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k afael Francc\.

No documento DICIONÁRIO ESCULTURA (páginas 45-52)

Pcrmitta-se-me dt/cr tambem de meu Pai alguma parte do a que me obriga o amor filial. E lle tambem ulgum

tempo cxcrcco a Escultura com habilidade encyclopedica, que lhe conciliou amizade, e bom agr ido de todas a» pes* voa» distinta» dc Coim bra, e especialmente o D esem barga­ dor Jo ão Pinheiro da Fonseca, entáo collcgial no Collegio de S . Pedro daquclla Universidade: o qual di/ia

náo harer

para elle

cou ;a

que mais o deleitasse que ver Manoel

Machado, modelando em barro; por que a paixão

que queria exprim ir na fig u ra que modelara

,

essa mesma

esiava elle excitando em si nr*s musculos do seu rosto.

V.

quem n&o tiver este

Génio,

este fo g o , e este

Hnlhu-

siasmo

dou-lhe de conselho que deserte da F^scultura e Pintura; porque nunca expressará mais que simulacro» de palha.

E X T R E M ID A D E S : Nas extremidades da» figuras, pez, mão», perna», e braço», c sua» juntura», se carece de g ra n Je pruderveia, e delicadeza de bom gosto. Hc preciso que não toquem mutuamente liumas a outra», v. g r : po­ nhamos as nossas m ãos ambas assentadas em huma taboa li/a, de modo que as cabeças do» dedo» de huma das m io s fiquem fronteira» da» cabeças dos dedos da outra m ã o ; e assim vão-se aproximando lentamente huma das mftoa á o u tra : se islo »c executar per meio de hum canal parallelo, veremos que as cabeças dos dedo» da mão d i­ reita v ío tocar rigorosamente na» cabeças do» dedos da m io esq u erd a: e eis o que sc deve evitar com o maior cuidado: ma» se os dedo» de huma das mão» entrarem por entre os dedos da outra rç»So, isto será louvável, bellu, c optimo. O mesmo se deve entender do» mais membro», e suas junturas: assim como na» dobras dos pannejamcn- tos. E como neste Artigo fallo dc

extrem idade

*, advirto que m&os, e pez sc devem sempre mostrar ou ao menos indicar. O nosso adm iravcl

Francisco V ieira Lusitano

,

- 47 —

cm huma tempestade que soffrco, cm que sc vio quasi sub­ mergido (ao voltar dc Koma para I isb oa) fez voto a N. S n r / J c que sc escapacc «J.i tormenta, nunca mais pinta­ ria Imagens suas com os- pez descobertos; em obséquio da sua singular hoocstidadc: contra o commum exemplo J e todos os bons Artistas que sabem os mystenos da sua A rte : c não duvidou, como bom cutholico que foi, sacrifi­ car a* bcllczas d’ Artc aos melindres da Religião. Mas nunca escondeo a indicação dos mesmos pez; cubrindo lhos porem com algum pannejamento, sem embargo de conhe­ cer, que assim lhe faziáo dcsagradavcl cffcito.

F

F A C IL ID A D E , O l; F R A N Q U E Z A : Hc a agilidade, c presteza com que o Professor cxccuta os seus trabalhos, c oppcraçôcs cm sua A rte ; a qual hc conhecida pelos Intclligcntes, c mesmo pela maneira com que hc executada, . c nclla sc vê o grão dc sciencia, a que tem o Artista che­

gad o : csmcrando-sc no essencial, c desprezando bagute- linhas. Mas isto náo costuma agradar aos faltos dc solida inteiligencu.

F I G l ‘ R A : lie j deliniada imagem dc qualquer objccto v . gr. hum

Triângulo,

hum

Circulo

, s io

fig u ra s

; mas

G tom tlricas:

tralando porem dc Escultura ou ftntura, sempre sc refere a indivíduo vivente, racional ou brutal.

E

a principal

fig u ra

de qualquer Quadro deve occupar sempre o melhor lugar do dito; c ficar entre as outras a m ais desempedida, c a mais visivcl.

F IG U R A S S Y M B O L IC A S . Vide -

Allegoria.

F O G O ; Chama-se fogo á vivacidade, c energia com que sc expressão as fig u ras; não só com os seus semblan-

tcs, ou fysionomias, mas cm suas atitudes, sem exceptuar a* mesmas m i c « , ou panncjamentos: porque ate estes concorrem para expressar o dito

fogo,

saben dose dirigir com juiso, e instrucçâo: ma» deve haver muito c m Ja Jo na conformidade do* caracteres dos Personagens, que sc repres então.

FÓ K M A , E F Ó R M A S ; FÔ R M X E F Ó R M A S :

F i r ­

ma,

he a configuração que sc exprime no objecto; ou seja de Indivíduos viventes, ou dc utensílios.

Form a

e

Fórmas

são (ordinariamente) as que sc tirão com gesso dc pré/a sobre qualquer modelo. A hum ainette pode sc tambem chamcr

Form a

do que cllc se exprime em Lacre ou ciVa.

F O R M Õ E S : S âo utensílios de cortar em m ad eira: são como huma* chapas dc polegada e ineta de largura (postoqm*os ha mais estreitos:)o seu gume hc no fim : são calçados d ‘açot e tem cabt> dc madeira.

F R A N Q U E Z A : \ ide —

Facilidade.

F U N D IÇ Ã O : Vide —

Fusona.

F U S O R IA . Hc a Arte de fundir metacs. Divide*>e cm duas cspecics, que não fundir cm

arca, c

fundir em

gesso

; que formáo dois diversos o fficio s:

Fundidor dc

Arca,

cujas operaçoes servem só para os

Lalociros

; c

Fundi dores dc gesso,

dc cujo trabalho se servem os

Ou

ritts

,

Escultores,

G

(iL N IO : Hc a tendência natural que tem qualquer Indivíduo, para tal, ou tal applícação ou exercício: c a cllc se entrega como arrastado pela própria natureza.

(iK O M K T U IA : He huma d»* primeiras p.irtes da

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Mathematica,

dc que o Escultor, c Pintor tem gronde precisão, para poder enirar nas applicaçocns da

Perspecti­

va i

sem a qual náo podem o% Escultores, c Pintores idear cm seus quadros.

Baixos

,

Meios

. c

Altos Reteros,

cousa alguma a proposito sem commetlcr innumcravcis, c grossci* rissim os erros.

G E S S O D E P R f ./ .A : O gesso hc huma certa espe cie dc pedra naturalmente Rtolle, a que sc dáo diversos gráos dc calcinação* Quando hc para uso do* E^tufadores dc Imagens, ou outro qualquer dourado cm madeira, dá-se-lhe todo o cozimento, ou calcinação, dc que hc susceptível. Quando porem sc destina misturar com cal virgem a compor Estuque, da-sc-lhc menos cozimento: c deste mudo hc que se denomina

Gesso

dc

prè{a.

T a m ­ bem neste gráo de cozimento he que serve para tirar fòr- m as sobre modelos.

G O I V A S : S áo utensílios dc ferro calçados d’ aço ate o meio, para dahi para cima dar lugar á espiga, que entra cm seu cabo de madeira. S ã o do feitio da terceira parte do circulo *ic tubo; cujo feitio conscrvSo tambem uié o meio, assemelhando sc muito ás telhas dos nossos telha­ dos, bem que cm ponto pequeno A s

goivas

sáo dc duas csp ccics;

direitas,

c dc

re le ix o

: as

direitas

tem o seu corte, c gume pela parte con vexa; as dc

releixo,

pela côn cava; por isso são m ais encorpadas para dar lugar ao rc le iio q u c lhes faz tomar corte retrogrado. Servem a E s ­ cultores, Entalhadores, M arcineiros, c Carpinteiros ; c sáo dc varios tamanho».

G O S T O , bom ou m á o : O bom ^os/onas Hcllas Artes, Escultura, c Pintura consiste na sabia imitação da Bella Natureza reunida; em que os sabios G regos íorão admi-

— So —

ravcis, e por isso as suas obras ainda boje são o* modelos preferíveis a tudo,

G O T IC O : A respeito dc Escultura, pouco ha que di/.cr tocante ao

Gotlo flotico

; posto que nas IVntufas do

(irão /'asco,

e outros do seu tempo, »c encontrão alguns ressaibos do mesquinho. Nos Kdiíkio* d‘ Arquitcctura, hc que ha m ais que dizer, porque as Cathcdraes deste Reino, (segundo mc di/em) são todas deste mesquinho gosto : sem deixar de confessar por isto, que neste estilo reina hum certo ar dc atrevimento que o avisinha no

Sublime.

G R A Ç A , no manejo d 'A rte ; náo ha palavras com que sc explique : hc hum Dom do Oco que Dcos d i a quem he servido; e não pódc ser ensinado: nem ha M estre,que o ensine.

A frllts,

diria dc si, exceder neste predicado a

PorthátfeNfS,

c a iodos seus contemporâneos.O meu Su b s­ tituto

Fauslino José Rodrigues

(sem qucrcllo cnthusias- mar) tem bastante porção deste estimável Dom.

G R A D IN : O s

gradius

sâo ferros de trabalhar cm P e ­ dra, e Kstuque: estes tem com a de palmo e m eio; para sua estremidade são c u rv o s c dentados; e lem seu cabo, ou manipulo dc madeira torneado. O s de trabalhar na pe­ dra são escopros dentados.

G R A M IN H O S : São utensílios, que servem para o trabalho da m adeira: dcllcs usáo com mais frequencia os Sem bladores, c Carpinteiros: mas como estes se empreg&o muitas vexes cm preparar peças para o trabalho dc Ks- cultores, c Entalhadorcs, por isso tem aqui lugar a difficil demonstração deste instrumento. O

(Sramuiho

pois, he construído cm huma taboa dc tres quartos de palmo, em comprimento; seis décimos dc largo: e hum dc grosso.

drados para entrarem nellcs duas espigas igualmente quadradas; as quaes devem ser movei»; m as tão apertadas em seus encaixes, que sc não movão sc não por cfícito dc pancadas. Devem estas espigas collocar-sc AÍfastada» huma da outra, pouco mais dc uni decimo dc p alm o ; c na taboa que cllcs utravcssfto deve lu v e r hum furo chato, que penetra tod.» a sua largura, para receber huma cu­ nha, que ou

n*%ç

(no interior) nas toes espigas, para ap er­ tai las mais. A s ditas espigas, nos seus tòpos superiores tem ponteiros de ferro agu io s, voltados hum contr.i outro para as testeiras da referida taboa, p,ira poderem imprimir na madeira os traços, que cítc instrumento encaminha. A s espigas, que entróo na taboa, c contem cm si os ponteiros dc riscar, teriio palmo c decimo de comprido, p. m. ou m.

G R A V U R A : Hc a Arte dc gravar ao buril, ou em raxo, ou cm relevo. Em ra/o, exercita-se em chapas dc cobre, precedendo lhe certo desbaste com agoa forte. Em relevo, c cavado (como são os sinetes) hc com boril, c ou­ tros instrumentos.

G R E G O : Entendc se pelo estilo dos antigos G regos.

G R O Z A S : V id e »

/{aspas.

G R U P P O : Hc o ajuntamento dc vários corpos, v. g. de

Racionaes,

dc

Brutos

, dc

Fructos

, dc

Flores

,

H

H I S T O R I A : Nas Hcllas Artes,

Escultura, P in tu ra

c

G ra n ira

, se atribuc a p a l a v r a

H istoria

= á representação de qualquer facto da H isto ria ; seja cila

S a g ra Ja

,

Eccle-

siastica, Profana

, ou

Fabulosa.

I

IDp.A : Imagem que a fantesia concebe: ou dc hum objecto só, ou de vario? cm concurso. Esta definição hc segundo os A r tintas, c náo segundo os Filosofe».

IN S U L A D O : Objecto, que se observa sem adjunto*!. IN V E N Ç Ã O . N as R elias Artes he a maneira com que cilas dispõem os objectos, que representáo.

IU IS O B O M , c S O L ID O : Pintando

Ituonarroti

o seu famoso painel do

Ju i\o Universal,

ncllc expressou todas as figuras em total nudez; sem exceptuar as nvais sagra* d a s : e por Isso a critica Italiana chama ao tal painel

Ju

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