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Líderes Históricas

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1 AUDIÊNCIA DE MASSA COMO MERCADORIA

Revista 59 39 Leu a última edição de qualquer título

1.5 Líderes Históricas

As três redes de TV que lideram o ranking de audiência e de investimentos publicitá- rios no Brasil são controladas por conglomerados de mídia consolidados há décadas e com cobertura em todo o país. A Rede Globo, o mais forte desses grupos, faz parte de um conglo- merado que reúne 340 veículos, entre emissoras de TV e rádio, jornais, revistas e portais de internet. O SBT, 195; e a ascendente Rede Record, 142. Um quarto grupo, a Rede Bandeiran- tes (Band), menos expressivo em termos de audiência televisiva, mas importante pelo número e cobertura dos veículos, reúne 166. A Globo mantém a rede nacional de TV com 122 emisso- ras, o SBT com 58, a Record com 46 e a Band com 39 (GÖRGEN, 2010).

As três primeiras detêm cerca de 75% da audiência diária (ALMANAQUE IBOPE, 2010b), com a Globo liderando há quase quarenta anos e apresentando índices médios de sha- re acima de 50% (BORRELLI; PRIOLLI, 2000, p. 19 e 109).

A primeira emissora de televisão brasileira foi criada em 1950 por um poderoso grupo de mídia, os Diários Associados, do empresário Assis Chateaubriand. A atual configuração das redes começou a surgir na década de 1960. Duas características básicas distinguem o sis- tema da televisão no Brasil desde aquela época. Ele sempre recebeu suporte de recursos pú- blicos e foi formado por meio da afiliação de grupos regionais privados aos conglomerados nacionais (GÖRGEN, 2010). Cerca de um terço das prefeituras municipais e várias empresas públicas estaduais financiam a distribuição dos sinais das redes comerciais implantando e mantendo as estações retransmissoras.Assim, cada rede privada transmite por meio dos ca- nais de propriedade do grupo controlador, das emissoras afiliadas pertencentes a empresas regionais e das retransmissoras/repetidoras (que não podem gerar imagens, mas têm a função de amplificar os sinais e ampliar o alcance da programação gerada pelas redes). As afiliadas,

por sua vez, embora sejam geradoras, retransmitem a programação produzida pelas redes a maior parte do tempo, mantendo apenas alguns programas regionais, principalmente para cumprir as exigências mínimas da legislação. É comum também que um mesmo grupo regio- nal seja proprietário de mais de uma emissora afiliada a uma rede, o que forma sub-redes para a transmissão dos poucos programas produzidos regionalmente.

As emissoras locais de sinal aberto independentes são raras e têm pouca importância mesmo na área de cobertura. As empresas locais que conseguem concessões de canais são rapidamente integradas pelas grandes redes e, inclusive, recebem apoio e financiamento des- tas para a instalação e operação das emissoras. (DE LUCA, 2010)

Dessa forma, o que se define como um conglomerado é uma empresa proprietária das emissoras cabeças de rede e seus veículos de outras mídias (rádios, jornais, revistas) e mais os grupos regionais que possuem emissoras de TV afiliadas à rede e outros veículos. As retrans- missoras são mantidas em grande parte pelos governos municipais. Embora constituídas de equipamentos relativamente simples e sem necessidade de operação humana, são parte impor- tante do sistema. Elas permitem que uma rede com quarenta ou cinquenta emissoras geradoras afiliadas, por exemplo, leve o sinal a todo o Brasil, que é um país de grandes dimensões, o quinto maior do mundo em extensão territorial. De acordo com dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), existem 9.907 retransmissoras de televisão (RTV) em todo o pa- ís. Além delas, há muitas repetidoras irregulares, instaladas por prefeituras de pequenos muni- cípios nas décadas de 1960 e 1970. Técnicos do setor estimam que o número total de RTVs (legais e ilegais) deve chegar à casa dos 18.000. São raros os casos de pequenas redes ou e- missoras independentes que rivalizam na disputa de audiência, em qualquer horário, com a programação das três grandes redes. Considerando os grupos de emissoras que transmitem programações diferentes em tempo integral, cada um liderado por uma cabeça de rede, exis- tem ao todo 34 redes de TV nacionais.

A seguir, um resumo da estrutura e desempenho das três principais redes brasileiras.

1.5.1 Globo

De acordo com o Projeto Donos da Mídia (Görgen, 2010) – dedicado a estudar o con- trole dos meios de comunicação no país e fonte dos dados mencionados a seguir, a Rede Glo- bo de Televisão lidera o setor há décadas e chegou à marca de 122 emissoras em 2010. Criada nos anos 1960, se projetou rapidamente e desde então se mantém muito à frente das concor-

rentes em vários aspectos. Tem a maior estrutura, maior número de emissoras afiliadas, capta o maior volume de publicidade e é líder de audiência em praticamente todos os horários. É controlada pelas Organizações Globo, grupo de empresas sediado no Rio de Janeiro de pro- priedade da família Marinho.

Dos 340 veículos de comunicação reunidos no conglomerado, 69 pertencem à família e os demais a 35 grupos regionais de mídia afiliados.

Além das emissoras de TV aberta, há 33 jornais, 52 rádios AM, 76 rádios FM, onze ondas curtas, 27 revistas, dezessete canais pagos, nove operadoras de TV por assinatura, uma produtora de cinema e negócios editoriais.

O sinal da rede aberta de televisão cobre quase a totalidade dos municípios do país (98,5%) com apoio de 3.305 estações retransmissoras. Os municípios que recebem os sinais de emissoras geradoras ou estações retransmissoras representam 91,6 %. Outros 6, 8% captam a imagem via satélite. Os sinais da rede cobrem mais de 55 milhões de domicílios, onde vive uma população superior a 183 milhões de pessoas.

A Globo é famosa internacionalmente pela alta qualidade dos programas que produz, principalmente telenovelas e minisséries, já exportadas para mais de 100 países. O Ibope di- vulga semanalmente o ranking das atrações mais vistas nas redes nacionais. Na semana de 26 de outubro a 1º de novembro de 2009, por exemplo, os cinco programas de maior audiência da TV brasileira foram exibidos pela Globo e atingiram entre 31% e 36% de rating (percentu- al de aparelhos sintonizados no canal).

Em termos de share (Tabela 4), esses índices representam mais de 50%, ou quase isso, conforme o dia de exibição. Os líderes foram duas novelas produzidas pela emissora e exibi- das diariamente (Viver a Vida e Caras e Bocas), seguidas pelo telejornal diário do horário nobre (Jornal Nacional), uma partida de futebol e um programa humorístico.

Entre os programas das redes concorrentes exibidos na mesma semana, o de maior au- diência obteve apenas 12% de rating (Pegadinhas Picantes MAD, do SBT)(ALMANAQUE IBOPE, 2010c).

Tabela 4. Distribuição da cobertura nacional da Rede Globo

Mun. População domicílios com tv Telespect. Potenciais

122 emissoras 5.101 189.213.544 54.661.895 180.930.830 % Brasil 91,66 98,14 98,59 98,48 Sinal Satélite 383 2.584.031 573.529 2.028.307 % Brasil 6, 88 1,34 1, 03 1,10 Total Globo 5.484 191.797.575 55.235.424 182.959.137 % Brasil 98,54 99,48 99,62 99,59 Não Cobertos 81 1.003.589 210.638 762.287 % Brasil 1,46 0,52 0,38 0,41 Total Brasil 5.565 192.801.164 55.446.062 183.721.424 Fonte: Rede Globo de Televisão (abril 2010)

1.5.2 SBT

Durante pelo menos duas décadas, desde que foi implantado, em 1981, o Sistema Bra- sileiro de Televisão (SBT) ocupou a posição de segunda rede mais importante do país, atrás da Globo. Recentemente, passou a dividir o posto com a Record, e viveu em 2009 uma tem- porada ruim, com queda de audiência em vários horários. O conglomerado é controlado pelo empresário e apresentador Silvio Santos. Tem sede em São Paulo.

A rede surgiu quando Silvio Santos assumiu o espólio da extinta TV Tupi, proprietária do primeiro canal de televisão do país. Com 37 grupos afiliados, o SBT controla direta e indi- retamente 195 veículos. Cinquenta e oito emissoras compõem a rede, sendo dez de proprieda- de do grupo principal e 48 afiliadas. A distribuição de sinais para todo o país é feita por meio de 1.441 retransmissoras. Seu braço forte são os programas de auditório, os games shows e humorísticos populares.

1.5.3 Record

Segmento evangélico mais forte do país, a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) controla a Record, rede que nos últimos dois anos se tem mantido, na maior parte do tempo, como vice-líder de audiência. A rede surgiu em 1953 e chegou a ser a mais importante na década de 1960. No final do período, perdeu o posto para a Rede Globo.

Nos anos 1990 foi adquirida pela IURD e começou a reformular a programação a par- tir de investimentos feitos pelo grupo religioso. É a terceira maior rede em número de afilia-

dos, com trinta grupos e 142 veículos integrados ao conglomerado. Na rede de TV, são 46 emissoras, dezoito próprias e 28 afiliadas.

A Record cresceu muito nos últimos anos graças à expansão da cobertura e ao investi- mento feito na produção de novelas, reality shows e jornalismo e na compra de filmes e séries estrangeiras. A programação diurna e noturna é variada. Já os horários da madrugada são o- cupados por programas religiosos. O sinal é distribuído por 870 repetidoras espalhadas por todo o país.

O Quadro 2 mostra os principais conglomerados de mídia televisiva brasileiros.

Rede Emissoras de TV Total de Veículos *

Globo 122 357

SBT 101 195

Record 73 142

Quadro 2. Principais conglomerados de mídia brasileiros – veículos próprios e de grupos afiliados Fonte: Mídia Dados 2010. *Soma das emissoras de TV e outros veículos dos grupos de mídia afiliados às grandes redes (fonte: Projeto Donos da Mídia)

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