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Capítulo III Gosto e estilo de vida dos(as) professores(as) de

3.3. O gosto pela leitura

3.3.2. Leitura e assinatura de revistas

Em relação a revistas, cerca de 54,5% dos(as) professores(as) não possuem assinatura, os que a possuem perfazem 45,5%, sendo que 7,3% é semanal; 29,2% é mensal e 9% tem assinaturas mensal e semanal. Quanto ao hábito da leitura de revistas, 79% dos(as) professores(as) disseram ler com freqüência, enquanto 21% não possuem esse hábito. Comparando esses dados com os da pesquisa nacional Retrato da Leitura no Brasil, percebemos que esses se aproximam, pois 89% das pessoas com nível superior, no Brasil, lêem revistas com freqüência.

Quando perguntados sobre quais revistas costumavam ler, os(as) respondentes citaram 35 títulos. Na Tabela 20 relacionamos os títulos mencionados.

Tabela 20 - Revistas mais lidas pelos(as) professores(as)

Nome da Revista Freqüência

Veja 58 Isto é 31 Nova Escola 31 Superinteressante 22 Época 12 National Geographic 8 Mundo Jovem 5 Discutindo a Geografia 3

Caros Amigos, Cadernos do 3º Mundo, Galileu, Terra, Exame, Consulex (Direito), TV Escola, Boa Forma, Caras, Seleções, Cidade Nova (Folcolares).

2 Contigo, Revista da TV, Ti-ti-ti, Manequim, Cláudia, Saúde,Viva Mais, Globo

Rural, Ciência Hoje, Dinheiro, Revista da Imprensa, Pátio Pedagógico, Revista do Professor, Despertai, Sentinela, Brasil Cristão (Igreja Católica)

1

Não lêem revistas 26

Fonte: Crédito direto da autora

As revistas semanais, Veja, Isto é e Época foram as mais citadas. Essas revistas tratam de assuntos, os mais variados, da atualidade brasileira e mundial. A forte presença destes títulos mostra, dentre outras coisas, o interesse dos(as) professores(as) pelas questões gerais da sociedade. Destacamos, entretanto, na Tabela 20, a ausência de revistas científicas da área de Geografia. A revista Superinteressante, mencionada 22 vezes, é a única relacionada com temas científicos, mas não tem vínculo com uma disciplina específica.

Ressaltamos ainda que a revista National Geographic, também citada na Tabela 20, não se caracteriza como uma revista vinculada à ciência geográfica embora sua denominação possa dar essa impressão. Essa revista constitui-se em um veículo de divulgação da National Geographic Society criada em 1888 e sediada em Washington, nos Estados Unidos; apresenta-se como divulgadora de conhecimento geográfico, conforme apregoa o seu próprio lema24. Essa sociedade está constituída, desde a sua criação, por pesquisadores especialistas de variadas áreas do conhecimento, tais como geólogos, zoólogos, físicos, oceanógrafos, etc, que se envolvem em expedições no intuito de explorar o planeta Terra.

Do topo do monte Everest às profundezas do oceano, do mundo pelas lentes de um microscópio às estrelas nas galáxias mais distantes, a

24 Nas várias edições da revista consta a seguinte chamada: Revista National Geographic: “Para a ampliação

e a difusão dos conhecimentos geográficos”. Como referência pode-se observar: Revista National Geographic. Agosto de 2006, Ano 7, n. 77, p.30.

National Geographic Society traz informações sobre "o mundo e tudo que há nele" há mais de um século. Mais de dez milhões de membros, além do público mundial que não pára de crescer, recorrem às revistas, aos livros, ao canal de televisão, aos produtos educacionais e ao site da National Geographic Society para aumentar seu conhecimento sobre a terra, o mar e o céu, para se surpreender e se admirar.25

Embora a National Geographic Society constitua-se como instituição científica, não é, no entanto, específica da área da ciência geográfica, pois o seu objetivo de fazer um inventário do planeta Terra remonta, em termos de evolução da Geografia, a períodos anteriores à sua constituição enquanto ciência.

A revista Discutindo a Geografia segue uma linha editorial semelhante à da National Geographic, mas não possui nenhuma filiação à comunidade científica.

É importante destacar que a revista Terra Livre, vinculada à Associação dos Geógrafos Brasileiros e um dos principais veículos de divulgação da produção científica nessa área, não é mencionada pelos respondentes. Assim como não são citadas as demais revistas científicas produzidas no meio acadêmico. Acreditamos que isso se deva à ausência de uma seção local da AGB no estado do Piauí, bem como ao baixo interesse dos docentes no acompanhamento das atualizações do conhecimento científico da Geografia demonstrado, dentre outras coisas, pela baixa participação dos mesmos em eventos científicos da área. Segundo nossos dados, 84,5% dos respondentes nunca participaram de eventos científicos nacionais. Apresentam, portanto, pouco engajamento em atividades científicas, como veremos mais adiante.

Na área de Educação, a revista Nova Escola é a mais citada pelos(as) professores(as). Mencionada 31 vezes, ela atinge um patamar semelhante ao das revistas semanais. Trata-se de uma publicação mensal, adquirida a baixo custo, se comparada a outras publicações mensais, e cujo público alvo é formado por profissionais do magistério. É uma revista freqüentemente encontrada nas escolas, principalmente nas de Ensino Fundamental.

25 História da National Geographic Soceity. Disponível em:

Balizados nesses dados, podemos inferir que, em relação à leitura de jornais e revistas, os(as) professores(as) dão prioridade às revistas. Dentre estas, destacam-se as não científicas. Observamos também que o consumo de jornais e revistas é inferior ao de eletro- eletrônicos. Como enfatizamos anteriormente, o consumo de TV, celulares e aparelhos de som com CD se acentua no grupo pesquisado, pois, além de estarem situados entre os mais freqüentes, são também aqueles adquiridos em maior quantidade - 76 professores(as) afirmam possuir mais de um aparelho de TV, 40 afirmam possuir mais de um celular e 21 possuem mais de um aparelho de som com CD.

O consumo desses outros bens, em detrimento da assinatura de jornais e revistas, cuja valorização no campo educacional é maior, revela a ausência, nesse grupo, de disposições para aceitação tácita do consumo dos bens considerados legítimos no campo educacional e científico. Isto pode ser explicado pelas origens sociais do professorado e o volume de capital cultural dos mesmos, o que os tornam mais sensíveis aos apelos midiáticos pelo consumo de massa. Mas, poderia ser igualmente justificado pelo peso da oralidade na cultura brasileira, particularmente no meio rural do Nordeste. O acesso à televisão, por exemplo, assegura-lhe ter opções de noticiários à semelhança das emissões radiofônicas peculiares ao meio rural do qual vieram, acrescentando-se a isso o fascínio imagético da televisão.