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Levantamento da fauna associada ao meio hipógeo das cavernas

3 CAPÍTULO – METODOLOGIA

3.2 COLETA E ANÁLISE DE DADOS

3.2.3 Levantamento da fauna associada ao meio hipógeo das cavernas

O inventário da fauna hipógea ocorreu durante os meses chuvosos (maio – junho – julho) e secos (novembro – dezembro – fevereiro), quando foram realizadas as coletas de fauna presente dentro das cavernas. A coleta nesses seis meses secos e chuvosos teve como objetivo verificar se há diferença na comunidade cavernícola quanto à utilização das cavernas em estações diferentes, contabilizando assim seis coletas no total.

A avaliação da composição da biota interna das cavernas foi feita com coleta aleatória da fauna de invertebrados segundo metodologia de Gomes et al. (2000), Hunt e Millar (2001) e Silva (2006). O estudo de campo para análise da fauna de invertebrados foi realizado por meio de observação in locu e busca ativa das distribuições dentro da caverna, fazendo anotação das posições (guano antigo ou não guano) e quantidade de indivíduos de cada morfoespécie coletada na caverna para posterior identificação em laboratório (Figura 3.5). Como as cavidades são de tamanho reduzido foram considerados todos os indivíduos coletados para as análises estatísticas, não havendo exclusão de morfoespécies consideradas acidentais, uma vez que a circulação de espécies é facilitada pela reduzida dimensão das cavidades. A análise excluindo os espécimes acidentais ficou para ser realizada em trabalho futuro, o quelterá seus resultados comparados com o apresentado nesta dissertação.

Inicialmente a caverna teve sua área medida de forma aproximada para fazer o cálculo de esforço amostral a ser utilizado segundo Silva (2006). Estipulou-se que cada metro quadrado da caverna representaria um minuto de busca ativa, assim, se a caverna tivesse

60m2, seriam gastos em busca ativa por toda a caverna 60 minutos a cada visita. Entretanto o tempo gasto observando cada 1 metro de habitat não era fixo, mas sim relativo à abundância da fauna encontrada. Essa metodologia foi escolhida para padronizar as coletas nas nove cavernas, devido à peculiaridade de CNS (como a Gruta da Janela, Gruta da Raposa e Gruta da Pseudomatriana) com elevada abundância de espécimes no guano, o que dificulta a utilização da metodologia de Ferreira (2004) com contagem da fauna e plotagem em croqui.

Figura 3.5: Resumo da metodologia empregada para analisar a fauna hipógea das cavernas.

A busca ativa de invertebrados foi feita com auxílio de iluminação artificial (lanternas e lamparinas), de lupas de mão, pinças e pincéis. Todos invertebrados foram guardados em frascos etiquetados com álcool a 70%. As buscas foram realizadas periodicamente por todas as zonas acessíveis da cavidade, inspecionando habitats potenciais à existência de organismos: acúmulos de matéria orgânica, depósitos de sedimento, blocos, paredes, guano antigo e teto. Para melhor visualizar os estados sucessionais, optou-se por coletar apenas no guano antigo e em outros substratos diferentes de guano novo e reservatórios de água. As cavernas Gruta da Raposa e Caverna dos Aventureiros não tiveram todos os seus habitats inspecionados, pois parte de sua extensão apresentava dificuldades para a coleta, como condutos muito estreitos e pequenos abismos. A fauna aquática existente na Gruta Aventureiros não foi coletada e analisada neste trabalho devido ao fato de não poder ser comparada com as demais cavidades. No entanto, reforça-se a importância da análise dessa fauna para uma caracterização completa da caverna.

Os invertebrados foram armazenados em frascos etiquetados, conservados em álcool 70% para análise e identificação por chaves taxonômicas e por comparação com material

depositado no próprio Laboratório de Entomologia – UFS e por comparação com coleções taxonômicas de outras instituições, como o Instituto Butantan (IBu) de São Paulo.

A amostragem da comunidade de morcegos das cavernas foi feita por captura com puçá para identificação mais detalhada das espécies encontradas. Apenas exemplares de espécies ainda não indicadas como existentes na região foram coletadas e armazenadas para servir de testemunho. Os morcegos coletados foram guardados em frascos etiquetados, fixados em formol 10% e posteriormente conservados em álcool 70% para análise no Laboratório de Ecologia da Conservação – UFS.

Os padrões ecológicos analisados foram os parâmetros: riqueza, abundância, diversidade, similaridade, composição e constância de ocorrência das espécies, com base nos dados tomados em cada uma das nove cavernas segundo Magurran (1988). Para tanto foram utilizados o software livre PAST versão 2.02. (HAMMER et al., 2001) para análise de Cluster e índices de diversidade α e β e o software livre R estatística 2.12.1 para os testes ANOVA e Shapiro test (R DEVELOPMENT CORE TEAM, 2010).

A riqueza de espécies de cada área foi avaliada através das curvas de rarefação e do índice de Jachnife. As larguras de nicho espacial (substrato) foram calculadas para cada espécie através do índice de diversidade de Shannon-Winner (H’) e a sobreposição espacial (substratos) e temporal (períodos do ano) entre as espécies encontradas foram calculadas pelo índice de sobreposição simétrica (PIANKA, 1973).

Para analisar os dados referentes à fauna foi feita uma matriz de similaridade usando o índice de Jaccard qualitativo (binário) de acordo com Magurran (1988). Essa matriz se baseia em dados de presença e ausência das morfoespécies encontradas em cada setor (guano antigo e não guano) na coleta de busca ativa, em cada mês. A partir dela foi feita uma análise de agrupamento (“cluster analysis”) com a regra UPGMA (médias aritméticas não ponderadas), também para cada mês de coleta, para se verificar como os setores (guano antigo e não guano) se agrupavam em função das morfoespécies presentes em cada um deles.

As medições dos fatores abióticos foram realizadas no dia da coleta de busca ativa a cada mês. Temperatura e umidade do ar foram medidas dentro e fora da caverna com o auxílio de termo-higrômetro, a umidade e pH do solo e do guano antigo foram medidos com um medidor de pH e umidade do solo. A quantidade de matéria orgânica disponível em cada caverna foi medida em dois subsetores, cada setor de dois metros. Nesses, foi selecionado visualmente o local onde havia maior acúmulo desse recurso, e foi medida a quantidade média de matéria orgânica acumulada em cada caverna.

3.2.4 Elaboração de um protocolo de avaliação rápida de impacto ambiental em