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Justificativa e considerações solene a relevância do estudo

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3. A COMPOSIÇÃO DA PESQUISA

3.1 Justificativa e considerações solene a relevância do estudo

O tema desta pesquisa é pouco difundido nas pesquisas no ensino superior em administração de empresas.

De acordo com Paula (2001, p. 77), Maurício Tragtenberg deixou como legado valiosos escritos no campo da teoria das organizações e das ciências sociais, nos quais enfatiza a resistência de seu pensamento e de suas ideias, apontando que estas ideias não envelhecem, apenas adquirem novas nuanças, o que demonstraria que é um equívoco acreditar que textos antigos são inevitavelmente datados e "empoeirados". Ainda segundo Paula (2001), a ação do tempo reafirma a importância dos estudos clássicos como fonte de inspiração para a interpretação da realidade atual e para o desenvolvimento de novas teorias; assim, ao refletir sobre essas questões, consideramos que a renovação e o desenvolvimento de novas teorias também podem ocorrer a partir de qualquer época ou tempo.

A apropriação do conhecimento para a obtenção de novos métodos no processo de ensino-aprendizagem tem se apresentado como uma das lacunas na formação de futuros administradores.

O segredo da renovação de nossas escolas, no sentido de se adaptarem às novas exigências da formação e da educação, do ensino e da aprendizagem, em mudanças profundas e aceleradas, passa por uma mudança qualitativa, radical, dos professores. Não se trata apenas de saber mais, mas de um saber qualitativamente diferente que assenta numa atitude e numa maneira de ver diferentes (ALARCÃO; TAVARES, 2003, p. 126). Além disso, o administrador, que poderá ser um futuro docente, deverá ter consciência da grande influência de suas decisões sobre a esfera social, política, econômica e ecológica. Além disso, dispor de uma sólida formação teórico-analítica — neste caso, especificamente sobre suas práticas — agregaria ao processo de ensino qualidade e, consequentemente, também no aprendizado.

O desenvolvimento da compreensão do docente das dificuldades de entendimento do discente acontece quando o professor se apropria dos conteúdos, desenvolve-os e os adapta, criando possibilidades que se tornam (pedagogicamente) mais produtivas. Por isso, ao planejar, o docente observa

possibilidades de uso de diversos recursos (ferramentas), seja um filme, seja uma maquete, seja ainda um jogo ou mesmo um livro, que vai combinando em ações educativas, visando ao desenvolvimento de seus alunos e de seu próprio estilo de aula, ou seja, sua identidade pedagógica sob esta perspectiva do ensino- aprendizagem (TAVARES, 2004, p. 19).

Complementarmente, de acordo com Bordenave e Pereira (1986), existem diversos fatores que afetam o processo de ensino, relacionados com o tripé aluno/professor/conteúdo (ver Quadro 3, a seguir). Segundo estes autores, não podemos deixar de considerar o professor que se mantém entusiasmado pelo amor à ciência e seus alunos, que de forma adequada podem ser motivados através do planejamento e da metodologia adequados e que existem diversos fatores que afetam o processo de ensino. Na atualidade, este cenário tem se mostrado atemporal e, dentro dessa perspectiva, expõem-se vieses que poderiam facilitar a compreensão do docente de administração, com o aprimoramento do formador docente em administração com a visão da educação.

Estas contribuições aventam a construção de um sistema mais flexível, neste momento em que os sistemas educacionais formais tendem a privilegiar o acesso ao conhecimento, sem prejuízo das demais formas de aprendizagem. É essencial conceber a educação como um todo. Sendo assim, essa perspectiva pode no futuro inspirar e orientar as reformas educacionais, tanto na elaboração dos programas, como na definição de novas políticas pedagógicas, questões estas apontadas por Rodrigues (2005).

Quadro 2 O tripé aluno, conteúdo e professor.

Aluno Conteúdo Professor

Motivação Estrutura de componentes e relações Situação estimuladora ambiental Conhecimentos prévios Tipos de aprendizagem adquiridos Comunicação verbal e Instrução Relação com o

professor Ordem de Apresentação

Informação ao aluno sobre os seus progressos

Atitude com a

disciplina Atitude com a matéria ensinada Relacionamento com o aluno

Fonte: Adaptado de Bordenave e Pereira (1986).

Hoje, todavia, para o docente de administração de empresas, a tendência maior na educação é a de preparar o discente para ser um futuro administrador de

empresas voltado para o campo corporativo. Nas organizações, a cultura corporativa pressupõe valores tradicionais institucionalizados que podem ou não lhe dar suporte (FERREIRA, 2002).

Entretanto, segundo artigos da Revista de Administração Pública — visão contemporânea da teoria administrativa (RAP) de 2015, como por exemplo o artigo intitulado Aspectos estruturais da cooperação entre pesquisadores no campo de administração pública e gestão social: análise das redes entre instituições no Brasil Rossoni (2008), fica claro que o êxito de uma cultura corporativa pode depender de como esta se integra ou complementa os valores já institucionalizados, tais como linguagem, tecnologia, valores, crenças, normas e conhecimento, para preservar seus valores e sua memória e, nesse processo, sofre influência e pressão da realidade sócio-histórica em que está presente. Pode-se dizer que o desafio destes futuros administradores de empresas depende de sua compreensão do mercado e de suas necessidades; a condução de suas ações profissionais deverá apontar diferenciais que lhes permitam ter uma vantagem competitiva no mercado de trabalho, seja através de seu capital intelectual, seja através de suas práticas.

Contudo, observamos que as questões formativas do futuro administrador e suas habilidades pedagógicas não apresentam grandes preocupações (PIMENTA e ANASTASIOU 2010, p. 187). A área de formação para a academia é rara; os trabalhos acadêmicos normalmente são desenvolvidos na busca de melhoria que atenda os interesses econômicos das empresas. O mercado de trabalho exige cada vez mais profissionais com adequada qualificação; desta forma, quando ocorre um desenvolvimento concomitante na universidade e na empresa, normalmente o objetivo é desenvolver novas ferramentas que venham inovar, adequar e/ou otimizar técnicas para as empresas e para o mercado de trabalho. Outro aspecto a ser destacado nesta questão é que, quando ocorre esta parceria, normalmente a universidade é subsidiada nestes projetos por grandes empresas.

Com base na matriz curricular de administração de empresas para o bacharelado, pode-se afirmar que a maioria dos administradores de empresas desconhece a base da educação e seus quatro pilares10.

10 Os quatro pilares da educação podem ser encontrados no relatório da Unesco para a Comissão

Internacional sobre Educação para o Século XXI, intitulado Educação: um tesouro a descobrir (DELORS et al., 2000).

As dificuldades encontradas em sala de aula são inúmeras, e o administrador, que pode adotar uma metodologia tradicional (mecanicista) acaba por adquirir um perfil inflexível quanto ao retorno de resultados negativos, diminuindo as alternativas para a solução destas dificuldades.

Além de suportar essa maçante padronização do ensino, os alunos também sofrem com o ambiente extremamente competitivo das escolas de business, permeadas por valores como o individualismo e o culto do sucesso. Caracterizada por uma lógica instrumental e "mercadorizante", as escolas de Administração desvinculam-se de seu papel social (PAULA, 2001, p. 41). À luz dos conhecimentos oferecidos pela educação, é possível construir uma visão mais humanista, que clareie as diferentes vertentes que podem gerar diferentes níveis de conhecimento dentre os discentes em uma mesma sala de aula proporcionando perspectivas de analogia junto a estas discrepâncias, desassociando o crítico da massa e alterando a proposta de convenção administrativa tão presente nas falas dos docentes de Administração de Empresas.

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