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Lei Rouanet

No documento naiacaroline (páginas 73-77)

5. FERRAMENTAS

5.6. LEIS DE INCENTIVO

5.6.2. Lei Rouanet

A Lei 8.313/91, mais conhecida como Lei Rouanet, traz considerações sobre os incentivos fiscais e também outras regulamentações sobre órgãos relacionados à cultura, como FNC – Fundo Nacional da Cultura e FICART – Fundo de Investimento Cultural e Artístico, todavia este trabalho se restringirá aos incentivos fiscais, uma vez que o objetivo buscado é a análise dos seus benefícios em relação às pessoas jurídicas de direito privado.

Às empresas que apuram o lucro real, esta lei possibilita o abatimento do investimento em projetos culturais em 2 impostos:

a. Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) b. Imposto de Renda (IR)

Dedução na CSLL

A CSLL recebe benefício de abatimento indiretamente, pois como sua base de cálculo é o lucro líquido e este é modificado devido ao desconto do investimento, ela também sofre uma redução. (art. 13 da Lei nº 9.249/95)

73 Por exemplo, o lucro líquido de uma empresa foi apurado em R$10.000.000,00 e, sendo o imposto contribuição social que esta empresa deve pagar correspondente a 9% do lucro líquido, o montante devido pelo citado imposto perfaz o total de R$ 900.000,00.

Suponhamos que esta empresa realizou um investimento cultural no valor de R$ 50.000,00. O valor deste investimento deve ser descontado do lucro líquido, criando-se assim, a nova base para o cálculo do imposto contribuição social: R$ 10.000.000,00 – 50.000,00 = 9.950.000,00 - novo lucro líquido

9.950.000,00 x 9% = 895.500,00 - valor do imposto contribuição social a ser pago Portanto, devido ao investimento em projetos culturais, a empresa obteve uma redução de R$ 4.500,00 no valor do imposto CSLL a ser pago.

Dedução no IR

Segundo a Lei em questão, o mecenas pode deduzir do seu imposto de renda o valor aplicado em projetos culturais, porém, as porcentagens que poderá deduzir variam de acordo com o tipo de investimento e de projeto que deseja realizar.

O artigo 18 da lei autoriza a dedução no imposto de renda devido de 100% do valor aplicado no projeto pelo investidor no caso de patrocínio ou doação, desde que os projetos versem sobre:

a. Artes cênicas

b. Livros de valor artístico, literário ou humanístico c. Musica erudita ou instrumental

d. Exposição de artes visuais

e. Doações para bibliotecas públicas, museus, arquivos públicos e cinematecas, bem como treinamento de pessoal e aquisição de equipamentos para a manutenção desses acervos

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f. Obras cinematográficas e videofonográficas curta e média

metragem e preservação e difusão do acervo audiovisual g. preservação do patrimônio cultural material e imaterial

O artigo 26 da lei autoriza a dedução do imposto de renda nos demais projetos com a seguintes alíquotas :

No caso de Doação: 40% de abatimento do montante aplicado No caso de Patrocínio: 30% de abatimento do montante aplicado Os descontos são limitados a 4% do imposto de Renda devido do investidor, ou seja, a soma dos valores despendidos nos projetos culturais, para totalmente descontada no imposto de renda devido, não deve ultrapassar, no caso da Lei Rouanet, o equivalente a 4% do imposto de renda devido pela organização, caso seja investido uma quantia que ultrapasse esse limite, o valor excedente não poderá ser descontado do imposto devido.

Há ainda uma ressalva em relação ao limite de desconto do imposto que pode ser utilizado: a alíquota utilizada para o cálculo do imposto base para o desconto é de 15% do lucro líquido, não importa se a empresa pague alíquotas maiores em razão de lucros maiores, ou seja, há empresas que em razão do valor lucro líquido pagam além dos 15% da alíquota, um adicional de 10% sobre o lucro que exceder 240 mil reais, todavia, estes 10% adicionais não devem ser utilizados para aumentar o teto de desconto que deve ser calculado somente com os 15% do imposto devido.

Há ainda outra forma de deduzir o valor investido em relação ao imposto de renda, pois a lei autoriza o desconto do investimento no lucro líquido para a base de cálculo deste imposto, mas este artifício só é permitido nos casos patrocínio ou doação do artigo 26 da lei:

75 Por exemplo, o lucro líquido de uma empresa foi apurado em R$10.000.000,00 e o imposto de renda deve ser calculado com esta base, mas sabendo a empresa realizou um investimento cultural baseado no art. 26 da Lei Rouanet no valor de R$ 50.000,00, é possível que o valor deste investimento seja

descontado do lucro líquido, criando-se assim, a nova base43 para o cálculo do

imposto de renda:

Imposto de renda original a ser pago (sem incentivo à cultura): 15% de R$ 10 milhões = R$ 1.500.000,00

10% de R$ 10 milhões - R$ 240 mil44 = R$ 976.000,00

Total a ser pago = R$ 2.476.000,00

Imposto a ser pago com incentivo à cultura (valor do investimento R$ 50 mil) Nova base para cálculo do IR: R$ 10 milhões - R$ 50 mil = R$ 9.950.000,00 15% de R$ 9.950.000,00 = R$ 1.492.500,00

10% de R$ 9.950.000,00 – R$ 240 mil = R$ 971.000,00

Total a ser pago no caso de Doação (40% do investimento) = R$ 2.443.500,00 Total a ser pago no caso de Patrocínio (30% do investimento) = R$ 2.448.500,00

Ou seja, sem investimentos culturais o valor do imposto de renda a ser pago seria de R$ 2.476.000,00 e tendo havido o investimento em cultura o valor a ser pago em caso de Doação seria de R$ 2.443.500,00 e em caso de Patrocínio R$ 2.448.500,00, o que traz uma diferença de R$ 32.500,00 no caso de doação e de R$ 27.500,00 no caso de patrocínio.

Estes valores apresentados dos descontos devem ser somados ao

desconto na CSLL45 para que seja visualizado o total abatimento nos impostos

causado pelo investimento em cultura:

43 O limite de 4% do imposto devido para aplicação em projetos culturais incentivados deve ser calculado tendo

como base o lucro líquido original, ou seja, sem descontos ou alteração.

44 A alíquota de IR que incide sobre o lucro real é de 15%, sendo que o valor de lucro real que exceder R$ 240

76 Como mencionado, nos casos dos projetos referidos no artigo 18 da Lei, ou seja, que autoriza o desconto de 100% do valor do projeto no imposto de renda, a base do cálculo deste imposto deve permanecer inalterada, não podendo ser usado o artifício do descontado do valor do investimento para modificar a base de calculo do IR a ser pago, segundo o § 2º do próprio artigo 18 da lei.

No documento naiacaroline (páginas 73-77)

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