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Ensino de Cálculo pela Modelagem Matemática e Aplicações – uma abordagem

4.2.6 Propostas de atuação

As exigências do curso em formar egressos para o exercício de sua profissão implicam numa abordagem de ensino da Matemática como ferramenta para as disciplinas específicas desse curso. Assim, é clara a indicação de que cumpria

abordar a Matemática utilizando abordagens por meio de Aplicações ou Modelagem. Além das questões já expostas e de certa forma equacionadas outros novos aparecem e devem ser enfrentados se é o desejo do professor utilizar tais abordagens para o ensino de Cálculo em cursos nos moldes do aqui estudado. Isto é, há que se proporem formas de encaminhamento para questões como:

Que estratégias utilizar na utilização da Modelagem com uma ementa a ser

cumprida em um espaço de tempo tão curto?

E aindar de modo a explorar os conteúdos mencionados, tendo em vista os resultados das atividades de sondagem inicial que apontam defasagem dos estudantes relativamente aos conhecimentos prévios de conteúdos básicos?

Num primeiro momento, a impressão é de que tal encaminhamento não existe, e, portanto sobraria ao professordeixar ao próprio aluno o encargo de um dia identificar alguma situação em que saiba aplicar o que aprendeu durante o curso.

Esse é o momento em que os resultados de pesquisas já desenvolvidas devem se agregar aos práticos de modo a apontar caminhos e maneiras de superar entraves.

A pesquisa envolve o professor num mar de informações teóricas e também práticas, mostra as idas e vindas de um processo de investigação e aponta novos horizontes, o que a prática, por si só, não oferece. Mas de forma contrária a pesquisa necessita das experiências da prática para sua validação e possíveis reformulações. Constatamos ainda que as especificidades do caso apresentado nesta tese trazem contribuiçõespara o avanço da pesquisa.

Uma primeira contribuição é relativa a um enfrentamento de situações que consideramos frágeis sob a ótica do uso da Modelagem Matemática como abordagem de ensino. Buscamos a seguir apresentar elementos que possam explicitar nosso posicionamento.

Segundo a ótica de vários especialistas a escolha do tema que vai gerar a construção de um modelo matemático deve ser atribuição dos alunos, e que o

conjunto de conhecimentos prévios deve orientar o caminho a seguir nesse processo de construção.

Nossa prática nos revela que os conhecimentos prévios, o prazo fixado previamente para cumprir o programa do curso, e as exigências da Instituição se constituem em obstáculos quase intransponíveis para frutificarem as orientações de deixar ao encargo do aluno a escolha do tema.

O conflito está em que às orientações para utilizar a Modelagem ou Aplicações como abordagens de ensino também postulam um tempo mais flexível, um programa menos rígido e conhecimentos prévios adequados.

Em verdade, essa revelação não se deve somente às condições já descritas: fizemos algumas tentativas de deixar para o aluno a escolha do tema – que deveria associar-se forçosamente a algum dos fenômenos específicos da área de conhecimento que perpassa o curso - contudo o tempo e a estrutura de funcionamento também ocasionaram entraves.

Algumas pesquisas evidenciam esses entraves na utilização da Modelagem e Aplicações como estratégia de ensino. Encontramos eco dessas evidências em pesquisas como a de Barbosa (2001b), que reforça a ideia de que a Modelagem seja tratada como um “ambiente de Aprendizagem” no qual os alunos são convidados a indagar e/ou investigar, por meio da Matemática, situações com referência na realidade, e admite ainda que a organização das atividades em sala de aula seja atribuição dos alunos, cabendo ao professor tão somente a responsabilidade de criar estratégias para que as possíveis dificuldades surgidas ao organizar esse ambiente de aprendizagem sejam suplantadas. Essa pesquisa com essas orientações revela que os professores enfrentam dificuldades para implementar a Modelagem Matemática, dificuldades relacionadas ao aluno, à escola e ao professor como vivenciada na prática desta pesquisa.

Da mesma forma, Silveira (2007) reproduz anotações de professores que rejeitam a adoção da Modelagem Matemática em suas práticas de sala de aula. Entre as justificativas que apontam estão: preocupação em cumprir o conteúdo; falta de tempo ou preocupação com gasto excessivo; reação dos alunos; preocupação acerca do processo de construção do conhecimento. O pesquisador chega a admitir

que, muitas vezes, há abertura e otimismo entre os professores quanto a trabalhar com Modelagem na Educação Matemática, otimismo e abertura, entretanto, que não se concretizam na prática, visto que são muito poucos os que aplicam a Modelagem em classe. Também Biembengut e Hein (2005) julgam necessário promover alterações no processo de Modelagem quando aplicado em cursos regulares com estrutura organizacional tradicional e programa a cumprir.

Os dados apresentados por Barbosa (2001b), revelados por Silveira (2007) e os apontamentos feitos por Biembengut e Hein (2005), por serem bastante relevantes, fizeram parte das nossas reflexões e corroboram com o que defendemos nesta tese: superar essas dificuldades apontando caminhos de enfrentamento, que propiciem a revisão de algumas das orientações referentes à participação do estudante na escolha do tema, a função de conhecimentos prévios na definição de fenômenos da realidade a serem modelados, ou a participação numa abordagem inicial de apresentação dos conteúdos visando suprir conhecimentos prévios necessários e/ou apresentar de modo introdutório, por meio de outras abordagens de cunho mais convencionais os conteúdos específicos da disciplina visando favorecer a utilização das abordagens por modelagem e aplicações.

4.2.7 Exercendo o ensino de Cálculo por meio das Aplicações e