• Nenhum resultado encontrado

Linhas gerais do projecto Escola a Tempo Inteiro

A Escola a Tempo Inteiro

2. Linhas gerais do projecto Escola a Tempo Inteiro

Como acabámos de constatar, foi no intuito de elevar os resultados escolares e de proporcionar oportunidades idênticas a todos os alunos, que o ME lançou medidas que procuram garantir uma cobertura de horário a tempo inteiro, oferecendo aos alunos novas oportunidades de aprendizagem que passam pela implementação das AECS, ou seja, da Escola Tempo Inteiro.

O «programa de generalização do ensino de inglês e de outras actividades de

enriquecimento curricular no 1º ciclo do ensino básico» (Despacho n.º 12

591/2006), contextualiza-se num conjunto de medidas anteriores, visando a consolidação do prolongamento do horário escolar nas escolas do 1º CEB, no sentido de uma implementação do conceito de escola a tempo inteiro.

Como já o referi, este projecto, construído centralmente, apresenta-se sob a sustentação da «urgência em adaptar os tempos de permanência das crianças

nos estabelecimentos de ensino às necessidades das famílias» (Despacho n.º 12 591/2006), promovendo e assegurando um conjunto de actividade «pedagogicamente ric[as] e complementares das aprendizagens associadas à aquisição das competências básicas» (Despacho n.º 12 591/206), tendo em consideração os seus contributos para o «desenvolvimento das crianças e consequentemente para o seu sucesso escolar futuro» (Despacho n.º 12

591/2006).

Segundo o mesmo despacho, a escolha das actividades de enriquecimento curricular (AEC) deve ter em consideração os objectivos do projecto educativo dos agrupamentos de escolas e, tal como já o afirmei, podem abranger os seguintes domínios: «desportivo, artístico, científico, tecnológico e das

tecnologias da informação e comunicação, de ligação da escola com o meio, de solidariedade e voluntariado e da dimensão europeia de educação»

(Despacho n.º 12 591/2006, § 9). Não obstante, o ensino de inglês para os 3º e 4º anos e o apoio ao estudo constituem-se enquanto AEC obrigatórias e o ensino da música e actividade física e desportiva, pelas razões já adquiridas, como AEC preferenciais (Despacho – Orientações para Gestão Curricular no 1º

Ciclo do Ensino Básico), as quais sendo objecto de financiamento por parte do Ministério da Educação destinam-se à entidade promotora que pode ser constituída por Associações de Pais e Encarregados de Educação, Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS), Agrupamentos de Escolas, mas preferencialmente pelas Autarquias Locais, em resposta a uma «necessidade de consolidar e reforçar as atribuições e competências das autarquias» ao nível do 1º CEB (Despacho n.º 12 591/2006).

Do ponto de vista do processo de operacionalização das AEC‟s constata-se, de acordo coma leitura do despacho n.º 12 591/2006, que a planificação das actividades deve ser assegurada pelo estabelecimento de um acordo de colaboração (pelo menos) entre os agrupamentos de escolas e a entidade promotora, na qual devem ser obrigatoriamente envolvidos os professores titulares de turma e para a qual devem ser tomados em consideração os recursos humanos, materiais e físicos quer dos agrupamentos de escolas quer das comunidades locais.

Aos professores titulares de turma cabe ainda um papel particular, a supervisão pedagógica das AEC, que inclui a programação, o acompanhamento através da realização de reuniões com os professores dinamizadores e a avaliação das actividades; a realização do apoio ao estudo e a realização de reuniões com os encarregados de educação.

Para realizar o acompanhamento e a avaliação do programa foi criada uma Comissão de Acompanhamento do Programa (CAP) constituída pelo director- geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular e pelos directores regionais de educação, ainda que estes possam reunir com a Associação Portuguesa de Professores de Inglês, a Associação Portuguesa de Educação Musical, a Associação Nacional de Municípios Portugueses e a Confederação Nacional das Associações de Pais, bem como com outras entidades, desde que assim o desejem (Anexo ao Despacho n.º 12 591/2006, § 5-1). Cabe ainda a esta comissão «analisar, avaliar e aprovar as planificações e respectivas propostas

A Escola a Tempo Inteiro - Contextos Intrínsecos

FPCE-UP- Dissertação de Mestrado Página 45

Ainda em anexo ao Despacho n.º 12 591/2006 seguem ainda orientações quanto ao perfil, ou melhor às habilitações académicas e profissionais, dos profissionais a contratar para a dinamização do ensino de inglês, do ensino da música, da actividade física e desportiva e de outras actividades, bem como outras normas referentes à organização das actividades, nomeadamente, à constituição das turmas e à duração semanal e diária das actividades.

No que diz respeito às habilitações dos professores das três AEC‟s preferenciais, de uma forma geral, estas podem enquadrar-se no âmbito de uma formação profissional, própria ou especializada para a docência em cada uma das áreas científicas, ao nível do ensino básico e ainda do ensino secundário no que diz respeito ao ensino da música; no âmbito de outros cursos reconhecidos pelo despacho para a dinamização de cada uma das áreas; e, apenas para o ensino da música, no âmbito de currículos relevantes que serão analisados e aprovados pela CAP. Relativamente à constituição das turmas, estas podem integrar um máximo de 25 alunos, podendo ser constituídas por alunos do 1º e 2º anos e por alunos do 3º e 4º anos.

A duração da semanal das AEC‟s está estipulada em 135 minutos distribuídos por três blocos de 45 minutos (duração diária). Em situações excepcionais relacionadas com dificuldades na disponibilização de espaços, a duração semanal pode reduzir para 120 minutos distribuídos por dois blocos de 60 minutos.

Neste ambicioso projecto, atribui-se especial importância ao envolvimento das escolas, dos agrupamentos, das autarquias, das associações de pais, entre outros, na construção de respostas diversificadas, em função das realidades locais, ao mesmo tempo que se pretende assegurar uma actuação coordenada de acompanhamento desta medida.

Ainda, no âmbito da “Escola a Tempo Inteiro”, é concedida às escolas uma margem de autonomia para gerir as dez horas semanais de prolongamento de horário, podendo tirar partido dos recursos existentes a nível local, nomeadamente de escolas de dança, teatro ou música, clubes recreativos ou associações culturais

Os recursos humanos necessários ao funcionamento das actividades de enriquecimento curricular podem ser disponibilizados por qualquer dos parceiros, à excepção da actividade “apoio ao estudo” cujos recursos humanos necessários são obrigatoriamente disponibilizados pelos agrupamentos de escolas.