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Limites de Experimentos de Detec¸c˜ ao Direta

Em adi¸c˜ao aos limites cosmol´ogicos tradicionais, como abundˆancia, Nef f, etc, tamb´em ´e

poss´ıvel usar experimentos terrestres para a detec¸c˜ao de intera¸c˜ao entre DM e mat´eria bariˆonica. Estes s˜ao conhecidos como Experimentos de Detec¸c˜ao Direta (Direct Detection Experiments - DDE).

A ideia b´asica deste tipo de experimento ´e supor que a DM n˜ao interage apenas gravi- tacionalmente, mas tamb´em de alguma outra forma pode interagir com mat´eria bariˆonica. No caso de um espalhamento χ + q → χ + q (onde χ ´e DM), um limite na taxa de in- tera¸c˜ao se traduz em v´ınculos `a se¸c˜ao de choque σ(χ + q → χ + q). Em geral, esta se¸c˜ao de choque ´e dependente de modelo, e tipicamente apresenta entre seus parˆametros a massa da part´ıcula mediadora e o momento transferido no processo. Assim, v´ınculos `a se¸c˜ao de choque de espalhamento resultam em limites a massas de mediadores, principalmente no caso de espalhamento el´astico.

Entre os principais DDE’s atuais, usados neste trabalho, pode-se citar:

• LUX: ´E localizado na Dakota do Sul, no Sanford Underground Laboratory (SURF) nas minas de Homestake. O experimento usa 370 kg de Xenˆonio L´ıquido para intera¸c˜ao com WIMP’s, e seu volume fiducial (a parte que efetivamente ´e usada na detec¸c˜ao) ´e de 100 kg. Sua sensibilidade ´e de cerca de σ = 2 × 10−46cm2 para se¸c˜oes de choque

independentes de spin (SI)[74].

• XENON1T: Localizado na It´alia, no Laboratoli Nazionali del Gran Sasso (LNGS), este experimento tamb´em usa Xenˆonio L´ıquido como alvo para detec¸c˜oes de WIMP’s. Usa 3.2T de Xenˆonio L´ıquido no total, dos quais o seu volume fiducial ´e de 2T. Tais caracter´ısticas o tornam mais sens´ıvel que LUX, com sensibilidade projetada de σSI =

4.4. LIMITES DE EXPERIMENTOS DE DETECC¸ ˜AO DIRETA 70

Os experimentos de Dectec¸c˜ao Direta, em geral, possuem sensibilidade maior para se¸c˜oes de choque independentes do spin, uma vez que em regimes de colis˜ao n˜ao-relativ´ıstica estas aumentam com o quadrado do n´umero de massa, A2. Tal fenˆomeno explica a escolha, por estes detectores, de ´atomos com grande n´umero de massa, como o Xˆenonio.

Os dados mais recentes usados neste trabalho adv´em dos resultados de: • LUX, reportados em 2017[76];

• O primeiro ano de exposi¸c˜ao de XENON1T, reportado em 2018[77]; • Proje¸c˜ao de dois anos de exposi¸c˜ao de Xenon1T[78];8

Estes s˜ao os dados divulgados ou projetados para experimentos j´a em opera¸c˜ao. Em adi¸c˜ao a estes, existem experimentos em constru¸c˜ao ou em fase de projeto, mais sens´ıveis que os atuais. Estes s˜ao o XENONnT[79] (8T de Xenˆonio L´ıquido, Volume Fiducial de 6T e σSI = 1.6 × 10−48cm2) e o DARWIN[80] (50T de massa total, 40T de Volume Fiducial

e σSI = 2.5 × 10−49cm2), experimentos que representam ganhos de sensibilidade de uma a

duas ordens de grandeza nas se¸c˜oes de choque de WIMP’s, e melhoram em muito a restri¸c˜ao do espa¸co de parˆametros de extens˜oes do SM. Os limites projetados para estes experimentos tamb´em s˜ao inclu´ıdos neste trabalho.

4.4.1

C´alculo da Se¸c˜ao de Choque de Espalhamento em DDE

No modelo em quest˜ao, a rea¸c˜ao de espalhamento N1+ quark → N1+ quark ocorre via dois

processos principais: (1) Media¸c˜ao pelo b´oson Z0 e (2) pelo pseudo-escalar P1. Ambos s˜ao 8Quanto a LUX, os dados foram obtidos em duas buscas experimentais por WIMP’s, em 2013, WS2013,

e entre 2014 e 2016, WS2014-2016, com exposi¸c˜ao de 95 e 332 dias, respectivamente. Os resultados de ambas foram combinadas para a obten¸c˜ao do limite fornecido em [76]. J´a os resultados em [77] foram obtidos ap´os a combina¸c˜ao de duas buscas experimentais por WIMP’s. A primeira, entre Novembro de 2016 e Janeiro de 2017, e a segunda entre Janeiro de 2017 e Janeiro de 2018, com uma breve interrup¸c˜ao devido a um terremoto. Isto resultou em uma exposi¸c˜ao de 278.8 dias de Xenon1T, e a obten¸c˜ao do limite mais restritivo fornecido por DDE para massa de WIMP’s at´e o momento. As proje¸c˜oes para dois anos de exposi¸c˜ao de Xenon1T podem alcan¸car sensibilidades de at´e 10−11pb (10−47cm2), cinco ou seis vezes ordens de grandeza

menores que as obtidas por LUX (2013). O que revela o imenso aumento em sensibilidade obtido em curto espa¸co de tempo.

4.4. LIMITES DE EXPERIMENTOS DE DETECC¸ ˜AO DIRETA 71

representados por diagramas t-channel.

Por´em, processos t-channel mediados por pseudo-escalares s˜ao suprimidos fortemente para baixos momentos do mediador. De fato, dEdσ ∝ q4, onde q ´e o momento transferido. Como

em espalhamentos el´asticos q ∼ 0, isso implica que os processos mediados por P1 podem ser

desprezados, e apenas a media¸c˜ao por Z0 ´e importante.

A se¸c˜ao de choque a momento transferido nulo, σ0, mediada por b´osons vetoriais ´e dada

por: σV V0 = µ 2B2 N 64π , onde, BN ≡ αVu(A + Z) + α V d(2A − Z),

e A ´e o n´umero de massa do n´ucleo, Z ´e o seu n´umero atˆomico e

αVu = gvu¯ugN ¯v N/MZ20,

αVd = gvd ¯dgvN ¯N/MZ20,

s˜ao quantidades que representam a for¸ca da intera¸c˜ao dos quarks up e down com N1, respec-

tivamente.

As constantes de acoplamento gv s˜ao mostradas na tabela 4.1. No 3-3-1LHN, elas de-

pendem essencialmente de fun¸c˜oes do ˆangulo θW, sem a interferˆencia de outros parˆametros

f´ısicos. Isso implica que a se¸c˜ao de choque total de espalhamento por n´ucleon, σp ≡ σ0/A2,

mediado por Z0 no modelo ´e dada por:

σp = [(3 − 8s2 w)(A + Z) + (3 − 2s2W)(2A − Z)] 2 16π 1 (27M2 z0) 2 µ2 p A2. (4.18)

µp ´e a massa reduzida DM-Pr´oton. Percebe-se de (4.18) que, fixado o ´atomo usado no

detector, o ´unico parˆametro livre ali presente ´e a massa de Z0. Logo DDE’s resultam em limites a MZ0 no contexto do 3-3-1LHN.

A dependˆencia com MZ0 ´e forte: A se¸c˜ao de choque decresce com o inverso de sua quarta

potˆencia. De modo que o aumento de apenas uma ordem de grandeza em MZ0 resulta em

4.4. LIMITES DE EXPERIMENTOS DE DETECC¸ ˜AO DIRETA 72

o ganho de sensibilidade entre os experimentos XENON100 (2013) e DARWIN (2025), o que ilustra o imenso aumento de sensibilidade de DDE’s em curto per´ıodo de tempo. Por outro lado, a dependˆencia com MN1 ´e quase inexistente, uma vez que MN1 >> Mp e, portanto,

µp ∼ Mp. Tal dependˆencia s´o ´e relevante para pequenos valores de MN1, onde a sensibilidade

de DDE’s ´e muito prejudicada.

4.4.2

Espa¸co de Parˆametros permitidos por DDE’s

O c´alculo de se¸c˜ao de choque da se¸c˜ao precedente permite estabelecer quais valores de MN1

ou MZ0 podem ser exclu´ıdos por DDE’s. Isso ´e feito atrav´es de compara¸c˜ao dos valores de

σSI, dado pela equa¸c˜ao (4.18), com as sensibilidades dos experimentos de interesse.

A equa¸c˜ao (4.18) ´e usada para se tra¸car as linhas tracejadas da figura 4.4. Esta figura mostra as se¸c˜oes de choque de espalhamento SI em fun¸c˜ao da massa de N1. Cada linha

s´olida representa um experimento diferente. Percebe-se que existe uma regi˜ao, 10 GeV < MN1 < 100 GeV, na qual todos os experimentos apresentam sensibilidade m´axima, e as

chances de detec¸c˜ao, portanto, s˜ao maiores. As linhas tracejadas indicam se¸c˜oes de choque para diferentes valores de MZ0, valores estes escolhidos como aqueles a partir dos quais o

experimento em quest˜ao ´e incapaz de detecar um sinal, qualquer que seja o valor de MN1. O

termo t.yr representa ‘Tonelada (de Xenˆonio L´ıquido fiducial) vezes ano (de opera¸c˜ao)’. Para LUX - 2017, MZ0 ≥ 6 GeV n˜ao permite excluir nenhum valor de MN1. Por´em a

mesma massa de MZ0 = 6 GeV resulta, em XENONnT por exemplo, na exclus˜ao aproximada

da regi˜ao 10 GeV < MN1 < 104 GeV. Da figura, depreende-se que os limites permitidos `a

MZ0 em quaisquer circunstˆancias saltam de 6 TeV (LUX - 2017) para 32.2 TeV (DARWIN).

De fato, DARWIN ´e t˜ao sens´ıvel que mesmo para MZ0 = 20.8 TeV (o valor a partir do qual

XENONnT n˜ao tem sensibilidade) DARWIN ´e capaz de excluir aproximadamente regi˜ao 10 GeV < MN1 < 500 GeV, algo absolutamente not´avel uma vez que XENONnT j´a ´e muito

mais sens´ıvel que os experimentos atuais. No momento, os limites mais restritivos s˜ao de XENON1T (1t.yr): Ele n˜ao possui sensibilidade para MZ0 ≥ 8 TeV, qualquer que seja MN1.

´

E importante analisar a figura 4.4 com cuidado para se obter conclus˜oes. Por exemplo, se MZ0 ≈ 4.1 TeV, sua n˜ao detec¸c˜ao por XENON1T implica que a a regi˜ao 10 GeV . MN1 .

4.4. LIMITES DE EXPERIMENTOS DE DETECC¸ ˜AO DIRETA 73 LUX Xenon1T (1 t.yr) Xenon1T (2 t.yr) XenonNT (20 t.yr) DARWIN (200 t.yr) MZ'= 6 TeV MZ'= 8 TeV MZ'= 11.5 TeV MZ'= 20.8 TeV MZ'= 32.2 TeV 1 10 100 1000 104 105 10-12 10-10 10-8 10-6 MN1(GeV) SI - Cross Section (pb )

Figura 4.4: Se¸c˜oes de Choque de espalhamento de diferentes experimentos em rela¸c˜ao `a massa do candidato a DM, N1. As duas primeiras curvas (LUX e XENON1T [1 t.yr]) s˜ao de dados j´a divulgados, enquanto as

demais s˜ao proje¸c˜oes. As linhas tracejadas indicam as se¸c˜oes de choque para valores de MZ0 acima dos quais

o experimento em quest˜ao n˜ao possui sensibilidade, qualquer que seja MN1.

fato excluem atualmente MZ0 > 4.1 TeV. Dito de outro modo:

1. No momento, XENON1T ´e mais sens´ıvel que os limites de LHC apenas na regi˜ao de 10 GeV . MN1 . 1250 GeV.

2. A an´alise conjunta de XENON1T e LHC implica que MZ0 > 4, 1 TeV e que, se MZ0 for

pr´oximo deste valor, ent˜ao 10 GeV . MN1 . 1250 GeV n˜ao ´e permitido.

3. Se MZ0 ≥ 8 TeV, n˜ao h´a qualquer v´ınculo imposto `as massas de N1, apenas pelos

resultados destes dois experimentos.

A figura (4.4), pode ser complementada por outra, que relacione os valores de MN1 e

MZ0. O mais interessante desta visualiza¸c˜ao ´e que, n˜ao somente limites de DDE’s podem ser

observados, mas tamb´em os advindos de argumentos de abundˆancia, analisados na se¸c˜ao 4.2, e os limites obtidos de aceleradores, discutidos na se¸c˜ao 4.3.

4.4. LIMITES DE EXPERIMENTOS DE DETECC¸ ˜AO DIRETA 74

Todos estes limites s˜ao mostrados nas figuras (4.5) e (4.6), que mostram o espa¸co de parˆametros permitidos para MN1 e MZ0. Estas figuras sumarizam todos os limites mostrados

at´e aqui, e ser˜ao discutidas a seguir.

Em (4.5) os limites de abundˆancia s˜ao sobrepostos aos advindos de DDE’s e aceleradores j´a em opera¸c˜ao. As regi˜oes coloridas ‘LUX’ e ‘XENON1T (1 t.yr)’ mostram regi˜oes exclu´ıdas atualmente por estes experimentos. Idem para a linha grossa de ‘LHC dilepton’. Tudo abaixo desta linha, ou nas regi˜oes coloridas supracitadas est˜ao exclu´ıdos. A regi˜ao marrom ´e a exclus˜ao de XENON1T para dois anos de opera¸c˜ao (2.t.yr), e as linhas horizontais pretas tracejadas e pontilhada-tracejada s˜ao os limites de LHC para luminosidade integrada de 100 fb−1 e 1000 fb−1, em contraposi¸c˜ao a L = 36.1 fb−1 atuais.

A regi˜ao cinza representa uma zona proibida, por permitir o decaimento de N1 em b´osons

W0 ou U0, conforme discutido na se¸c˜ao 4.1.4. Qualquer ponto desta regi˜ao implica que DM

n˜ao ´e est´avel.

Dados de abundˆancia discutidos em 4.2 s˜ao mostrados com as cores verde (acima da abundˆancia) e ciano (abaixo da abundˆancia) para ´areas proibidas. Representam regi˜oes acima ou abaixo de Ωh2 ≈ 0.12, conforme mostrado na figura 4.2. As regi˜oes em azul escuro

e roxa s˜ao as regi˜oes permitidas por abundˆancia, mas ´e importante discutir as diferen¸cas entre as duas. As linhas roxas representam a abundˆancia correta exata, obtida pelo c´alculo anal´ıtico baseado na equa¸c˜ao (4.13). J´a a regi˜ao azul escura mostra o c´alculo num´erico na figura (4.2). Esta inclui canais de co-aniquila¸c˜ao (os dois ´ultimos da figura 4.1), o que torna as curvas com certa espessura, mostrados na figura (4.5) como a zona azul escura. A despeito de, visualmente, cobrir pequena parcela do espa¸co total, toda esta ´area representa o intervalo de pontos 0.25 < ΩDM < 0.99 do c´alculo anal´ıtico. Os demais pontos do espa¸co, em

essˆencia, representam valores nos quais ΩDM ´e maior que a densidade cr´ıtica naquele c´alculo

aproximado. Isso mostra como considera¸c˜oes de co-aniquila¸c˜ao aumentam consideravelmente o espa¸co de parˆametros vi´avel, permitindo valores absolutamente inaceit´aveis se inclusos apenas os trˆes primeiros diagramas da figura (4.1).

Por´em, existem suposi¸c˜oes que precisam ser explicitadas no c´alculo num´erico das co- aniquila¸c˜oes. Segundo os autores de [66], onde o referido c´alculo foi executado, a grossura das curvas adv´em da hip´otese de as massas de N1, N2 e N3n˜ao serem muito diferentes entre si,

4.4. LIMITES DE EXPERIMENTOS DE DETECC¸ ˜AO DIRETA 75 LUX - 2017 Xenon1T (1 t.yr) Xenon1T (2 t.yr) Overabundance Underabundance Ωh2=0.12 (co-annihilation) Ωh2=0.12 (exact) WIMP Instability LHC Dilepton 0 2000 4000 6000 8000 10 000 2000 4000 6000 8000 10 000 12 000 14 000 MN(GeV) MZ ' (GeV )

Figura 4.5: Curvas de exclus˜ao do espa¸co de parˆametros MN1× MZ0, devido a combina¸c˜ao de resultados

de DDE’s em opera¸c˜ao atualmente (LUX e XENON1T), LHC e argumentos de abundˆancia. Tamb´em s˜ao mostrados resultados de proje¸c˜oes futuras destes experimentos: XENON1T (2 anos de opera¸c˜ao), em mar- rom; e LHC com luminosidade integrada de 100 fb−1 (linha preta tracejada) e 1000 fb−1 (linha pontilhada tracejada).

4.4. LIMITES DE EXPERIMENTOS DE DETECC¸ ˜AO DIRETA 76 LUX - 2017 Xenon1T (1 t.yr) Xenon1T (2 t.yr) XENONnT (20 t.yr) DARWIN (200 t.yr) Overabundance Underabundance Ωh2=0.12 (co-annihilation) Ωh2=0.12 (exact) WIMP Instability LHC Dilepton 0 2000 4000 6000 8000 10 000 2000 4000 6000 8000 10 000 12 000 14 000 MN(GeV) MZ ' (GeV )

Figura 4.6: Curvas de exclus˜ao do espa¸co de parˆametros MN1× MZ0, devido a combina¸c˜ao de resultados

de DDE’s futuros (XENONnT e DARWIN), LHC e argumentos de abundˆancia. H´a imensa redu¸c˜ao de ´areas permitidas, e os v´ınculos fornecidos por LHC, atuais ou projetados, tornam-se inferiores aos auferidos por XENONnT e DARWIN em qualquer caso.

4.4. LIMITES DE EXPERIMENTOS DE DETECC¸ ˜AO DIRETA 77

inferiores a 10%. Caso as diferen¸cas sejam grandes, ent˜ao n˜ao h´a mais espessura nas linhas, que voltam a ser finas. Portanto, os canais de co-aniquila¸c˜ao s˜ao relevantes para aumento da ´

area permitida, por´em somente sob certas suposi¸c˜oes.

A combina¸c˜ao de Abundˆancia, DDE’s e LHC permite estabelecer valores m´ınimos para MN1 e MZ0. Da figura (4.5), MZ0 ∼ 3.6 TeV ´e o menor valor a satisfazer os crit´erios de

abundˆancia e os limites atuais de XENON1T, e este valor implica que MN1 ∼ 2 TeV. O

limite para a massa de Z0 atual ´e, portanto, inferior ao fornecido por LHC. Sendo este mais robusto, ´e poss´ıvel deduzir da figura (4.5) que limites de LHC, DDE e abundˆancia implicam que MZ0 > 4.1 TeV e MN1 > 1.8 TeV atualmente. Se inclusa a proje¸c˜ao9 de XENON1T

(2 t.yr), os valores m´ınimos saltam para MZ0 > 4.9 TeV (M0

Z > 5 TeV) e MN1 > 2.6 TeV

(MN > 2.3 TeV).

A figura seguinte, (4.6), adiciona experimentos ainda projetados, a saber, o XENONnT e DARWIN. Nela, salta aos olhos o dram´atico aumento de restri¸c˜ao de espa¸co de parˆametros gra¸cas aos novos DDE’s. De fato, LHC, por exemplo, consegue ser competitivo com os experi- mentos atuais, e o mesmo ocorre para as proje¸c˜oes de resultados de LHC quando comparados aos limites estimados para XENON1T no futuro pr´oximo. Mas, quando comparado com XE- NONnT e DARWIN, a discrepˆancia torna-se brutal. N˜ao existe nenhuma regi˜ao vi´avel em que LHC seja melhor que estes DDE’s. Apenas para massas MN1 > 10 TeV a MN1 > 50 TeV

LHC possuiria mais sensibilidade que XENONnT ou DARWIN, mas isto ´e irrelevante no contexto do 3-3-1LHN, pois tais valores est˜ao na zona de instabilidade de N1 e, portanto,

exclu´ıdos.

Em rela¸c˜ao a massas m´ınimas, consistˆencia entre abundˆancia e DDE’s implica que MZ0>

8 TeV (MZ0 > 8.3 TeV) para XENONnT, o que acarreta que MN1 ≥ 4.3 TeV (MN > 3.9

TeV). Para DARWIN, MZ0 > 11.3 TeV (M0

Z > 11.5 TeV) e MN1 ≥ 6 TeV (MN > 5.5 TeV).

Ambos os DDE’s fornecem limites mais robustos para MZ0 que a melhor proje¸c˜ao de LHC,

e ainda s˜ao capazes de estabelecer valores m´ınimos para MN1, o que LHC n˜ao faz. Em 9Existem sempre dois pares (M

N, MZ0) que satisfazem abundˆancia para qualquer DDE ou para LHC.

No caso de LHC, ´e imediato estabelecer qual destes pares oferece a menor combina¸c˜ao (MN, MZ0), pois MZ0

est´a fixo, ent˜ao o menor MN ´e escolhido. Para DDE’s, por´em, um aumento de MN implica na redu¸c˜ao de

4.4. LIMITES DE EXPERIMENTOS DE DETECC¸ ˜AO DIRETA 78

particular, chama aten¸c˜ao que a combina¸c˜ao de DARWIN com dados de abundˆancia exclui uma massa para Z0 quase duas vezes maior que a melhor proje¸c˜ao de LHC aqui analisada.10

Os diversos limites obtidos nesta se¸c˜ao, e nas precedentes, podem ser sistematizados nas tabelas 4.2, 4.3, 4.4, 4.5.

Tabela 4.2: Valores a partir dos quais os experimentos em opera¸c˜ao n˜ao possuem sensibilidade alguma. Estes experimentos, por si s´o, limitam MN1 e MZ0. Os demais parˆametros s˜ao derivados destes dois.

Sensibilidade M´axima de Experimentos Atuais

Parˆametro XENON1T (1T.yr) XENON1T (2T.yr) LHC (36.1f b−1) Limites Centrais MZ0 (TeV) 8 11.5 4.1 MN (GeV) 6 6 - Limites Derivados g110 4.2 × 10−4 3 × 10−4 - νχ0 (TeV) 20 28.7 10.2 MW0 (TeV) 6.5 9.3 3.3 MU0 (TeV) 6.5 9.3 3.3 MP1 (TeV) 14 20.1 7.2 MS1 (TeV) 28 40.2 14.3

10Essa constata¸ao, por´em, n˜ao reduz a importˆancia de experimentos como o LHC, uma vez que ou-

tras caracter´ısticas das intera¸c˜oes propostas s´o s˜ao test´aveis em aceleradores, enquanto DDE’s s˜ao sens´ıveis basicamente a se¸c˜oes de choque.

4.4. LIMITES DE EXPERIMENTOS DE DETECC¸ ˜AO DIRETA 79

Tabela 4.3: Sensibilidade m´axima de experimentos projetados.

Sensibilidade M´axima de Experimentos Projetados Parˆametro XENONnT (20T.yr) DARWIN (200T.yr) LHC

(100f b−1) LHC (1000f b−1) Limites Centrais MZ0 (TeV) 20.8 32.2 4.9 6.1 MN (GeV) 6 6 - - Limites Derivados g110 1.6 × 10−4 10−4 - - νχ0 (TeV) 52 80.5 12.2 15.2 MW0 (TeV) 16.9 26.2 4 5 MU0 (TeV) 16.9 26.2 4 5 MP1 (TeV) 36.4 53.3 8.6 10.7 MS1 (TeV) 72.8 112.7 17.2 21.4

4.4. LIMITES DE EXPERIMENTOS DE DETECC¸ ˜AO DIRETA 80

Tabela 4.4: Limites advindos da combina¸c˜ao de DDE’s, abundˆancia e aceleradores atuais. Existem dois pares (MN, MZ0) que satisfazem abundˆancia para DDE’s, com MN inversamente proporcional a MZ0. Como

o menor valor permitido para uma massa depende da outra, decidiu-se colocar para Xenon1T (2T.yr) ambos os pares.

Limites Atuais Finais Parˆametro XENON1T (1T.yr) + ΩDM

+ LHC (36.1f b−1) XENON1T (2T.yr) + ΩDM + LHC (36.1f b−1) Limites Centrais MZ0 (TeV) 4.1 4.9//5 MN (GeV) 1828 2678//2308 Limites Derivados g011 2.5 × 10−1 3.1 × 10−1 //2.6 × 10−1 νχ0 (TeV) 10.2 12.2//12.5 MW0 (TeV) 3.3 4//4 MU0 (TeV) 3.3 4//4 MP1 (TeV) 7.2 8.6//8.7 MS1 (TeV) 14.3 17.2//17.5

4.5. PROCESSOS LFV NO 3-3-1LHN 81

Tabela 4.5: Limites conjuntos advindos de DDE’s, abundˆancia e aceleradores futuros.

Limites Projetados Finais Parˆametro XENONnT (20T.yr) +

ΩDM + LHC (1000f b−1) DARWIN (200T.yr) + ΩDM + LHC (1000f b−1) Limites Centrais MZ0 (TeV) 8//8.3 11.3//11.5 MN (GeV) 4280//3897 5981//5516 Limites Derivados g011 7.6 × 10−1//6.6 × 10−1 7.5 × 10−1 //6.8 × 10−1 νχ0 (TeV) 20//20.7 28.2//28.7 MW0 (TeV) 6.5//6.7 9.2//9.3 MU0 (TeV) 6.5//6.7 9.2//9.3 MP1 (TeV) 14//14.5 19.8//20.1 MS1 (TeV) 28//29 39.6//40.2

A discuss˜ao precedente sintetiza os principais limites fornecidos ao modelo 3-3-1LHN pela cosmologia, e usou principalmente argumentos de abundˆancia, limites de DDE’s e LHC. Por´em argumentos cosmol´ogicos podem dar uma contribui¸c˜ao adicional ao 3-3-1LHN. Esta contribui¸c˜ao, se ver´a, refere-se ao limite permitido a ele para processos em que ocorram viola¸c˜ao de n´umero leptˆonico. Este ´e o tema da pr´oxima se¸c˜ao.

4.5

Processos LFV no 3-3-1LHN

O Modelo Padr˜ao, como se sabe, n˜ao possui processos que violem n´umero leptˆonico (Lepton Flavor Violation - LFV). Por´em, o fenˆomeno de oscila¸c˜ao de neutrinos implica claramente na viola¸c˜ao de n´umero leptˆonico de fam´ılia ao longo da propaga¸c˜ao dos mesmos. Torna- se, portanto, inescap´avel a necessidade de modifica¸c˜ao ou substitui¸c˜ao do SM para que tal resultado seja devidamente explicado. De fato, em adi¸c˜ao `a Mat´eria Escura, a oscila¸c˜ao de neutrinos e sua correspondente LFV ´e a mais clara evidˆencia da incompletude do SM. Processos LFV s˜ao assinaturas de fenˆomenos al´em do SM e, portanto, de grande interesse

4.5. PROCESSOS LFV NO 3-3-1LHN 82

Figura 4.7: Processo LFV a n´ıvel de loop presente no modelo 3-3-1LHN. A existˆencia de mixing entre os f´ermions Ni e lβ permite a viola¸c˜ao de n´umero leptˆonico. Figura retirada de [59].

em extens˜oes do mesmo [82, 83].

Dentre os processos LFV mais procurados, pode-se citar os decaimentos (1)µ → e + γ; (2)µ → e + e++ e (comumente escrito como µ → eee), al´em da convers˜ao (3)µ − e.

No 3-3-1LHN, processos LFV podem ser induzidos a n´ıvel de loop pelo candidato `a mat´eria escura N1, conforme mostrado na figura (4.7) para o processo µ → e + γ. A Lagrangeana

na eq. (4.8) mostra que esta part´ıcula interage com os l´eptons carregados pela troca de b´osons W0±, e pode ser a ponte que conecta m´uons e el´etrons. Na medida em que n˜ao existe mixing entre os diferentes sabores na referida Lagrangeana, n˜ao h´a liga¸c˜ao entre os l´eptons carregados. Por´em, se uma matriz de mistura n˜ao diagonal for adotada, haver´a um mixing entre os f´ermions Nα e lβ, o que induz viola¸c˜ao de n´umero leptˆonico de sabor, a n´ıvel de loop ao menos. Os elementos da matriz de mistura, UeN e UµN podem, assim, induzir processos

de LFV, que podem ser quantificados.

Seja gN1e= g/(22)UN1e e gN1µ= g/(22)UN1µ, onde (UNi`) ´e a matriz de mistura que

liga Ni ao l´epton carregado `. Tem-se ent˜ao que o branching ratio para o processo µ → eγ ´e

dado por[59, 82]: Br(µ → eγ) = 3(4π) 3α em 4G2 F (|AM|2 + |AE eµ| 2) , (4.19) com AM = −1 (4π)2(g N1e∗gN1µI++ N1,3+ g N1e∗gN1µI+− N1,3), AE = i (4π)2(g N1e∗gN1µI−+ N1,3+ g N1e∗gN1µI−− N1,3), (4.20)

4.5. PROCESSOS LFV NO 3-3-1LHN 83

onde IN1,3 s˜ao fun¸c˜oes integrais bastante extensas, que dependem da massa das part´ıculas

presentes no loop, e s˜ao fornecidas em [82]. GF ´e a constante de Fermi, e αem ´e a constante

de estrutura fina do eletromagnetismo: αem = 1/137.

As express˜oes (4.19) e (4.20) s˜ao muito complexas, e pouco ajudam a se obter uma intui¸c˜ao f´ısica do resultado esperado. ´E, assim, ´util se obter uma aproxima¸c˜ao anal´ıtica que simplifique o resultado. O caso MN1 ≡ MW0 apresenta tal simplifica¸c˜ao, e resulta em:

Br(µ → eγ) = 1.6 × 1 TeV MW0

4

|gN1e∗gN1µ|2. (4.21)

A aproxima¸c˜ao na equa¸c˜ao (4.21) mostra que aumentos dos termos gN1e e gN1µaumentam

o branching ratio do processo. Isso implica que tipicamente ser´a necess´ario um aumento de MW0 para que Br(µ → eγ) permane¸ca dentro de limites experimentais. Como M0

W e MZ0

est˜ao relacionados por MZ0 = 1.25MW0, o aumento da massa de W0 implica crescimento

correspondente de MZ0. Logo valores crescentes de |gN1e∗gN1µ| deslocam as curvas permitidas

em um gr´afico MZ0 × MN1 para MZ0 maiores.

4.5.1

Restri¸c˜oes Cosmol´ogicas a Viola¸c˜oes de N´umero Leptˆonico

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