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4 METODOLOGIA

4.1 O LIVRO DIDÁTICO COMO FONTE DE PESQUISA

Dominguini (2010) pondera em seus estudos e levantamentos que pesquisadores como Guimarães, Oliveira e Bomény (1984, p. 111) consideram o livro didático como “parte do arsenal de instrumentos que compõem a instituição escolar, por sua vez, da política educacional, que se localiza num contexto histórico e social”. O autor ainda ressalta que o livro didático pode ser entendido como o local onde se encontram, de forma estruturada, os conhecimentos, as habilidades e os valores que serão transmitidos pelos professores às futuras gerações. Esse material pedagógico tem uma importante relevância no processo ensino-aprendizagem e deve oferecer ao professor orientação para seu trabalho docente, não como única ferramenta do processo ensino-aprendizagem, mas como mais um recurso que se insere ao processo. O autor ainda menciona que os professores utilizam os livros didáticos na

orientação de suas atividades em sala de aula, no que se refere à adaptação e seleção de conteúdos e, por consequência, em relação às demais atividades.

Para Lopes (2007), o livro didático encontra-se inserido em discussões políticas situadas no campo do currículo, quando se faz necessário entender o currículo como política cultural que se integra de forma prioritária a produção do conhecimento escolar, sendo imprescindível a política integrada às decisões que tratam a vida coletiva, para além da restrição ao poder central do dos governos e do estado. De acordo com Choppin (2004), quando se considera o livro didático como fonte de pesquisa documental, no marco da pesquisa histórica, há uma vasta possibilidade de análises, escolhas, caminhos e documentos a serem seguidos e utilizados. Diante das escolhas que o pesquisador faz, frente às várias possibilidades que o livro didático oferece, ele tratará o seu objeto de pesquisa, como fonte principal ou como apenas uma das fontes de análise.

Nesse sentido, Apple (1989) ressalta, em suas análises, a importância dos livros didáticos nas políticas do currículo, em que os interesses econômicos estão atrelados ao processo de produção e distribuição desses livros, em que resulta numa determinação econômica e estatal na produção dos livros didáticos.

De acordo com Lopes (2007), ao se efetuar análises de conteúdos nos livros didáticos, é de fundamental importância a atenção para com a linguagem, pois tanto ela pode servir de instrumento para a discussão racional de conceitos matematizados, como o vínculo de metáforas realistas, pretensamente didáticas, que acabam por obstaculizar o conhecimento científico. Conforme ressalta a autora, o descaso para com as rupturas na linguagem científica tende a reter o educando no conhecimento comum, não levando em conta que a ciência sofre mudanças e retifica seus erros. Conforme Lopes (2007), o estudo da História da Ciência pode servir de aliado no processo de superação dos obstáculos epistemológicos a partir do estudo dos problemas científicos, em detrimento aos resultados científicos.

Assim, uma das formas de se perceber as características presentes nos livros didáticos é submetê-los a um processo de pesquisa, por meio de uma análise de conteúdo, sendo importante destacar que o processo de análise de um conteúdo do livro didático não o representa na sua totalidade, pois representa uma amostra das obras, em que o objetivo principal da investigação é realizar uma análise de conteúdo e não uma análise efetiva do livro didático.

De acordo com Bardin (1995), a análise de conteúdo envolve um conjunto de técnicas que tem por intuito descrever os conteúdos através de uma abordagem sistemática. A autora ainda ressalta que esse processo requer três etapas que são denominadas por pré-análise, inferência e interpretação.

A primeira etapa corresponde à fase da organização, quando são traçados objetivos que visem à elaboração de categorias com a interpretação final. Nesta etapa, Bardin (1995) comenta sobre a questão da leitura “flutuante”, que visa uma primeira aproximação de forma a classificar e organizar as categorias. Assim, de acordo com a autora, a categorização é um processo de operação, que se apresenta e se caracteriza por classificar os elementos através de analogias e por critérios que são definidos de forma prévia.

Para ela, a inferência corresponde a um processo intermediário, que se insere através de análises de categorias pré-estabelecidas, no sentido de agrupar ou diferenciar os conteúdos apresentados no texto. A terceira etapa para a autora é a fase da interpretação, quando são percebidos os primeiros questionamentos por meio de situações e elementos, que são identificados na etapa da inferência.

É importante ressaltar que a Análise de Conteúdo é bastante recorrente para atingir as várias relações e interpretações envolvidas, devido à complexidade dos elementos que se apresentam nos textos. Nesse sentido, Bardin (1995) ainda pondera que os resultados e as expectativas atendidas dependem muito da trajetória e da relação pessoal do pesquisador com os livros didáticos.

A partir da articulação de categorias que integrem os elementos necessários que estabeleçam as relações entre a análise dos conteúdos, dos livros didáticos de Física das modalidades do Ensino Superior e do Ensino Médio, buscar-se-á perceber a influência dos livros didáticos do Ensino Superior sobre o processo de produção, escolha e análise dos livros didáticos do Ensino Médio.