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Perícia Judicial

No documento Perícia contábil no processo cível (páginas 41-45)

2. REVISÃO BIBLIOGRAFICA

2.3. Perícia Contábil

2.3.4. Espécies de Perícias

2.3.4.1. Perícia Judicial

Esse tipo de perícia é realizado dentro da esfera do poder judiciário, acontecendo mediante um processo envolvendo duas ou mais partes que buscam um entendimento sobre determinada questão. Essa espécie de perícia está regulamentada entre os artigos 420 e 442 do Código do Processo Civil (CPC), estando embasada no fato de que se o juiz de direito depender de conhecimento técnico de um profissional pra auxiliá-lo no processo quando o assunto não for de seu domínio; sendo assim, a perícia tem força de prova, evidentemente que no desenrolar do processo está poderá ser contestada pelas partes.

Vale destacar ainda que segundo o Código do Processo Civil (CPC, 2007), em seu artigo 427 – redação dada pela Lei 8455/1992, onde estabelece que: “O juiz poderá dispensar prova pericial quando as partes, na inicial e na contestação, apresentarem sobre as questões de fato pareceres técnicos ou documentos elucidativos que considerar suficientes”.

Partindo desse ponto, pode-se descrever a perícia contábil judicial como segue:

Perícia contábil judicial é a que visa servir de prova esclarecendo o Juiz sobre assuntos em litígio que merecem seu julgamento, objetivando fatos relativos ao patrimônio aziendal ou de pessoas, sendo geralmente aceita quando as provas dos autos são insuficientes para o esclarecimento, e se torna indispensável quando o que se discute depende de opinião especializada (SÁ, 1994, p. 78).

Analisando este conceito proposto pelo ilustre professor Antonio Lopes de Sá, fica claro o quão grande é o grau de responsabilidade do profissional responsável pela perícia, pois, a partir da opinião é que será decidido o destino das partem envolvidas. Contudo poderá o perito não atender as necessidades do juiz em seu trabalho, e este não ficando suficientemente esclarecido poderá requerer nova perícia embasada pelos artigos 437 a 439 do Código do Processo Civil (CPC, 2007), que dispõe no art. 437: “O juiz poderá determinar, de

ofício ou a requerimento da parte, a realização de nova perícia, quando a matéria não lhe parecer suficientemente esclarecida”. O art. 438 do CPC complementa: “A segunda perícia tem por objeto os mesmos fatos sobre que recaiu a primeira e destina-se a corrigir eventual omissão ou inexatidão dos resultados a que esta conduziu”. Art. 439: “A segunda perícia rege- se pelas disposições estabelecidas para a primeira. Parágrafo único. A segunda perícia, não substituí a primeira, cabendo ao juiz apreciar livremente o valor de uma e outra”.

Para melhor entendimento de perícia judicial nos reportamos ao ciclo que envolve o seu curso, definidos em três fazes: preliminar, operacional e final; conforme explanado a seguir:

FASE PRELIMINAR:

1. a perícia é requerida ao juiz, pela parte interessada na mesma; 2. o juiz defere a perícia e escolhe seu perito;

3. as partes formulam quesitos e indicam seus assistentes; 4. os peritos são cientificados da indicação;

5. os peritos propõem honorários e requerem depósito; 6. o juiz estabelece prazo, local e hora para início. FASE OPERACIONAL:

7. início da perícia e diligências; 8. curso do trabalho;

9. elaboração do laudo. FASE FINAL:

10. assinatura do laudo 11. entrega do laudo ou laudos; 12. levantamento dos honorários; 13. esclarecimentos (SÁ, 1994, p. 79).

Após então o juiz analisar o processo e julgar que precise de apoio específico em determinada área, este nomeará um perito para tal tarefa, sendo que sua nomeação é essencial para o sucesso da causa em questão, contudo a escolha do perito deverá ser feita com muito cuidado, pois o Magistrado no ato de sua nomeação, deve ter cuidado para indicar um profissional que tenha o conhecimento suficiente para a realização de tal tarefa; usualmente o que ocorre é o seguinte: conforme a importância da causa é a importância do perito, ou seja, quanto mais complexos forem os trabalhos a serem realizados, mais conhecimento deverá possuir o profissional em questão; conseqüentemente, o juiz nomeará aquele que julga mais adequado a cada caso.

Entretanto, poderá o perito nomeado pelo Magistrado recusar-se da realização dos trabalhos periciais, observando o que diz o Código do Processo Civil (2007), em seu art. 146:

“O perito tem o dever de cumprir o ofício, no prazo que lhe assina a lei, empregando toda a sua diligência; pode, todavia, escusar-se do encargo alegando motivo legítimo”.

Sendo assim, deverá o profissional solicitar por escrito, no prazo máximo de cinco dias da sua intimação, conforme prevê o art. 423 do Código do Processo Civil (2007): “O perito pode escusar-se (art. 146), ou ser recusado por impedimento ou suspeição (art.138, III); ao aceitar a escusa ou ao julgar procedente a impugnação o juiz nomeará novo perito”. Nesse caso a escusa se procederá por motivos pessoais.

Quanto à recusa por impedimento ou suspeição, estes dependem de argüição pelas partes, conforme segue:

A parte interessada deverá argüir o impedimento ou a suspeição, em petição fundamentada e devidamente instruída, na primeira oportunidade em que lhe couber falar nos autos; o juiz mandará processar o incidente em separado e sem suspensão da causa, ouvindo o argüido no prazo de 5 (cinco) dias, facultando a prova quando necessária e julgando o pedido. (CÓDIGO DO PROCESSO CIVIL, 2007, art. 138, § 1º).

Evidentemente que o perito ao recusar um trabalho proposto pelo excelentíssimo juiz de direito deverá no mínimo ter um ótimo motivo para fazê-lo, além de ser feito em até no máximo cinco dias processuais (não sendo considerados sábados, domingos e feriados), ou seja, poderá ser por motivo de força maior, problemas de saúde, incapacidade para realização de tal tarefa por não ser sua área de conhecimento específico, entre outras. Contudo, aconselha-se aceitar sempre ser auxiliar do Magistrado, pois caso venha a recusar, este poderá sentir-se ofendido e por sua vez não designar mais trabalhos periciais para este profissional.

Após aceita a perícia por parte do perito nomeado, este evidentemente não irá realizar seus trabalhos gratuitamente, sendo assim, deverá requerer seus honorários, fixando assim o valor e informando sempre por petição ao juiz, podendo ainda requer que os mesmos sejam depositados para início dos trabalhos periciais.

Tem-se então:

O perito tem direito ao depósito prévio de seus honorários, uma vez que cabe à parte que der causa à realização da prova pericial arcar com as despesas aos atos por ela requeridos, sendo, a princípio, responsabilidade do Autor, pois é inadmissível que os

gastos para sua realização corram por conta de quem não exerce cargo público, sendo que os honorários do perito se incluem no conceito de sucumbência, cabendo ao vencido reembolsar ao final (MAIA NETO, 2005, p. 66).

Não se detendo apenas a explanação de Maia Neto, e nesse sentido buscando regulamentação específica para o pagamento de tais honorários, Hoog (2006), descreve embasado no Código do Processo Civil o que segue:

Como fator de segurança ao perito, temos o depósito antecipado dos honorários, pois a Justiça não acolhe aquele que silencia: deve o profissional requerer que seja efetuado o depósito dos honorários antes do início dos trabalhados, conforme prevê a lei, CPC, art. 19 (HOOG, 2005, p.148).

Diante disso, pode-se afirmar que deve o perito requer o depósito de seus honorários antes do inicio de suas atividades, constituindo este um fator de segurança para o profissional. Contudo, não deve ser esquecido daqueles casos que correm dentro da justiça gratuita, pois estes também podem precisar de auxílio de perito, e nesse sentido é esclarecido da seguinte maneira:

A questão mais instigante sobre o tema refere-se às perícias nas ações sob o pálio da justiça gratuita. Embora exista uma corrente minoritária que entende ser o perito obrigado a arcar com todas as despesas pessoais ou materiais, necessárias ao desempenho da função (RT 635/205), a maioria entende contrariamente (JTJ 164/213, JTJ 173/178, Bol. AASP 1.974/341j, TJSP AI 215.241-1) pelo simples argumento de que ninguém é obrigado a trabalhar de graça ou despender recursos para executar função pública (MAIA NETO, 2005, p. 67).

Nesse contexto fica claro que para maior desempenho, o perito contábil deve estabelecer seus honorários mediante a avaliação dos serviços, e requerer o depósito dos mesmos, pois nem justo seria tal profissional dispor de seu tempo e seus recursos para atender o poder público de forma gratuita.

Após aceita a nomeação, efetuado a análise do caso, a fim de avaliar o valor dos honorários, cabe ao perito realizar a perícia dentro das normas técnicas e profissionais já discutidas anteriormente; devendo ainda ser levado em conta a ética acerca dessa atividade.

No documento Perícia contábil no processo cível (páginas 41-45)

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