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Até a década de 1980, a formação profissional limitava-se ao treinamento para a produção em série e padronizada. A partir da década de 1990, novas formas de organização e gestão dos serviços e empresas modificaram estruturalmente o mundo do trabalho. Um novo cenário econômico e produtivo se estabeleceu com o desenvolvimento e a utilização de tecnologias complexas agregadas à produção e à prestação de serviços e pela crescente internacionalização das relações econômicas.

38 Este novo cenário passou a exigir uma sólida base de educação geral para todos os trabalhadores: educação profissional básica, qualificação profissional de técnicos e educação continuada para atualização, aperfeiçoamento, especialização e requalificação.

Além disso, conforme indicam estudos referentes ao impacto das novas tecnologias, permanece em acelerado crescimento a exigência por profissionais polivalentes, capazes de interagir, buscar soluções e vencer desafios diante das novas situações que emergem deste cenário em constante mudança. Como resposta a este desafio, as escolas e instituições de educação profissional buscaram diversificar programas e cursos profissionais, atendendo a novas áreas e elevando os níveis de qualidade de oferta.

A partir do ano 2000, a educação profissional passou a ser concebida não mais como simples instrumento de política assistencialista ou linear de ajustamento às demandas do mercado de trabalho, mas como importante estratégia para que os cidadãos tivessem efetivo acesso às conquistas científicas e tecnológicas, constantemente incorporadas ao mundo do trabalho. Tornou-se imprescindível a superação do enfoque tradicional, de uma formação profissional, baseada apenas na preparação para a execução de um determinado conjunto de tarefas. A educação profissional passou a requerer, além do domínio operacional de um determinado fazer, a compreensão global do processo produtivo, com a apreensão do saber tecnológico, a valorização da cultura do trabalho e a mobilização dos valores necessários à tomada de decisões.

Assim a educação profissional passou a ser concebida como integrada às diferentes formas de educação, tanto para o trabalho quanto para a ciência e a tecnologia, de forma a conduzir os indivíduos a um permanente desenvolvimento de aptidões para o exercício da cidadania e da vida produtiva.

Em 17 de abril de 1997, o Decreto Presidencial nº 2208 regulamentou a educação profissional fixando-lhe os seguintes objetivos:

● Promover a transição entre a escola e o mundo do trabalho, capacitando jovens e adultos, com conhecimentos e habilidades gerais e específicas para o exercício das atividades produtivas;

● Proporcionar a formação de profissionais aptos a exercerem atividades específicas no trabalho, com escolaridade correspondente aos níveis médio, superior e de pós-graduação;

39 ● Especializar, aperfeiçoar e atualizar o trabalhador em seus conhecimentos tecnológicos;

● Qualificar, reprofissionalizar e atualizar jovens e adultos trabalhadores, com qualquer nível de escolaridade, visando a sua inserção e melhor desempenho no exercício do trabalho.

Este mesmo decreto prevê em seu Artigo 3º, a educação profissional em nível tecnológico como correspondente a cursos de nível superior na área tecnológica, destinados a egressos do ensino médio e técnico. Prevê, ainda, que tais cursos de nível superior, correspondentes à educação profissional de nível tecnológico, devem ser estruturados para atender aos diversos setores da economia, abrangendo áreas especializadas e conferindo aos egressos o Diploma de Tecnólogo.

O entendimento de que o nível tecnológico constitui curso de nível superior foi reafirmado, em 13/12/97, pela Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, ao aprovar o Parecer nº 17/97, homologado em 14/01/98 pelo Ministro de Estado de Educação, Paulo Renato Souza, quando escreve que a “educação profissional tecnológica, acessível aos egressos do ensino médio, integra-se à educação superior e regula-se pela legislação referente a esse nível de ensino” (BRASIL, 2017).

Para acessar os cursos superiores de tecnologia, sendo esses de nível superior, torna-se exigência a conclusão do ensino médio ou equivalente. Além disso, seus egressos, portadores de diploma de tecnólogo poderão dar prosseguimento aos estudos em outros cursos e programas de educação superior, como os de graduação, pós-graduação e sequenciais de destinação específica ou de complementação de estudos.

A regulamentação das profissões relacionadas com a estética, estando aí compreendidos o Esteticista, o Cosmetólogo e o Técnico em Estética, ocorreu por meio da Lei Nº 13.643, sancionada pelo Presidente da República no dia 3 de abril de 2018 (ANEXO III). Apesar dessa regulamentação profissional não representar uma ampliação automática do mercado de trabalho, vale reconhecer o grande avanço em termos de definições sobre quem pode ou não exercer as profissões e sobre o mínimo de formação necessária.

Levando em consideração os avanços tecnológicos da indústria cosmética, das clínicas de estética e dos salões de beleza nas diversas regiões territoriais brasileiras, justifica-se a necessidade da implantação de um Curso Superior de Tecnologia em Estética e Cosmética pela Universidade Vale do Rio Doce – Univale.

40 O mercado nesse segmento está em constante expansão e as contratações aumentam ano a ano. Dados da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC) mostram que as oportunidades de trabalho criadas pelos salões de beleza cresceram 143% nos últimos 15 anos. Entretanto, o setor ainda precisa de profissionalização. A maior demanda está na região Sudeste, que concentra 72% das empresas de produtos de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos. No Sul do Brasil, o mercado também cresce, com boas perspectivas para os próximos anos.

Segundo a ABIHPEC o mercado brasileiro de cosméticos, higiene e perfumaria tem apresentado crescimento nos últimos 13 anos, sendo o terceiro maior do mundo, com um faturamento líquido de R$ 21,7 bilhões anuais, perdendo somente para os Estados Unidos e o Japão. Diferentes motivos contribuíram para que esse significativo patamar fosse alcançado e, dentre estes, se destacam: as novas tecnologias aplicadas à produção, o surgimento de novos produtos, a crescente participação da mulher no mercado de trabalho e a busca pela beleza e jovialidade. Tudo isto, vem impulsionando o crescimento da indústria de higiene pessoal, cosméticos e perfumaria.

Segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), quantidade de Microempresas no país saiu de 2,65 milhões, em 2009, para 4,14 milhões, em 2017, e deve atingir 4,66 milhões, em 2022, segundo projeções do Sebrae. Isso representa um crescimento de 75,5% nesse período de 23 anos, a uma taxa média anual de 2,47%.

O Brasil é considerado o primeiro país do ranking mundial no mercado de desodorantes; o segundo no consumo de produtos infantis, produtos masculinos, higiene oral, produtos para cabelos, proteção solar, perfumaria e banho; o quarto país no consumo de cosméticos; o sexto em produtos para a pele; e o oitavo em depilatórios.

Para quem deseja ser um profissional da área de Estética e Cosmetologia, as oportunidades são promissoras, considerando que os esteticistas podem atuar em centros de estética, clínicas de cirurgia plástica, spas, academias, hotéis, clubes e institutos de beleza ou, até mesmo, como autônomos na prestação de serviços de higienização cutânea e de massagem. Neste contexto, a drenagem linfática e as técnicas manuais ainda merecem destaque por estarem sempre com grande demanda no mercado. Além disso, ainda é preciso considerar a questão da cirurgia

41 plástica, um importante mercado de trabalho, onde o Brasil ocupa o segundo lugar em número de cirurgias realizadas.

De acordo com o levantamento realizado em 2012, durante a Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), 69% dos consumidores brasileiros disseram que deixariam de comprar algumas marcas se soubessem que a empresa não apresentava boas práticas na cadeia de abastecimento. Entre todos os entrevistados, quase 75% apontam o setor privado e o governo como os maiores responsáveis pelo desenvolvimento sustentável no mundo.

Essa preocupação motivou a União pelo Biocomércio Ético (UEBT) a dar mais importância a mercados como o Brasil, a Índia e o Peru que, além de serem mercados emergentes, detêm grande parcela da biodiversidade mundial. O Brasil, por exemplo, ocupa a 21ª posição entre os maiores exportadores mundiais de cosméticos naturais, com uma participação relativa de 0,8% do total mundial (dados de 2008, segundo UN/Comtrade, divisão de estatísticas das Nações Unidas). Parece pouco, mas estar entre os maiores exportadores a algumas décadas era algo impossível de se prever.