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4 NO INTERIOR DAS ESCOLAS: O COTIDIANO DOS MUSEUS ENTRE

4.1 LOCALIZAÇÃO DOS MUSEUS NO ESPAÇO E NO TEMPO

No que diz respeito ao conjunto documental, este capítulo foi construído a partir dos exemplares de atas e relatórios enviados por escolas ao DE depositados no Apesc. De acordo com o índice do acervo do mês de junho de 2012, o arquivo dispunha, naquele momento, de:

23 volumes de relatórios enviados por escolas dos anos 1944, 1946 a 1949; 6 volumes de relatórios enviados por grupo escolar de 1945 a 1948; e 50 volumes de atas enviadas por grupo escolar nos anos 1941, 1943 a 1953.

O total chega a 79 exemplares. Embora a classificação distinga os documentos entre enviados por escolas ou grupos escolares, esta organização não é cem por cento fiel, havendo nos exemplares tanto documentos de escolas isoladas, reunidas, grupos escolares, quanto de escolas públicas e privadas. Além destes, foram consultados outros nove exemplares que faziam parte dessas duas categorias antes de junho de 2012108. Entre eles estavam relatórios de inspeção, atas de exames, jornais produzidos por alunos e movimento da caixa escolar. Consultaram-se ainda e se incluíram na análise dois exemplares de relatórios de associações auxiliares classificados como “Correspondência e Relatório” e “Relatórios das Inspetorias Escolares”, além de um exemplar classificado como “Relatório avulso”.

Portanto, foram examinados 91 volumes de atas e relatórios classificados ou não como tais109. Destes, 36 continham informações relativas ao museu escolar110, na condição de associação auxiliar da escola; quatro continham atas de reuniões pedagógicas em que um dos pontos de discussão eram as associações; logo, restou para uma análise mais detida o conteúdo de 40 volumes, quatro dos quais já foram abordados no terceiro capítulo, item 3.2.

Deste modo, dos 36 volumes selecionados, que de algum modo fazem referência ao museu escolar, elaborou-se o quadro abaixo, que informa a quantidade de atas e relatórios transcritos e examinados.

108 Conforme mencionado na introdução deste trabalho, nos meses de maio e junho de 2012, o Apesc procedeu a uma reorganização no fundo documental da educação, o que também ocasionou mudanças na classificação da documentação relativa às associações auxiliares da escola.

109 A consulta a estes documentos e o entendimento da nova lógica do acervo só foi possível devido ao auxílio prestado pela funcionária Flávia Sardá da Conceição, que, incansavelmente, conferiu boa parte dos exemplares e localizou outros que foram de grande utilidade.

110 Destes 36 exemplares, quatro referem-se quase na sua totalidade apenas ao museu escolar. São eles: ARQUIVO..., 1946a, 1949a, 1949c, 1950b.

Quadro 8 – Documentos sobre museu escolar produzidos pelas escolas entre 1944 e 1951 e arquivados no Apesc – até junho de 2012

Ano Atas Relatórios

1944 - 12 1945 - 8 1946 104 137 1947 - 1 1948 27 67 1949 368 246 1950 87 33 1951 28 28 Total 616 532

Fonte: dados sistematizados pela autora.

Do ano de 1949, um dos exemplares (ARQUIVO..., 1949c) contém apenas atas de fundação ou reorganização de museus, ou seja, a primeira ata anual de cada museu. Este exemplar é composto por cerca de 160 documentos, os quais não oferecem, além do registro burocrático, muitas pistas acerca das atividades realizadas.

Neste total de 1.148 documentos, estiveram representadas 318 escolas, distribuídas em diferentes regiões conforme se verifica no mapa seguinte (Fig. 9). Está incluso neste total (1.148) um relatório do GE Silveira de Souza de Florianópolis do ano de 1944 (GRUPO..., 1944), que descreve as atividades do museu como associação escolar, visto que, no conjunto dos documentos, este grupo não tinha sido contemplado, embora possuísse museu, totalizando assim 319 escolas.

A divisão dos documentos apontada no quadro 8 não levou em conta a classificação a que pertenciam, pois, embora alguns volumes estejam classificados como relatórios, encontram-se no seu conteúdo também atas. Além disso, a própria denominação das escolas do que consideravam ata ou relatório, algumas vezes estava equivocada; sendo assim, considerou-se, tal como em Otto (2012), que relatórios dizem respeito a relatos superiores a um mês e atas são descrições correspondentes a um dia, nas quais se registra o que se passa numa reunião, por exemplo. No caso dos museus, os documentos chamados de “movimento geral” foram classificados como relatórios.

Nota-se que tais volumes começam a tomar corpo a partir de 1944, mais ou menos à época da criação do cargo de inspetor das EPENE (1943) e da expedição das instruções contidas no Decreto nº 2.991 de 1944. Isso pode evidenciar que atas e relatórios foram mecanismos utilizados para comprovar o andamento dos trabalhos de modo mais sistemático nesse período.

No mapa abaixo, visualizam-se os municípios 111 presentes na documentação pesquisada. Adotou-se, por base, a divisão administrativa de 1949, pois, dos municípios localizados, cinco112 foram emancipados em 1948, única alteração do período (1944-1951) referente às cidades aqui em pauta.

Figura 9 – Localização dos municípios cujas escolas possuíam museu escolar entre 1944 e 1951

Fonte: elaboração da autora, divisão administrativa adaptada do mapa presente em Piazza (1970, p. 49).

Para auxiliar na leitura do mapa, elaborou-se o quadro 9, que informa o nome dos municípios indicados por números, bem como a quantidade de escolas que mencionou possuir museu. Os números localizados sobre os municípios no mapa correspondem ao número de ordem presente no quadro 9. A ordenação dos municípios teve como critério a quantidade de museus informada, estando, portanto, em ordem crescente.

111 Ao longo da dissertação, não se fez menção ao distrito em que as escolas se situavam, registrando-se apenas o município, pois esse dado nem sempre era informado pelas escolas. Esta advertência serve, sobretudo, para o leitor que conhece a atual divisão administrativa de Santa Catarina e a localização de algumas escolas. Tomamos como exemplo o GE Henrique Lage: atualmente localizado no município de Imbituba, fez parte do município de Laguna até 1958, quando da emancipação do distrito.

112 São eles: Ituporanga, desmembrado de Bom Retiro e Rio do Sul; Massaranduba, desmembrado de Blumenau, Itajaí e Joinville; Piratuba, desmembrado de Campos Novos e Concórdia; Taió, desmembrado de Rio do Sul; e Turvo, desmembrado de Araranguá.

Quadro 9 – Informações complementares da figura 9: número e nome dos municípios e quantidade de museus localizados em cada município

Nº ordem Município Nº museus Nº ordem Município Nº museus

1 Biguaçú 1 23 Taió 3

2 Brusque 1 24 Florianópolis 4

3 Imaruí 1 25 Joaçaba 4

4 Ituporanga 1 26 Blumenau 5

5 Nova Trento 1 27 Jaraguá do Sul 5

6 Piratuba 1 28 Itaiópolis 6

7 São Joaquim 1 29 Itajaí 6

8 São José 1 30 Laguna 6

9 Turvo 1 31 Palhoça 7

10 Araranguá 2 32 Massaranduba 8

11 Bom Retiro 2 33 Rio do Sul 9

12 Camboriú 2 34 Indaial 10

13 Campos Novos 2 35 Rodeio 11

14 Concórdia 2 36 Tubarão 13

15 Criciúma 2 37 Campo Alegre 17

16 Curitibanos 2 38 Mafra 18

17 Gaspar 2 39 Urussanga 18

18 Lages 2 40 Araquari 20

19 Porto União 2 41 São Francisco do Sul 20

20 Tijucas 2 42 Ibirama 22

21 Timbó 2 43 Orleans 26

22 Canoinhas 3 44 Joinville 45

Fonte: dados sistematizados pela autora.

Como se depreende do mapa (Fig. 9), o raio de expansão de museus na década de 1940 atingiu praticamente todos os municípios apesar de ser menor, em alguns, a quantidade de museus. Análises acerca da expansão territorial destes e da pouca ou muita representatividade em relação ao número de escolas ficam comprometidas, uma vez que não se têm os dados relativos ao conjunto total de escolas existentes no estado no período.

É evidente a quantidade díspar de museus entre os municípios. Nos que há uma presença mais elevada, a documentação encontra-se encadernada por cidade ou região, contendo atas ou relatórios de todas as associações existentes. Esse formato de arquivamento pode ter possibilitado a sobrevida desses documentos, bem como indicar um trabalho característico das escolas destas regiões quanto à escrituração.

Pouco menos de 30% da documentação informa o ano em que os museus foram fundados; deste percentual, a maior parte foi criada nos anos de 1943, 1944 e 1946. Se o restante dos museus seguiu o mesmo padrão, tem-se um número reduzido de museus fundados antes da década de 1940.