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3.3 ANÁLISE DOS DADOS

3.3.1 Liderança

Por meio de uma definição bastante simples, pode-se compreender liderança40 como a arte de comandar pessoas, atraindo seguidores e influenciando de forma positiva o comportamento dos liderados.

Segundo Tanke (2004), em uma empresa, a liderança está relacionada ao sucesso ou o fracasso, em conseguir ou não, atingir os objetivos da empresa.

Para Cunha, Miranda e Paula (2005, p.8): “As melhores equipes nascem da união respeitosa entre um líder capaz e uma equipe brilhante”. Nesta perspectiva, o líder, diferentemente do chefe, não impõe sua autoridade, exigindo obediência. Pelo contrário, ele orienta os funcionários exercendo a disciplina, o compromisso, respeito e humildade. Um bom líder obtém resultados por meio de pessoas, motivando-as, gerando confiança e satisfação no trabalho e não perdendo de vista a busca da qualidade.

De acordo as informações das entrevistas, sérios problemas emergiram por total falta de liderança, ou quando aparece, é de forma autocrática, um modelo arcaico, que ainda perdura na maioria dos estabelecimentos de serviços de hospitalidade, entre outros.

Nesta linha de pensamento, acrescenta Ana, assistente de diretoria, que atua na rede,

Cada loja tem a sua gestão própria, tem procedimento que todos têm que seguir, mas cada loja é autônoma. (...) a gente tem um padrão, então quando a gente contrata um chef ou cozinheiro, ele tem que saber que ali, existe um padrão, ele não pode criar nada que não seja da marca, o que ele pode fazer, é dar opinião dos processos (Ana).

Neste sentido, a gestora afirma que, embora o restaurante faça parte de uma rede, cada loja responde por sua gestão: administrativa, de pessoas e financeira, entretanto, com a obrigatoriedade de manter os padrões estabelecidos pela rede. Apesar de existir um diálogo constante com os gestores, no relato, a entrevistada salienta que o chef pode até opinar sobre os processos, contudo, geralmente a sua criatividade é descartada.

Em outra fala a gestora comenta a relevância em manter um bom relacionamento com seus funcionários:

4040

A arte de liderar - Suéllen França. Disponível em:

[...] para os funcionários terem uma boa relação, a gente tem que ter uma relação com seu gestor ou com seu gerente, e isso passar para equipe. Se a relação com o gerente direto deles não é boa, a equipe meio que se desestrutura. Se não for boa, o gestor, ou o próprio dono, interfere para ver o que esta acontecendo (Ana).

Assim, segundo a entrevistada, é imprescindível o bom relacionamento entre os gestores da rede com os de cada loja. E esses gestores, devem ter uma boa relação com seus funcionários. Isso mostra uma situação em cadeia, em que todos os laços interpessoais devem estar em plena harmonia, para que a organização não entre em um desequilíbrio. Ana explica também que, caso isso não ocorra, o gestor de rede procura investigar o que de fato pode estar acontecendo na loja.

Ainda sobre liderança, Diogo, funcionário do empreendimento, explica que

[...] gestão, pra mim, é como se fosse uma liderança, dentro de uma equipe, dentro de uma empresa. O dono é o nosso gestor geral, da empresa, então ele tem que fazer uma avaliação de cada um e descobrir onde esta sendo o erro daquela pessoa, pra poder melhorar e procurar a melhor adaptação da pessoa. (...) eu tenho que chegar e passar para o meu superior, o gerente, e ele tomar as providências, porque, ele tem essa responsabilidade” (Diogo).

Diogo descreve em seu relato que o proprietário desempenha o papel de gestor geral, na qual lhe é atribuída a função de direcionar seus funcionários para executar atividades que melhor se adaptem, observando suas habilidades. E outro gerente, a quem o

chef se reporta, tem a responsabilidade de tomar providências, quando necessário.

Entretanto, o entrevistado afirma:

A maior dificuldade é a falta de liderança, eu como chef tenho certa liderança sobre a minha equipe, é tranquila, as pessoas conseguem saber, exatamente, o que eu quero que seja feito no trabalho. Mas, o nosso maior problema é a parte gerencial, eu não estou vendo essa parte de gestão deles, de ver o problema e procurar solução para resolver. Assim, problemas estão surgindo todos os dias, mas ninguém toma providências (...) e, com isso, as pessoas já estão meio que “a flor da pele”, num nível de estresse alto, as pessoas estão sobrecarregadas e, agora, eu não posso fazer mais nada, estou com minhas mãos atadas (Diogo).

No relato, o colaborador descreve a inoperância da administração do restaurante, uma vez que os gestores não conseguem dar conta dos problemas que emergem. Ele atribui este problema a falta de liderança, o que tem ocasionado estresse e sobrecarga aos funcionários.

Com o intuito de agregar a discussão, ressalta-se que no período de atuação da pesquisadora no restaurante, foi possível observar que não há um entendimento entre os gestores quanto às responsabilidades de cada funcionário e nem uma definição clara de

hierarquia de comando entre os colaboradores, o que resulta em uma desordem de liderança.

Isso tudo gera um ambiente estressante, ocasionado pela falta de comando, fato que gera fragilidade em todos os processos envolvidos nas atividades do restaurante, desde o preparo dos pratos, ao atendimento dos clientes.

Trazendo à luz o referencial teórico, na visão de Lashley e Spolon (2011, p. 24),

O relacionamento entre os membros da equipe e o gestor, como líder da equipe, é importante e há diferentes maneiras de escolher como gerenciar equipes. Há diversas formas de atribuir responsabilidades aos funcionários ou de envolvê-los, levando-os a agir com base em algumas instruções e orientando-os a dar sugestões ou a ter iniciativas, quando não estão sob a influência do gestor.

Assim, para os autores, os gestores devem manter um bom relacionamento com seus funcionários e, por meio de seus conhecimentos sobre gestão de pessoas, direcioná- los para que possam realizar suas atividades com responsabilidade, habilidade e, competência na resolução de problemas. Corroborando com esta afirmação, a autora Paula (2004), acrescenta que o gestor obteria melhores resultados se conseguisse estabelecer, por meio de seus conhecimentos e habilidades de administrador, um vínculo com seus funcionários, de modo a solucionar e diminuir os problemas que envolvem toda a empresa.

A instabilidade da situação nos remete aos autores, Cunha, Miranda e Paula (2005), quando descrevem os modelos autocráticos, “[...] são décadas de um sistema onde o chefe mandava e os subordinados obedeciam e, subitamente, passa a ter uma sensação de desordem e falta de liderança”. (p.4)

Para Tanke (2004), ainda é muito precária a situação do setor de gestão de pessoas nas empresas prestadoras de serviço, na medida em que elas não reconhecem seus funcionários como a principal fonte de valor, capaz de trazer resultados positivos para a empresa.

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