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Lacunas teóricas e técnicas (didática) na formação de professores do

Outras questões importantes para uma formação de qualidade do professor do Ensino Superior são as da identidade e dos saberes docentes. Nesse sentido, segundo Gomes (2014),

[...] A prática docente estimula a visão crítico-reflexiva, fornece ao professor os meios para desenvolver o pensamento autônomo e facilitar a dinâmica de autoformação participante. Estar em formação implica investimento pessoal, trabalho criativo e autônomo com vistas à construção de uma identidade, que é também uma identidade profissional. (GOMES, 2014, p.377).

Procurando entender um pouco mais sobre a questão da docência, seus pressupostos históricos, seu significado e sobre os atributos de um professor universitário na visão de alguns autores, recorreu-se a Veiga (2006, p.1), cujo texto perpassa amplamente o tema. Em seu artigo denominado “Docência universitária na Educação Superior”, a autora explica que o termo docência é proveniente do Latim e que significa ensinar, instruir e que é utilizado em Língua Portuguesa desde o início do século XX. Ela conceitua a docência como o trabalho dos professores; porém, “na realidade, estes desempenham um conjunto de funções” que vão além de dar aulas e que “as funções formativas convencionais como: ter um bom conhecimento sobre a disciplina, sobre como explicá-la foram se tornando mais complexas com o tempo e com o surgimento das novas condições de trabalho”, como será visto mais adiante.

Vale ressaltar, nesse ínterim, que em diversos momentos observa-se certa carência quando esses profissionais iniciam a carreira no Ensino Superior, no que se refere à questão da didática em sala de aula, apesar de possuírem muito conhecimento teórico da disciplina que se habilitam a ministrar. Essa também foi uma das conclusões de Luz e Balzán (2012), ao relatarem os resultados de uma tese da primeira autora sobre formação continuada para docentes. Segundo eles, a importância da didática no processo ensino-aprendizagem é irrefutável, sendo notada, inclusive, a diferença entre uma aula com e sem didática. Porém, ainda relacionado à pesquisa feita por eles, Luz e Balzán (2012) ainda problematizam sobre o pouco valor dado ao conhecimento pedagógico do professor universitário dentro do contexto político globalizado a partir dos resultados de suas pesquisas de

campo, na qual foi possível verificar a falta de um entendimento unânime acerca dessa importância para os professores pesquisados por eles.

Porém, torna-se necessário enfatizar, pela experiência do pesquisador com essa disciplina, que, tendo cursado disciplinas diversas como sendo um dos requisitos do processo para obtenção do título de mestre, destaca-se aqui a disciplina de Didática do Ensino Superior, cursada em 2014, que apesar de não ser obrigatória no rol de disciplinas do programa em questão, durante o período dessa pesquisa, foi possível observar o quão importante e significativa ela é para a formação pedagógica de futuros professores em qualquer campo de conhecimento, visto que foi contemplada de forma atual e dinâmica, como enfatizado por Masetto (2012), o qual preconiza, em sua obra, a importância da variação das técnicas, dos métodos, dos recursos, inclusive os tecnológicos, e dos conteúdos, o que proporcionou à turma em questão um ambiente de ensino-aprendizagem mais dinâmico.

Também para Gomes (2014),

[...] a Didática tem papel fundamental, configurando-se como uma intervenção contextualizada, crítica e criativa com os sujeitos que a produzem – professores e alunos em um determinado tempo e lugar. De fato, o desafio que se impõe à prática docente no Ensino superior consiste na articulação entre as ações didáticas de ensinar e aprender, no contexto de sala de aula. (GOMES, 2014, p.370).

Veiga (2006, p.2) também concorda com essa afirmação a partir do momento em que defende sua importância. A autora afirma, em seu texto, que “a docência requer formação profissional para seu exercício: conhecimentos específicos para exercê-lo adequadamente ou, no mínimo, a aquisição dos conhecimentos e das habilidades vinculadas à atividade docente para melhorar sua qualidade”, o que exige a não separação entre ensino, pesquisa e extensão, integrando a produção de conhecimento e sua socialização, atividade reflexiva e articulação entre componentes curriculares, projetos de pesquisa e de intervenção. Portanto, deve estar ligada, também, à inovação.

Nishida et al (2007a) partem do pressuposto de que os docentes universitários são competentes pesquisadores, mas, em sua maioria, não passaram por uma formação em Licenciatura, não possuindo formação pedagógica, o que acarreta a falta de entendimento sobre a necessidade da articulação entre pesquisa, ensino e extensão, conforme apontado por Veiga (2006).

Por isso, entende-se que somente o conhecimento específico de uma determinada área científica não é suficiente, devendo-se compreender a Didática em suas dimensões política, humana e técnica, buscando fortalecer os processos de ensino-aprendizagem tanto para o docente universitário como para o estudante de Graduação ou Pós-Graduação.

Portanto, sendo a Didática um campo de conhecimento vinculado à Pedagogia, ela é de extrema importância neste processo e ganha força para dimensionar o Ensino Superior também, e não só o da Educação Básica.

Porém, Bazzo (2005) afirma que não resolve apenas a inserção na grade curricular de cursos de Pós-Graduação da disciplina de Metodologia de Ensino Superior ou Didática do Ensino Superior, nem a exigência de estágios na área, se não houver discussões das experiências e da reflexão sobre o papel que os tutores exercem na formação profissional de futuros professores, alunos das Licenciaturas. Para isso, torna-se necessário que haja encontros entre professores mais experientes, a fim de efetivar uma maior vivência em sala de aula, possibilitando ampliar as discussões sobre os processos de formação. Além disso, a formação de professores do Ensino Superior teria:

[...] dois momentos distintos, porém articulados: uma formação inicial em curso de Pós-Graduação stricto sensu, que lhes daria condição de postular uma vaga como professor, e, na continuidade, serviços institucionalizados que lhe forneceriam o necessário suporte para uma profissionalização continuada, ainda obrigatória nos primeiros anos de serviço como parte de seu estágio probatório, mas depois gradualmente autônoma porque incorporada ao cotidiano em forma de temas para investigação, resultado das discussões face aos trabalhos esperados pelos Projetos Pedagógicos de cada curso; ou mesmo de necessidade percebida através de processos de avaliação individual ou institucional. [...] sendo o ensino valorizado como seu centro irradiador, uma vez que é ali onde está o aluno. (BAZZO, 2005, p.16).

Porém, esta é ainda uma lacuna a ser resolvida, como outras apontadas no decorrer de todo esse capítulo.