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2 R EVISÃO DA L ITERATURA

2.3. Laser de Fluorescência

“ Fluorescência é um fenômeno bem conhecido na ciência e tecnologia que se refere ao fato da luz, de um certo comprimento de onda, ser absorvido por um tecido e emitido num segundo prolongamento de comprimento de onda. O fenômeno ocorre somente quando há uma substância específica a qual é excitada por um comprimento de onda específico de luz. Stubell (1911), foi o primeiro a relatar sobre fluorescência dos dentes usando excitação com ultra-violeta, e Eisenberg (1933) descreveu fluorescência após excitação por luz azul. Em 1980, Alfano & Yao desenvolveram uma investigação sistemática sobre fluorescência por excitação de luz visível dos dentes, usando dentes humanos com e sem lesões cariosas e observaram a emissão de picos de 427 µm, 480 µm e 580 µm após irradiação por 350, 410 e 520 nm de uma fonte de tungstênio. Os mesmos autores, ainda na década de 80, verificaram que o espectro de emissão de luz nas regiões cariosas mudavam frente à luz vermelha do espectro, o que os fizeram mudar o nível de excitação de 400 para 700 nm, encontrando, desta forma, diferenças entre tecido cariado e sadio. Durante os anos de 1990, Hibst & Gall estudaram sistematicamente

este fenômeno e usaram um laser de 655 nm como fonte de excitação, com filtros de 680 nm, e mediram o sinal fluorescente em comprimentos de onda maiores. Estes estudos culminaram no desenvolvimento de um aparelho comercial denominado DIAGNOdent (KaVo, Alemanha), o qual está em uso nos países europeus, Brasil e , desde abril de 2000, nos Estados Unidos. O aparelho foi, inicialmente, elaborado para o diagnóstico de lesões cariosas oclusais, de modo que a luz vermelha do laser de diodo seja direcionada para a superfície oclusal, através de uma sonda específica, sendo que a emissão de luz é realizada por um feixe de fibra óptica com 1 fibra central, e 8 fibras periféricas, para a detecção. Desta forma, o sinal retorna como um número para o aparelho, em uma escala de 0 a 99, sendo que quanto menor o valor, maior a higidez do tecido dental. O princípio desta quantificação é que o aumento da fluorescência na presença de lesões cariosas, o qual indica um maior valor no aparelho, se deve à integração de metabólitos bacterianos e à desintegração cristalina do tecido dental”.23

A partir de 1999, iniciaram-se as investigações no sentido de verificar o desempenho do laser de fluorescência no diagnóstico de lesões cariosas proximais, sendo que Eggertsson et al.18 desenvolveram um estudo in vitro para avaliar o uso do laser de fluorescëncia (LF) , laser de fluorescência melhorado com corante (DELF) e exame visual direto (DV) para a detecção de lesões cariosas proximais incipientes. Oitenta dentes extraídos foram utilizados, organizados em 20 blocos, tendo cada bloco 2 pré-molares e 2 molares, alinhados de forma a simular um hemiarco dentário. Após limpeza com um microabrasivo, as superfícies proximais foram cobertas por um verniz, sendo que uma pequena área foi aberta abaixo do

ponto de contato, na metade das superfícies, e exposta a uma solução ácida por 5 dias. Na seqüência, os dentes foram remontados em gesso e examinados por três examinadores independentes. Para o LF e o DELF um laser de argônio foi usado (comprimento de onda misto de 488 e 514 NM) , sendo que para o segundo, um corante fluorescente de sódio (0.075%) foi aplicado antes do exame. Para o DV foi utilizada luz de refletor . As superfícies proximais foram escoreadas para presença ou ausência de lesão. Para verificar a presença de lesão, a área abaixo do contato foi cortada perpendicularmente a superfície, corada com rhodamine B, e observada no microscópio confocal. As imagens foram analisadas usando um programa de histograma para profundidade de lesão e área de imagem. As lesões estavam presentes em 62 das 120 superfícies proximais, com uma profundidade média de 60

µm (variação de 17-190 µm). A sensibilidade para LF, DELF, e DV variou de 56- 74%, 61-79% e 58-74%, e a especificidade de 67-78%, 86-98% e 83-97%, respectivamente. Com este modelo, a sensibilidade do DELF equiparou-se favoravelmente com o DV e LF, mas a especificidade foi melhor para o DELF e o DV do que para LF.

Com o objetivo de comparar a validade da radiografia interproximal (RXI) e laser de fluorescência (L) no disgnóstico de lesões cariosas proximais, Longbotton et al. (1999)38 examinaram 128 molares e premolares utilizando uma técnica que simulou a situação in vivo, a qual constituiu em montar quadrantes de arcada dental em blocos e colocá-los em cabeças de manequim odontológico. Os autores verificaram que para o diagnóstico de lesões cariosas sem cavitação, a sensibilidade e especificidade da RXI foram de 35% e 95%, respectivamente, enquanto que para

o L, foram de 55% e 90%. Em relação às lesões cariosas com cavitação, a RXI apresentou valores de 64% e 96%, respectivamente, e o L de 76% e 92%.

Wagner et al. (1999)70 compararam, in vitro, a validade da aplicação direta do laser de fluorescência (L) em superfícies proximais em relação à radiografia interproximal (RXI). Foram utilizados 128 dentes molares e premolares, os quais foram montados em blocos de quadrantes para simulação do exame radiográfico e retirados para o exame direto das superfícies proximais através do laser de fluorescência. Os autores verificaram que para o diagnóstico de lesões cariosas sem cavitação, a sensibilidade e especificidade da RXI foram de 43% a 93%, respectivamente, enquanto para o L foram de 52% e 86%. Em relação ao diagnóstico de lesões cariosas com cavitação, os valores foram de 63% e 96% para o RXI, e de 90% e 89% para o L.

Objetivando comparar a detecção e quantificação de lesões cariosas em superfícies lisas utilizando o aparelho KaVo DIAGNOdent e laser de fluorescência quantitativo (QLF), Shi et al. (2001)64 utilizaram 40 premolares extraídos de adolescentes, com 71 superfícies proximais sem cavitação. Para o DLF, as perdas de fluorescência mínima e máxima foram registradas. A determinação do padrão ouro foi obtido através da secção dos dentes e observação através do exame histopatológico e microradiográfico. A correlação entre a padrão ouro e o dois métodos de diagnóstico foi avaliada pelo coeficiente de Spearman. Em relação a profundidade de lesão, a correlação com a padrão ouro foi semelhante entre o QLF e o DIAGNOdent, em torno de 0.85. Com respeito ao diagnóstico de lesões cariosas dentinárias, a sensibilidade para o DIAGNOdent foi de 75% e a especificidade 96%,

enquanto que para o QLF foi de 94% e 100%, respectivamente. Em relação a perda mineral de esmalte, o coeficiente de correlação de Spearman para o QLF e o DIAGNOdent foi de 76% e 67%, respectivamente.

Matheson et al. (2001)43 investigaram o uso do DIAGNOdent (LF) em

superfícies proximais comparado ao exame clínico visual (IV). Dados de lesões cariosas foram coletados in vivo das superfícies proximais e oclusais de dentes posteriores de uma amostra de 406 indivíduos participantes de um estudo clínico em Vilnius, Lituânia. Para a análise, apenas foram consideradas as superfícies que recebiam os escores da IV sadia , mancha branca ou mancha acastanhada, cavitação em esmalte ou cavitação em dentina. Os autores concluíram que o DD pode ser útil no auxílio do diagnóstico de lesões cariosas quando utilizados em superfícies proximais, entretanto, as respostas parecem ser influenciadas tanto pelo dente quanto pelo tipo de superfície.

3. PROPOSIÇÃO

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