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3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA E ENSINO A DISTÂNCIA

3.3 Legislação Brasileira para a Ead

As primeiras tentativas de implantação da Educação a Distância no Brasil surgem na década de 60 do século passado e as mais importantes foram o Código Brasileiro de Comunicações (Decreto-Lei n.º 236/1967) e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação

Nacional (Lei 5.692/1971). Essa última abria a possibilidade para que o ensino supletivo fosse ministrado mediante a utilização do rádio, televisão, correspondência e outros meios de comunicação. A abertura da EaD para os demais níveis de ensino só se configurou a partir 1996, mas precisamente com a Lei 9.394 – LDB, de 20 de dezembro de 1996, depois seguiram algumas legislações complementares como o decreto n.º 2494, de 10 fevereiro de

1998, o decreto n.º 2561, de 27 de abril de 1998 e a portaria ministerial n.º 301, de 7 de abril

de 1998.

Uma das grandes inovações da Lei 9394/1996, é o título VIII, no artigo 80, que trata pela primeira vez, formalmente da Educação a Distância. Neste artigo define-se que:

o Poder Público incentivará o desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino a distância, em todos os níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada.

Parágrafo 1.º- A educação a distância, organizada com abertura e

regime especiais, será oferecida por instituições especificamente credenciadas pela União.

Parágrafo 2.º - A União regulamentará os requisitos para a realização

de exames e registro de diplomas relativos a cursos de educação a distância.

Parágrafo 3.º - As normas para produção, controle e avaliação de

programas de educação a distância e a autorização para sua implementação, caberão aos respectivos sistemas de ensino, podendo haver cooperação e integração entre os diferentes sistemas.

Parágrafo 4.º - A educação a distância gozará de tratamento

diferenciado que incluirá:

I - custos de transmissão reduzidos em canais comerciais de radiodifusão sonora e de sons e imagens;

II - concessão de canais com finalidade exclusivamente educativas; III - reserva de tempo mínimo, sem ônus para o Poder Público, pelos concessionários de canais comerciais.

A legislação da EaD para o ensino fundamental e médio entrou em vigor a partir do Decreto n.º 2494/1998, que de acordo com o Art.º 2.º:

os cursos a distância que conferem certificado ou diploma de conclusão do ensino fundamental para jovens e adultos, do ensino médio, da educação profissional e de graduação serão oferecidos por instituições públicas ou privadas especificamente credenciadas para esse fim [...]

Para oferta de cursos a distância dirigidos à educação fundamental de jovens e adultos, ensino médio e educação profissional de nível técnico, o Decreto 2.494/1998 – posteriormente alterado pelo Decreto n.º 2.561/98 – delegou competência às autoridades

integrantes dos sistemas de ensino, de que trata o artigo 8.º da LDB, para promover os atos de

credenciamento de instituições localizadas no âmbito de suas respectivas atribuições.

Desta forma, toda nova proposta relativa a cursos desta modalidade deverão ser diretamente encaminhadas ao órgão do sistema municipal ou estadual responsável pelo credenciamento de instituições e autorizações de novos cursos – a menos que se trate de instituição vinculada ao sistema federal de ensino, quando, então, o credenciamento deverá ser diretamente encaminhado ao Ministério da Educação, que é o órgão competente na esfera federal.

No caso da oferta de cursos de graduação e educação profissional do nível tecnológico, ou seja, superior em nível profissionalizante, a instituição interessada deveria credenciar-se junto ao MEC, solicitando, para isto, a autorização de funcionamento para cada curso que pretendesse oferecer.

Diplomas e certificados de cursos a distância emitidos por instituições estrangeiras, conforme o Art.º 6.º do Dec. 2494/98, devem ser “ emitidos por instituições estrangeiras,

mesmo quando realizados em cooperação com instituições sediadas no Brasil, deverão ser revalidados para gerarem os efeitos legais”. A Resolução n.º 3, de 10/06/1985 (Conselho

diplomas e certificados de cursos de graduação e pós-graduação expedidos por estabelecimentos estrangeiros de ensino superior. Tais normas, vigentes para o ensino presencial, são válidas também para cursos a distância.

Os cursos de pós-graduação lato sensu, chamados de “especialização”, até recentemente eram considerados livres, ou seja, independentes de autorização para funcionamento ou reconhecimento por parte do MEC. Porém, com o Parecer n.º 908/1999

(aprovado em 02/12/1998) e da Resolução n.º 3 (de 05/10/1999) da Câmara de Educação

Superior do Conselho Nacional de Educação, que fixam condições de validade dos certificados de cursos presenciais de especialização, tornou-se necessária a regulamentação de tais cursos na modalidade a distância. Os cursos de pós-graduação stricto sensu, mestrado e doutorado, previstos no Decreto 5.622/2005, aguardam normatização complementar da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) para sua implementação.

A Secretaria de Educação a Distância está buscando a definição de uma política explícita para cursos de pós-graduação a distância. Enquanto não houver uma regulamentação para este setor, sugere-se a observância das normas vigentes para a educação presencial, cujos princípios básicos serão norteadores da educação a distância.

A Portaria n.º 4.361/2004 tratou da oferta de 20% da carga horária dos cursos

superiores na modalidade semipresencial.

Vários outros decretos e portarias federais foram criados a fim de regulamentar a Educação a Distância no Brasil e é em decorrência a um conjunto de normas jurídicas que esta modalidade de ensino tem crescido vertiginosamente. Segundo dados do Anuário Brasileiro de Educação Aberta e a Distância (AbraEAD) – edição 2008, “mais de 2,5 milhões de brasileiros estudaram em curso com metodologia a distância no ano de 2007” não só em instituições credenciadas pelo sistema de ensino, mas por projetos como os da Função Roberto Marinho, Fundação Bradesco e pelo Grupo SESI (Serviço Social da Indústria); SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), SENAC (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial) e SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), conforme demonstra a Tabela abaixo:

Tabela 3.3.1

– Instituições credenciadas

Instituições credenciadas e cursos autorizados pelo Sistema de Ensino (AbraEAD/2008)

EJA, Fundamental, Médio, Técnicos, Graduação, Pós-

graduação 972.826

Treinamento em 41 empresas

(AbraAED/2008) fornecedores

SENAI Formação inicial e continuada de trabalhadores (exclui

os cursos de formação técnica de nível médio e de pós- graduação)

53.304

SEBRAE Cursos para empreendedores: Análise e planejamento

financeiro, Aprender a apreender, Como vender mais e melhor, De olho na qualidade, Iniciando um pequeno grande negócio e Desafio Sebrae

218.575

SENAC Programas compensatórios de matemática e português

e cursos de formação inicial e continuada, nas áreas de informática, gestão, comércio, saúde e turismo e hospitalidade.

29.000

CIEE Cursos de iniciação profissional 148.199

Fundação Bradesco Escola Virtual 164.866

OI Futuro Tonomundo 175.398

Secretaria de Educação a Distância do Ministério da Educação (Seed/MEC)

Proformação, Proinfantil, Tecnologias na Educação e

Formação pela Escola* 8.552

Governo do Estado de São Paulo Rede do Saber: Crônica na Sala de Aula, Se Toque,

Progestão, Viva Japão, PEC Formação Universitária Município, Curso de Pregão Eletrônico, Convênio com Escola Paulista de Magistratura, Videoconferências do Centro Paula Souza, Curso de Iniciação Funcional para Assistentes Sociais do Tribunal de Justiça. / Departamento de Informática Educativa (DIE/FDE):Interaction Teachers, Interaction Students. **

119.225

Fundação Telefônica Educarede (Projetos Minha Terra, Memórias em Rede,

Coisas Boas 2007 e Rede de Capacitação)

9.000

Fundação Roberto Marinho Telecurso TEC e Multicurso Ensino Fundamental,

Tecendo o Saber, Projetos de Formação Educacional, Travessia e Poronga.

22.553

Total 2.504.483

FONTE: as próprias instituições citadas e AbraEAD/2008.

* Não foi incluído o projeto Mídias na Educação (20 mil alunos) já que estes foram informados pelas instituições de ensino na pesquisa AbraEAD, citada em outro item da Tabela.

** Três projetos realizados em conjunto com o MEC foram incluídos na lista de alunos apresentada pelo Seed/MEC