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Das experiências formais da arquitetura moderna paulista, descritas por Sanvitto, este exemplar corresponde particularmente ao conceito de “grande abrigo” (Imagem 116/ Imagem 117), a partir da coberta que se aproxima dos limites do lote.

Imagem 116 / Imagem 117 – Representações do “grande abrigo” segundo Sanvitto (1994) Fonte: Sanvitto (1994, p. 73)

A idéia do grande abrigo já era uma experiência perceptível na arquitetura da cidade nos anos 1970. Em 1979 era finalizada a construção do “novo” Terminal Rodoviário de João Pessoa (Imagem 118/ Imagem 119), projeto do arquiteto Glauco Campelo, o qual compartilhava também com o mesmo tipo de experiência técnico- construtiva da arquitetura moderna paulista daqueles anos: o uso de concreto aparente.

Imagem 118 – Novo Terminal Rodoviário da cidade de João Pessoa-PB Foto postal: Ambrosiana postais, São Paulo

Imagem 119 – Novo Terminal Rodoviário da cidade de João Pessoa-PB Foto: Ricardo F. Araújo (1988)

Situada na praia do Bessa, a Residência Haroldo Coutinho de Lucena, tem um programa distribuído em dois pavimentos (Planta Baixa 07 e Planta Baixa 08) edificados em terreno de esquina medindo 18m x 50m, tendo 430,00 m² de área construída. No térreo o programa consta de amplo terraço social, sala de jantar, 02 salas de estar, lavabo social, copa com despensa, cozinha e área de serviço. É interessante observar a ausência da dependência de empregada no projeto. No pavimento superior: sala de estudo, WC. Bo. Social, 02 quartos e 02 suítes com varandas.

Imagem 120 – Locação e coberta Elaboração: Ygor Nunes

Planta Baixa 07 – Térreo Elaboração: Ricardo F. Araújo

Planta Baixa 08 – Pavimento Superior Elaboração: Ricardo F. Araújo

Uma posição estratégica do lote de esquina valoriza a imagem da grande cobertura plana que avança sobre os limites laterais do lote (Planta Baixa 09 e Planta Baixa 10). O tratamento formal dado à cobertura está justificado pelo fato de que o terreno situa-se de frente para sul/sudeste, orientação dos ventos dominantes e, consequentemente, da chuva. A grande cobertura, plana e suspensa, não define apenas o “grande abrigo”, como também representa um elemento funcional que protege as aberturas (caixilhos de madeira com tabiques móveis e panos de vidro temperado) da ação direta de forças naturais. A idéia do grande abrigo, como na Residência Haroldo Coutinho de Lucena, vai incorporar algumas preocupações, em sua concepção espacial e formal, relativas ao controle climático apontadas por Armando Holanda (1976).

Imagem 121 – Conceito do “grande abrigo” presente na Residência Haroldo Coutinho Lucena Fonte: Arquivo Central da PMJP. Elaboração: Ricardo F. Araújo

Planta Baixa 09 – Marcação do grande abrigo no Térreo Elaboração: Ricardo F. Araújo

Planta Baixa 10 – Marcação do grande abrigo no Pavimento Superior Elaboração: Ricardo F. Araújo

Trata-se de uma residência que se destaca formalmente pela grande cobertura plana com empenas laterais cegas e pergolado exterior em balanço, executados em concreto aparente (Imagem 107). Diferentemente da Residência Laureano Casado, a Residência Haroldo Coutinho destaca-se pela leveza de sua estrutura de concreto, uma experiência mais próxima das idéias defendidas por Artigas e seus seguidores paulistas.

Vale ainda destacar que, além da forte expressão da estrutura, esta residência foi um dos poucos exemplares que apresentou o teto-jardim. Ele corresponde ao mesmo tempo ao teto do terraço social e ao jardim do segundo pavimento, dando a sensação de que a área verde é continua no piso dos quartos. Uma solução que, do ponto de vista exterior, se confunde com uma jardineira quando observamos acima do teto vigas em balanço, formando uma espécie de pergolado externo, o qual se estende por toda a fachada indo até o limite das empenas laterais.

Imagem 122 – Esquema de alguns elementos arquitetônicos Elaboração: Ricardo F. Araújo

Imagem 123 – Volumetria Elaboração: Ygor Nunes

5. RESIDÊNCIA EDÍSIO SOUTO

Ficha de Registro

Ficha de Análise

Mapa 09 – Localização / Cabo Branco Elaboração: Ricardo F. Araújo

Localizada no bairro do Cabo Branco em lote de 21m x 53,50m, trata-se de uma construção térrea com área de 412,24 m², que abriga um extenso programa: abrigo para dois automóveis, terraço social, sala de estar/ jantar integradas, lavabo social, copa, cozinha com despensa, área de serviço, banheiro de serviço, três dependências para empregados, quatro quartos (duas suítes) com varanda, banheiro social, sauna e piscina (Planta Baixa 11).

Imagem 124 – Locação e coberta Elaboração: Ricardo F. Araújo

Planta Baixa 11 – Térreo

A Residência Edísio Souto, dos arquitetos Amaro Muniz Castro e Armando Ferreira de Carvalho, projeto de 1978, apresenta um esquema de implantação em que o volume da casa busca aproveitar da melhor maneira possível a captação dos ventos dominantes, distribuindo a maior parte do programa em torno da área da piscina, setor que recebe forte incidência de luz natural em todos os períodos do ano (Imagem 125).

Imagem 125 – Solscítio de verão e inverno Elaboração: Fhillipe Germano

A experiência moderna marcante deste projeto está relacionada ao controle climático, a partir de um esquema de implantação que favorece a entrada do vento e da iluminação natural. Seu esquema de implantação em “U” é um recurso favorável à distribuição do vento e da luz natural numa casa de configuração horizontal. Os

arquitetos decidiram pela utilização de elementos construtivos que assegurassem o conforto térmico também no interior da construção (Imagem 126): um jardim interno protegido por um pergolado situado entre o setor social e íntimo da casa; e um shed que acompanha o alinhamento de banheiros. A escolha de elementos deste tipo garante a ventilação cruzada.

Imagem 126 – Corte esquemático Elaboração: Ricardo F. Araújo

Imagem 127 – Elementos identificados na coberta

Elaboração: Ricardo F. Araújo

O extenso pano de esquadrias de madeira, com tabiques móveis e vidro, prevalece no setor social e íntimo, enquanto no setor de serviço as aberturas são do tipo “boca de lobo” posicionada a 1,80m de altura, as quais garantem aeração e iluminação natural permanente na cozinha, como também oferece alguma privacidade aos patrões quando estes utilizam a piscina.

A laje plana foi coberta com telhas de fibrocimento e um sistema de vigas invertidas assume a função da platibanda, escondendo o telhado (Imagem 127). A volumetria marcada pela horizontalidade contrapõe-se aos elementos verticalizados, como o reservatório d’água superior e sheds (Imagem 128).

Imagem 128 – Elementos vistos na fachada sul Elaboração: Ricardo F. Araújo

Imagem 129 – Volumetria Elaboração: Ygor Nunes

Vale destacar que experiências muito semelhantes às realizadas na Residência Edísio Souto foram observadas em muitas outras casas. A utilização de

sheds, por exemplo, foi um dos elementos mais comumente encontrados nas casas

pesquisadas e que muitas vezes contribuía para ressaltar a horizontalidade das construções residenciais. Pode ser visto como um elemento de destaque nos projetos de todos os arquitetos preocupados com o controle climático (Imagem 130/ Imagem 131/ Imagem 132/ Imagem 133).

Imagem 130 – Residência Juventino Figueira Borges/ 1979 Arquiteto: Amaro Muniz Castro

Imagem 131 – Residência do arquiteto/ 1979 Arquiteto: Amaro Muniz Castro Fonte: Arquivo Central da PMJP

Foto: Ricardo F. Araújo (2008)

Imagem 132 – Residência do arquiteto/ 1979 Arquiteto: Emile Pronk

Fonte: Arquivo Central da PMJP Foto: Ricardo F. Araújo (2008)

Imagem 133 – Residência José Cassildo Pinto/ 1979 (óbito) Arquiteto: Jonas Arruda Silva

6. RESIDÊNCIA LUÍS CARLOS CARVALHO

Ficha de Registro

Ficha de Análise

Mapa 10 – Localização / Manaíra

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