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Aplicação e Modelagem Matemática sob diferentes perspectivas

Organograma 14: Orientações a partir Oswaldo Alonso Rays

3.2.4. Jonei Cerqueira Barbosa

O Núcleo de Pesquisas em Modelagem Matemática – NUPEMM tem como coordenador o pesquisador Barbosa. O NUPEMM é um grupo de pesquisa certificado pela UEFS junto ao CNPq, desde março de 2005. O foco de estudo é a Modelagem Matemática na Educação Matemática.

Dessa forma colocam lentes sobre as implicações do desenvolvimento desse ambiente de aprendizagem no contexto escolar, analisando, em particular, os seguintes aspectos:

- a gestão de sala de aula; - o desenvolvimento profissional.

O primeiro aspecto refere-se à maneira de organizar e conduzir atividades de Modelagem em sala de aula, procurando investigar como ocorre. O segundo aspecto refere-se à relação que o professor estabelece com Modelagem no decorrer do seu desenvolvimento profissional.

Institucionalmente, as pesquisas desenvolvidas pelo grupo estão vinculadas à área de Educação Matemática do Departamento de Ciências Exatas da UEFS e ao Programa de Pós-Graduação em Ensino, Filosofia e História das Ciências da Universidade Federal da Bahia/Universidade Estadual de Feira de Santana.

Aslinhas de pesquisa do grupo são:

• Modelagem Matemática e a gestão de sala de aula

Foca os aspectos referentes à organização e condução do ambiente de Modelagem Matemática, destacando a compatibilização com as demais atividades do currículo, as discussões e o pensamento dos alunos.

• Modelagem Matemática e os professores

Analisa a relação dos professores com Modelagem Matemática em ambientes de formação inicial e continuada, bem como nas práticas docentes.

No que se refere à Modelagem Matemática Barbosa (2001b) considera que a Modelagem deve ser tratada como “ambiente de aprendizagem” no qual os alunos são convidados a indagar e/ou investigar, por meio da Matemática, situações com referência na realidade. A organização das atividades em sala de aula é atribuída aos alunos e ao professor cabe criar estratégias para que as possíveis dificuldades surgidas na criação desse ambiente de aprendizagem sejam suplantadas.

Argumenta que a Modelagem imprime características próprias ao trabalho escolar, exigindo do professor postura diferente da tradicional. Dessa forma, a apresentação de estruturas matemáticas deixa de constituir o foco central de estudo, tornando-se um recurso de organização de idéias exploradas e/ou investigadas. (BARBOSA, 2001a)

As noções de certeza e precisão são abaladas, substituídas por respostas aproximadas, ou até mesmo por várias “soluções”. Assim, os alunos podem encontrar diferentes caminhos para abordar uma situação problema, ou mesmo superar o professor no que tange ao refinamento de modelos. A Modelagem – ao retirar do professor o caráter de detentor e transmissor do saber e investi-lo como condutor das atividades, partícipe das investigações – redefine radicalmente o papel do professor (BARBOSA, 2001a).

Em um de seus estudos, Barbosa (2001b) descreve a percepção de professores de Matemática acerca da Modelagem Matemática no ensino- aprendizagem. Aponta como vantagens observadas a aceitação da idéia pelos professores, a natureza interdisciplinar do método e o diálogo constante com outras áreas do conhecimento. Reconhece o pesquisador, que a Modelagem é um meio pelo qual os alunos podem manejar a Matemática enquanto processo em construção, em oposição à idéia de corpo estruturado e pronto. Outro fato positivo é a crença de que a Modelagem facilita o acesso ao conhecimento matemático, a partir de indagações, tentativas, experimentações, etc., sobre situações cotidianas.

Evidenciar o papel social da Matemática é, para o autor, uma das principais razões para a proposta da Modelagem.

Em relação aos materiais de apoio para a Modelagem, Barbosa privilegia o computador, cujo uso enriquece essa metodologia e a associa às diversas iniciativas de conjugar Modelagem e novas tecnologias.

O desenvolvimento da postura dos alunos para a pesquisa e a experimentação foi outro ponto pelo qual o autor passou para comprovar que a Modelagem torna possível ligar os conteúdos ou retoma conteúdos já trabalhados, dando caráter espiral ao currículo.

A pesquisa de Barbosa (2001b), revela que os professores validam a Modelagem como método que traz vantagens para o ensino e aprendizagem. Em contrapartida, a pesquisa mostra também que os professores vêm dificuldades em implementar a Modelagem Matemática, dificuldades que se relacionam ao aluno, à escola e ao próprio professor. Em relação ao aluno, sua alegação é que a reação às estratégias que o põem no centro das ações pedagógicas não é positiva. Em relação aos professores, nota que a Modelagem não faz parte da sua formação inicial, havendo muitos para os quais o assunto é novidade absoluta. Assim, a situação demanda conceber novas estratégias para contornar o problema.

Este problema levantado por Barbosa é altamente relevante, principalmente se o professor já está há anos no magistério, e com certeza esses conhecimentos não fizeram parte de sua formação, também pelo alto número de aulas que ministra impedindo de atualizar-se constantemente.

Finalmente, em relação à escola, um fator marcante em muitos casos é a posição dos pais, supervisores e diretores, que reclamam as programações rígidas da escola, advindas da tradição.

Barbosa também participa do Grupo Colaborativo em Modelagem Matemática – GCMM. Trata-se de um projeto de extensão universitária de colaboração entre professores da educação básica, estudantes da Licenciatura em Matemática, e docentes da UEFS. Eles discutem Modelagem Matemática, tendo iniciado suas atividades em 2007. O grupo realiza reuniões no campus da UEFS, nas quais ocorrem leituras e discussões de textos, planejamento e elaboração de atividades de Modelagem a serem desenvolvidas pelos professores do grupo. Barbosa (2007b) ainda apresenta algumas reflexões em relação às pesquisas que abordam a Modelagem Matemática na Educação Matemática no Brasil, argumentando a necessidade da comunidade de pesquisadores em Modelagem Matemática refletir sobre a natureza e os critérios de qualidade de sua produção científica.

Destacamos também as referências de Barbosa a respeito da criação e consolidação de espaços específicos para o debate sobre Modelagem Matemática: a Conferência Nacional de Modelagem na Educação Matemática (CNMEM) organizado em 1999, e o Grupo de Trabalho sobre Modelagem Matemática da

Sociedade Brasileira de Educação Matemática (GTMM/SBEM) que foi estabelecido em 2001 pela Diretoria Executiva da SBEM, numa iniciativa de formar grupos de pesquisa no âmbito da entidade. O GTMM possui o claro objetivo de discutir relatos de pesquisas e desenvolver ações científicas. Até o momento, reuniram-se presencialmente durante os Seminários Internacionais de Pesquisa em Educação Matemática (SIPEM), ocorridos em 2003 e 2006, respectivamente, em Santos e Águas de Lindóia.

Barbosa tem trabalhado não somente no sentido da propagação da Modelagem Matemática na Educação Matemática, mas também para que as pesquisa brasileiras exerçam seu papel na comunidade científica.