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Ao se analisar o processo comunicativo, percebe-se que muitos elementos estão nele envolvidos. A discussão em torno desse assunto não se prende apenas à apresentação desse processo como sendo resultado da troca de mensagem por meio de um canal entre emissor e receptor, auxiliados por um código. Entretanto, já nessa visão, é possível notar que só há linguagem quando ela é concebida como dialógica. Dessa forma, é caracterizada pelo envolvimento dado de dois atores essenciais para que a comunicação seja estabelecida: o que fala/escreve e o que ouve/lê.

A discussão em torno do processo comunicativo tomou outra dimensão no momento em que a língua passou do universo do idealismo saussureano para o realismo bakhtiniano (Souza, 2002, p. 21). Segundo pesquisas recentes na área de estudos de línguas (Coracini, 2002), não se pode separar o individual do social, como o fez Saussure. Segundo o linguista, a fala é um fenômeno individual e o sistema linguístico um fenômeno social. Por outro lado, para Bakhtin (1973, apud Souza, 2002, p. 21), Saussure vê a linguagem como se ela fosse um sistema que se caracteriza pela estabilidade e imutabilidade de elementos linguísticos idênticos a eles próprios que preexistem ao indivíduo falante e também como se ela fosse objetiva. Desse ponto de vista, torna-se difícil afirmar que a linguagem se caracteriza por dois

polos: fala individual e sistema social. Essa divisão sedimenta um pensamento inadequado: o de que linguagem não é construída socialmente.

Além disso, com os estudos sociocognitivo-interacionais e discursivos, passaram-se a considerar outros elementos presentes no processo de comunicação. Entra em jogo na relação entre locutor e interlocutor uma série de critérios que vão muito além da simples troca de mensagem. Estão envolvidos nessa relação critérios subjetivos e objetivos, como: (a) a subjetividade de cada participante do processo comunicativo, que envolve um conjunto de conhecimentos que esses participantes carregam, a sua identidade; (b) o caráter histórico- cultural da língua empregada; (c) o caráter histórico-cultural do momento em que a língua é empregada; (d) o ambiente físico em que se desenrola a comunicação (envolvendo critérios referenciais/dêiticos, a proximidade/distância física e temporal dos participantes); (e) a ideologia dos participantes (envolvendo aspectos morais e de posição social); (f) a situação psicológica dos participantes. Todos esses elementos funcionando juntos ratificam a função real da língua. Por isso, qualquer análise que é feita dela não deveria levar em consideração apenas seus aspectos gramaticais para sua realização, mas o conjunto empírico em que se realiza: o texto.

O elemento utilizado para análise da língua passa da frase pura e simples para o enunciado. A unidade básica de análise linguística, para Bakhtin, é o enunciado, ou seja, elemento linguístico produzido em contextos sociais reais e concretos como participantes de uma dinâmica comunicativa (1973, apud Souza, 2002, p. 22). Nesse contexto,

o sujeito se constrói a partir de um princípio, o dialogismo, pois ele se constitui ouvindo e assimilando as palavras e os discursos do outro (...) processados de forma que se tornem, em parte, as palavras do sujeito e, em parte, as palavras do outro (1973 apud Souza, 2002, p. 22)

A língua funciona como elemento contextualizado, usada em um contexto sócio- histórico determinado tendo em vista um objetivo. Se há presença de uma intenção ao se pôr a língua em uso, essa intenção só pode existir porque o ser se inclui em uma atividade de interação. O uso que os sujeitos fazem de uma determinada língua reflete a necessidade que existe de se comunicar. Essa necessidade não se concretiza num vácuo, o que subjazeria unicamente à ideia de que linguagem se caracteriza como sistema abstrato. Produz-se a ideia da existência de um locutor-interlocutor ideal, em uma situação de comunicação neutra (Charaudeau, 2009, p. 27). Ao fazer uso da língua, o sujeito o faz para dentro de um universo social, estando ambos determinados pelo tempo. É nesse contexto que se pode afirmar que o uso da língua é de cunho sócio-histórico. É importante ressaltar que, para Charaudeau (2009), há que se considerar que a compreensão do texto não se prende apenas aos elementos que estão fora da língua, mas também aos sentidos básicos que carrega, ou seja, a língua é também um sistema abstrato. É o caso, por exemplo, de determinados nomes que podem ser empregados em variados contextos, com diferentes significados. Entretanto, a construção do significado precisa necessariamente estar ligada a um traço semântico básico da palavra. O estabelecimento de relação entre esse traço mínimo e os diversos fatores contextuais é que permite a produção do que o autor chama de significação.

Para Charaudeau (2009, p. 62), o processo de comunicação não é o resultado de uma única intencionalidade, como se fosse caracterizado o explícito, já que é preciso levar em consideração não somente o que poderiam ser as intenções declaradas do locutor, mas também o que diz o ato de linguagem a respeito da relação particular que une o locutor e o interlocutor. O autor aponta a ideia de que o ato de linguagem não esgota sua significação em sua forma explícita. Este explícito está para além de seu próprio significado, relativo ao contexto sócio-histórico (2009, p. 25). Ainda é importante ressaltar que, para Pauliukonis (2005, p. 2), a criação de significação discursiva (sentido de discurso em oposição ao

significado que se refere ao sentido de língua) ganha sentido na relação dos elementos de língua com a situação social ou com o conjunto de fatores extralinguísticos.

O conjunto daquilo que pode ser chamado explícito com o implícito, isto é, todos os elementos concretos e subjetivos que estão para além da abstração linguística é que fornece as bases para a formação do texto. Nesse sentido, torna-se coerente colocar duas ideias: (a) qualquer análise ou significação que recaia sobre textos deverá dar conta desses dois elementos e (b) qualquer estudo ou utilização da língua deverá considerá-la sob a perspectiva da sua atualização em textos, que, por isso, torna-se única e indissociável de sua realidade.

De todo modo, é essencial que o texto não seja visto como fonte única de informação, como se ele fosse um produto acabado. Nessa concepção, o texto é, segundo Coracini (2002, p. 14), objetificado, ganhando existência própria, independente do sujeito e da situação de enunciação. Ressalta-se que texto não é produto linguístico, pois não é apenas uma materialidade empírica com começo, meio e fim (Serrani, 2005, p. 64). Afastando-se da postura que vê o texto como objeto, Coracini (2002, p. 16) sustenta a ideia de que texto somente pode ser controlado pelos sujeitos submersos num determinado contexto sócio- histórico (ideológico), responsável pelas condições de produção. Nesse contexto, o texto passa a ser visto como processo discursivo, que se refere, segundo Serrani (2005, p. 34), às posições enunciativas decorrentes de condicionamentos sócio-históricos e subjetivos de toda produção verbal.

Importante é notar que, na comunicação, para chegar a um todo dotado de significado, relacionam-se vocábulos, frases, períodos, parágrafos. O fato é que é possível organizar esses elementos em seqüências distintas. Existem seis tipos de sequenciação: narração, descrição, argumentação, exposição, injunção, diálogo. São os chamados tipos textuais. Eles designam uma espécie de construção teórica definida pela natureza linguística de sua composição – aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, relações lógicas) – (Marcuschi, 2002, p. 22).

Convém observar que, ainda hoje, algumas instituições de ensino não têm concedido legítima atenção para a questão, ignorando os pesquisadores e seus respectivos estudos. Por isso, o que se nota são professores à margem do assunto, apoiados em livros didáticos que ainda nomeiam essas sequências tipológicas de gêneros textuais.

Para Charaudeau (2009, p. 74), são quatro os modos utilizados para a organização do discurso: o Enunciativo, o Descritivo, o Narrativo e o Argumentativo. O modo enunciativo possui uma vocação quando da conta da posição do locutor em relação ao interlocutor, a si mesmo e aos outros e, em virtude dessa vocação, intervém em todos os outros três Modos de organização. Esse procedimento, em suma, é uma categoria que aponta para a maneira pela qual o sujeito falante age na encenação do ato de comunicação (p. 82). O Descritivo é um procedimento discursivoque consiste em ver o mundo com um “olhar parado” que faz existir os seres ao nomeá-los, localizá-los e atribuir-lhes qualidades (p. 111). O Narrativo é um procedimento que faz descobrir um mundo que é construído no desenrolar de uma sucessão de ações que se influenciam umas às outras e se transformam num encadeamento progressivo (p. 157). Por último, o Argumentativo é um procedimento que, do ponto de vista do sujeito argumentante, participa de uma dupla busca: a busca de racionalidade, que tende a um ideal de verdade; e a busca de influência, que tende a um ideal de persuasão (p. 206).

Os estudos de texto permitiram detectar uma problemática com relação a tal terminologia concedida aos tipos. Ao contrário do que se pensa, o vocábulo gênero é facilmente usado para referir uma categoria distintiva de discurso de qualquer tipo, falado ou escrito, com ou sem aspirações literárias (Swales, apud Marcuschi, 2002, p. 29) como também são artefatos culturais construídos historicamente pelo ser humano (Marcuschi, 2002, p. 30). Para exemplificar esta última ideia, pode-se imaginar uma situação hipotética em que se poderia perguntar: Por que o homem criou a carta? Que experiência possibilitou seu surgimento? Em primeiro lugar, o fator impulsionador foi a comunicação; em segundo, devia-

se encontrar um meio de comunicação na distância. Portanto, fica claro que a experiência humana, ou seja, a necessidade de comunicação à distância, permitiu o nascimento do gênero carta. Como se pode constatar, o gênero faz referência a uma forma que se originou em uma experiência humana, seja oral seja escrito. Notem-se experiências que levou à criação de algumas formas orais: a necessidade de uma conferência feita em condições menos solene, inserida no contexto de um evento maior ou mesmo pronunciada isoladamente e por um único expositor cuja fala pode ser seguida de debates deu origem à Palestra; a necessidade de um evento de menor porte que um congresso e mais abrangente do que uma simples reunião que se destina ao debate aberto de temas pré-determinados, sob diversas formas de sessão deu origem ao Encontro, dentre outros exemplos. (Severino, 1998, p. 178)

É necessário ressaltar que, em comparação aos tipos textuais, os gêneros são ilimitados. Ao pensar no gênero como categoria distintiva, intimamente ligada à adequação a uma situação comunicativa, percebe-se o encontro com uma dificuldade caracterizada pela impossibilidade de sua contagem. Se o gênero é caracterizado por aspectos sócio- comunicativos e funcionais (Marcuschi, 2002, p. 21), torna-se fácil compreender que ele existe em grande quantidade, que ele é maleável e que a partir dele aparecem outros. Tudo isso é possível em vista de milhares de situações comunicativas do ser humano, em vista do aperfeiçoamento das práticas sociais e do surgimento de outras. Caso, por exemplo, do e-mail. Que experiência pode ter possibilitado sua criação? Provavelmente, a necessidade de comunicação escrita à distância com uma maior velocidade. Note-se que a primeira característica leva à carta. Por isso, pode-se falar em maleabilidade, pois o e-mail, por apresentar característica inicial daquele gênero, faz uma “cópia”. O gênero carta evoluiu para o gênero e-mail, mas não deixou de existir. E por que se fala em gêneros distintos, já que ambos possuem características muito próximas? Primeiro, pelo fato de o e-mail possuir uma característica a mais: a velocidade; depois, o suporte (o meio pelo qual o texto é veiculado,

tomando forma) é outro: a mídia virtual. É pelas características próprias das situações de comunicação que os gêneros não serão confundidos.

Em vista do que foi discutido, é equívoca a insistência em chamar os tipos textuais de gêneros, já que usamos a expressão gênero textual como uma noção propositalmente vaga para referir os textos materializados que encontramos em nossa vida diária e que apresentam características sócio-comunicativas definidas por conteúdos, propriedades funcionais, estilo e composição característica (Marcuschi, 2002, p. 22-23). Podem-se citar alguns orais: congresso, conferência, reunião, jornada, oração, telefonema, seminário, aula expositiva, sermão, música, peça teatral2; alguns escritos: romance, artigo científico, crônica, receita culinária, manual de instrução.

Nos estudos que propõe frente ao discurso construído pelas mídias, Charaudeau (2006, p. 204-207) afirma que um gênero é constituído pelo conjunto das características de um objeto e constitui uma classe à qual o objeto pertence. Para os objetos que são textos, trata-se da classe textual ou de gênero textual. Segundo o autor, a definição do gênero de informação midiática é resultado do cruzamento entre um tipo de instância enunciativa, um tipo de modo discursivo, um tipo de conteúdo e um tipo de dispositivo. O tipo de instância enunciativa caracteriza-se pela origem do sujeito de fala e seu grau de implicação. A origem pode estar na própria mídia (um jornalista – instância interna) ou fora da mídia (um político, um especialista, etc. – instância externa). O tipo de modo discursivo organiza-se em torno de três categorias: “relatar o acontecimento” (ex. reportagem), “comentar o acontecimento” (ex. editorial), “provocar o acontecimento” (ex. debate). O tipo de conteúdo temático constitui o macrodomínio abordado pela notícia: acontecimento de política nacional ou estrangeira, acontecimento esportivo, cultural etc. Por último, o tipo de dispositivo, por sua materialidade,

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Os gêneros música e peça teatral estão em destaque pela confusão que podem oferecer, uma vez que podem ser encontrados na modalidade escrita. Marcuschi (2002) explica dizendo que são orais, mesmo sendo produzidos incialmente por meio da escrita, uma vez que foram construídos para serem falados, não lidos. Neste caso, cantado e encenado.

traz especificações para o texto e diferencia os gêneros de acordo com o suporte midiático (imprensa, rádio, televisão).

Em relação à produção de sentido do texto, ainda é importante citar alguns princípios que devem ser considerados. Para Marcuschi (2008, p.96), há três grandes pilares da textualidade: produtor (autor), leitor (receptor) e texto (evento), visto como processo. Segundo o autor (2008, p. 93-133), o ato de produzir textos envolve critérios de textualidade. Diante disso, enfatiza duas categorias, imbricadas no processo de produção/recepção, a serem observadas: o acesso cognitivo pelo aspecto linguístico e o acesso cognitivo pelo acesso contextual. No primeiro acesso, os critérios são caracterizados como (a) coesão e (b) coerência; no segundo, como (c) aceitabilidade, (d) informatividade, (e) situacionalidade, (f) intertextualidade e (g) intencionalidade, como se veem a seguir:

(a) Coesão: os processos coesivos dão conta da estruturação da sequência (superficial) do texto; não são simplesmente princípios sintáticos. Constituem os padrões formais para transmitir conhecimentos e sentidos.

(b) Coerência: engloba os procedimentos pelos quais os elementos do conhecimento são ativados.

(c) Aceitabilidade: diz respeito à atitude do receptor do texto, que recebe o texto como uma configuração aceitável tendo-o como coerente e coeso, ou seja, interpretável e significativo. Ela se dá na medida direta das pretensões do próprio autor, que sugere ao seu leitor alternativas estilísticas ou gramaticais que buscam efeitos especiais.

(d) Informatividade: diz respeito ao grau de expectativa ou falta de expectativa, de conhecimento ou desconhecimento e mesmo incerteza do texto oferecido.

(e) Situacionalidade: pode ser vista como critério de adequação textual. Este critério se refere ao fato de relacionarmos o evento textual à situação (social, cultural, ambiente, etc.).

(f) Intertextualidade: refere-se às relações entre um dado texto e os outros textos relevantes encontrados em experiências anteriores, com ou sem mediação.

(g) Intencionalidade: este critério considera a intenção do autor como fator relevante para a textualização. A intencionalidade, no sentido estrito, é a intenção do locutor de produzir uma manifestação linguística coesiva e coerente (Fávero, 1986, apud Marcuschi, 2008, p.127).

A coesão textual se constitui, no presente estudo, como um dos aspectos importantes, sendo dado que, no capítulo 5, será central em uma das categorias de análise, que é o conhecimento de língua. Cabe, portanto, aprofundar um pouco as noções que envolvem o conceito a partir da classificação proposta por Corrêa e Cunha (2005). A coesão textual se constitui na repetição ou retomada de informações novas ou velhas – referentes3 - através da qual se estabelece a continuidade semântica (Corrêa e Cunha, 2005, p. 146, grifo das autoras). Podem ser divididas em duas: anáfora e catáfora. As autoras enfatizam, além disso, que, no processo de interpretação, as anáforas e as catáforas funcionam como fios condutores que permitem a apreensão do texto como um todo coerente, em confronto com o conhecimento prévio do receptor (2005, p. 154).

A anáfora é a repetição do mesmo referente ou do mesmo tema, ainda que através de formas linguísticas diferentes. Ela assegura a possibilidade de se construir um sentido global para o texto – e, consequentemente, contribui decisivamente para a coerência textual. (2005, p. 146). Corrêa e Cunha propõem uma classificação dos componentes da coesão textual, a saber: anáforas nominais e anáforas pronominais. As anáforas nominais são procedimentos de retomada de um referente através de sintagmas nominais cujo núcleo é um nome. (2005, p. 147). As anáforas pronominais abrangem os procedimentos de retomada de um referente através de um pronome.

No caso das anáforas nominais, encontram-se: as anáforas nominais por substituição e as anáforas nominais por repetição. No caso das anáforas pronominais, encontram-se: as anáforas pronominais por substituição (retomam referências expressas por sintagmas nominais cujo núcleo é um nome), as anáforas pronominais por repetição (normalmente só ocorrem em transcrições de textos orais) e as anáforas por elipse pronominal (reiteram a continuidade temática, funcionando como um “pronome zero” que remete ao mesmo referente do pronome sujeito da oração anterior).

Cabe, ainda, ressaltar que, no caso das anáforas pronominais, as autoras (2005, p. 149) sustentam que

a função dêitica ou exofórica é característica dos pronomes que “apontam” algo para fora do texto – isto é, referem-se a coisas ou seres cuja identificação depende do contexto extra-linguístico. Incluem-se neste caso os pronomes pessoais de 1ª e 2ª pessoas, os advérbios de lugar aqui, aí, ali, cá, lá, acolá, e os demonstrativos.

Outro tipo de procedimento coesivo é a catáfora, que, segundo Corrêa e Cunha (2005, p. 153), antecipa a introdução de uma informação nova no discurso. É dividida em dois tipos: a catáfora nominal e a catáfora pronominal.

Para as autoras (2005, p. 154), propor atividades de análise que levem o aluno a percorrer o texto com base nas redes coesivas que o compõem, ultrapassando o nível da frase, por certo contribuirá para o desenvolvimento de estratégias de leitura global.

Segundo Koch e Elias (2007, p. 127), existem formas de introdução de referentes no modelo textual, que são de dois tipos: não-ancorada e ancorada. A primeira ocorre quando um objeto-de-discurso4 totalmente novo é introduzido no texto. O segundo ocorre sempre que um objeto é introduzido no texto, com base em algum tipo de associação com elementos já

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Fazem menção aos referentes que são construídos e reconstruídos no interior do discurso, de acordo com a nossa percepção de mundo, nossas crenças, atitudes e propósitos comunicativos. (Koch e Elias, 2007, p. 123)

presentes na situação comunicativa. Neste caso, diferenciam-se dois tipos de anáforas: as indiretas, que se caracterizam pelo fato de não existir no texto referente explícito, mas sim um elemento de relação, e as associativas, que introduz novo referente no texto, por meio da exploração de relações meronímicas, ou seja, todas aquelas em que um dos elementos da relação pode ser considerado, de alguma forma,ingrediente do outro.

Por tudo que foi discutido, quando se passa a notar a língua como elemento contextualizado e o texto como resultado de uma prática social, as habilidades de compreensão escrita e produção de textos tomam outra dimensão. Além da tomada de consciência dos papéis que assumem produtor e leitor nas práticas de CE e PE, possibilita-se a compreensão de que o texto é o lugar de interação, como defende Koch e Elias (2007, p. 10- 11). Nem a língua é concebida apenas como sistema ideal nem o texto é esgotado como sendo um constituinte de uma prática que é produzida unilateralmente. Outro elemento que passa a ser relevante no ensino/aprendizagem de língua estrangeira é a percepção de que o aprendizado pode ocorrer pela inserção de estratégias, já que, como defendem alguns autores (Kleiman, 2008, 2004, Souza, 2010, PCN, 1998), o aprendizado se dá por meio delas. Nas próximas sessões deste capítulo, buscar-se-á estudar as práticas de CE e PE de modo separado. Tradicionalmente, as duas práticas são vistas como habilidades separadas. Neste trabalho, será mantida essa visão, por se entender que, embora relacionadas, como será apresentado no capítulo 3, essas práticas têm conceitos, meios de produção e fins diferentes.

No documento – PósGraduação em Letras Neolatinas (páginas 32-42)

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