329º/3 al. c) – se a sociedade não der o seu consentimento:

 Negócios onerosos: a sociedade tem de apresentar as condições de preço iguais às do terceiro;

 Negócios gratuitos: faz-se pelo valor real, sendo que depois o donatário entende-se com o doador.

Artigo Décimo

Com a morte de qualquer dos sócios, a Sociedade pode amortizar as respectivas acçõespelo seu valor nominal.

Interpretação da expressão ‘’factos’’ no art. 347º/3: o que a lei quer é que sejam factos que escapem à vontade da sociedade. A lei quer que figura no contrato de sociedade as situações concretas que podem conduzir à amortização, não pode por simples e livre vontade da sociedade. Tem de ser factos exteriores à vontade da sociedade. Se o contrato de sociedade não previr tal situação a sociedade não pode proceder à amortização compulsiva.

No caso, fazia todo o sentido consagrar o artigo decimo com fim a evitar que com a morte do sócio, os seus herdeiros legitimários assumissem a posição deste. Com tal previsto no contrato de sociedade, a sociedade poderá proceder à amortização compulsiva.

Mas pode-se em vida estabelecer um acordo sobre os destinos dos bens após a morte? Não, tal consubstancia um pacto sucessório, sendo que estes só são admitidos nas convenções antenupciais.

No caso na verdade não existe um pacto sucessório, uma vez que o que eles estão a estipular é que após a morte de alguns dos sócios a sociedade pode amortizar, ou seja com a morte do sócio as acções transmitem-se para os herdeiros. Os herdeiros ou legatários sucedem nos bens, sendo que o problema da amortização só surge posteriormente.

Maria Luísa Lobo – 2012/2013 Page 56 A sociedade é obrigada a amortizar ou tem a faculdade de amortizar? A forma como o art. 10º estava redigido parece transparecer que tal consubstanciava uma faculdade, sendo ela que iria decidir se queria impedir a entrada de terceiros.

Quanto ao valor da amortização importa desde já dizer que quando se falava que a sociedade podia amortizar pelo valor nominal tal levantava um problema: os herdeiros vão ficar privados de um valor patrimonial que constava da herança e esse valor/bem que vai ser extinto tem um determinado valor que pode corresponder ou não ao valor nominal. Para evitar que estejam a ser ‘’sugados’’ bens da herança, a contrapartida que a sociedade deveria pagar aos herdeiros deveria ser o valor real das acções e não o valor nominal problema que resulta da conjugação do direito societário com o direito das sucessões.

Em suma: podemos estar face a um pacto sucessório, ou seja, com a morte do sócio, o herdeiros passam a ser sócios. Estes estatutos permitem que a sociedade amortize, mas não impede a transmissibilidade (se assim fosse, a cláusula seria nula nos termos do art. 328º e ss, além de ser um pacto sucessório). Isto faz-se para evitar que terceiros entrem para a sociedade. Em caso de penhor de acções tambem pode existir interesse em amortizar as acções. Em casos de divórcio e insolvência tambem.

Quanto à amortização de acções é necessário atender ao art. 346º e 347º: à partida extinguindo-se as acções deveria haver redução do capital social, mas parece que a lei estipulou de forma diferente.

ANÁLISE DO ART. 346º: não há redução de capital social, porque não há extinção de acções. Há é modificação dos direitos das acções. Aqui diminuem- se os direitos das acções – acções diminuidas. Há a diminuição do valor nominal de determinadas acções, tendo de haver reembolso dos accionistas, portanto, do ponto de vista patrimonial, vão ficar diminuidas. Só quinham dos valores patrimoniais numa parte. Mas a participação social não se extingue completamente. São acções de fruição: formam uma categoria de acções especiais: já não poque se trata de um privilégio e sim, porque estão diminuidas. Do que se trata é de uma modificação da participação social.

ANÁLISE DO ART. 347º: aqui tem de haver extinção da participação social. A redução do capital social dá-se na exacta medida da extinção das acções com um certo valor nominal. A lei impõe duas formas:

i. AMORTIZAÇÃO VOLUNTÁRIA: com consentimento do titular das acções

ii. AMORTIZAÇÃO COMPULSIVA: sem o consentimento ou mesmo contra a vontade do titular das acçções  é complicado. Se não fosse, os sócios maioritários poderiam deliberar a extinção da participação social

Maria Luísa Lobo – 2012/2013 Page 57 dos sócios minoritarios sem mais. Nos termos do art. 347º/3 o contrato deve fixar os factos em concreto para que a amortização seja possível, uma vezque a lei quer impedir que algum órgão da sociedade pudesse, em concreto, decidir que seria naquele caso que se poderia amortizar. Por exemplo, não poderia deduzir que se podia se houvesse uma maioria de ¾. Exemplo de casos em que se poderia: se morrer um sócio; se o sócio for declarado insolvente; se houver penhora das acções. Tem de ser um facto objectivo e relacionado com a participação social. Apesar os factos estarem presentes nos estatutos, podem estar enquanto obrigação da sociedade ou enquanto faculdade.

Como consequência da amortização, a sociedade terá de pgar uma contrapartida – se assim não fosse, tratar-se-ia de uma expropriação.

Artigo Décimo Primeiro

A sociedade pode comprar acções próprias até a um máximo de metade do seu capital social, mediante deliberação do respectivo Conselho de Administração.

É necessário atender ao art. 316º, sendo que não é possível subscrever-se. E adquirir, pode? Pode adquirir mas é necessário atender aos limites consagrados na lei, nomeadamente ao art. 317º/2. Mas porque é que a sociedade não pode deter e adquirir acções próprias? Tal deve-se ao facto de se a sociedade comprar acções próprias terá de as comprar aos sócios, e as acções tem um valor definido em função do património social, ou seja não tem um valor de per si. Se a sociedade comprar acções aos sócios esta a utilizar bens do seu património para adquirir acções que não tem um valor autónomo, sendo que estas acções no limite não valem nada. Tal consubstanciava um perigo para os credores porque estes iriam ver o património social a ser reduzido a zero. Além disso, tal envolvia uma redução encoberta do capital social. Deste modo, a lei não admite sem limitações a aquisição de acções próprias. Nas sociedade em mercado regulamentado ao comprar acções própria faria variar a cotação das quotas: comprando muito gera-se um efeito especulativo, porque a sociedade está-se a desfazer do seu património, fazendo o valor da sociedade subir.

Quanto ao risco especulativo o problema assenta no facto de se a sociedade aparecer a comprar acções poderá criar a ilusão de que se esta a tratar de uma sociedade financeira e patrimonialmente solida, quando na verdade é uma sociedade que se esta a esvaziar do ponto de vista patrimonial. Deste modo, não se admite sem mais que uma sociedade possa aparecer no mercado a comprar as acções sem qualquer limite.

Nos termos do art. 317º/2 a sociedade poderá adquirir licitamente acções próprias até 10% do seu capital (está-se a iliduir os credores uma vez que estas acções valem zero, há menos património), desde que a sociedade crie uma

Maria Luísa Lobo – 2012/2013 Page 58 reserva especial em montante equivalente ao valor pago pelas acções (art. 324/1 al. b)). Tal visa atenuar o problema dos credores (se a sociedade quiser adquirir acções no valor de 100 mil euros tem de ter disponível 200 mil euros: 100 mil euros para pagar acções e mais 100 mil euros para a reserva). Mas de qualquer forma

A competência quer para a aquisição quer para alienação em regra cabe à AG (visa garantir as posições dos sócios), sendo que só excepcionalmente não o será. Existe o prazo de 3 anos para vender as acções ou, se tiverem sido adquiridas de forma integral o prazo é de 1ano.

STAR OPTIONS: no final do ano dá aos trabalhadores acções como forma de remuneração. Como é que ganham? Podem vender e receber o seu valor ou podem tornar-se sócios. Adquirir acções próprias é vantajoso, por exemplo, nos casos de fusões.

CASO: não podia chegar aos 230% e a competência não era do Conselho de Administração mas sim da AG.

HIPÓTESE PRÁTICA XIX

Do contrato de sociedade por quotas «Vamosávida – Organização de Festas e Eventos,Lda», com o capital social de € 20.000,00, constam as seguintes cláusulas:

A cessão de quotas é livre entre sócios, encontrando-se sujeita à preferência eao consentimento da sociedade sempre que for efectuada em favor de terceiros. Imagine que Anacleto titular de uma quota de € 7.500,00 pretende transmitir essaquota ao seu filho varão e que os demais sócios se opõem, deliberando em assembleiageral exercer o direito de preferência pelo respectivo valor nominal. Quid juris?

Nos termos do art. 228º/2 consagra-se que a sucessão a favor de ascendentes ou descendentes (forma de transmissão mortis causa – depende de simples escrito susceptivel de substituição nos termos do art. 4º; tendo a sociedade dado o seu consentimento há que proceder ao registo da cessão (art. 242º-A) e à publicidade necessária) é livre, a não ser que o contrato diga outra coisa (art. 229º/3), como é o caso da hipotese.

O único caso em que a sucessão é completamente livre é entre os sócios; quanto é a favor de terceiros fica sujeita a preferência ou a consentimento da sociedade (nº2). A sociedade, ao não consentir, pode adquirir ou amortizar as quotas.

Maria Luísa Lobo – 2012/2013 Page 59 Querendo amortizar terá de pagar uma contrapartida em condição iguais ou então o valor real.

O problema assenta em saber se esse direito de preferência deve ser execido pelo valor real ou não. Uma coisa é a sociedade dizer que quer preferir, mas quer preferir por qual valor? O único problema que a lei resolve à falta de consentimento da sociedade.

A sociedade tem de adquirir pelo menos preço que ela iria ser adquirida por terceiro (se for onerosa) ou tem de oferecer o valor real da quota (se for gratuita):

i. Se a sociedade não faz esta oferta, a cessão torna-se livre

ii. Se a sociedade faz aquela oferta e o sócio aceita  AMORTIZAÇÃO VOLUNTÁRIA

iii. Se a sociedade faz aquela oferta e o sócio não aceita  AMORTIZAÇÃO COMPULSIVA

Nos termos do art. 228º/3, é necessário que a transmissão seja comunicada à sociedade e que esta a reconheça no prazo de 60 dias (art. 230º/4) tácita ou expressamente para que se forne eficaz para com a sociedade, excepto se se tratar de cessão entre conjuges (quanto é bem comum – art. 8º), ascendentes ou entre sócios. Quanto ao prazo que a sociedade tem para fazer esta proposta, uma vez que a lei nada diz, atende-se ao art. 230º/4 e tem-se entendido que o prazo deve ser o mesmo que se encontra estipulado para que a sociedade consinta (ou seja, 60 dias). Além disso é necessário que se registe a cessão nos termos do art. 242º-A.

Cessão por Quotas  transmissão voluntária (cv ou doação); o negócio base da cessão sujeita-se às vicissitudes comuns de qualquer contrato.

Sendo o consentimento recusado, a sociedade tem visto ser-lhe reconhecida legitimidade para intentar uma acção de declaração da invalidade da cessão. Mas não se está face a uma invalidade mas sim diante de um caso de ineficácia, podendo surgir um assentimento superveniente.

Entre as partes a cessão é valida. Ao contrato do que tem sido sustenado, não se vislumbra qualquer razão para se considerar que o consentimento da sociedade constitui requisito previo da execução especifica de um contrato – promessa de cessão de quotas. O consentimento pode ser anterior ou posterior à cessão.

Maria Luísa Lobo – 2012/2013 Page 60 Nos termos do art. 231º/3 a sociedade so tem de fazer isto se o socio estiver ha mais de tres anos na sociedade. Se assim não for, basta recusar o consentimento. O consentimento é um acto juridico unilateral a prestar mediante deliberação dos sócios – art. 246º/1 al. b). Não é porem necessaria maioria qualificada. Admite-se a possibilidade de ele ser dado de forma expressa ou tacita. Na eventualidade de o consentimento ser prestado pelos proprios gerentes depara- se com uma actuação sem poderes e o mesmo sucederá se a gerencia comunicar um consentimento que nao for dado – estes actos não vinculam a sociedade, caso contratio estariamos a violar directrizes europeias.

A sociedade pode preferir? No caso, a quota do sócio ultrapassa 1/3 do capital social. O art. 220º não estabelece nenhum limite maximo. Aplica-se analogicamente o disposto para as SA e o limite é de 10%? Não há limite? Pode adquirir a totalidade do seu capital social? Nos termos do art. 220º/4 que remete para o art. 324º os votos fixam suspensos e é preciso constituir uma reserva especial igual ao valor dispendido na aquisição.

Ao contrário do que sucede nas SA, nas SA existe o caracter pessoal: para quem defende que não se aplica o limite de 10% das SA tal deve-se ao facto de existir o limite legal de número de sócios: limiar a partir do qual a sociedade poderia ser dissolvida seria 2 sócios: sem limite quantitativo. E defende ainda que o regime das SA é excepcional. Não existe o risco especulativo nas SQ que existe nas SA.

Pode haver cláusulas de intransmissibilidade absoluta? Sim, se já for sócio há mais de 10 anos pode-se exonerar. Como se efectiva este direito de exoneração? Nos termos do art. 240º uma sociedade pode adquirir quotas próprias? Os casos de exoneração é um desses casos.

CASO

Se a sociedade adquirir esta quota o que sucede a esta quota? A quota em causa vale sete mil e quinhentos euros, sendo o capital social da quota vinte mil euros. Deste modo, se 20 000 está para 100%, 7 500 está para 37,5%. Uma sociedade pode ter quotas próprias que representem mais de 33% do capital social?

Ou se aplica por analogia o art. 317º que consagra o limite dos 10% sustentado que nas SQ apesar de não existir um elemento quantitativo deve ser o mesmo que existe para as SA (sendo que mesmo para as SA consagram-se casos de aquisição licita de acções próprias superiores a 10%). Ou, não aplicando o limite dos 10% existentes para as SQ, a sociedade poderia adquirir participações acima dos 10% mas com um único limite, ou seja o limite da pessoalidade inerente às SQ, ou seja, as SQ, ao contrário do que acontece nas SA, as quotas têm uma natureza mista (elemento patrimonial e pessoal) o que leva a que uma parte da doutrina diga que embora possa não existir um elemento quantitativo à aquisição das quotas próprias, devido ao elemento pessoal é sempre necessário

Maria Luísa Lobo – 2012/2013 Page 61 que existam no mínimo dois sócios, independentemente de eles terem quotas residuais. Existe esta dualidade de posições na doutrina, mas ninguém defende que uma sociedade possa ser detentora de 100% do seu capital social.

E quanto à possibilidade da sociedade exercer a preferência na aquisição desta quota? Em caso afirmativo como tal conjuga-se com o regime do consentimento?

Se a sociedade não consentir não há transmissão, existindo apenas um mecanismo que a lei prevê para que o sócio fique prisioneiro na sociedade. Trata-se de uma quota que não vai ser transmitida a terceiros, pelo que o direito de preferência a funcionar só existe nos casos em que a sociedade consente na alienação, sendo que nesse caso diz que quer adquirir tais. Volta-se ao problema das quotas próprias. A sociedade quando recusa o consentimento está a impedir a alienação a terceiros, não existe qualquer manifestação do direito de preferência. A lógica da preferência só funciona na medida em que permaneça um terceiro interessado. O direito de preferência pressupõe sempre a existência de um terceiro, sendo que a partir do momento em que ele deixa de existir já não estamos no âmbito do direito de preferência. Segundo o Prof. Menezes Cordeiro, nos termos do art. 231º/4 consagra-se implicitamente um direito de preferência.

HIPÓTESE PRÁTICA XX

Admita que no contrato de sociedade veio a ser introduzida uma cláusula que determinava a possibilidade de amortização de quotas em caso de insolvência de umsócio, em que a contrapartida a pagar – em 5 prestações semestrais – seria o valor daquota apurado nos termos do último balanço anual aprovado. Sabendo que o sócio minoritário Bertolino tem colocado vários obstáculos ao regularfuncionamento da sociedade, nomeadamente interrogando os gerentes sobre osnegócios da sociedade e requerendo consulta de livros e documentos, e foi declaradoinsolvente, a sociedade deliberou a amortização da sua quota nos termos do contrato,mas os seus credores pessoais não estão de acordo com a decisão. Quidjuris?

Caso de amortização da quota, regulado nos termos do art. 232º e ss. Amortização compulsiva em que não é necessário consentimento do sócio – art. 233º/1.

A quota faz parte do património de B e pode ser penhorada pelos credores pessoais de B e o que estes queriam era que ele recebesse o dinheiro todo de uma vez, para assim poderem executar o seu património o mais rapidamente possível.

O art. 235º/1 consagra um regime supletivo que pode ser afastado por estipulação contrária do contrato de sociedade ou acordo das partes. Nas al. a) e b) do art. 235º/1 a lei impõe que se atenda, de acordo com o art. 1021º CC, ao

Maria Luísa Lobo – 2012/2013 Page 62 valor real da quota tendo em consideração o estado da sociedade no momento em que ocorre. É necessário fazer um balanço daquela quota para efeitos de determinação da contrapartida, porque é com esse valor que os credores podem contar: os credores satisfazem-se com o valor real e não nominal da quota. A sociedade paralisa o processo de venda da quota a um terceiro com fim a evitar que um terceiro entre para a sociedade, pagando uma contrapartida aos sócios, contrapartida essa que assenta no valor real da quota apurado à data mais recente. Tal permite a satisfação dos interesses da sociedade e a tutela das expectativas do credor. O art. 235º/2 consagra casos que quando figurem nos estatutos como causa de amortização, a sociedade se quiser disciplinar a contrapartida nos estatutos só o pode fazer se estabelecer uma contrapartida menos favorável à própria sociedade. No caso o que estava previsto nos estatutos era um regime mais favorável para a sociedade, pelo que não era permitido pelo nº3 do art. 235º. Para os casos que não sejam os previstos no art. 235º/2, a sociedade teria alguma autonomia para consagrar o que quisesse nos estatutos.

Ou seja, a deliberação tem de obedecer as regras do art. 235º/2 que remete para o nº1 al. a) e b). O valor da contrapartida a ser paga ao sócio não podia ser calculada contablisticamente: o valor tinha de ser pago em duas prestações uma ao fim de 6 meses e outra ao fim de 1ano. Mas o inicio da contagem do prazo poderá ser ultrapassado, sem nisso incorrer a sociedade em qualquer responsabilidade, no caso de o consentimento do sócio, quando necessário for tardiamente prestado.

AMORTIZAÇÃO COMPULSIVA  a sociedade só pode amortizar

No documento Sociedades Comerciais - Casos Práticos (páginas 54-71)

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