M E S Q U IN H O : O cstillo
mesquinho
sc chama o que hc opposto ao grandioso dos A rtistas Antigos G regos, eRomanos.
M O D E L A R : l l c o exercício de fazer varias configurj- ç<»cs cm
barro*
cme ira ,
c ás vezes emestuque.
M O D E L O . Em Escultura, hc o exem plar que serve dc guia
íis
Estatuas, que por cllc sc executão emmármo
re,
cmmadeira,
e emmetal.
E mctaforicomcnie sc applica a outros muitos objectos v. g. os santos forSo nossosmo-
delas
cm servir a Deus nas virtudes que praticarão..M O L D U R A . A s
molduras
emprcgâo-sc cm vários c a so s ; mas no presente só trataremos das que servem de ornato u painéis; se jio clle* em Pintura, cm Desenho, ou cm Relevo. M as o seu maior préstimo hc o que raras v e zes as conhecem : c para o declarar, hc preciso que ima ginemos estar furada a parede cm que se colloca o painel: como huma rotura dc janella, ou p orta; por cuja rotura sc nos expoem á vista os objectos que do outro lado existem : porque náo podendo (ao mais das vezes) dar cm hum Quadro conta precisa dc todos os objectos nclle indi cados, com esta artificiosa industria sc ocorre & tiklo bellamcntc.M Ó R B ID O c M O R B ID E Z : Vide —
Membros e Mus
culos.
M O R T E - C Ó R : Em Escultura náo ha que dizer sobre este vocábulo, m as cm Desenho (dc que cila participa) sim : e hc quando este sc acha quasi ac.ib.ulo; m as ainda sem os últimos toques do escuro. E sc he a dois l,ap is; hc
quando lhe faltáo ainda os ditos toques, e os dc Lapis branco.
M U D O S: E s t » indivíduo» como a natureza, ou molés tias lhe tem impedido o uso da
palavra;
esforçáo-se, quan to lhe hc possível, para dar a entender sua.» ídea* c pen samento», por mek» dc suas m áas, c gestos do rosto, & . H por essa causa os grandes Mestres do Desenho aconsc- Iháo qoc instemos o»Mudos,
para exprimirmos vivacidade nas figuras, que desenhámos, modelámos, ou esculpimos.M U S C U L O S , c M U S C U L A T U R A : Vide
Membros
cMutculos.
Musculatura, porem, hc a m aneira, c formali dade com que osmásculos
se expressão.N
N A T U R A L : Nas Artes do Desenho sempre esta pala vra sc attriboc a objectos copiados pelos que produz a mesma natureza: scjâo dc que qualidade forem ; moveis, ou im m ovcis; animado*, <»u inerte*: sendo porem a con figuração do objecto racional a mais dtlftcil, e maU esti mável dc todas.
N A T U R E Z A :
\ ide
t f aturai.
E jlcm disto hc pre ciso advertir, que ao representar objectos racionaes lhes deve juntar o cstillo dos Antigos G regos, c Rom a nos : c ná<» copiar aSature^a
sem discernim ento; pelos motivos já indicados cm vários Artigos deste Diccionario.O
O L H O S : O s Olhos (assim como as miíos) sáo tam bem huns supplcmento» da palavra, c seus cíficAZC* coad jutores ; segundo o mesmo Quintilianocm suas Instituições. LUes contribuem muito para a cvprcssáo das figuras, que
- 38 -
a Escultura, ou Pintura rcpresentão: m as nisto he preciso que o Artista possua muita prudência, c jui/o, para que não lhe fiquem
etga{eados
: cuja circunstancia acontece quando por cima dasme/tinas
dosolhos
se deixa ver tal qual porção do seubogalho.
Isto ás vezes he preciso; mas essas vezes sáo raras; e o bom juiso hc que as deve indi car. Mas comt» nosolhos
consiste uma das principais par tes da boa expressão, e vivacidade das figuras, hc muito preciso que o Artista sc esmere muito em representar as cabccas, eolhos
das figuras, que expúem aos lispcctado- res dc modo que o olhem bem rectamente para o que asmfios estão executando.
P
P A N N E JA M E N T O S : O s
pannejafrHrntos
são as ves tes, ou vestidos, com que as figuras, que representáo vi ventes sc cohonestão; e devem ser proprios do objecto a que se applicâo: v. gr o soldado com sua farda, o R egu lar com seu proprio habito: e evitar quanto for possível o vestido dc C a /a c a ; porque não há no manejo destas Artes configuração ião ingrata ao efeito visivo.P A S T O R I L : O genero
Pastoril
hc na Escultura o mesmo que o dasPaisagens
na Pintura. Ellc tem por fim representar com toda a verdade os Pastores, os gados, as arvores, c todos os mais objectos cam pestres.O nosso Escultor
António F e r r
teve uma propensão decidida, c hum merecimento distincto no generoPas
toril.
O Prescpio executado por este Artista, que sc acha no Convento da Cartuxa, he huma peça dc grande valor, c estim a; assim pela composição e verdade dos objectos, como pela graça, c t«»quc incomparavel, com que são e x e cutados.P E D E S T A
1
. : llc unia das parte* do composto a que sc chamaPè-direito
cm Arquitectura. Quando sc emprega nesta A ric hc submetido a dimensões iníalivcis, c inalte- ra v e is; mas quando sc dirige a sustentar Estatuas são suas medidas arbitrarias, c subordinadas á E statu a; por ser este o objecto principal, a os mais ficam servindo dc acessórios.P E D R A D E B U R N IR : S c rv c para o acabamento das peças, que se cxccutáo cm p edra; assim como a lixa na m adeira: tem na sua qualidade semelhança aos rebòllos dc amolar, porem hc mais a sp e ra ; c deve-se usar antes da
Pedra Pômes.
A dcbornir
acha-sc nas visinhanças dcRelias.
P E D R A l* Õ M E S : l l c a Lava do Vcsuvio coagulada; c scrvc para acabamento das Estatuas dc m arm orc, mc- la e s, c outros USOS.
P E R F I L : Vide -
Meio p e rfil
= .P E T I P E : S áo Ju a s dicções
France\asy
que unidas tu/em uma\ ò
; cilas ftignificão -pequeno p é
: que hc o mesmo quepequena etcalla de graduação.
Mas não obs tante serem I rancc/as, julgo que todas as Nações as tem adoptado. Opc
Francez hc dividido cm doze pole g a d a s; c cada huma delias subdividida cm doze linhas. O s Carpinteiros dc machado hc que mais usão desta e s cada : c os mais officios usão do palmo denominado— dcC r ateira
*«qnc hc dividido emdeçimott
e subdividido cm dez porções cada liuni, a que chamâocentessimos.
Esta divisão por scr mais tniuda que do pc dcKet\ l'ra ru e
{ , vem a ser muito mais exacta. Cinco dos tacs palmos deCraveira
hc que formão a outra medida m aior, a que chamâov a ra
: c tres ditos, a que se chamacovado.
E— 6o —
adverte sc que o
ptlipé
he arbitrario, e proporcionado ao Desenho, ou modelo, que deve servir de exem plar ao objecto, que sc quer execu tar; par.» o qual deve haver outrã cscalla em ponto maior, ou palmo commum, par;» dirigir a execução da peça que sc quer pôr cm obra cífectiva.P L A I N A : A *
Plainas
são utensílios propriamente dc Carpinteiros, que lhes servem commummcnte para alizar o taboado, tirando-lhe aquella cspecie dc carcppa, que lhe fica da serrag em ; c tem alguns outros usos. A sPlainas
tem de comprido hum palm o: de largura, c altura cm seu meio 4 décim os; e nos extremos diminuem algum tanto cm altura. S ão luradas dc alto abaixo: cujo rompimento hc cm esquadria ; c náo penetra a peça toda, sen ão cousa dc ccntessimo c meio.
O dito rompimento principia cousa dc decimo c meio atraz da sua frente; c no principio deste rompimento se eleva huma pequena porção da própria madeira á feição de hum C , para na parte côncava de
C
encostar o dedo polegar da mâo ctqucrda, para guiar-lhe a direcção. Na referida abertura se introduz hum ferro calçado d’aço. cujo ferro tem dc comprido3
quartos dc palmo, com a largura dos quasi toda a p eça ; porque no assento deste ferro he que sahc o gume, que fa/ o effeito dc cortar ; e este ferro c atacado ao total da peça com huma canha dc madeira. E como as vezes tem préstimo no appardh o da Escultura cm madeira, isto lhe dã logar neste Diccionario.P I.IN T H O : Transcreverei aqui o que já escrevi na minha
Analys* G rajic Orthndoxa
a pag.3
, Nota (i .*), c he «como já dois Littcratos mc perguntarão que cousa hepliního
, julgo que por ser termo tcchnico náohc tão conhe cido, como eu suppunha; c que não será desacertado de-- 6. -
clarallo. Dá-se pois o dito nome a hum accssorio anncxo a qualquer Estatua, ou columna, \V Hc como huma lage grossa: c não deve ter molduras, nem outro algum ornato: c como suppcdanco scrvc para elevar sem aftcctaçúo a peça, a que sc ajunta. O s das columna* sáo quadrados c tem preceito na sua grossura, <»u altura; cm outras pe vas n á o ...» V c ja s c o resto na dita
Analjrse.
P O N T E IR O S : S i o instrumentos adaptados para o desbaste da Escultura de pedra : cllcs s io lodo* dc aço ; que deve ser do m elhor: são pontudo* cm ambas as suas extrem idades; que ambas sáo tem peradas; huma pura *c aguçar, e dispòr a ferir a pedra, c a outra sem aguço disposta a receber a pancada do maço de íerro. Vidc =
Maços ■,
P O N T O S D E V IS T A , e D E D IS T A N C IA : Ainda que c*ia* definições pertenção rigorosamente á Perspectiva, c náo â Escultura; contudo, quando o Escultor sc v i cm ocasião dc executar algum
/faixo
ouMeio relero,
n io o poderá fazer sem ter soffrivcis noçôc* dc P ersp ectiva; por isso rcmetlcmos o curioso Applicado a instruir-se ncllas : visto que no melbodo que adoptei n io cabe tanta diffusáo.P R E N U N C IA D O , ou A R T IC U L A D O : He quando os contórnos sc expressão com tanta individualidade que
parecem recortados: isto se denomina
maneira técca.
P R O P O R Ç Õ E S : A s do corpo humano hc que forúo origem das que adoptou a Arquitectura, como diz Vitruvio. c como esta* sáo extraídas da sabia Mc*tra Natureza, sáo por isso as mais bcllas que sc achio, ou podem excogitar Na» das figuras, que representam racionac», he preciso re flexionar nas que adoptarão o* sabios Gregos.
— 02 —
Veja-se no fim deste Diccionario o Mcthodo dc propor ções que adoplci (i).
P R U M A R , ou A P R l M AR : Fa/cr uso do
Prumo.
P R U M O : Hc uma pequena peça dc chumbo do feitio dc huma
piram idt quadritaiera,
alada cm sua extremi dade superior a hum cordel, ou linha g ro ssa ; dc cujo utensilio sc servem os Escultores para equilibrar» oupru*
mar
sua* figuras.Q
Q U A D R A D O S : A s configurações Geométricas dc toda a espccic dcvem-sc evitar no arranjamento de braços, e pernas.
R
R A S C A D O R E S : Estes instrumentos scr\cm só para os trabalhos dos metac*.
R A S P A S » ou G R O Z A S : Sâo instrumentos de ferro, ou a ço ; dividem-se cm
3
panes, ficando a do meio acilin- drada, e lix a ; e a» outras duas partes sáo picadas, a ser virem como lixas g ro ssa s; posto que asraspas
menores tambem são dc picadura fina m as quanto ao feitio dô todo he tudo o mesmo.R E B O T E : Vide =
Plaina.
Este utensilio dc cortar cm madeira lem uso muito semelhante ao daP la in a
; ma» não pódc (como aquella) operar cm superfícies, que n lo sejáo como as d ’agoa estagnada. E llcs costumão ter palmo e meio dc comprido, p. m. <»u m. No principio lem huma elevação da propri.i madeira, e cm ar dc ponte, cm que(0 Hcvc rc(crir-»« ao
N f t h o io l lr r v v p j r . t % jhrr a» p n n c i p j t t pr<,por\‘o e n t Jo C t» r p o h u m jiw , a que aludimo* no PtefAcio. (N. i5o L.).~ 63 -
pega a mão direita para guiar-lhe a direcção, & . T em lu gar neste Diccionario pela mesma razão que tem a
Plaina.
R E G R A S R E G E N T E S , e D IF I N IT O R IA S : N as operações d Escultura, para sc transpor o modelo ao mar- mt»re, sc usa dc hum utensílio composto dc duas regras encruzadas em perfeita e muito escrupulosa esquadria; a que dou os nomes acima ditos,
regentes,
ede/initorias.
R E P O r S O : No
Baixo
cM eio-relero,
hc a distribuição d as figu ras, c m ais utensílios de modo que náo se com* fundão hum as cousas com outras.R O U P A G E N S : Vide
Pannejamentos
— .s
S E I X O : H c huma pedra naturalmente dura, e com pacta, de que usão os Escultores para am ular a ferra* menta de trabalhar cm márm ore.
S E R R A : Vide —
Armas de S e rra
; onde se explica o que seja este instrumento.S E R R A F O S : Sáo humas tiras dc taboas dc tres de* cimos dc largo p. m. ou m ., com a grossura que requer o emprego, a que sc appltcáo.
S I N Z E L : Instrumento dc O urives, c Lavrantcs, o qual sc applica tambem metaforicamente aos Escultores, posto que ellcs não tenháo algum utensilio desta denomi nação.
S U B L I M E : Este vocábulo tem duas acccpçócs: porque ou sc rcícrc a facto Historico, cm cuja reprentação o A r tista deve usar do
Grande Oenero
, ou Generosublim e;
- Cx| -
hcllcza, elegancia, e magisTerio, com que sc vê executada qualquer obra dc Desenho, Pintura, Escultura, N ’hum c noutro sentido sc chama
sublime
á F.Mutua dcl.ao
-cooníe
, e ao Quadro daTransfiguração
executado pelo DivinoRafael.
S Y M M E T R JA : Vide
-*• l*roporçóet
mm.T
T A C E L L O S : Assim chamão os Moldadorcs aos boca dos, ou pecas, dc que compõem as
Fórmas.
V id e:Fórm as.
T A L H A D E ÍR A S : Instrumentos de O urives, e Lavran- tes, dc que sc usa no retoque dc estatuas de bronze.
T E R Ç O D E R O S T O : O» retratos cm
Pinturay
dcterço
hc que sc costumfto expressar; porque nem dc meio perfil, nem de perfil inteiro fazem tão bom cffcito. Na E s cultura porem, deve-se fugir quanto for possivcl dc figurar os rostos deste modo.T O Q U E : Em Desenho, Pintura c Escultura, entende-se pelo modo dc trabalhar. Kllc he o mesmo que o garbo na eicrita, a que vulgarmente cham io
talho dê letra.
Pelotoque
se conhece a franqueza, c gosto que tem no traba lho o Artista que o executa.T Ô S S O . Term o, de que u sio o s Artista», para ciplicar uma configuração grosseira, que pende para anã.
T R A Ç O : T erm o peculiar dos Artistas. Hc qualquer linha lançada com o japis, ou pincel. Daqui se deriva o adjectivo =
Tracejado.
E diz-se estar uma figura bemtra-
cejaday
quando as suas linhas se achão dispostas segundo— ó? —
T R A P E J A D O : A »iim »e eiplicão as falta* dc solida in^TPUCÇâo para designarem o pannejamcnto.
V
V IV A C ID A D E : Vide —
E xprtitào
V IV A -C Ô R . Este vocábulo n
3
o lem uso algum cm E s cultura, m as cm desenho sim ; c sfto os últimos toque»3
uc se dáo Desenhos, para lhe* avivar as suas indivi uaçòcs.V U L T O : Hc o relevo que tem qualquer obfccto d E s cultura, mesmo em figura»