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DICIONÁRIO ESCULTURA

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(1)

D I C I O N Á R I O

DE E S C U L T U R A

(2)
(3)

I S É D IT O S D E H IST Ó R IA DA A R T E

DICIONÁRIO

DE

E S C U L T U R A

PO R

JOAQUIM MACHADO DE CASTRO

D E P O S I T Á R I O L IV R A R IA C O E L H O 37, R u a d o M u nd o, ao

LISBOA

1937

(4)
(5)

P R E F Á C I O

Inocéncio, no seu

Dicctonârio Bibliographico Ponuguc/,

d i;, tratando de Joaquim Machado de Castro:

« . .

,di\-se

que Machado compusera e deixara manuscri/as as seguintes

obras, que n.io sei que destino levavam a fin a l : iS Z fj

O rphcidu: poema cpico-tragico cm quatro cantos.

/&

3

S)

Diccionario philosophico da arte de c*culp«ura».

O Snr. Coronel Henrique de Campos F erreira Lim a

,

no seu valioso e qudsi exaustivo estudo sótre aquele escul­

tor (i), onde transcreve

.1

sua atra literária conhecida

(excepção feita da sua

D tscripçáo Analytica), «

4

o

apresenta

aquelas obras,

j<

quais aliás fa \ referência.

Francisco de Assis /todritfues ii;, no Prefacio do seu

Diccionario Tcchnico c Historico, ctc.»

que o manuscrito

do

Diccionario

de Machado de Castro fó ra oferecido pela

jilh a deste

*i

Academia das Sciéncias. Xâo se encontra,

porem, actualmente

,

na sua Biblioteca

.

S ã o havia

,

como se

#y,

conhecimento do paradeiro

dos manuscritos

,

mas felizmente, pelo menos o do

Diccto- nario,

náo está perdido. Déle existe uma cópia^na Biblio­

teca da Academia Nacional de Belos-Artes, onde tem a

matricula

«.*

jSS/t (XX-6~»t)> F esta cópia que agora

se publica

( O *ic U i i r t . — K w u lto r C o n im b r ic t m * .

(6)

E um manuscrito, in-S* pequeno, compreendendo um

prólogo do copista

,

de

I'/

paginas, um rosto

, r tf/

nas de texto.

.1

capa de brochura di{ apenas:

— Diccio aario d litc u h u rj.

Nesta capa, tem escrito

.

por mão Ao

oferente à Biblioteca:

— Oferecido por U I rcirc — 006*192?*.

E stJ encadernado juntamente com outro o rig i­

nal do mesmo Machado de Castro, oferecido atnia pelo

saudoso pintor Luciano Freire, e que tem por titulo

; — Mcihado breve para sab<r as pnncipaes prop«*\ocns do <>>rpo humano,

que já fo i publicado pelo Snr. Dr. .\U‘

gusto da ,S\lra Carvalho

,

no relato de uma conferência

por èle realizada na Academia das Ciências de Lisboa

,

publicado no rol. X I'II do

Arquivo de Anatomia c An­ tropologia,

a pag. 47.

Como se lê no prólogo do copista

,

este propunha-se

fa {e r a sua publicação

.

Também no mesmo prólogo se

indica ter Machado de Castro escrito o

Dkcionario

com

idade superior a So

anosf

o que lhe assinala uma data

posterior

j

tSra.

S a impressão procurou-se seguir o mais posarei a

disposição geral do manuterito, mantendo se a sua orto-

grafia, apenas com o desenvolvimento Ja s a h ‘enaturas

comuns.

(7)

P R O L O G O

Sendo por genio, c por educação naturalmente affci- C^ado á* Bellas Artes, c a todo* aquelies que cm alguma delias sc tem particularmente abalizado, confesso que tive náo pequena satisfarão, quando o acaso me deparou cm linguagem portuguesa hum Diccionario historico filosofko, destinado .> instrucrilo da Mocidade, que desde os *cus primeiros annos se dedica ao estudo do Desenho e E s­ culptura.

Estas Artes, bem que destinctas, tem com tudo entre si tanta atfinidade, c tão reciproca dependencia, que o bom Esculpior jam ais merecerá c\te nome se lhe faltarem os estudos di» Desenho.

N lo poucas vezes desgraçadamente se tem visto hum culpável descuido frustrar os desejos do publico, deixando jazer na obscuridade, c ate perder-se de todo preciosas producçócs de longas vigílias de sábios, consagradas á fu* tura illustração dos seus semilhantes; não venha pois mais este exemplo engrossar a lista daquellcs cazos tio tristes para os homens de letras. Kis om otivoque me determinou

(8)

.i ofterecer ao Publico ,1 edicçíio do presente Diccionario, no qual os alumnos das Artes do Desenho c Esculptura encontrarão, não só os termos technicos, que tem relação com estas A rtes, mas lambem a nomenclatura dos instni- mentos, c utensílio* indispensáveis no exercício de huma e outra Arte.

Kste Diccionario cm Portuguez he singular no seu ge­ n ero ; porque nenhum outro encontrámos na materna lin­ guagem c torna-se absolutamente prccizo aos que se applicáo á* Artes do Desenho, e Esculptura. K lleh e final­ mente hum frueto dos trabalhos, e diuturna experiência do eximio l*rofessor, Joaquim Machado de C astro (t), Escul- ptor da C asa R eal, c O bras l\iblicas, Encarregado das Estatuas destinadas á decoração do Real Palacio d'Ajuda, Socio Correspondente da Academia Real das Sciencia» de Lisboa, pela qual teve a ^honra de ser premiado com a medalha grande do valor d c (i).

A obra cheia de instrueçáo em matérias de Desenho, e Esculptura, que Machado escreveu sôbre a execução da hstatua Equestre do Sfir. R ey D. Jose i.° de gloriosa me* moria e os testemunhos de homens sabios, e viajantes en­ tendedores, e celebres sobre o merecimento de Machado de Castro, dos quacs vou apontar alguns, sem duvida hão d e dispor de antemão o publico a favor do frueto de annos l i o maduros, como he este Diccionario, que o seu Author projectou, e ordenou no ultimo quartel da vida, tendo mais de Ho nnnos de idade quando principiou este tra­ balho.

( i) V é ve o c » lt cc lrb re K ttu lu a r io i|ua»i arm o*, te n d o na«cid<>

cm

C o im b ra a

uj

d c lan h o de »73i, c fa ltc cid o etn l.it b o a a 17 de

No>

em b ro d c |N>3. (A lia * i8 * j . N . d u K.).

(9)

Mm hum Poema intitulado — O Heroe inaugurado vejo eu que Machado hc colocado a par de L ysipo, a quem

Mercúrio

t=» Desta Arte os rudimento* cnsin.ira »

Querendo Alvarenga cm huma de suas Epistolas louvar (ierardoo, Esculptor, a quem fòra encarregada a Estatua Equestre de l.uiz 14.*, que tão dignamente desem penhára, c\plica-se desta sone.

«Oh illustrc cizel que tens o premio justo,

• Quando esculpes no bronze do» líeis o mais justo, «Machado e Gerardon serão nomes iguaes;

«Pois tu náo foste menos, nem seu He roe foi mais. O Conde de Mel/i, Gentil Homem du Cam ara do Im ­ perador Josc l * cm huma viagem , que fc/ a Portugal, depois de examinar com muilo interesse, c individuação a Estatua Equestre do Snr. I). Jo sc I de gloriosa memoria, colocada na Praça do Comercio desta C id a Je de ljsb o a , pedio aos seus introduetores que o dirigissem ao Gabinete de estudo de Joaquim M. de C ., com o qual teve alihuma entrevista, cm que desenvolveu algum as idéas theorica* relativas ao Desenho, c Esculptura; porem uddicionando -lhas Joaquim M. dc C ., o (k»nde foi obrigado a conven­ cer-se c a confessar publicamente que .Machado nao só era grande Esculptor em theoria; porque do todo da sua pro- fissão, e até das suas mmimas partes, e mais miudas cir­ cunstancias dava rasões apoiadas no commum sentir dos melhores, c mais aba lixados Professores dc Esculptura, c Desenho. Este illusire viajante teve o nobre franqueza dc pedir-lhe o modelo do Busto do Marque/ de Pom bal, feito pelas próprias mâos de Joaquim Machado para ter a satis­ fação dc offcrccc-lo a seu Augusto Amo.

(10)

lo

--Murpliy escrevendo as suas viagcn* por este Reino, c fallandu da Ksiatun Kquestrc do Sfir. I). José 1 .* diz no tomo pag.

3

j = Que no centro da Praça do Gom- mercio se acha collocaJa huma Kstaiua Kquestrc cm brun/e, obra de uni grande mérito, huma vez que se comidere a grande difficuldade dc executar huma bslalua tão magni­ fica. () seu modelo foi feito por um Ksculptor chamado Joaquim Machado dc CaMro, que concebeu, e e\ecut»>u igualmente os grupos emblemáticos formados sobre os lado* do pedestal. S ó cites pcda>os bastão para estabe­ lecer o credito, e a reputação do Ksculpior aos olhos do* Artistas, c dos Amadores das Artes. O grupo do lado do Norte (hc o baixo relevo, que ía/ frenie para

a

rua Au­ gusta) entre outros hc hum clieíc «fobra de coocepçilo, dc gosto, c dc delicadeza-. . A figura co c a v allo síotam bcm duas belíssim as producçõcs.. . Machado dc (lastro desen­ volveu o talento dc hum grande l*r«>fess*r, c por isso, c como tal deve ser memorado na classe dos primeiros A r­ tistas do seu século & & ífc.

O publico illustrado, e imparcial lhe fará a justiça que he devida ik» sen merecimento na justa consideração dc que ao benemérito Autlkor do presente Diccionario faltou o tempo par dar ã sua obra aquella correcção, e polimento dc que todas as obras necessúáo: este motivo lie de sobejo para alcançar a publica indulgência para alguma* falias, que nesta obra poderão encontrar-se; e para o coltocar (ora do alcance da lingua morda/ de atrevidos /oitos.

(11)

DICCIONARIO ARRAZOADO OU FILOSOFICO

D ALGUNS TERMOS TECHNICOS

PERTENCENTES

Á BELLA ARTE DA ESCULTURA

POR

JO A Q U IM M A C H A D O D E C A S T R O

PROFESSO NA ORDEM DE CHRISTO. ESCULTOR MORADOR

DA CASA HE AL. LENTE DA AULA, E LABORATÓRIO

DE ESCLLTl RA NA REPARTIÇÃO DAS OBRAS

PUBLICAS. E SOCIO CORRESPONDENTE

DA REAL ACADEMIA DAS SCIENCIAS DE LISBOA

(12)
(13)

D IC C IO N A R IO A R R A Z O A D O » O U H L O S O F IC O IV A L G U N S T E R M O S T E C H N IC O S , P E R T E N C E N ­ T E S Á B E L L A A R T E DA E S C U L T U R A , E S E U S

U T E N S II.IO S

IN T R O D U Ç Ã O P R E L IM IN A R

Para tratar de tal objecto, deve se contemplar esta Arte (quasi nova em Portugal) em tres estad os: primeiro =

kxercicios de Desenhar

: Segundo =

Ditos de M odelar:

Terceiro =

Ditos de Esculpir, cm M adeira, M arfim

,

Mármore

,

ou seja í*ed ra

;

c Metaes.

KX ER CICIO. DKSENHAR

$ 2.“ Para este, prccisa-sc huma banca; mas se for carteira com algum declive, »erã m elhor: esta deve prin­ cipiar por huma praça plana, c nivelada; sobre a qual possa firmar-sc huma cruzctta de braço movei com seu cordel de huma extremidade a o utra; a fim de que neste cordel, com cspecic de tenaxes, ou bocados de cana racha­ dos. se possuo segurar as Esiam pas, ou Debuxos, que v lo a ser originais «Jos Desenhos, que sc h

5

o dc por cllcs copiar.

3

.* Prcciza-se para isto pcnna com lapis, a que chamào

(14)

— !.»

as dc ferro ; c náo da* que são de pintaànha cncrostadas, cm madeira, que estas só servem para as deliniaçõe* dc Arquitectura. Veja-se

Cãfiftta*.

4S

O I j p i s deve scr ou preto, de C astclla, ou verm e­ lho, que vem de llo lla n d a : vcndc-sc nos Droguistas, aos bocados, c a pd/o. O Applicado deve-o serrar cm tiras proporcionadas ás aberturas dos lados extremos das

ca

nettjs.

Tam bém *c desenha com lapis dc varias c o r e s ; mas esta diversão, ou brinco hc só proprio dos que se acham cm grande adiantamento; »>u qiiciriio fazer mimo do proprio talento a pc*w a a que sejáo obrigados,

O papel para desenhar deve ser encorpado c lizo. II depuís de soffrivel adiantamento cm desenhar por Ks* tampas, ou Debuxos, deve o Applicado passar a desenhar por objectos de vulto; principiando por cabeças, m ios, pes, & . ate chegar a desenhar por figuras inteiras, para se habilitar ao* estudos nocturnos que se fazem pelo Na* tural vivo.

ó.* Para estas applicaçóc* nocturnas, deve haver uma banca de # palmos dc comprido,

b

dc la rg o ; e de 4*/* elevados do pavimento da casa do exercício; c dcvc-sc nomear esta banca—

Hase do Acto;

porque ao homem que nella se colloca para exem plar dos desenhos, que por cllc se háo dc copiar, chamão lhe

Acto,

por causa da actitudc cm que o Director o expóem aos A pplicados: c como es­ tes ficam sentados cm torno do dito

Acto

, cada hum o desenha pelo aspecto, que horisontalmente lhe fica frou- teiro cm linha recta, v. g. de aspecto inteiro, meio aspec­ to, c terço dc aspecto,

7.* A este homem, ou homens (porque ás ve/es servem dois ao mesmo tem po; v. g. abraçando-sc) que se empre* gâo neste mister, lambem lhe cham ão—

Modelos:

por cima dos quacs deve haver hum candieiro movei dc subir, c

(15)

d e sc e r; avançar, c re c u a r; c se também ladear ser.í m e­ lhor, para que o Director tenha com m odidadeoppur tuna dc fazer incidir a lu/ no

M oJelo,

do modo m ais vantajoso ao bom clícito d<»

c h r o ncu ro.

8.* O candieiro deve ser como hum prato cóvo, que tenha o diâmetro de palmo c meio ao menos, J e cujo cen­ tro deve elevar-se hum cilindro, ou pyramide conica, .1 qual pode ser J e chapa de latáo, 00 folha de M undrcs. Este candieiro não deve suspender-se cm luim só cordão m as sim cm dois, separados hum do outro, para que entre si se não unâo a fa/er peão ou rodízio: evitando Com esta cautela as desordens, que c natural seguirem se disto. A circunfcrencia deste prato, ou candieiro deve ser toda cheia cm roda dc porçoens salientes, c côncavas, como os bicos das candeias dc gravato, para receberem as torci­ d as que devem ser na m aior quantidade p o ssív e l: a fim de que todos façfio hum corpo de lu/ potente; para que o* Applicados em tomo do

M oJélo

, cada hum cm seu lugar tenha a luz sufficicnlc ao seu estudo.

*>.• Tam bcm os Applicados ao entrar neste exercício (c cm todos os dc Desenho) devem entrar prevenidos com m iolo dc pão, que não deve ser cozido do mesmo dia, nem dc m ais dc ir e s ; para com cllc apagarem algum traço que derem fóra da sua preciza d irecçío. O methodo aceado, e proprto para usar do miolo do pão lie o seguinte: T ira-se hum bocadinho do tal miolo, e o Applicado em seus pró­ prios dedos deve como am assallo novamente, e reduzilto á conliguração de

tram oço;

porque a não ser assim , faz immensas m igalhas, como aréa, a quaes íkan d o sobre a banca, em que se esiá desenhando, produzem vario* in­ convenientes prejudiciaes ao mesmo exercício ; c para se não estar estorvando a cada momento, pôde logo ao prin­ cipio da sua applicacáo preparar tres ou quatro destes

(16)

moços,

que paru *e lhe n lo scccarem será bom que emquanto desenhar estejio livres do ar debaixo dc huma xicara, ou couva equivalente.

j.- EXERCÍCIO, MODK1.AR

io .° Modela-se em

B a rro

,

C tra%

e

Estuque.

O» uien* silios para o trabalho da primeira» e segunda m atérias, devem ser dc madeira rija; c para os mais mimosos, o

Buxo;

porque c ila madeira náo obstante ser compacta c rija, tem certa flexibilidade natural, que a faz mui própria para a a manu/eaçAo do b arro : o que náo icm o

tirano c o M ar­

fim

que na

Cera

hc que s io mais bem em pregados. Para o

Estuque.

devem os seus utensilios ser dc ferro, c se deno- mínão

hspaiolettas,

c

Grandirts:

huns c outros compre* hendem tres partes, ficando a media acilindrada, mas sempre mais bojuda no seu m eio; c as dua> parte» extre­ m as devem ser como chapas, humas rectas e outras cur­ vas para as extremidades ao arbítrio do A rtista : as cur­ vas são dentadas, ficando huma curvatura contra a outra ; e as porções que ficto rcctaa devem ler seu lombo no meio, ao comprido, a maneira dos peixes

linguados.

11 .• Quando

sc

modcláo figuras inteiras em barro, dc dois a tres palmos de altura, deve-se lhes introduzir no centro logo ao principio varão de ferro, de modo que ser vindo este para suster o barro, possa tirar-se quando o Artista julgar conveniente- K quando a figura he dc cinco ou seis palmos, <»u dahi para cim a, he preciso em casos tacs fazer o trabalho ás avessas, principiando-as de baixo para cim a, e logo indo as formando tk as, para o que deve-se o Artista prevenir rm fazer >eu

esboço

cm ponto menor : v. gr. dc palmo ou dc palmo, c quarto.

(17)

ficar pouco maift duro, que aquclla cm que se acha o pAo quando sc tende; advertindo porem que nunca fique o barro com a scmilhança de visco. E daqui se pode colligir

a consistência que se deve dar á

Céra

em tempo de verilo. Ella tcmpera*se com

therebintina,

para cmbrandccella, misturando-lhe algum azeite para moderar-lhe o viscoso da

therebinttna.

Q uanJo se trabalha cm tempo de inverno, dcvctsclh c lançar maior porção destes mistos.

i

3

.* Pelo que respeita ao

Estuque,

quando o Escultor se acha incumbido de obra deste genero, ordinariamente chama algum Estucador, ou Pedreiro para preparar-lhe o material, que consiltc cm cal virgem dem olhada,que esteja como m assa, á qual se ajunta aréa do

Rio-seco

(i), por ser muito branca, e muito fina, e juntamente algum gesso dc pre/a, para endurecer o material, e á proporção da pressa, ou vugar com que o professor o quer endurecido.

3.- EXERCÍCIO, ESCULPIR

i Esculpe-sc cm

M adeira, M arfim , Pedra e Me

taes.

i5 ." Para esculpir cm

M adeira

c

M arfim

sc prccizão muitas c diversas ferramentas,como silo —

Serras^

Enchós+

Rebotes

, —

Plainas

.—

Graminkos

,—

Esquadros,

F o r

-

móes,

— e

Goivas,

de diversos tamanhos, c feitios; c sá o indespensaveis maços dc madeira dc

Carralhn

ou

Sobro,

E para se dar idea clara destes utensílios, c dos mais pertencentes aos manejos, ou lavores das outras m aterias, só poderia conseguir-se do modo que a deráo os Authorcs

lO lf< Irjm regalo no fim Pontt dc AUjinura cm I.ithoa, o

qu»l pouca* veies tem agOft.

(18)

i8

da Kncyclopcdia, estampando-lhes a* nua* configurações: por tanto o I.itterato curioso, que nesta matéria qui/cr m ais amplas noçócns p<*dc recorrer á dita grande obra Franccza, que comprchcnde vários T on w s de fcstampas cm folio grande.

ió .° Para o acabamento das peças cm

M adeira

e

Mar-

fim

servem as la x a s. As nossas do A lgarve costumSo ter dc comprido tres palmos p. m. ou m; porem a sua grã hc bastantemente grossa, a excepção dos rabos e barbatanas, que são bons bocados para o acabamento m ais mimoso. As L ixas de C astella he que são singulares m as mui diíficcis dc alcan çar; porque a sua sahida hc la contrabando ri­ goroso: costumão ser do tamanho de hum quarto do nosso papel ordinário de evcrcvcr, p. m. ou m. Alguns operários curiosos costumão providenciar a falia delias com a indus­ tria de fazer tiras de papel Itastardo, ou Im perial, ba­ nhando as de hum sò lado com grude do Hrazil, c pulvc- risar este com a subtil arca de fundição; que em scccando fica uma lixa sufficiente.

ESC LLP IK EM MAKMORK

17,* O s instrumento*, ou utcn>ilius dc trabalhar no

Mármore

cm Kscultura, são

Ponteiros, fíadames

,

Esca*

pros li{o$,

c

dentados,

(a que lambem cham ão

<ira din t

) c Brocas dc varios tamanhos huns, e outros; c Maços de ferro. T odas estas ferram entas de cortar a pedra devem ser do melhor aço c temperados cm ambos seus extrem os, da parte que háo de Cortar .1 materia para ficarem habili­ tados a isso, c da parte que h

3

o de receber a pancada do maço para estes n io resvalarem dos ferros, que por esta causa devem os ditos ferros ser hum tanto bicudos, para que a impressão da pancada náo contenha a sp ereza;

(19)

«9

-porem os maços devem ser simplesmente dc ferro, do feitio de hum parallclogramo oblongo furado no meio para receber o cabo ou manipulo, e cm suas extremidades hum tanto mais largas cm ordem a fazer maior praça a com- prclicndcr a cabeça do

Ponteiro, Escopro, Uadame,

«»u

firoca.

«8.° O s no**«>s Canteiros, (que no Minho, e Beira de* nominão I^avrantcs de Pedra) usáo o contrario; porque suas mucctas c que s lo temperadas, c não as cabeças dos instrumento» de cortar. São usos immcmoriae*. A matéria porem não deixa de pedir alguma reflexão dos lYaticos judiciosos; porque destes mcthodos depende a maneira dc expedir, ou demorar a manutenção do trabalho, &*.

ic** Para o acabamento da peça de Escultura em pe­ dra servem as

Grosas,

ou

Raspa*, Pedra d* fíru n ir

e

Pedra Pomes,

esta vem dc fora do R eino; porque c a lava do Ycsuvio coagulada. A dc

liru n ir

tenvolta como dc casa nas vi/inhanças dc liellas. E pelo que respeita ao mcthodo que os melhores Mestres tem dcscuberto para transpor ao mármore o modelo da peça, que sc vai executar nesta matéria com a devida exacçáo c precizão, vcja-sc o (Capitulo V I da minha

Deicripçà» Analytica da Estatua

Equestre

onde esse mcthodo sc acha declarado, ate com huma estampa a fim de sc perceber com mais clareza.

ESCULPIR KM METAES

20.* O trabalho dc

metaes

cm Escultura he quasi sempre cm peças fundidas, que ao tempo cm que sc fun­ dem tomão a sua principal configuração; c por isso o Es- latuario sc deve desvelar quando lhe for possível, c a sua sciencia alcançar, cm que os

modelos

para a fundição lhe fiquem na maior perfeição a que sc possa e le v a r; porque

(20)

- 2 0 —

«Jcpois de fundido» náo tem emenda, ou remedio algum considerável, especialmente se a figura hc grande, na qual para se acabar se usa de

IJm a

$,

Sin^eit, Talhadeirat, c

Rase adores.

Kntrc os

S in a is

ha quantidade o o u vel de nomes, que deixo reservados aos L ivran tes, visto náo ir este Diccionario guarnecido com estampas.

a i.° 'lam b em se esculpe em chapas dc metal, rele­ vando nellas artificialmente o vulto que cilas náo tem, ou sejáo configurações humanas, ou de outros objecto*; para o que se requer muita pratica c sabedoria d’ Artc.

Entro agora na csplicaçíW Alfabética de vários Term os d ’ Arte, parte de cuja explicação he traduzida de Mr. De Piles no principio da sua T ra d u cçio de

I.' Arte de PH lura

d i Cario Alfonso Jfu Erttnoy,

em que sigo a Kdicçáo Italiana.

A

A C Ç Â O * Náo hc o mesmo que

Aciitude.

Na minhu

Descripçào

.

\nalylica da Estatua Equestre do Snr. Hei

1

J. José

/. cap. I. paj*. 14 para 1 &, expliquei estes dois vocá­ bulos, segundo n accepçio dos Poetas, c Artistas, a qu.il he do seguinte modo = Náo faltará quem julgue ser huma mesma cousa

A ditude,

e . I f f J o ,

ou E etlo

; cm que se ex­ prime a figu ra; porem çu uebo-as muito differentes: con­ fesso que elas sáo tão unidas como a Alma com o C o rp o ;, mas assim como a A lm a, e Corpo sáo duas substancias totalmente diversas, assim

Acção,

e

Aciitude

sáo dois accidentes absolutamente distintos. ICxcmplo: quer*se re ­ presentar uru lionicm lendo hum livro; o

le r

, hc a

Acção,

(21)

<>u

Feito

ne*tc c a so ; porem pegar no livro com hunu, ou ambas a t m io», CUIT cm pc, sentado, nu encostado, mais ou menos torcido. <sta hc a

A clilud*.

A C O R D O . M c \ . te la ç io que tem entre si a» partes de qualquer todo, o« c»te seja c o m p ito de variai figuras ou contenha ainda numa s ó ; porque se esta náo tiver a sua symmctna bem regular já lhe falta o

Acordo.

Alem dc Cuja syinm ctna dc»c conter algumas outras qualidades a bem do mesmo

AcorJo,

as quais sc irão vendo, c com binanJo no decurso deste Diccionario.

A C r m D K . Vide -

Ac fJo

A C T O . I lc a conftguraçio em que nos estudos noctur* nos o l>irccior dcllcs eipocm aos Applicados o M<kU I'•»

vivo, para lhes servir de eicm plar. K também se pode cham ar (e chama)

Acto

i p o tiflo cm que se v£ qualquer figura em painel, desenho, ou vulto.

A l.l.l-'(# O R IA . A significação desta palatra e\pocm*se narrando, «>u delineando; e cm ambos «■* casos hc sempre mostrando buma cousa cm lugar dc ••atra.

A

Allcu*/ri,

i narratoria hc lrcqucntis\ima nas sagradas Letra», c as Artes do Desenho também a pratkJbo muito. A c&plicaçâo da

A lU f& ru

narratoria pertence ao» M es­ tres de Rhctorica, a dcliníatoria aos Desenhadores, c por isso digo que a /•>, a

F*perattfjt

c a

CãridãJU

náo tendo corpo, por serem Affectos d‘ Alm a, t»s Desenhadores náo obstante as configurlo corporaes; representando a f Y em huma Matrona pzanJ*» outra figura,«que representa a llcre sia com cabelos viperinos, e a

F é

loan tan d o com a m io direita hum cali\ em c u p bocea sc espressa huma bostia alçada, e com a m io esquerda abraça as duas Ta* boas da Lei Escrita; nas quais sc d it is io os de/ Manda*

(22)

mentos na sua ordem , c lu gares; isto hc, tre* na primeira taboa, c os sele na segunda. Em lugar das T ab oas da Ijcí pôde lambem ser huma Cruz,

A Esperattça

figura sc cm huma Donzella que tem nas máos huma Arte h o r a ; c a

Caridade

em huma piedosa Matrona que acolhe a si, e mostra acariciar tres inn«xcntcs menino*. A

Allegoria

pratica-se tambem com m ais simplicidade, expressando somente os seus sym botos: v . g. no

Gallo

a

Vigtlancia,

e o

Atrevimento;

no

Cordeiro

a

Innocencia;

na

Aguia

a

Elevação de espirito:

no

l.eâo

a

Soberba

a

Magnanimi

• 4

iadey

A .M A N EIRA D O . I lc o estilo affectado com que alguns Authore* tem exagerado a imitação da Natureza, v. g. O s

Gregos c Buonarroti

em musculatura, c cm seu* panne- jamentos especialm ente;

liernini,

cm as carnes, bem que a sua

maneira

seja muito engraçada, cuja qualidade teve lambem o nosso Escultor António Ferreira.

A N A T O M IA E X T E R N A . A palavra

Anatomia

he muilo peculiar nas Artes do Desenho, pelo grande estudo que devem fazer os Applicado» ás Delias A rtes, especial­ mente ú Escultura, e l^ntura, na péllc, c tambem em al­ guns o#sos, e musculos como capazes dc dar áquclla mui­ tas das suas principacs feições.

Devem pois os Professores desta» Arte* possuir da

Anatomia

os m ais amplos conhecimentos que lhe* fór pos- sivel. O immortal

fíuonarroti

o* teve cm grão superior, posio que isso mesmo o impcllio a deliberações dignas de censura pela ostentação que fez da sua sciencia Anatómica Veja-se o que se diz deste grande homem na palavra

mm A n tig o » .

A N D A IM E S A M B U L A N T E S . Esta denominação sc deve dar aos

andaimes,

que servem dc commodo aos

(23)

Ope-— 33 Ope-—

rarios, que sc cmprcgâo em torno da Peça, em que estio esculpindo | c este»

Andaimes

m uJúo dc situação quando aos mesmos operários convem. E llcs se formão sobre dois

ca•

valletes,

cm que sc lanção taboa» grossa» de hum para o outro, a fim de que sobre elles sc cstahclcção os O perá­ rios, que para sc accomodarcm bem bc preciso que sc lhe» tenhio promptas

Caixas Sedentárias.

V cjão sc adiante as palavras —

Cavalettes

e

Caixas Sedentarias.

A N T IG O . Debaixo desta palavra (entre Professores, e curioso* da* Artes do Desenho) sc comprchendem todas as obras de Pintura, Escultura c Arquitectura, feitas no tempo do* Amigo» G regos e Romano* : i*to hc, desde A le ­ xandre Magno até ao Imperador Fóca, debaixo dc cujo Império os Godos destruirão toda a Italia.

O» .vupersticioso» d ’Arte, (que não são poucos, tanto Artistas como Amadores d e lia ) cm qualquer Peça, tendo viso* do

antigo,

adorão-na cegamente, c seguem-lhe o estilo, sem discernimento, nem filosofia de qualidade a l­ guma. O* Grego* e Romanos antigos sim fo rio cxcellcn- tissimos em carnes, bem que cxaggeradas; mas nas fem i­ ninas turão óptimos, mostrando nellas o

Itello reunido.

Porem nos

pannejamentos,

ou

roupagens

longe dc nós o seu estilo, que ate chega a ser contrario ã Religião, e boa Moral, á boa Ka/.ão, e sã l;ilosofia. O que se confirm a no celebre Modelo dc S . ieronim o de

fíuonarroti

, o qual hc huma figura de pouco mais dc palmo (que entre nós anda em gesso) todo nú, que tendo apena» hum panno pela cin­ tura para contribuir ;i honestidade, nada deixa por isso dc mostrar-lhe o vulto, c

contorno

do membro v ir il!

Eu já vi figuras da composição dc hum .Moderno, que cegando-se (como outros muitos Professores c Affciçoados) com a imitação do

Antigo

, fez huma composição dc Don*

(24)

14

/cilas, ou Ninfas, que, para rcprcscntallas delicadas, não só faltou ás devidas grossuras de seus membros, m as ves* tio-** ao

Antigo

!

Alguns Moderno* ha, que cegos do fanatismo pelo

Antigo,

desdenhão com insolente despreso dos panneja- mentos de

Carlos Síaratti

; ma* porquê

:

porque são muito mais d iffkeis dc executar que os do

Antigo,

por conterem cm si u reunião do

Bello S a tu ra i.

Na Escultura, os Cori- fcos deste verdadeiro estilo são

—Angelo de

/fassr,

Ca

m illo Ruscom

e

Staini.

K na Pintura são o grande

R a­

fa e l d*Urbino

, c o

Roussino

, aos quais seguiu

Ktaratti.

Na exposição desta frase

Antigo

tenho-me alargado (bem o conheço) muito mais do que esperava; pdtcm con­ templando *cr a matéria dc tanta importancia para os prin­ cipiantes, e Amadores d 'A rtc, e sentindo o estrondo da guerra, que tem suscitado alguns Impostores ao

bom

, e ver­ dadeiro

gosto

d A rte (que consiste na

sabia imitação da

Relia Sature\a reunida

> isso me obrigou a esta diffusáo; na idea dc que não faço peque tu» serviço ao pubtico cm lhe propor, e mostrar a derrota que seguramente deve seguir nas opcraçòcs, c julgados nas Bellas Artes do Desenho, segundo no persuadem a Religião, a Ctrã Mestra Naturc/a, a Ka/ão c a Filosofia sâ.

A P O IO . O s pontos de

apoio

são aquclles que consti­ tuem a segurança dc qualquer Estatua, ou ella seja de pedra, ou mesmo dc bron/c. A Estatua Equestre do S r. Rei I). Jo sé I. segurei-a cm

3

dos ditos pontos, hum no braço esquerdo do cavatlo, com hum vergalháo dc ferro dc seis décimos de palmo em quadro, q u : nasce da arm ação dc íerro, que existe internamente dentro do mesmo configu­ rado bruto; c os outros dois pontos de apoio, nascendo da mesma interna origem, sahcm por dentro das canellas

(25)

— 2 3

posteriores do bruto, entrando no Pedestal, cousa 4 pal­ mos, p. m. ou m. aonde sc chumbár&o. O pé do bruto, qu? sc configura no ar, desde o seu final ate á caixa cm que se chumbou fic<iu sendo v isív e l: porem, para incu- brir-lhc este desar, usei da industria de o esconder com o silvado, servindo este ao mesmo tempo de allcgoria do Heroc, & . Pelo que respeita ãs Estatuas de pedra, ainda carecem de maior cautella nos taes pontos de

apoio,

por causa da menor solide* da matéria. A bcllissima Estatua grega dc mármore dc Paros denomidada

Apollo dc /íelre-

dere,

apoia seu cotovello direito em hum tronco, cm que tem pendurado o c irc a /. ou aljava das se ita s: o

Hercules

Ac l ’.\rne\io

apoia a sua clava guarnecida da pellc do Ix à o

Semêo,

e encosta a mais delgada extremidade da mesma debaixo do sovaco esquerdo, e a mais encorpada sobre huma porção montuosa, que terá Jc lc v a ç à o o mes- mo tamanho que tem as pernas da figura desde o seu joelho até á planta do pé. &.

A K Ê A D E FU N D IÇ Ã O . Esta

ar/a

tira-se na praia dc Molella da banda d ’alem do T ejo , e do lado direito da mesma praia. Serve esta

arca

p.ira fundir cm metaes pe­ ças que náo tem reconcavo*; pnrquc as que os ten» náo podem ser fundidas sc não em gesso. Por isso ha duas classes de

Futuiidorct,

huns de

arca

, outros de grsjo.

A H M A S f) E IIK O C A . He um instrumentocomposto de hum \arâo dc ferro, ou dc madeira rija, que pode ter (sendo de ferro) o diâmetro dc

3

linhas de polegada, e sendo dc madeira

5

* ditas. O seu comprimento (nesta es* pccic) palmo c meio, ou pouco mais, c sendo dc ferro palmo e m eio ; cujas medidas náo são rigorosas, mas sim ao arbítrio do Artista. I)e huma das suas extremidades tem uma caixa c«>m chapa de ferro, em cuja caixa recebe

(26)

— l<j

—-a

broca

para o trabalho; logo acima desta caixa rcccbc como hum bôlo de chumbo, ou com a pesada, c da outra extremidade tem furo atravessado para o q u e logo se dirá. T em um braço atravessado ao meio, este braço tem hum furo largo, que enfia na haste para subir, c descer Com a ligeirc/a possível. Este braço hc tambem furado cm seus extremos, cm cujos tres furos de haste, c braço sc enfia huma corréa dc couro cru, ou cordel. Na i . 1 estampa da

Detcripçào A nalr. da ICstat.

entre varios utensílio* d’ A rtc, que ali sc inostráo desenhado*, hc este hum dclles.

A R M A S D E S E R R A . Este utensílio he dos mais dif- Gceis dc sc dar bem a cooheccr sua figura só com pala* vras ; mas vá. Ellc c formado dc tres serrafos de madeira. O mais comprido se denomina

A l fritar.

Nos extremos termina (dc ambas a* partes) com outros serrafos mais curtos cm formu de T Majusculo de letra Romana, os quais se cham&o— firm as

de Serra.

Em ambas as extre­ midades deste* mais curtos serrafos, c do mesmo lado, ha dois tornos com sua cabeça para que náo penetrem de huma para outra parte, para ncilas introdu/ir dois tornos ou tubos mocisso», que sc ch am ão— T o rn e is; nc*tcs ha duas pequenas serragens ao comprido para nellus sc in­ trodu/ir a folha da jc r r a , qi»c deve scr do ferro mais m a­ cio que h a : de hum dos lados ha corda por modo dc trança, que sc chama C iifro, para sc lhe pòr depois de armado todo o utensílio, c para o apertar torcendo-sc com hum pãozinho, que sc chama

ierambelho.

A R Q U I T E C T O . Hc o Artista que professa a

tectura

o qual para o ser dc modo que mereça este nome (alem do 6‘enío, que exigem todas as tres Relias- Artes do Desenho) deve ter amplíssimos estudo*. Náo sc deve con* tender só com saber as medições das cinco ordens

(27)

d'Ar-quitectura, que nos deixou

VinhoÍJ

(que e'sta Thcoria hc própria de Pedreiros, Canteiros e C arp in teiros:) m as deve entranhar-se no que di/. o grande Pay dos Arquitecto»,

Vitrupioz

do qual vendo-se com reflexão o cap. 1 do seu I.* livro, alli declara o que deve saber aquclle que aspira a ser Arquitecto sabio. Póde também com proveito applicar- -se a

PãlãM o,

a

Sea»*o{{i, c

folhear os mais. K de passa­ gem devo aqui fazer-lhes hunu saudável advertência ; e hc que todo o Arquitecto, que a imitação dos

Buonarrv-

tis c Bcrmnity

nfto tiver muita pratica dc Escultura, náo se intrometia por caso nenhum a projectar peça em que cutas duas ticlla* Arte» tenham relações intimas, >em que ao tempo de projectar não concordem entre si huni e outro Artista, para credito proprio, e utilidade do mesmo Dono da P e ç a ; dando a esta a devida bclleza, e respeitando a economia.

Por falta desta concórdia, bem pouco tempo ha que eu passei pelo grandíssim o desgosto dc fazer dois Genios, que sahirilo ambos aleijados, por não me deixarem mudar o projecto de hum Arquitecto sem prática alguma d 'E s- cultura. E conhecendo eu os grandíssimos erros, que ve hiõo a commettcr, representei os em narração, e delinea- çâo, mas isto não obstante. Assim se executou a peça, que depois de executada se conheceo a solide/ das minhas ra/óes, m as já sem reniedio!

A R Q U I T E C T U R A C I V I L , E M IL H A R . Desta se- gunda especie não trato aqui nada, porque não tem re la ­ ção com a Escultura, principal objecto a que me propu/.; não a tem igualmente com a C ivil, mais que na Geom e­ tria, c Calculo. M as os engenheiros m an ceb oscegãose de modo, que cm sabendo riscar as Mguras Geom etricas, persuadem-se estar habilitados para julgar também com

(28)

-

28

igual conhecimento das Figuras Humanas (ou sua dclinea- ç i o ; ) sendo o conhecimento dc huma* c outra» tão diffe- rente como o dia claro da noite escura. E desta presumpção (só tolerável a mancebos) se tem seguido prejuízos g ra­ víssim os. mesmo á Real Fa*cnda; o que hc facil de pro­ var com toda a evidencia. A

Arquitectura

C i«

7

, porem, consiste essencialmente cm projectar, e deliniar a cons* irucção dc Edificios para o culto Divino, c todo o genero dc accommodaçócs para os viventes; attcnJcndo escrupulosa­ mente ao bom commodo, c á belleza do edifício: para o que sc requer muito Desenho, c muito filosofar: isto hc, ter muito exercício dc desenhar, copiando bons Exem plares, c reflexionando muito nos Escritos dos bons Autores. Veja-se o cap. « dc Vitruvio.

A R T I S T A S E A K T E Z A N O S . No* fclice* climas, aonde muitos annos ha, que as Rellas-Artcs filhas do D ese­ nho c outras, que tem mais dc mental, que de material, largarão as mantilha*, fazem differença de

Artitíax

c

Ar-

ti\anos

. Aos primeiros chamão

Artistas

, mesmo paradts- tinguillos dos

Arte[aw>s%

deixando esta ultima nomencla­ tura aos que exercitao oíficios fabris, c embandeirados. lY»r tanto erráo na linguagem as pessoas, que estes nomes confundem. Isto na verdade hc

questào Ac nome

: porem o espirito humano hc tio limitado, que aquclles a quem qual­ quer minima distinção pertence, fa/cm esforços para náo pcrdella.

A S S E M B L A G E . He o ajuntamento das partes dc qualquer todo, ou seja cm huma só figura, ou na com­ posição dc varias. Esta palavra tambem sc usa no pre­ paro dc m adeiras para Estatuas, c outros objectos tocan­ tes ao Desenho.

(29)

*9

-B

B A D A M E S . S i o instrumentos de cortar, especialmente cm madeira : os carpinteiro* hc que d fio mais uso a este utensílio, que tem quatro í.ices parallelas, duas largas c outras duas menores. O seu gume hc no fim dc huma destas partes mais estreitas. Na Escultura dc madeira n io tem u so ; na dc pedra sim, bem que raras vezes, c para a de bronze náo tem uso algum.

Os

que s io para cortar cm madeira tem seu cabo, ou manipulo dc madeira: 04 que são para cortar cm pedra n io tem este adjunto, c

s io como os ponteiros, e escopros. Vide

Escopro c Pon­

teiro.

B A IX O R E L E V O . He Peça d’ Escu

1

tura, cujos obje­ cto» nellc figurados e stio atacados a hum plano geral, que o s abrange todos. Sfio de varias cspecivs, qoc sc deno­ minam

Alto-relero, Meio-relevo

c

Bãixo-relevo.

Estes são os que requerem mais sciencia d'A rte, c por isso hc que dcllcs sc toma o nome commum dc

Boixo-rettvo.

Na

Ikscripfâo Aual/tica da Estátua Equestre do Snr. Rei

I). Josc

/,

Cúp.

7

da Invenção Poética do Baixo-relevo,

de pag. 199 ate o fim deste cap. sc ach&ocousascuriosas, c uteis n este respeito.

U A M B U X á I T A . Hc uma composição dc figuras v i­ ventes, em que se representa lacto jocoso, ou mcsnvo fa­ miliar; porem dc Indivíduos Plebeos. A Etymologia desta palavra vem dc

Bamboche

, nome dc um famoso Pintor

l lamengo que sc appliowj particularmente a este genero dc Pintura. R aras vezes na Escultura tem aso a

Bantbuxatta

á exccpc&o dos nossos Presépios. Porem eu na minha mo­ cidade, por satisfazer o apetite do nosso bom Pintor

An­

dré Gonçalves.

lhe fiz em barro um (ínippo, copiado por

(30)

— 3o

-huma estampa, que cllc possuía, e estimava muito, pela expressão dos

caracteres;

e cm cujo empenho entrei com gosto pura o desenganar, que já nesse tempo (nSoobstante a minha pouca idade) entendia a degradação local, c P ers­ pectiva no anranjaracnio dos corpos; dc que o dito

(ion-

çalres

ficou admirado c summamcnte satisfeito com o tal Gruppo. E ra elle hum jogo de pedradas; cujo objecto principal era hum Luoco, ou Embreago, cercado dc gentalha, atirando-lhe todo», c cllc a todos.

B A N C O S D E B A R K IL E I T E S .

(H Bancos de Barri-

letles

servem p jra trabalhar cm madeira c m arfim : ellcs costumão ter 8 palmos dc comprimcnto, p. m. ou m. Devem ser construídos dc pranchas grossas, que tenháo ao me­ nos 4 polegadas dc grosso. Quasi cm seus extremos tem dois pex cm cada extrem o,que s io de barrotes, da grossura dc meio palmo em quadro, p. m. ou m. Este* pez devem ser cmmcxados na prancha, que forma o total do

Banco

; a qual deve ter (ao arbitrio) varios buracos perpendicu­ lares, mas largos um pouco em seus canac», para nclle» entrar o

B arn letle,

que deve segurar a peça que sc quer esculpir. A s caixas, que sc fazem na prancha para rccc* ber os ditos pc/ devem ter sua tal qual inclinação tendente a que estes pez fiquem uffastados hum do outro, mais abaixo que nos lugares dos seus encaixes: ma» será bom que de hum para o outro pé se lhe lancem travessas, para maior segurança c conservaçio do mesmo

Banco.

B A N C O S D E E S Q U IF E . Para sc arranjarem os Bancos desta denominação, se devem tomar serrafos de taboas grossas, c da largura dc<>decimo* dc palm o: de­ pois, fazer destes serrafos duas áspas para servirem de pez aos tacs

Bancos

; e estas áspas formarão dois X X da letra redonda: c do seu cncru/amcnto para cima hc que

(31)

— 3i —

tem o seu u n o. c dahi para b an o são o s pez. S e rá bom

que nesta parte inferior tenhão travessa* que os ligue ; mas não em cima, que isso impediria o uso que devem ter. l)e huma para a outra destas áspas se lhe pregáo duas taboas tambem grossas, e de 7 palmos, p. m. ou m. de comprido que formão os lados, e servem de leito á Peça. que se vai aqui executar, visto não p;»dcr laborar em pc, assim como no barro, e na pedra.

B V R B A R O . G O S T O B A R B A R O . No índice dc

l)u

F rttn o r,

diz. que a\*im se chamava o que não era no gOftto dos Gregos e Romanos. Porem eu cuido ser mais bcm difinidoo di/er — Que he o que não contem a reunião da Relia Natureza.

B A R R

1

L E T T E S . E slcs utensilio* são de ferro, á ma- neira de curtos c ajad o s; porque n io te m d c comprimento mais dois palmo* ç meio ate trez; e de grosso pouco mais de polegada: no seu extremo servivel que he onde se lhe ajunta huma porção do mesmo lerro com indicação dc c ir culo, que lhe dá o aspecto dc cajado, porem chata, ecomo huma regra encurvada, com a grossura p. m. o u m .d e trez linhas geométricas.

Esta porção dc circulo dc ferro hc caldcada no varão, cousa dc trez polegadas abaixo do seu extremo supcri<»r, a fim de que o maço de páo tenha lugar cm que bater, cons­ trangendo o

BarriU tte

no buraco da prancha em que entra a ir atacar, e segurar a Peça cm que se pertende trabalhar: e o final da sua curvatura dobra horisontal- menie cousa de uma polegada escassa, para náo fazer vinco ou mordedura na matéria que vai atacar.

B E L L A S - A R T E S : Se denominam commummcntc as irez mais amadas filhas do Desenho,

Pintura, Escultura,

(32)

- 32 ~

c

Arquitectura;

náo excluindo a G ra v u ra : mas deste de­ licioso epitheto de B clleia, não sc devem p rivara

Musica^

c

a

Poesia]

c esta com maior especialidade; porque a Peça de qualquer destas bcllas Aries que cm

s\

nio en­ cerrar o fogo Poctico, se ri languida, fria e totalmente

morta.

B K L L \ S * L K T R A S. Assim como o pão hc o sustento principal do humano corpo, assim as

Relias Letras

c H is­ toria Sagrada, Profana e Mithologica, sfto o alimento r a ­ dical do espirito das

tlellas Arte*.

B E L L E

2

A . (Consiste em que as fórmas dos membros fccjáo na configuração, que lhes escolherão os G regos, e Romanos, (vide a palavra

Antigo)

e que alem disto conser­ vem entre si relação mutua humas com outras, guardando exactamente a symctria.

B E M jO -ID K A I.: O pcccado que o primeiro homem commctteo, faltando ã obediencia dc >eu, en osso C read or, transtornou cm tudo a Nature/a toda. K daqui vem que a» formas das diversas panes e muscutos do corpo em todos os indivíduos viventes náo sejam perfeitos, c regulares cm tu Jo : j;i pela influencia dos diversos clim as; já pelas di­ versas qualidades dc alimentos, já pela maneira que des­ tes usão, ju pelas modas que também alterto as configura­ ções, c já por outras causas, que mais que a mim pert- tcncc aos Naturalistas averiguar-lhes a origem. Por isso não ha Indivíduo que cm todas as suas configurações seja totalmente perfeito, como continuadamcntc estamos vendo: porque sc o tronco

(peito

c

afrJonten)

hc dc canfiguraçSo

bella,

jã os braços c as pernas são de musculatura m es­ quinha, ou carnudos demais. A isto hc que os Antigos G regos, c Romanos occorrcrão com suas ftlosoficas

(33)

rc-- 33 —

flexões. V iJo hum que tinha braço» de

M ia

musculatura, desenhaváo lhos em diversas actitudes, c guardavam esse* esboços. Viáo outro que tinha pernas correspondente* ao* ditos braços, faziào o m esm o: do peito o mesmo, K deste peculeo de diverso* estudos com pu/crio isto qu a depois se denominou =

B e llo iJe a l,

ou

Br

11

o reuniJo.

A liberdade de Rctigi&O» que lhes permilia aos seus Athcle- ta* a toial nudez em seus fogos Gym nasticos, nessas m es­ m as occasioens de deveriimento lhes ministrava o estudo das fó rm as: porem como estes jogos não crão de violento» esforços, agitíwáo-sc, e entumecido-se os m usculos: d^ modo infurtada* as memórias do* Espectadores nesta^ configurações, ao tempo de exccular as Estatuas, expre-^ mifto o que na* memórias tinham im presio como á força de cunho; c por essa causa tem a exaggeração que já dicc, náo obstante serem as formas cm si adm lravei*: n u s se* por esia causa náo lisongeio tanto o espirito nV ssa affec- taçào, hc dc inistimavcl preço, pelo muito que facilita aos Artista* o estudo Anatomico. O ra, nas carnes feminina* já os Antigos náo forâo affcctados ; (como já toquei neste papel) porque as mulheres náo praticaváo esses Gymnas- ticos exercícios, sendo o seu sexo naturalmente muito m ais m oderado; c por i**o os que sc applicavio a estes estudos tocante aos liomens la/iáo nos cm os certam es dos Gladiadores, e a respeito da» mulheres cra em suas pró­ prias cazas, com todo o soccgo, sem agitações, c por isso tanto nas proporções como nas fórm as femininas fo* ráo em inentíssim os; porque (nas suas obras escolhidas) sc acha a K euniío do Bello-Natural.

B R O C A . A s

brocas

sáo huns utensílios de cortar a pedra ; o seu movimento hc retrogrado, cortando par.* huma, e outra parte igualmente, por meio dc outra p e ç *

(34)

34

-que sc denomina

Armas Je Broca.

Vide A . Estes utensí­ lios um bem ás vexes 'tem uso por si só*, sem as ditas A rm as. N io lie só na Escultura dc mármore que servem. O s canteiros ornatistas, c»s l-atociros e Serralheiro» tam­ bém usão deste instrumento, posto que com algumas pe­ quenas differença*.

c

C A I X A S S E D E N T A R IA S . Devem ser feitas de taboas á proporção do mister cm que háo de ser em pregadas: EHas tem seis faces, quatro ao comprimento, c duas que lhes sirváo dc testeiras, cada huma destas faces deve ter uma rotura, pela qual possáo entrar quatro dedos da mão direita, a fim de lhes poder pegar c m ovcllas o O perário para onde Ibe forem precisas. As ditas roturas devem fcer ao gciio da veia da madeira, c não atravessadas a toppo.

C A M P O DO Q U A D R O . He a circunscripçáoque com- prebende qualquer Baixo, ou Mcio-rclcvo, ou mesmo qual­ quer outra composiç&o destas. Na Pintura ha muito mais que dizer neste particular.

C A N D IE IR O D O A C T O . Vide o &.• 8 * da Introdução C A N E T T A S . Veja-se o terceiro período da

íntrodu

çAo prelim inar.

E pelo que respeita á declaração da p ala­ vra

Canetta,

cilas são os utensílios imnicdiaio* nos exercí­ cios do

Desenho:

costumáo ser as melhores de latão, c oitavadas ao comprimento que Costuma ser dc tres quartos de palmo, p. m. ou m. Em ambos seus extremos s io aber tas, cujas aberturas tem dois decimo», ou dois c meio. ’

Em cada extremo tem hum annel movei, que serve para apertar o L i pis, quando sc acha nas ditas abertu­ ras, c com cllc sc quer entrar no exercício.

(35)

— 35. —

C A N IV E T E . O s

Canireíes

que são bons para apparar penou* de escrever dcixâo de ter essa bondade pura apparar o la p is; porque, como este seja pedra (ainda que branda) he preciso instrumento mais forte para conalta. O * melhores para c*tc exercicio »Jo aqueles, a que vul­ garmente chamão de marca dan/ol.

C A R IC A T U R A E C A R IC A R . São palavras totalmente Italian as: porem os Professores de llella* Artes (cm Por­ tugal) as tem adoptado, c pcrltlhado, dando mais este pe­ queno augmento ao nosso Idioma, na realidade pobríssimo dc termo* technicos das Relias Artes. Ilc pois a

Carica-

lura

, huma burlesca exuggcraçáo das partes notáveis de qualquer semblante, (c ás vezes se poderi estender ao re s­ to do corpo) dc modo porem que se conheça a pessoa de quem se la/ a irrisão. E

caricar

, hc fazer a

caricatura.

C A V A L L E T E S .

O s

cavalUtes

sSo de duas cspecics, huns são de andaime, outro» de modelo. Dc huma, c ou­ tra qualidade sc achão indicios desenhados na segunda Estam pa da

Descri peão Analylica.

Os da primeira ordem são formados dc dois serrafos dc ta boa grossa com 6 ou 6 '/t décimos dc palmo dc largura, c comprimento, ou a l­ tura ao arbítrio do A rtista; mas ordinariamente costu­ mão ter dc 9 para to palmos de altura nos dois serrafos já dito», dc tuboa* g ro ssa s: os quacs assentio verti­ calmente no meio dc huma travessa grossa, que tem cousa dc

5

palmo* de comprido, c

3

quartos dc larg o : dos extremos da qual sobem dois serrafos a ser* vir-lhes de cscóras a fim de que se conservem na sua verticalidade: servindo esta construcção dc base a cada

cavalU te

; para o que, o seu extremo superior deve ser fixo cousa dc

5

palmos acima do serrafo principal. De hum para outro do* serrafo* principac», (que servem de

(36)

— 36 —

pilares a cstcs utensílios) devem haver dc i em 2 palmos p. m . 00 m. travessa» de hum para outro pilar, nas quais de hum para outro

carallcte

se lancem taboa* grossas, para que sirvfto dc Andaime aos operários no tempo em que se empregáo.

O s

rarailelei de Modelo

s io ordinariamente compos­ tos de

3

pczt com barrotes mais separados cm baixo do que em cim a, aonde acabão em hum plano triangular, cujos lados tem palmo c

1

décimos • '*. Ivm baixo te rio as linhas imaginarias da abertura deste triângulo

3

p. e um quarto: mas tudo isto p. m. ou m. A cab io em huma ta- lx> 1 grossa, e plana, furada no meio com hum furo dc pouco mais de meia polegada dc diâmetro, para neste furo entrar huma espeete de v a rio , mesmo de madeira, c hc fixo cm huma taboa engradada, que tem palmo c

3

quartos cm quadro, c íica movei sobre o

cavjllete,

para o Artista a voltar quando lhe convem buscar a lu/ do lado que a precisa a tempo que está modelando: que este he o

principal uso a que sc dirigem cstcs

cjv.xlUtes,

Tam bém servem (ao tempo cm que sc trabalha o már­ more) cm lugar dc

lístanU i,

cm que se conserva o

mod<ilo

que serve de exemplar á peça dc m arm orc; para se tira­ rem deste

mocUlo

, n io só as medidas, mas a sua configu­ ração : e neste uso se lhe deve chamar

1

'Manle do Mo­

delo

-C IR -C U N S -C R IP T O . He o que sc ve delineado, ou esculpido no interior dc qualquer corpo serrado, v. g. a sarrilha do dinheiro hc a

circunscripçáo

dos objectos, que sc obscrvAo nas faces do mesmo dinheiro.

C L A K O -E S C U R O . O

claro»escuro

hc a sciencia dc situar bem o c/aro, e o

escuro

nos painéis: cujas duas pa­ lavras sc prominciâo (commummcntc nestas A rtes) liga­

(37)

da cm huma só. Náo faltará quem pence que o artificio do

claro*tcuro

hc %ú na

Pintura

c

Detenho,

mas enga- náo sc totalmente. Na Escultura ainda hc dc maior diffi­ culdade o seu alcance porque náo hc o Artista arbitro dc o dispòr como lhe convem ; mas hc sempre subordinado á própria Natureza. K isto obrigou o C avalheiro

Jternini

{cm alguns casos, e se lhe pcrmittio) furar paredes, c abrir jancllas, para que as suas peças dc Escultura recebessem a luz dc modo que fi/.cssem efeito vantajoso. A/r.

Rupero

hepiles

acima citado fez o seu Indicc dos termos tcchnicos concernentes :t

tin tu ra ;

porem como este pertence á /:’.*•

cultura

, nclle sc faz m ençio unicarncnte dos qoc pericn- ccm a esta A lie , assim nesta letra C como cm todas as mais.

C O M P A S S O N O S O L H O S . Q uer dizer, que os A r­ tista» detem estar táo ensaiados nas proporções c confi­ gurações, que apenas observar sua obra (c mesmo ao tempo de executai la) vá conhccc.ido igualmente sc nclla sc acha o devido equilíbrio; se as partes entre si con­ tem a devida sym m ctria. Por cuja causa (accresccntu II 4-

telet

a esta sentença do famoso

liuonarroti

) que esta vista ou observação deve emanar do entendimento instruído.

C O N M G U U A Ç A O . Km todo* os objectos visiveis existe por natureza esta qualidade; sejão racionaes ou brutacs, viventes, ou apathicos, v. g. na tripeça do çnpa- teiro ha configuração. Assim mesmo náo deixa dc existir nas figuras geométricas, caracteres dc letras, c utensílios d'A rtes, c O lficios; sem exceptuar nossos diversos vestidos, c moveis de casa,

C O N T O R N O . Hc a circumscripçáo dc qualquer cor­ po, dentro da qual se expressa a individuação dc suas partes. Na Pintura, ou Desenho nfio tem qualquer figura

(38)

— 38

-mais que hum só contorno: porem na Escultura, s io im m cnso*; porque o mui» tenuc movimento que o Espec­ tador faça cm torno do objccto que csam ina, já neste di­ visa dilferente

ctmtorno

; c ás vexes bem attendivcl. N'huma Peça dc Escultura que sc v í por todos seus lados s io mnu- meraveis os seus contornos. E esta circunstancia hc huma das partes que entra na Qucstào que clistc entre

Pintores

e

Escultores

, nobre

qual das duas Artes he mais d iffictl

* sendo o

Pintor

só obrigado a dar boa conta dc hum

con­

torno

unico, c o

Escultor,

dc innumcravcii»!

A palavra

contorno

ainda tem m ais amplo significado; cxtcrvdcndo-se até os diversos sitios, c Povoações, com- prchcndcndo os seus suburbios, que vem a scr os seus

contornos.

C O N T R A S T E , ou C O N T R A P O S IÇ Ã O , lic a judi­ ciosa desigualdade na collocaçio da» partes dc cada cor­ p o ; c ainda mesmo no arranjamento dc hum todo com­ posto dc varios córpox; v. g. a figura cuja mão direita avança, rccuc o pé desse mesmo lado. A m io , ou pc que levanta, abaixe a m io ou pé do lado opposlo. Mas há casos em que sc n io pode, nem deve seguir esta exaccão; c deve ficar ao arbitrio do Artista.

liem pouco tempo há que a mesmu pessoa, que cscrc- ve estes preceito* sc v*o cm caxo, que o fe/. affastar dcl- les, desenhando a figura da

Benerolencia

com as m ios ambas elevadas a igual altura, a segurar huma C ifra in* comiastica, &.* Estes casos n io são configurações Geo- metricas, nem Dogmas da Santa K cligiio, que prolc**Amos.

D

D E B U X O e D E S E N H O . S i o synonimos; ambas es- tas palavras significiio a mesma cousa: ou cilas sc

(39)

appli 39 appli

-quem a objecto já posto cm pratica, ou ao acto, c acção

dc o praticar. Não ha objccto visível que deixe dc poder »cr assumpto desta quasi miraculosa IVenda. K he tul O seu poder (ou atrevimento) que se arroja a configurar mesmo objectos invisíveis, e totalmente espirituais, e ima­ ginários com o:

Anjos,

I

'irtndes, Vícios,

&.*

D E G R A D A Ç Ã O . Hc a diminuição gradual com que se expoem, o* objectos nos seus devidos lugares, segundo

as leis da

Perspectiva.

D E S E N H O . Vide acima

iJebuxo.

D

1

N T O R N O . Hc tudo o que se expõe á vista, circu­ lado pelo

contorno:

v. g. nas moedas, a sua sarrilha he o mtu

contorno;

e o que se cxpôc a mesma vista em sua* faces bc o seu

Dintorno.

A ssim mesmo nas Meda- Mus. E ampliando o termo, os suburbios ou arrabaldes dc Lisboa formam o seu

contorno,

e a mesma ('idade cm

s: o

Dintorno

d o s e

contorno.

D IR E C T O R D O A C T O . Entre os Professores que assistem no» exercícios

Nocturnos,

a que tambem chamão

Académicos

deve presidir hum Artista dos mais avançados cm sabedoria pratica c theorica, para d ar ao homem vivo aquclla actitodc, que lhe parecer n u is conveniente para o estudo, que pelo natural se vai pór em pratica; c por esta causa o dito Artista nesta ocasião sc denomina —

hirector

do A cto

; visto cham ar sc

Acto

ao aspecto cm que fica o homem vivo. Estes

birectores

são eleitos a votos; e a es­ colha que dcllcs sc faz, já lhe confcrc certo ar dc reputa­ ção, c estima entre os mais Professores e Applicado*.

(40)

— 4° —

E

E K F E I T O :

bom, ou mão.

Esta qualidade que sc cxpóc á visão J o Espectador na* producçôes das i r o Hellas Ar tes do Desenho,

Pintura, Escultura

c

Arquitectura,

não he susceptível

sc

não de entendimentos instruídos nas di- las

Artes.

Porque muitas vezes acontece aos faltos dessa imtrucv'10 julgarem bom o que pura nada presta, e n io o que tem qualidades cxcellentes.

E M P A S T E e E M P A S T A R . Km Desenho di-jic esta denominação aos debuxos cujos tra;os náo tem appafencia dç rótulas, que deixáo ver o ar por entre a* regras de que ááo form adas: mas sim por entre os traços sâo os claros esfumados com o mesmo lapis, a fim de náo resaltarem aos olhos esses intcrvallos claros, e deste m o Jo evitar a crueza que isto produz.

K N T K L IIK IR A M K N T O .

11

e hum corpo composto dc quatro pedaços dc v ig a ; dois parallclos, e os outros dois cm suas testeiras pregados.

E N T E L H K I R A R . Hc o acto dc collocar as pedras no

Entelheiramento.

K N T H U S IA S M O . Qualidade d alma que excita os Poetas, O radores, Artistas das liellas A rtes a projectar, c executar cousas extraordinários, tanto na invenção como n:» pratica : porque em ambas estas qualidades conhecem os tniclligcnies o

euthutiatmo.

O nosso Escultor

Antonia

F erreira

possuio esta bella qualidade, na invenção c na pratica.

E N X Ó . He hum utensilio de que principalmente usilo os carpinteiros: lambem na Escultura de madeira tem bastante uso, pnnctpalmcnic em seu desbaste. He com­

(41)

posto dc huma chapa dc ferro calçada dc aço no lugar do seu c ó r tc : o seu feitio hc á maneira dc enxada, ope­ rando na madeira do modo que a enxada na te rra : mau o seu cabo hc curto, c terá dc comprido só palmo c quarto.

K Q I* E S T K E . O s Escultores, c Pintores tem muita precisão dc ter bastantes c<mhccimcntos da Arte

Equestre

a qual vulgarmente chamão

Picaria.

Quando cu fi/ a E s ­ tatua

Kquestrc

do Sn r. Kci I). José I. não tinha noção alguma desta nobilisvima A rte ; a que sc dignou de supprir o E x.** Snr. Marque/, dc M arialva, I). Pedro Josc de M e­ nezes (Àxitin!**, pelo /cio di» Kcal serviço, credito da Nação, de desafogo da sua própria curiosidade: indo ã Fundição varias vezes cmquanto ah fiz o Modelo da refe* rida Estatua a instruir-me nos preceitos Equestres. Ao nosso Francisco Vieira Lusitano accontccco o desgosto dc não poder acertar nunca hum Devenho, cm que S . Mag.4* linha muito apetite, por ignorar a

P ica ria :

e por isso

Pamplulft,

Mestre de A ppcllcs, di/ia que o Pintor deve saber tudo. O Escultor he o mesmo. O grande

t.eonardo

l'in ci

desempenhou muito bem o preceito dc

Pamphitoi

porque não só foi cxccllcntc

Pintor

,

Escultor

,

Picadort

e

Arquitecto,

m as até na Musica foi um dos melhores Cantores do seu tempo. A noticia d<>s talentos raros, c prendas deste grande homem, excitou I rancisco I, Kci dc França, a convidallo para entrar cm seu serviço ; a que annuindo o sabio Artista, se pós a caminho para França, aonde adoecendo cm

Fontanableau

chegando ahi o Kci c constando lhe estar o dito Artista doente, foi cm Pessoa visitai lo : de cuja honra ficou o Artista sabio t io penetrado, que pertendendo retribuir esta fineza Kcgia, com as d e­ monstrações devidas a tal Personagem, lhe deu hum deli- ajuío, a que querendo acudir o mesmo Soberano, espirou

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