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Laudo Pericial Contábil

No documento Perícia contábil no processo cível (páginas 56-60)

2. REVISÃO BIBLIOGRAFICA

2.3. Perícia Contábil

2.3.11. Laudo Pericial Contábil

Constitui um dos últimos passos por parte do perito-contador nomeado pelo juiz, a confecção do laudo pericial contábil, o qual como já discutido será anexado aos autos do processo, para então ser um elemento de prova para o magistrado.

Nesse contexto, tem-se que:

A manifestação literal do perito sobre fatos patrimoniais devidamente circunstanciados gerará uma peça tecnológica denominada laudo pericial contábil. Sendo este o julgamento ou pronunciamento, baseado nos conhecimentos que tem o profissional da contabilidade, em face de eventos ou fatos que são submetidos a sua apreciação (SÁ, 1994, p. 51).

Depois dessa magnífica explanação por parte deste, que sem duvida é um dos maiores pensadores da ciência contábil; e fique aqui registrado a homenagem por parte do autor; e já conhecedores, de que o referido laudo pericial contábil constitui um elemento de prova; HOOG (2005, p. 153), conceitua este como:

“Uma peça probante, escrita (e sempre deverá ser desta forma), na qual o perito contador expõe de forma circunstanciada as observações e estudos que fizeram e registram as conclusões fundamentadas na perícia. Devendo este ser abrangente e de forma a prestigiar e valorizar o vernáculo nacional”.

Já SÁ (2007, p. 45), diz que: “Laudo pericial contábil é uma peça tecnológica que contém opiniões do perito contador, como pronunciamento, sobre questões que lhe são formuladas e que requerem seu pronunciamento”.

Nesse sentido, e com embasamento no Código do Processo Civil (CPC, art. 421), que diz: “O juiz nomeará o perito, fixando de imediato o prazo para a entrega do laudo”. Tem-se os tipos de laudo que abrangem esta área, sendo eles: o Laudo Individual, o Laudo Coletivo, o Laudo de Consenso e o Laudo Discordante ou Divergente; tratados brevemente como seguem:

O Laudo Individual retrata uma situação mais comum, na qual o perito, de confiança do Juiz, é nomeado para, no prazo pré-fixado, entregar sua opinião sobre determinada questão controversa, apresentada na forma de quesitos, na forma de laudo, pelo menos 20 (vinte) dias antes da audiência de instrução e julgamento. Diz o artigo 433 do CPC:

“O perito apresentará o laudo em cartório, no prazo fixado pelo juiz, pelo menos 20 (vinte) dias antes da audiência de instrução e julgamento”. “Parágrafo único. Os assistentes técnicos oferecerão seus pareceres no prazo comum de 10 (dez) dias, depois de intimadas as partes da apresentação do laudo” (CPC, art. 433).

O laudo coletivo acontece quando é exigência legal ou a pedido das partes. Neste caso, o trabalho é feito por mais de um perito, ou por uma junta de profissionais.

Já o laudo de consenso segundo Hoog (2005, p. 156), é aquele:

O laudo de consenso acontece quando os peritos - contadores assistentes concordam totalmente com o laudo do perito - contador, ratificam todas as informações, respostas e observações efetuadas no laudo elaborado pelo perito oficial. Lembre-se apenas que o consenso pode ser de apenas um dos peritos - contadores assistentes, com a discordância do outro, o que pode ser consenso parcial.

Por fim, o laudo Discordante ou Divergente, segundo Hoog (2005, p. 156), é:

Elaborado pelo perito - contador assistente quando discorda do laudo oficial, sempre embasado com razões a discordância. Nesse caso, existe a possibilidade de o laudo do perito-contador assistente substituir o laudo do perito oficial, ou ser determinada nova perícia. No entanto, para que isso aconteça., é preciso que o laudo tenha sólida fundamentação tecnológica e científica e que o laudo do perito nomeado seja impugnado pelas partes ou não seja conclusivo”.

Sabedor sobre a conceituação e os tipos de laudos que servem o magistrado conclui-se que, independente do laudo que o juiz tiver em sua mão, este sempre será considerado uma prova perante a justiça e o caso em questão. Outros termos técnicos e gerais a respeito do laudo pericial contábil serão abordados a seguir.

2.3.11.1. Disposições Gerais Sobre Laudo Pericial Contábil

Diante do já exposto deve-se observar, alguns pontos importantes e gerais sobre os laudos periciais, seja quanto sua estrutura, seus requisitos, sua forma ou ate mesmo a maneira de sua escrita.

Quanto à estrutura, Sá (2007, p. 45), diz que “[...] um laudo deve ter em sua estrutura, no mínimo, os elementos seguintes: I – Prólogo de encaminhamento; II – Quesitos; III – Respostas; IV – Assinatura do perito; V – Anexos; VI – Pareceres (se houver)”.

No entanto, não deve ser esquecido de observar o que diz a NBC T 13.6, aprovada pela Resolução CFC n° 1.041, de 26 de agosto de 2005, no item 13.6.4, dispondo o seguinte:

O Laudo Pericial Contábil deve conter, no mínimo, os seguintes itens: a) identificação do processo e das partes; b) síntese do objeto da perícia; c) metodologia adotada para os trabalhos periciais; d) identificação das diligências realizadas; e) transcrição dos quesitos; f) respostas aos quesitos; g) conclusão; h) outras informações, a critério do perito-contador, entendidas como importantes para melhor esclarecer ou apresentar o laudo pericial; i) rubrica e assinatura do perito- contador, que nele fará constar sua categoria profissional de Contador e o seu número de registro em Conselho Regional de Contabilidade (CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, 2008).

Dessa maneira, identifica-se claramente a estrutura que deve conter um laudo pericial, para chegar às mãos do magistrado; vale lembrar que se o perito-contador achar necessário, poderá ele pedir o laudo de outros especialistas para efeito de reforço da sua opinião ou até para suplementá-los, e nesse caso, ficam estes anexados ao laudo.

Em relação ao laudo, deve-se ficar atento ainda para os requisitos os quais este deve conter, para ser julgado de boa qualidade, nesse âmbito, Sá nos ensina que:

Um laudo, para que possa ser considerado de boa qualidade, deve atender aos seguintes requisitos: • Objetividade • Rigor Tecnológico • Concisão • Argumentação • Exatidão • Clareza

A objetividade é um princípio acolhido pelas ciências, ou seja, visa-se a exclusão de julgamentos em bases “pessoais” ou “subjetivas”. A Contabilidade possui princípios, leis, normas, que devem ser obedecidas e citadas, sempre que for o caso (SÁ, 1994, p. 55).

Dessa maneira, se finda este assunto dizendo que o laudo pericial contábil, não poderá desviar-se do objeto da perícia, respeitando ainda sua disciplina de conhecimentos, não sendo admissível como resposta apenas “sim” e “não” (salvo quando for o caso), devendo o perito embasar suas respostas e cálculos, seja através dos princípios, normas, legislação, ou ate

mesmo procedimentos geralmente aceitos para a matéria em questão, e não raras serão às vezes que poderá ele ser chamado a prestar esclarecimento sobre seu trabalho em audiências especificas. Por fim, um laudo não pode basear-se em suposições, mas apenas em fatos concretos, já que o mesmo servirá como prova no processo em andamento, e conseqüentemente, ajudará o juiz de direito a tomar sua decisão.

2.3.11.2. Parecer Técnico

Da mesma maneira em que o perito nomeado pelo juiz desenvolve o laudo pericial contábil, o assistente técnico também poderá desenvolver o seu parecer pertinente ao caso em questão. Contudo, este parecer técnico é a manifestação escrita do assistente, a respeito de tudo o que observou no laudo pericial do perito nomeado pelo juiz, ou quando este não existir. Seu parecer terá como limite o objeto da perícia, tratando-se assim de importante subsidio técnico que acaba contribuído para o correto entendimento de quem vai decidir (julgar) sobre o caso, porém este não recebe absolutamente nada da justiça, ou seja, o pagamento pelo seu trabalho fica a cargo da parte que o contratar.

Dessa maneira, segundo Zanna (2005, p. 162):

“O parecer técnico pode ser para concordar, ou para discordar do laudo observado pelo perito oficial. Por intermédio dessa peça o assistente técnico busca convencer o magistrado a respeito da verdade do seu ponto de vista, podendo ser divergente ou parcialmente divergente, ou ainda, convergente”.

Entretanto quando são apresentados pareceres técnicos já no início do caso poderá o juiz, se assim julgar melhor, dispensar a nomeação de perito-contador, embasando-se para isso no Código do Processo Civil (CPC, art. 427), que diz: “O juiz poderá dispensar prova pericial quando as partes, na inicial e na contestação, apresentarem sobre as questões de fato pareceres técnicos ou documentos elucidativos que considerar suficientes”.

Complementando Maia Netto (2005, p.102), diz que: “Esta é a única oportunidade que o assistente técnico tem de peticionar no processo, quando, junto com a inicial ou com a contestação. Encaminha seu parecer técnico ou outro documento elucidativo sobre a questão ao juiz”.

Finalizando, caso venha o assistente técnico a elaborar um parecer técnico, deve ser lembrado, que este deverá obedecer aos mesmos padrões e normas do Laudo pericial elaborado por parte do perito nomeado pelo juiz, inclusive estrutura, estilo e objetividade, conseqüentemente, fica sujeito as mesmas penalidades deste. Nesse contexto, conclui-se que o parecer técnico tem como única e exclusiva missão de trazer aos autos do processo os elementos de prova que houveram sido esquecidos pelo perito oficial e que são relevantes para ajudar de forma eficiente e eficaz a justiça.

No documento Perícia contábil no processo cível (páginas 56-60)

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