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APA - American Psychological Association aum. - aumentada

Cap. - Capítulo cf. - conforme

CIECC - Centro de Investigação do Núcleo de Estudos e Intervenção Cognitivo- Comportamental da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra

coord. - coordenador corrig. - corrigida ed. - edição/edition

Ed(s). - Editor(es)/Editor(s) e.g. - por exemplo

EIDs - Esquemas Iniciais Desadaptativos EPs - Estilos Parentais

et al. - e outros

etc. - e assim por diante ex. - exemplo

i.e. - isto é

MABs - Memórias Autobiográficas MIDs - Modelos Internos Dinâmicos No ou nº - número

Org(s). - Organizador(es)

PEPs - Práticas Educativas Parentais rev. - revista/review Supl. - Suplemento Trad(s). - Tradutor(es) ver. - verificada vol - volume vs. - versus

Introdução

O ser humano vai-se construindo como resultado das suas escolhas, experiências pessoais e teia de ligações familiares e sociais, por isso, a forma como se relaciona, os vínculos de afeto que experiencia desde que nasce e o modo como vai qualificando essas experiências ao longo da sua vida, vão influenciar a maneira como recordará essas interações e como se relacionará consigo (self) e com os demais, especialmente no contexto íntimo onde mais se revela. Assim, interessa a esta investigação tentar compreender os Esquemas Iniciais Desadaptativos (EIDs) e as representações que o sujeito configura sobre a sua relação com os progenitores ao nível dos Estilos Parentais (EPs) e desvendar de que forma esses modelos internos de relacionamento se associam, numa vertente estruturante de reparação narcísica, aos três tipos de relacionamento amoroso (Submisso-Idealizador, o Eufórico-Idealizante e o Evitante-Desnarcisante) cujo desígnio é a reparação de falhas narcísicas sentidas nas ligações precoces ao nível do desenvolvimento estrutural do self, nos quais, segundo Mesquita (2012) o indivíduo prolonga no outro uma imagem de si, tão mais utópica quanto maior a fragilidade narcísica do seu self.

Stolorow e Lachmann (1983) indicam que “o narcisismo compreende as operações mentais cuja função é regular o colorido afetivo da representação do self, manter a sua coesão e estabilidade” (p. 32). Kohut (1988) sugere enfaticamente a relação entre as perturbações narcísicas e a falhas empáticas dos cuidadores, ressaltando que a base principal “dos distúrbios narcísicos da personalidade” são as “falhas, adquiridas na infância, na estrutura psicológica do self”, acompanhadas de “formações de estruturas secundárias, também estabelecidas no começo da infância, que estão relacionadas com a falha primária” (p. 24). Bowlby (1998) mostra a importância da relação mãe-bebé, tanto ao nível da regulação instintiva e biológica, quanto na sua participação dos “internal working models” (padrões de apreensão da realidade). Berlin e Cassidy (1999) dizem que a qualidade das relações de vinculação entre a criança e os seus progenitores, desempenha um papel fulcral na qualidade das relações íntimas/amorosas que o indivíduo irá desenvolver ao longo da sua vida. Mesquita (2011) aponta que nas teorias das relações de objeto, é defendido que a introjeção dos relacionamentos que o sujeito vivencia, constitui-se como base das relações de objeto internas, que por sua vez, vão influenciando as relações do indivíduo com os objetos externos. Assinalando que a dinâmica relacional própria das relações amorosas, é influenciada pelo mundo interno de cada interveniente da díade, compreendendo-se assim, que as dificuldades vivenciadas nas relações familiares e/ou as representações das mesmas, caso sejam elaboradas de forma identificativa pelo indivíduo, podem facilmente influenciar o tipo de relação amorosa por ele escolhida. Ao nível da

psicopatologia narcísica, Coderch de Sans (2013) defende que o indivíduo pode adquirir um caráter patológico, quando no sistema complexo da díade mãe-filho esta é incapaz de dar uma resposta adequada ao mesmo ou quando falta uma figura com a qual a criança/adolescente interatue ou experiencie uma vivência intersubjetiva de confiança e amor.

Perante estas conjeturas, percebe-se a importância das representações parentais no que toca ao condicionamento dos modelos internos de relação (EIDs/MIDs) do sujeito, que se enraizarão ao longo da sua vida adulta.

O presente trabalho encontra-se organizado em cinco partes: uma primeira parte constituída pela introdução (que contém a revisão da literatura de quadros teóricos relacionados com as variáveis em análise, de forma a permitir a consequente formulação de questões de investigação e compreensão dos resultados à luz dos mesmos); a segunda, composta pelo enquadramento teórico e constituída pelos quatro primeiros capítulos; a terceira parte, dirigida ao estudo empírico e constituída pelo capítulo da metodologia aplicada no estudo e pelo capítulo dos resultados obtidos; a quarta parte, respeitante às considerações finais do estudo e constituída por três capítulos; e, por fim, a quinta parte onde se indicam as referências bibliográficas mencionadas ao longo do estudo. O primeiro capítulo recai sobre o estudo dos Esquemas Iniciais Desadaptativos (EIDs) de Young e, o segundo capítulo diz respeito aos Estilos Parentais (EPs) do mesmo autor, esclarecendo- se conceitos e relações entre ambos, de forma mais detalhada. O terceiro capítulo incide na abordagem teórica sobre o processo de herança psíquica e relacional com ênfase nos EIDs, EPs e vinculação. O quarto capítulo refere-se aos relacionamentos amorosos de reparação narcísica, onde detalhadamente se aborda: as relações amorosas e vinculação (no âmbito da adultez emergente e da vida adulta); o narcisismo; e, os tipos de relacionamentos amorosos reparadores. O quinto capítulo dirige-se à metodologia, delineando-se as linhas gerais do estudo (pertinência da investigação, problema de investigação, objetivo geral e objetivos específicos do estudo e, questões de investigação) e os procedimentos (delineamento do estudo, população e amostra, constituição do suporte teórico e da amostra, caracterização dos instrumentos e, procedimentos na recolha de dados, éticos e deontológicos, no tratamento e na análise de dados). O sexto capítulo abrange, a apresentação e análise dos resultados, na qual se expõem as análises (descritiva, exploratória e correlacional) destinadas a dar resposta às questões traçadas e, a discussão dos resultados. Por fim, nos sétimo, oitavo e nono capítulos, apresentam-se respetivamente, as principais conclusões do estudo, as limitações e uma orientação para futuras investigações.