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ombasLocalização e origem da comunidade

A comunidade de Bombas está localizada no município de Iporanga e tem as comunidades de Praia Grande, Porto Velho, Cangume e João Surrá como suas vizinhas distantes. Está assentada sobre um terreno cuja formação geoló- gica é rica em rocha calcária, constituindo-se numa das regiões mais ricas em cavernas do país.

O acesso principal à comunidade se dá na altura do Km 6 da Rodovia An- tônio Honório da Silva, mais conhecida por Estrada Iporanga-Apiaí, na margem direita do Rio Betari. Após atravessar uma ponte sobre o Rio Betari e andar a pé, ou sobre o lombo dos animais, durante uma hora e meia, por uma variante (caminho largo) bastante sinuosa, chega-se ao primeiro agrupamento de casas, chamado de Bombas de Baixo. Seguindo a caminhada por mais uma hora che- ga-se no outro agrupamento, Bombas de Cima. Há outro acesso possível por trilha, mas pouco utilizado pelos moradores, que se inicia no Bairro da Serra, ainda na estrada Iporanga-Apiaí, passando pelo Lageado e seguindo para a re- gião do Roncador.

A comunidade é formada pelas seguintes localidades ou regiões: Cotia (mais conhecida como Bombas de Baixo), Cotia Grande, Lagoa, Mona, Paca, Roncador e Córrego Grande (mais conhecido como Bombas de Cima). As deno- minações “Bombas de Cima” e “Bombas de Baixo” são uma referência para loca- lização dos agrupamentos de casas existentes na área da comunidade, e, uma maneira de orientar as pessoas de fora quanto à localização de suas moradias. Ressalte-se que estas denominações se reportam às condições do relevo, e por conseguinte, da altitude relativa de cada agrupamento.

A área da comunidade teve sua ocupação iniciada no século XIX, por vol- ta de 1910 e 1920, devido à fi xação de escravos fugidos, de descendentes de escravos e de portugueses que ocupavam uma área próxima, conhecida como Fazenda Furquim. Também vieram pessoas de outras localidades de Iporanga, oriundas das famílias Mota e Ursolino, descendentes de famílias da comunidade de Nhunguara. Também vieram pessoas da região de Minas Gerais, como foi o caso do senhor Celestino Muniz, que antes de chegar à localidade de Bombas passou por Itaóca. Vieram também pessoas de Porto Velho, João Surrá (Paraná) e Três Águas (próximo da comunidade de Porto Velho).

Entre os anos de 1920 e 1930 chegaram pessoas da família Teixeira, provavelmente da região de Itapeva, e a partir de 1935, outros vieram do quilombo João Surrá, descendentes dos Peniche e também de famílias do quilombo de Praia Grande. A rede de parentesco existente em Bombas é for- mada pelas famílias Dias Peniche, Peniche de Matos, Dias Marinho, Ursolino e Muniz.

Em 1958 foi criado o Petar (Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira), e em 1983, o governo do Estado de São Paulo o delimitou com picadas, estabelecen- do também as normas legais de ocupação próprias a uma Unidade de Conser- vação desta categoria.

Os limites do Petar se sobrepuseram às áreas utilizadas pela comunida- de de Bombas, que se viu a partir disso, impedida de realizar suas atividades agrícolas, as quais implicavam em corte de vegetação em estágios mais avan-

Caminho que dá acesso às localidades que compõem a comunidade de Bombas.

além de assistirem à diminuição das áreas passíveis de cultivo, também foram restringidas nas atividades de criações de animais e proibidas de realizar qual- quer atividade extrativista. Até hoje não podem cultivar palmito juçara ou pu- punha, nem coletar sementes para repovoamento de Euterpe edulis (palmito juçara)

Em 2003, o Instituto de Terras do Estado de São Paulo viabilizou a elabo- ração do Relatório Técnico e Científi co (RTC) da comunidade, mas o processo de reconhecimento como comunidade quilombola não foi concluído até o mo- mento, devido aos confl itos com o governo do Estado de São Paulo, em relação ao Petar.

Aspectos sócio-econômicos

1. Perfi l dos entrevistados:

Foram entrevistados 18 chefes de família, totalizando 100% das famílias da comunidade.

Local de origem: a maioria nascida em Iporanga - SP. 2. Perfi l da população (faixa etária, ocupação e fontes de renda)

A população levantada é de 68 pessoas, das quais, aproximadamente 46% são do sexo feminino e 54 % do sexo masculino.

Apenas aproximadamente 26% da população tem idade acima de 30 anos, tratando-se de uma comunidade formada basicamente por pessoas jo-

Fe

Ag

enda socioambiental de B

ombas

Embora todos os chefes de família de Bombas se declarem agricultores, a principal fonte de renda vem dos benefícios e auxílios de governo, presentes no orçamento de mais da metade destas famílias, conforme pode ser observado no Gráfi co 2. Isto se explica pelo fato da atividade agrícola estar voltada basica- mente à agricultura de subsistência, por meio do cultivo nas roças de coivara. Apenas um agricultor pratica a modalidade “permacultura” há mais de cinco anos.

Entretanto as famílias de Bombas comercializam o excedente da criação de animais (porcos e galinhas) e do cultivo de frutas (incluindo a banana), am- bos realizados nos próprios quintais para atender ao consumo familiar. As fru- tas são vendidas no comércio de Iporanga, sendo transportadas no lombo de animais.

Outra fonte de renda é a venda de doces de fabricação caseira, atividade esta realizada até o momento apenas por um morador. São produzidos rapadu- ras, taiadas (doce feito com melado de cana, gengibre e farinha de mandioca) e outros doces adoçados com o melado. Esta produção é comercializada na cidade de Iporanga e com pessoas da própria comunidade. Tanto a venda de animais e futas, quanto a de doces, estão representadas no Gráfi co 2 pela cate- goria “outras” fontes de renda.

gráfi co 2. Fontes de renda

A apicultura é uma atividade de gera- ção de renda que envolve atualmente qua- tro famílias da comunidade. Estas famílias recebem assistência técnica do Itesp, tan- to nas etapas de produção do mel quanto para sua comercialização.

Sazonalmente, alguns moradores re- alizam trabalhos remunerados em fazendas próximas e na construção civil.

3. Infra-estrutura, bens e serviços

A comunidade possui dois agrupa- mentos de moradia. O primeiro na localida- de denominada de Bombas de Baixo, onde tem uma escola municipal (pré-escola até a 4ª série do ensino fundamental) e três casas nas proximidades. E o segundo agrupamen-

Escola municipal de Ensino Fudamental.

fo to s: Fe lipe L ea l/I SA

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