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Localização e origem da comunidade

Está localizada no município de Itaóca, a aproximadamente 11 km do centro da cidade. Foi formada por negros que fugiram do recrutamento forçado para a Guerra do Paraguai, por volta de 1870. João Cangume foi um dos primei- ros negros que chegaram à localidade chamada Pinheiro Alto, posteriormente denominada Cangume.

A maior parte das áreas tradicionalmente ocupadas pelos fundadores da comunidade, foi vendida a fazendeiros, na segunda metade do século XX, por vezes cedendo à pressões e outras por necessidade de recursos. Por desconhe- cimento do valor da terra a maioria das famílias delas se desfi zeram, partindo para outras regiões como Itapeva e Sorocaba, ambas em São Paulo. Restam, hoje, para as famílias de Cangume, aproximadamente 16 hectares, cercados por fazendas de gado.

No fi nal do século XX, alguns membros da comunidade tomaram conhe- cimento de outras comunidades negras rurais que estavam se organizando para ter o reconhecimento de suas terras como quilombola, destacando-se o papel da EAACONE como disseminador de informações a respeito dos direitos das comunidades remanescentes de quilombo.

Em 2004, o Itesp reconheceu a comunidade como remanescente de qui- lombo. Mas até o momento a situação fundiária não foi resolvida, deixando as famílias em situação de insegurança, e impossibilitadas de exercer suas ativida- des de produção.

Em 2005, através da assessoria jurídica da Igreja Católica, conseguiram uma liminar judicial autorizando a comunidade a se utilizar de área pertencente a um dos fazendeiros, situada dentro da terra quilombola, como medida emer- gencial para viabilizar às famílias um espaço em que pudessem realizar suas atividades agrícolas.

Aspectos sócio-econômicos

1. Perfi l dos entrevistados:

Total dos entrevistados: 36 chefes de família, perfazendo 88% das famílias da comunidade.

Local de origem: a maioria nascida no município de Itaóca. 2. Perfi l da população (faixa etária, ocupação e fontes de renda)

Segundo levantamento realizado, temos uma população estimada de 175 pessoas, sendo aproximadamente 44% do sexo feminino e 56% do sexo masculino.

A maior parte da população possui menos de 30 anos de idade, conforme pode-se observar no Gráfi co 1.

Algumas pessoas exercem atividades como diaristas, havendo também um funcionário da Prefeitura de Itaóca. Pelo menos um tipo de benefício do governo está presente no orçamento de pouco mais da metade das famílias, conforme observado no Gráfi co 2.

Embora não presentes no gráfi co, tanto a venda de produtos das roças quanto a do mel produzido desde 2004, são fontes de renda para algumas fa-

Vista parcial da comunidade.

gráfi co 1. Faixa etária

gráfi co 2. Fontes de renda

Ag

enda socioambiental de Cangume

constante o corte de luz, devido ao alto valor da taxa de energia rural em rela- ção à realidade econômica das famílias. O uso de lampião e vela é comum.

Menos de um terço das famílias possuem televisão. O rádio é o veiculo de comunicação de metade das famílias.

O meio de transporte da maioria das pessoas são os cavalos. A estrada que liga a comunidade a Itaóca é precária.

Os equipamentos e infra-estrutura de uso comunitário existentes são: maquinário para fazer farinha de mandioca, equipamentos para fabricação de pães caseiros (ainda sem funcionamento), barracão multiuso, uma granja com alguns equipamentos (desativada), maquinário para benefi ciar mel e um viveiro de palmito (Euterpe edulis).

A maioria das pessoas faz suas compras (alimentos e vestuário) e se utiliza dos serviços públicos em Itaóca, e, em alguns casos, em Apiaí. Estima-se que mensalmente, em média, 25 pessoas da comunidade se desloquem até Itaóca.

4. Saúde e Educação

Não existe posto de saúde na comunidade. Quando necessário, as pesso- as têm que se deslocar até o posto de saúde de Itaóca, ou, em casos mais graves, são encaminhadas ao hospital de Apiaí. Contudo, mensalmente, há uma agente de saúde que atende a comunidade.

Há uma escola de 1ª a 4ª serie. Os jovens que querem cursar o ensino mé- dio deslocam-se para o bairro Pavão, distante 10 km. Para tanto, contam com o transporte escolar, fornecido pela Prefeitura de Itaóca.

5. Lazer, Cultura e Religião

As festas juninas e os bailes com forró, organizados pela Associação, são as formas de lazer que ocorrem comumente na comunidade.

A religião predominante é o espiritismo. 6. Forma de Organização

A Associação foi criada em 2003.

gráfi co 3. Ocupação

Viveiro comunitário de mudas de palmito.

O benefi ciamento do mel é uma atividade comunitária e fonte de renda.

3. Infra-estrutura, bens e serviços

Na comunidade há um agrupamento central onde estão parte das casas, a escola municipal (pré-escola até a 4ª série do ensino fundamental), o galpão multiuso e o telefone. Um pouco adiante está o campo de futebol, o viveiro de mudas, a granja (desativada) e o restante das moradias. A comunidade é corta- da por estrada que permite o acesso às casas por carro.

Na maioria das casas há fossa negra. Uma minoria dos moradores despeja os dejetos de cozinha no rio.

Há coleta de lixo na comu- nidade, entretanto a maioria dos moradores afi rmou dar outros des- tinos ao lixo doméstico.

A maioria das famílias utiliza lenha para cozinhar, mesmo as que possuem fogão a gás.

A água utilizada pela maio- ria das famílias é proveniente de minas. A região das roças da comu- nidade, também conhecida como “Toca da Onça”, está situada nas proximidades do rio Companhia, um dos importantes em Cangume.

Existe luz elétrica na maioria das casas, mas em algumas delas é