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Arquitetura residencial em João Pessoa-PB a experiência moderna nos anos 1970

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(1)

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

PPGAU

Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo

RICARDO FERREIRA DE ARAÚJO

ARQUITETURA RESIDENCIAL EM JOÃO PESSOA-PB

A experiência moderna nos anos 1970

(2)

RICARDO FERREIRA DE ARAÚJO

ARQUITETURA RESIDENCIAL EM JOÃO PESSOA-PB

A experiência moderna nos anos 1970

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em arquitetura e Urbanismo (PPGAU), da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como exigência para a obtenção do título de Mestre em arquitetura e urbanismo.

Orientadora: Profa. Dra. Nelci Tinem

(3)

Seção de Informação e Referência

Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Central Zila Mamede

Araújo, Ricardo Ferreira de.

Arquitetura residencial em João Pessoa-PB: a experiência moderna nos anos 1970 / Ricardo Ferreira de Araújo. – Natal, RN, 2010.

301 f. : il.

Orientadora: Nelci Tinem.

Dissertação (mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Tecnologia. Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo.

1. Residências – Dissertação. 2. Experiência Moderna – Dissertação. 3. Anos 1970 – Dissertação. I. Tinem, Nelci. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.

(4)

RICARDO FERREIRA DE ARAÚJO

ARQUITETURA RESIDENCIAL EM JOÃO PESSOA-PB

A experiência moderna nos anos 1970

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em arquitetura e Urbanismo (PPGAU), da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como exigência para a obtenção do título de Mestre em arquitetura e urbanismo.

Aprovado em: _____/_____/_____

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________________ Profa. Dra. Nelci Tinem

Orientadora – PPGAU/ UFRN

_________________________________________________ Profa. Dra. Edja Bezerra Faria Trigueiro

Examinadora interna – PPGAU/ UFRN

_________________________________________________ Prof. Dr. Fernando Diniz Moreira

Examinador externo – MDU/ UFPE

(5)

“Gracias a la vida, que me hai dado tanto....”

(6)

AGRADECIMENTOS

Muito obrigado Profa. Dra. Nelci Tinem, orientadora.

Muito obrigado Aurora Dantas Maia, coordenadora do Arquivo Central da Prefeitura Municipal de João Pessoa.

Muito obrigado Fhillipe, Rayssa e Luciana, alunos colaboradores do Curso de Arquitetura e Urbanismo do UNIPÊ.

Muito obrigado professores e funcionários do PPGAU-UFRN.

(7)

“(...) não é verdade que nesses trinta anos não se

produziram coisas interessantes no Brasil.

Simplesmente elas não puderam aparecer.”

(8)

RESUMO

Em meados da década de 1980, a Revista Projeto publicava o catálogo Arquitetura Brasileira Atual, com textos de apresentação de Hugo Segawa e Ruth Verde Zein, o qual apresentava um corpus de obras e arquitetos atuantes nas décadas de 60 e 70. Naqueles anos 1980, compreender a produção arquitetônica brasileira pós-64 tornava-se uma missão significativa para reacender o debate arquitetônico brasileiro enfraquecido pela ditadura militar. Em sua tese de doutoramento Spadoni (2003) tratou das “trajetórias” que caracterizaram a produção arquitetônica brasileira dos anos 1970. Marcada pela inventividade, esta produção mantinha-se alinhada com o pensamento moderno e somente na passagem dos anos 1970 para os anos 1980 sintonizava o debate internacional envolto com uma chamada arquitetura “pós -moderna”. Tomando como base a tese de Spadoni, este trabalho trata da experiência moderna observada nas habitações unifamiliares construídas em João Pessoa nos anos 1970. Em alguns casos a experiência moderna apresenta-se oculta e para observá-la é necessário buscar em sua essência o tipo de experiência, pois na aparência elas não se apropriam do vocabulário moderno. Outras experiências observadas remetem ao repertório do Movimento Moderno do período áureo brasileiro dos anos 1940-1960, a expressão do concreto bruto aparente da arquitetura moderna paulista dos anos 60, ou a experiências em que o clima quente e úmido da Região Nordeste influência fortemente a concepção arquitetônica. Mas também vamos encontrar um número restrito de casas em que a experiência moderna se distingue das demais. Trata de experiências que expõe o fazer construtivo, deixando o material aparente e aplicando ao tipo residencial a experiência da pré-fabricação industrial.

(9)

ABSTRACT

In the mid-1980s, the magazine Projeto published the Actual Brazilian Architecture catalogue presenting texts by Hugo Segawa and Ruth Verde Zein with a corpus of works and engaged architects of the 1960s and 1970s. To comprehend the Brazilian architectural production post-1964, in those years of the 1980s, became a significant mission to reactivate the Brazilian architectural debate weakened by the military dictatorship. In his doctoral thesis Spadoni (2003) deals with the different ways which characterizes the Brazilian architectural production of the 1970s. Marked by inventiveness, this production was in tune with the modern thinking and in the transition period between the 1970s and the 1980s it synchronized with the international debate about post-modern architecture. Considering Spadoni’s doctoral thesis, this work deals with the modern experience observed in the one-family-houses built in the seventies in João Pessoa. Some modern experiences were not clear outside, to observe it, it was necessary to search for the type of experience into the spatial disposition and of the know-how constructive, because into the appearance some houses not make explicit the use of the modern language. Other observed experiences allude to the repertoire of the Brazilian period in the years 1940s-1960s, to the experience of the modern architecture in São Paulo of the 1960s, to the experiences in which the climate of the Northeastern region strongly influenced the architectural conception. We can also find in a reduced number of houses a particular experience: it refers to experiences that expose the constructive doing, which leave the material apparent and apply to the residential type the experience of the industrial pre-fabricated buildings.

(10)

LISTA DE IMAGENS

Imagem 01 – Residência Jacy Cavalcanti/ 1979... 20

Imagem 02 – Residência Acácio Colaço de Caldas Barros/ 1978... 20

Imagem 03 – Residência Paulo Germano Cavalcanti/ 1976... 20

Imagem 04 – Prancha 05 do projeto arquitetônico da Residência Jair Cunha... 21

Imagem 05 – Capa do Catálogo Mostra da Arquitetura Brasileira Atual/ 1985.... 24

Imagem 06 – Camelôs instalados na calçada do Paraíba Palace Hotel... 37

Imagem 07 – Camelôs instalados na calçada do Paraíba Palace Hotel... 37

Imagem 08 – Ênfase na horizontalidade... 42

Imagem 09 – Dinâmica da coberta... 42

Imagem 10 – Forma e escala do reservatório superior... 42

Imagem 11 – Elementos formais gerados pela iluminação indireta (sheds)... 43

Imagem 12 – Volumes que se projetam... 43

Imagem 13 – Residência Dr. Francisco Xavier Sobrinho... 46

Imagem 14 – Residência Artur Gonsalves Ribeiro... 46

Imagem 15 – Residência Túlio Augusto Neiva Morais... 46

Imagem 16 – Residência Maria Zélia Mesquita de Carvalho... 47

Imagem 17 – Residência Maria Jaydeth M. Leite... 47

Imagem 18 – Residência do arquiteto Marcos Marinho da Costa... 47

Imagem 19 – Residência Maria Solange Fonseca Maia... 48

Imagem 20 Residência Edísio Souto... 48

Imagem 21 – Residência Teones Barbosa de Lira... 48

Imagem 22 – Residência Sr. Potengi Holanda de Lucena... 49

Imagem 23 – Residência Aécio Pereira Lima... 49

Imagem 24 – Residência Sr. José da Guia Ferreira Nóbrega... 49

Imagem 25 – Residência Sr. Luís Régis Pessoa de Farias... 50

Imagem 26 – Residência Múcio Antonio S. Souto... 50

Imagem 27 – Residência do arquiteto Emile Pronk... 51

Imagem 28 – Residência Haroldo Coutinho de Lucena... 51

Imagem 29 – WTC... 58

Imagem 30 – Edifício Nakagin... 58

(11)

Imagem 32 – Estrutura geodésica... 58

Imagem 33 – Malha suspensa –La Ville Spatiale... 58

Imagem 34 – Plug-in-city... 58

Imagem 35 – Centre George Pompidou... 59

Imagem 36 – Ópera de Sidney... 59

Imagem 37 – Edifício-sede AT&T... 60

Imagem 38 – Teatro do Mundo... 63

Imagem 39 – Casa II... 64

Imagem 40 – Casa III... 64

Imagem 41 – Casa VI... 64

Imagem 42 – Edifício-sede da PETROBRÁS... 66

Imagem 43 – Edifício-sede da IBM... 66

Imagem 44 – Edifício-sede da FIESP-CIESP-SESI... 66

Imagem 45 – Pavilhão da Cia. Siderúrgica Nacional... 67

Imagem 46 – Pavilhão do Brasil, Expo Bruxelas... 67

Imagem 47 – Pavilhão de São Cristóvão... 67

Imagem 48 – Primeiras experiências casa-bola... 68

Imagem 49 – Primeiras experiências casa-bola... 68

Imagem 50 – Casa-bola II em construção... 68

Imagem 51 – Casa-bola II... 68

Imagem 52 – FAU-USP... 70

Imagem 53 – Pavilhão de Osaka... 70

Imagem 54 – Alojamento para estudantes, Cidade Universitária Armando Salles – Universidade de São Paulo... 71

Imagem 55 – Alojamento para professores, Cidade Universitária de Brasília... 71

Imagem 56 – Residência Alberto Ziegelmeyer... 72

Imagem 57 – Residência Dino Zammataro, Rodrigo Lefèvre/ 1971... 73

Imagem 58 – Residência Juarez Brandão Lopes, Rodrigo Lefèvre e Flávio Império/ 1968... 73

Imagem 59 – Residência Marieta Vampré... 73

Imagem 60 – Edifício Aristeu Casado... 82

Imagem 61 – Edifício Passárgada... 83

Imagem 62 – Edifício Lagoa Center... 83

(12)

Imagem 64 – Edifício TELPA Bairro dos Estados... 83

Imagem 65 – Edifício TELPA Tambaú... 84

Imagem 66 – CEF - Proposta do arquiteto Mário Glauco Di Láscio... 85

Imagem 67 – CEF - Proposta do arquiteto Jorge Decken Debiagi... 85

Imagem 68 – Agência Cabo Branco CEF... 86

Imagem 69 – Hotel Tambaú... 87

Imagem 70 – Centro Administrativo Estadual... 87

Imagem 71 – Estádio Ministro José Américo de Almeida – Almeidão... 87

Imagem 72 – Terminal Rodoviário de João Pessoa... 88

Imagem 73 – Espaço Cultural... 88

Imagem 74 – Viaduto Damásio Franca... 89

Imagem 75 – Antigo Viaduto Dorgival Terceiro Neto, atual Via Expressa Miguel Couto/ 1978... 89

Imagem 76 – Residência do Sr. José Maria de Araújo Dantas... 92

Imagem 77 – Residência Gualberto Chianca... 93

Imagem 78 – Residência do arquiteto Emile Pronk... 93

Imagem 79 – Residência Valter Vieira Toledo... 96

Imagem 80 – Residência Romualdo Francisco Urtiga... 96

Imagem 81 – Residência José Cassildo Pinto... 97

Imagem 82 – Residência Carlos Lira Maranhão... 97

Imagem 83 – Residência Jair Cunha... 97

Imagem 84 – Residência Dr. Francisco Xavier Sobrinho... 99

Imagem 85 – Residência Virgínio Veloso Freire Filho... 99

Imagem 86 – Residência Laureano Casado da Silva... 100

Imagem 87 – Residência Haroldo Coutinho de Lucena... 100

Imagem 88 – Residência Edísio Souto... 101

Imagem 89 – Residência Luís Carlos Carvalho... 101

Imagem 90 – Residência Antônio Queiroga Lopes... 102

Imagem 91 – Fachada Norte – Rua Adolfo Loureiro França... 104

Imagem 92 – Desníveis observados da Rua Adolfo Loureiro França... 106

Imagem 93 – Área social gerada pelos Pilotis... 106

Imagem 94 – Área social gerada pelos Pilotis... 107

Imagem 95 – CORTE FG/ sistema de cobertura e beirais... 107

(13)

Imagem 97 – Residência Dr. Francisco Xavier Sobrinho... 108

Imagem 98 – Residência Dr. Francisco Xavier Sobrinho... 108

Imagem 99 – Implantação Residência Virgínio Veloso Freire Filho... 110

Imagem 100 – Volumetria Residência Virgínio Veloso Freire Filho... 111

Imagem 101 – Volumetria Residência Virgínio Veloso Freire Filho... 111

Imagem 102 – Proteção das aberturas Residência Virgínio Veloso Freire Filho... 112

Imagem 103 – Detalhes construtivos: superfície de concreto, pedra calcária e calha de concreto na Residência Virgínio Veloso Freire Filho... 112

Imagem 104 – Planta de coberta e esquema de distribuição do espaço... 113

Imagem 105 – Setorização do espaço... 114

Imagem 106 – Desníveis... 114

Imagem 107 – Fachada Norte/ visão da Avenida São Paulo... 114

Imagem 108 – Fachada Norte/ visão da Avenida São Paulo... 114

Imagem 109 – Locação e Coberta Residência Laureano Casado da Silva... 116

Imagem 110 – Corte esquemático – prisma suspenso... 117

Imagem 111 – Sistema estrutural... 118

Imagem 112 – Esquemas de sustentação da caixa suspensa na Residência Laureano Casado da Silva, à esquerda; e na arquitetura moderna paulista, à direita... 119

Imagem 113 – Tratamento exterior... 120

Imagem 114 – Tratamento exterior... 121

Imagem 115 – Fachada Norte/ vista da Avenida Ruy Carneiro em 1988... 121

Imagem 116 –Representações do “grande abrigo” segundo Sanvitto (1994) Residência Haroldo Coutinho de Lucena... 123

Imagem 117 –Representações do “grande abrigo” segundo Sanvitto (1994) Residência Haroldo Coutinho de Lucena... 123

Imagem 118 – Novo terminal Rodoviário da cidade de João Pessoa-PB... 123

Imagem 119 – Novo Terminal Rodoviário da cidade de João Pessoa-PB... 123

Imagem 120 – Locação e Coberta Residência Haroldo Coutinho de Lucena... 124

Imagem 121 –conceito do “grande abrigo” presente na Residência Haroldo Coutinho Lucena... 126

Imagem 122 – esquema de alguns elementos arquitetônicos... 128

Imagem 123 – volumetria Residência Haroldo Coutinho Lucena... 129

(14)

Imagem 125 – Solscítio de verão e inverno Residência Edísio Souto... 132

Imagem 126 – Corte esquemático... 133

Imagem 127 – Corte esquemático... 133

Imagem 128 – Elementos vistos na fachada sul... 134

Imagem 129 – Volumetria Residência Edísio Souto... 134

Imagem 130 – Residência Juventino Figueira Borges... 135

Imagem 131 – Residência do arquiteto Amaro Muniz Castro... 135

Imagem 132 – Residência do arquiteto Emile Pronk... 135

Imagem 133 – Residência José Cassildo Pinto... 135

Imagem 134 – Residência Sr. Luís Régis Pessoa de Farias... 137

Imagem 135 – Residência Sr. João Wanderley... 137

Imagem 136 – Residência Sr. José Maria de Araújo Dantas... 138

Imagem 137 – Residência Sr. Rinaldo Souza e Silva... 138

Imagem 138 – Residência Sr. Potengi Holanda de Lucena... 138

Imagem 139 – Residência Sr. Luiz Carlos Carvalho... 139

Imagem 140 – Residência Noêmia Beltrão... 139

Imagem 141 – Residência Sr. Marinaldo Barbosa... 139

Imagem 142 – Locação e coberta Residência Luís Carlos Carvalho... 140

Imagem 143 Corte esquemático e sala de estar da Residência Luís Carlos Carvalho...142

Imagem 144 – elementos presentes na fachada oeste... 143

Imagem 145 – Configuração volumétrica... 143

Imagem 146 – Elementos pré-fabricados... 144

Imagem 147 – Interiores/ residências diversas... 144

Imagem 148 – Interiores/ residências diversas... 144

Imagem 149 – Interiores/ residências diversas... 144

Imagem 150 – Alguns elementos decorativos que podem apresentar-se nas chamadas “casas híbridas”... 145

Imagem 151 – vista da Rua da Residência Antonio Queiroga Lopes... 146

Imagem 152 – Fachada Sul Residência Antonio Queiroga Lopes... 146

Imagem 153 – área da piscina Residência Antonio Queiroga Lopes... 146

Imagem 154 – Locação e Coberta Residência Antonio Queiroga Lopes... 147

Imagem 155 – Planta baixa Residência Antonio Queiroga Lopes... 148

(15)

LISTA DE QUADROS

Quadro 01 – Autores / datas que trataram da arquitetura moderna de um

determinado período... 25

Quadro 02 – Conteúdos tratados por alguns autores pesquisados... 31

Quadro 03 – Modelo da ficha para anotação das informações preliminares sobre as residências construídas em João Pessoa nos anos 1970... 34

Quadro 04 Número de pastas e de processos arquivados referentes às residências construídas em João Pessoa nos anos 1970... 34

Quadro 05 – Número de residências encontradas no arquivo de interesse para a pesquisa... 35

Quadro 06 – Distribuição do número de residências encontradas no arquivo por bairros... 38

Quadro 07 – Arquitetos atuantes na cidade nos anos 1970... 39

Quadro 08 – Arquitetos atuantes na cidade entre 1930-1970... 40

Quadro 09 – Tipo de experiência e vocabulário moderno de um período... 54

Quadro 10 – Panorama da produção arquitetônica internacional (Fins dos anos 1950 a meados dos anos 1980)... 56

Quadro 11 – Panorama da produção arquitetônica no cenário nacional (Fins dos anos 1950 a meados dos anos 1980)... 64

Quadro 12 – Conjuntos Habitacionais construídos na cidade de João Pessoa no final dos anos 1960 financiados pelo SFH... 77

Quadro 13 – Conjuntos Habitacionais construídos na cidade de João Pessoa no início dos anos 1970 financiados pelo SFH... 77

(16)

LISTA DE MAPAS

Mapa 01 – Bairros que formam os eixos de expansão da cidade

de João Pessoa nos anos 1970... 76

Mapa 02 – Conjuntos Habitacionais no início dos anos 1970... 77

Mapa 03 – Conjuntos Habitacionais construídos entre 1975-1979... 79

Mapa 04 – Bairros mais beneficiados pela expansão da infraestrutura... 80

Mapa 05 – Localização / Cabo Branco... 103

Mapa 06 – Localização / Bairro dos Estados... 109

Mapa 07 – Localização / Tambauzinho... 115

Mapa 08 – Localização / Praia do Bessa... 122

Mapa 09 – Localização / Cabo Branco... 130

(17)

LISTA DE SIGLAS

CAU/ UFPB – Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal da Paraíba

PMJP – Prefeitura Municipal de João Pessoa

CNPU – Comissão Nacional de Regiões Metropolitanas e Política Urbana SFH – Sistema Financeiro de Habitação

BNH – Banco Nacional da Habitação

IAB/ RJ – Instituto de Arquitetos do Brasil/ departamento do Rio de Janeiro CREA – Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura

CEF – Caixa Econômica Federal

FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo CIESP – Confederação das Indústrias do Estado de São Paulo SESI – Serviço Social da Indústria

(18)

SUMÁRIO

1INTRODUÇÃO... 18

1.1 Construção do Objeto de Estudo... 21

1.2 Justificativa... 27

1.3 Objetivos... 29

1.3.1 Objetivo geral... 29

1.3.2 Objetivos específicos... 30

1.4 Procedimentos Metodológicos... 30

1.4.1 Pesquisa bibliográfica... 30

1.4.2 Pesquisa em arquivo... 33

1.4.3 Sistematização das informações... 36

1.4.4 Pesquisa de campo... 45

1.4.5 Definição dos elementos de análise... 52

1.5 Estrutura do Trabalho... 55

2 A EXPERIMENTAÇÃO MODERNA NOS ANOS 1970... 56

2.1 O Cenário Internacional... 56

2.2 A Experiência Moderna Brasileira nos Anos 1970... 64

3 DA REALIDADE DO LUGAR... 75

3.1 A Cidade de João Pessoa nos Anos 1970... 75

3.2 Da Arquitetura na Paisagem Urbana... 81

4 ARQUITETURA RESIDENCIAL MODERNA EM JOÃO PESSOA NOS ANOS 1970... 90

4.1 Sobre a Experiência Moderna... 90

4.1.1 Estratégias de organização espacial... 90

4.1.2 Decisões projetuais recorrentes... 91

4.1.3 Elementos arquitetônicos... 92

4.1.4 Materiais e técnicas construtivas... 93

4.2 A Experiência Moderna na Arquitetura Residencial de João Pessoa nos Anos 1970... 94

(19)

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS... 151

REFERÊNCIAS... 155

ANEXOS... 160

ANEXO 01 - FICHAS DE REGISTRO... 161

(20)

1 INTRODUÇÃO

Ao caminhar para a conclusão do Curso de Arquitetura e Urbanismo na Universidade Federal da Paraíba (CAU/ UFPB) no segundo semestre de 1988, dois pensamentos antagônicos marcavam o debate arquitetônico brasileiro dos anos 1980: o pensamento moderno e o pensamento chamado pós-moderno, ambos eloqüentes e convincentes, naquele momento. As experiências do pensamento moderno constituíam a base da minha formação acadêmica (1983-1988), enquanto as experiências pós-modernas rondavam os ambientes extra-acadêmicos e povoavam o imaginário profissional alimentado pelas publicações especializadas da época.

As lições modernas predominantes no meio acadêmico eram transmitidas através da utilização da planta livre, de um resultado volumétrico fortemente ligado à

organização do espaço, da obediência à máxima “a forma segue a função”, da

qualidade do material empregado, especialmente as soluções associadas ao concreto armado, do lançamento da estrutura independente segundo um traçado regular e modulado e do domínio de conhecimentos associados ao controle climático.

A experiência pós-moderna era captada, através de revistas, nacionais e internacionais, e muitas vezes interpretada pela sua aparência. As imagens das obras de Aldo Rossi, Robert Venturi, Charles Moore, Mário Botta, Philip Johnson, James Stirling e Michael Graves, entre outros, serviam de referência exemplar para a chamada arquitetura moderna. Ao mesmo tempo, essa experiência pós-moderna não era suficientemente discutida no meio acadêmico, talvez porque não se configurasse como uma alternativa para o corpo docente, em sua maioria de formação moderna, talvez porque houvesse pouca informação sobre o assunto por parte daqueles que o defendiam, uma vez que o debate sobre esse tema ainda era incipiente no Brasil.

O conflito que essas “tendências opostas” geraram em minha formação

profissional era um reflexo tardio do que havia se processado no cenário da produção arquitetônica brasileira na passagem dos anos 1970 para os anos 1980, quando a crítica à arquitetura moderna, e a chamada arquitetura pós-moderna,

(21)

compreendíamos nossa produção arquitetônica moderna mais recente dos anos 1960-1970.

A produção arquitetônica brasileira dos anos 1970 foi marcada pelo regime militar, pelas imposições da ditadura, pelo “milagre brasileiro” e por um forte vínculo com a arquitetura moderna. Um momento em que as experiências da arquitetura moderna brasileira foram ignoradas pela crítica internacional e em que as discussões internas distanciavam-se do debate internacional sobre as experiências ditas pós-modernas. Se na Europa e nos Estados Unidos as idéias em torno a uma arquitetura “pós-moderna” ganhavam espaço, no Brasil os arquitetos mantinham-se fortemente ligados às experiências modernas que marcaram os anos 1940-1960 e às experiências dos arquitetos paulistas dos anos 1960.

Pesquisas sobre a arquitetura moderna na cidade de João Pessoa têm estudado, particularmente, a produção realizada entre as décadas de 1940 e 1960, período áureo do movimento moderno no Brasil. A perspectiva de realizar um estudo sobre arquitetura moderna para além dos anos 1960 é uma oportunidade de estudar uma produção pouco tratada no panorama da história da arquitetura brasileira e realizar uma pesquisa que possa contribuir com o conhecimento arquitetônico da cidade e com o enriquecimento do debate sobre a experiência moderna no Brasil.

Interessa a este trabalho o entendimento dos acontecimentos e das experiências que marcaram a produção arquitetônica moderna dos anos 1970 e seu raio de influência sobre a arquitetura residencial de João Pessoa do mesmo período.

(22)

Imagem 01 Residência Jacy Cavalcanti/ 1979

Arquitetos: Carlos Alberto Carneiro da Cunha/ Edmundo Ferreira Barros

Fonte: Arquivo Central da PMJP. Foto: Ricardo F. Araújo

Imagem 02 Residência Acácio Colaço de Caldas Barros/ 1978

Arquiteto: Hugo Miguel Gimenez Salinas

Fonte: Arquivo Central da PMJP. Foto: Ricardo F. Araújo

Imagem 03 Residência Paulo Germano Cavalcanti/ 1976

Arquiteto: Régis de Albuquerque Cavalcanti

(23)

Imagem 04 Prancha 05 do projeto arquitetônico da Residência Jair Cunha, 1979

Arquiteto: ARQUITETURA 4

Fonte: Arquivo Central da PMJP. Foto: Ricardo F. Araújo

1.1 Construção do Objeto de Estudo

Nos anos 1970, a crítica ao movimento moderno marcava o cenário da produção arquitetônica internacional, difundindo principalmente a imagem de uma arquitetura chamada de “pós-moderna”. Segundo Nesbitt (2006), entre 1965-1985 a crítica ao Modernismo era incrementada por exposições, publicações e debates que procuravam elucidar uma “crise” que se alastrava sobre a arquitetura moderna internacional e aatuação dos arquitetos modernos, desde o final da década de 1950 e início da década de 1960.

No cenário nacional, a produção arquitetônica procurava adequar-se à conjuntura social e política, imposta pelo governo militar, por uma economia que realizava o chamado “milagre brasileiro” e por grupos culturais e artísticos em que se destacava a atuação de arquitetos, como João Batista Vilanova Artigas, Flávio Império, Rodrigo Lefévre e Sérgio Ferro, que davam certa conotação política a suas posições de resistência e combate ao regime militar.

(24)

sistema interligado de rodovias que promovesse a desejada integração nacional. A Rodovia Transamazônica, por exemplo, que seria responsável pela aproximação das Regiões Norte e Nordeste do restante do país, nunca chegou a cumprir esse papel.

As construções de grande porte, promovidas pelas políticas desenvolvimentistas dos governos militares, estavam associadas ao crescimento dos setores industrial, hidrelétrico, de transportes, abastecimento, político-administrativo, escolar, urbano e habitacional (SEGAWA, 1999) que se estendiam por todo o território brasileiro, buscando garantir um sentido de integração e de engrandecimento nacional. Indústrias, hidrelétricas, centrais de abastecimentos (Ceasas), centros administrativos, escolas e conjuntos habitacionais, eram os tipos que compunham o cardápio de obras daqueles anos.

O otimismo econômico dos anos 1970 planejou a construção de vilas e cidades, para a “colonização” do interior, situadas próximas das áreas de atividades mineradoras e de construção de hidrelétricas. Também, em 1974, surgiu a Comissão Nacional de Regiões Metropolitanas e Política Urbana (CNPU), que centralizou as decisões de planejamento.

Surgiram os cursos de pós-graduação em planejamento urbano nas universidades brasileiras, passando-se a entender que as disciplinas de urbanismo nas escolas deveriam configurar-se a partir da lógica da conjuntura econômica e política, promovendo discussões voltadas às análises políticas e sociológicas ao invés de debates direcionados às soluções de concepção ou de desenho. Valorizava-se a questão da interdisciplinaridade.

(25)

O reducionismo da ação governamental da área habitacional nos anos de 1970-1980 dificilmente poderia ser caracterizado como “um programa”: a trajetória entre o conjunto do pedregulho, de Reidy, e às casas-embriões servidas basicamente com a instalação da parte hidráulica é suficiente para ilustrar o retrocesso ao longo dessas décadas (SEGAWA, 1999).

De acordo com Segawa (1999) os programas habitacionais desenvolvidos pelo SFH, através do Banco Nacional da Habitação (BNH), também patrocinou a construção de residências de alto e médio padrão. A política do SFH tornava construções de elevado padrão construtivo acessível aos grupos sociais privilegiados, enquanto a população de baixo poder aquisitivo tinha acesso a casas de baixa qualidade arquitetônica, realizadas com poucos recursos técnico-construtivos.

No campo cultural brasileiro, os anos 1970 foram marcados pela luta armada, pelo terror instaurado pela ditadura militar e pela resistência de jornalistas, escritores e cineastas. No campo da arquitetura o desenho e a prática no canteiro, estudados respectivamente por Artigas e pelo Grupo Arquitetura Nova, representaram tentativas de resistir e combater o regime militar. A repressão cultural imposta pelo Golpe de 64 trouxe sérias conseqüências para o desenvolvimento do conhecimento arquitetônico no país: a comunidade acadêmica foi perseguida, professores foram cassados e algumas publicações especializadas em arquitetura foram proibidas ou dificultadas (BASTOS, 2003, p. 05). Nos anos 1970 contávamos apenas com duas revistas de arquitetura: a Acrópole, que teve sua atuação encerrada pelo regime militar em 1972 e a Projeto que inicia suas atividades em 1977.

A fraca presença da experiência moderna brasileira em publicações internacionais também contribuiu para enfraquecer o debate arquitetônico nacional nos anos 1970. A retomada do debate sobre a produção arquitetônica brasileira deu-se na passagem para os anos 1980 com a abertura política. Nos anos 1980 o interesse da crítica enfraquecida pelos anos do regime militar buscava compreender as experiências da arquitetura brasileira do período pós-1964 até o início da década de 1980, quando se prenunciava a presença no debate brasileiro da “post-modern architecture”. Em meados dos anos 1980 a Revista Projeto apresentou um encarte especial (Imagem 05), talvez o primeiro deles, naqueles anos pós-ditadura militar,

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-Brasília” em textos que antecipavam o conjunto de obras dos arquitetos brasileiros representativos daquelas décadas.

Imagem 05 –Capa do Catálogo Mostra da Arquitetura Brasileira Atual/ 1985

Fonte: Revista Projeto, 1985

Sobre o ensino da arquitetura em fins de 1979, Lemos (1983) aponta a existência de trinta e nove escolas de arquitetura no Brasil, 21 mil alunos assistidos por 1600 professores e uma expressão arquitetônica em que as experiências de Oscar Niemeyer e João Batista Vilanova Artigas são os destaques.

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Quadro 01 Autores / datas que trataram da arquitetura moderna de um determinado período

Elaboração: Ricardo F. Araújo

Bruand (1981), por exemplo, tratou da experiência moderna produzida entre os anos 1930 e meados dos anos 1960; Segawa (1999) abordou o assunto percorrendo toda a produção realizada entre o início e o fim do século XX; Spadoni (2003) apresentou a arquitetura moderna particular do período 1970-1980. O quadro acima permitiu organizar os conteúdos de interesse para a pesquisa e observar quais os autores que trataram da arquitetura moderna nos anos 1970.

Podemos dizer que o estudo da arquitetura moderna brasileira dos anos 1970 é recente e que o volume de publicações que tratam do assunto ainda é restrito. Os livros mais recentes sobre a experiência moderna nos anos 1970 foram publicados entre 2003 e 2004. No entanto, a base teórica da pesquisa centrou-se em referências que foram publicadas entre 1983 e 2004. São elas: Acayaba (1983), Arantes (2002), Bastos (2003), Khoury (2003), Segawa (1999) e Spadoni (2003). Sobre a experiência arquitetônica moderna internacional dos anos 1970, Curtis (2008), Moneo (2008) e Weston (2004) foram os títulos escolhidos por serem as publicações mais recentes sobre o assunto. Outros autores citados no Quadro I não tratam diretamente do recorte temporal objeto de estudo dessa pesquisa, mas abordam assuntos correlatos.

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arquitetônica dos anos 1970 com um “pluralismo” que expressava as suas múltiplas “tendências”.

Para Weston (2004), os arquitetos modernos encontraram na residência unifamiliar um dos tipos mais apropriados para a realização de experiências de diferentes naturezas: múltiplas tendências, teorias, formas e materiais. Em seu livro A Casa no Século XX ele comenta particularmente as diferentes experiências modernas construídas no Ocidente ao longo dos anos 1910-1990, contemplando os seus exemplares mais significativos. Dos anos 1970 ele destaca as Casas Trubek e Wislocki (1971-72) de Venturi, a casa de Westchester County, em Nova Iorque (1974-76) de Robert Stern e a casa Plocek (1976-82) de Michael Graves como referências da experiência “pós-moderna”. Para o autor esses exemplos apontam referências do passado e recorrem a efeitos cenográficos para expressar uma falsa solidez. Outra referência arquitetônica marcante dos anos 1970, citada por Weston, é a Casa VI (1972-75) de Peter Eisenman, que realizou diferentes experiências, em que submetia a linguagem moderna a uma série de complexas transformações formais equivalentes à dinâmica encontrada na sintaxe lingüística.

Acayaba (1983), Arantes (2002), Bastos (2003), Khoury (2003), Sanvitto (1994), Segawa (1999) e Spadoni (2003), autores que tratam da arquitetura brasileira nos anos 1970, confirmam que nos anos 1970 os projetos de casas brasileiras não estabeleciam um diálogo com as experiências “pós-modernas” da Europa e dos Estados Unidos. Segundo Spadoni (2003), nos anos 1970, ainda mantínhamos uma tradição construtiva ligada às experiências realizadas entre os anos 1940-1960, período de grande prestígio da arquitetura moderna brasileira. Para ele, os anos 1970 devem ser compreendidos como um momento em que a produção brasileira tentava renovar-se, mantendo o legado moderno das décadas anteriores, buscando, ao mesmo tempo, caminhos que contemplassem o debate sobre a crítica ao movimento moderno. Ele destaca que os anos 1970, no Brasil, marcam um período de “transição” entre a arquitetura moderna e as tendências contemporâneas.

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arquitetura de vanguarda”, a qual está se referindo à produção de Paulo Mendes da Rocha, Joaquim Guedes, Marcos Acayaba, Décio Tozzi e outros arquitetos formados em São Paulo. Bastos (2003) vai destacar a “ortodoxia do concreto aparente”, referindo-se ao “brutalismo paulista” da segunda metade da década de 1960, onde a expressão do concreto armado estava muito presente. Spadoni (2003) especula sobre a possibilidade do debate brasileiro sobre a chamada “arquitetura pós -moderna” ter enfraquecido a experiência brutalista paulista nos anos 1980.

Este trabalho traz como tema a arquitetura residencial moderna em João Pessoa – PB nos anos 1970 e propõe analisar as experiências realizadas nas habitações unifamiliares construídas na cidade naqueles anos. Se a arquitetura moderna brasileira de prestígio internacional caracterizou-se pelo seu caráter experimental e inovador, o que a arquitetura residencial moderna em João Pessoa nos anos 1970 propõe? É uma produção em que podemos encontrar traços de uma continuidade moderna? Ou em algum momento ela busca a superação dessa linguagem? O que essa produção traz de particular para a compreensão da arquitetura brasileira? Ela reflete as experiências modernas realizadas no cenário nacional dos anos 1970?

Para realizar uma análise dessa produção foi preciso buscar registros fidedignos do período. A observação de campo não era suficiente para delimitar o objeto de estudo. Assim a pesquisa no Arquivo Central da Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP) foi um passo importante para descobrir que casas eram de interesse para o desenvolvimento do trabalho.

1.2 Justificativa

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(...) não é verdade que nesses trinta anos não se produziram coisas interessantes no Brasil. Simplesmente elas não puderam aparecer. Dou os nomes de três ou quatro arquitetos, que fizeram experiências interessantíssimas e que só agora provavelmente terão possibilidade de publicar seus trabalhos no exterior, com a densidade que merecem (KATINSKY Apud SPADONI, 2003).

Alguns eventos em meados dos anos 1970 tentavam recuperar o fôlego do debate brasileiro. Entre 1976-1978, por exemplo, o IAB/RJ reuniu depoimentos de arquitetos de diferentes estados do Brasil buscando ampliar a reflexão sobre a crítica à produção brasileira, sobre a estrutura profissional e sobre as formas de contribuição política e social da categoria. As discussões apontavam a significativa transformação da atuação profissional entre meados dos anos 1950 e 1976, principalmente a partir do projeto e da construção de Brasília (GUIMARAENS, 2000) O debate brasileiro acerca da qualidade da arquitetura pós Brasília, passados alguns anos, retomou uma postura crítica enfraquecida com a ditadura.

Na retomada do debate arquitetônico que ocorreu em fins da década de 1970 e início da década de 1980, introduziu-se a questão da arquitetura que havia sido produzida nos últimos quinze anos, pós-60 ou pós-Brasília. Arquitetura esta que, no final da década de 1970 se julgava desconhecida devido à escassez de revistas especializadas, de congressos e debates. A partir dessa retomada, pelas tentativas de compreender o período numa perspectiva histórica, foi ficando clara a visão de Brasília como um marco na arquitetura contemporânea brasileira, apogeu ou coroamento de um período, ou ainda, como o início de um caminho estéril para a arquitetura nacional (BASTOS, 2003).

A retomada do debate brasileiro suscitava inúmeras questões, entre elas, o destino da produção arquitetônica brasileira dos 15 anos após Brasília. Para muitos historiadores a construção de Brasília era entendida como o momento em que “se estancou a capacidade inventiva da arquitetura moderna brasileira”. Seria ela a última representante dessa arquitetura moderna? Ou início da arquitetura contemporânea? A retomada do debate brasileiro a partir de Brasília poderia permitir uma reavaliação da arquitetura moderna brasileira incorporando e avançando a crítica ao movimento moderno.

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brasileira, encerrando um ciclo vitorioso da arquitetura moderna no Brasil. É eliminar a idéia de um período estéril de inventividade que se seguiu à Brasília, onde nada de novo aconteceu.

O enfraquecimento da crítica arquitetônica pós-64 contribuiu para que a arquitetura produzida desde então não tivesse, por muito tempo, visibilidade nem nacional, nem internacional. Para Verde Zein (1985), a ausência de crítica, que sempre marcou a arquitetura brasileira, tornou-se aguda no período pós-64, com a progressiva extinção das publicações especializadas, a repressão política pós-68 e a censura à imprensa, que só após 1975 se modifica.

Para a cidade de João Pessoa os anos de 1970 é um período pouco conhecido e estudado em relação a sua produção arquitetônica. Produção essa que é moderna e, salvo exceções, permanece íntegra. Entretanto, o processo de expansão urbana tem ameaçado essa integridade: alguns edifícios foram demolidos e muitos descaracterizados e/ou reformados sem nenhum critério de qualidade. Antes que este patrimônio desapareça por completo é importante estudá-lo e torná-lo público como constituinte da história da arquitetura moderna e da cidade.

Este trabalho visa discutir a cultura arquitetônica local, o conhecimento histórico, o debate e a crítica arquitetônica. A meta é despertar o interesse nessa produção, favorecer discussões nos meios acadêmicos e culturais da cidade sobre o tema e revelar o universo pouco conhecido de seus edifícios residenciais. É importante também o valor documental deste trabalho, contribuindo não apenas com o registro das obras, mas também com o resgate de profissionais pouco conhecidos pela historiografia da arquitetura moderna brasileira.

1.3 Objetivos

1.3.1 Objetivo geral

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1.3.2 Objetivos específicos

1. Situar a arquitetura residencial de João Pessoa no contexto da produção arquitetônica brasileira dos anos 1970 através dos projetos residenciais modernos encontrados no Arquivo da PMJP;

2. Mostrar os exemplares significativos dessa arquitetura residencial a partir dos registros gráficos encontrados no Arquivo Central da PMJP;

3. Observar, nas residências objeto de estudo, o raio de influência da experiência moderna brasileira dos anos 1970, tomando como referência a visão de autores brasileiros;

4. Através da observação de sua configuração, apontar os elementos característicos de uma arquitetura residencial distinta, ou seja, o que é particular na arquitetura residencial moderna de João Pessoa dos anos 1970.

1.4 Procedimentos Metodológicos

Para atender os objetivos traçados foram realizadas as seguintes atividades:

1.4.1 Pesquisa bibliográfica

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Quadro 02 –Conteúdos tratados por alguns autores pesquisados

Elaboração: Ricardo F. Araújo

O Quadro 02 procurou organizar alguns autores apresentados no Quadro 01 e a organização dos conteúdos tratados em suas obras conforme os diferentes momentos da produção arquitetônica moderna. Este quadro foi útil para apreender o contexto geral e os diversos momentos da arquitetura moderna ao longo de toda

“cadeia produtiva” em aproximadamente 50 anos, distinguir os autores que trataram

dos anos 1970 e delimitar o referencial teórico a ser abarcado pelo trabalho.

Na construção do objeto de trabalho, dois assuntos revelaram-se fundamentais:

A CRÍTICA AO MOVIMENTO MODERNO – Trata do momento em que os

ideais da arquitetura moderna são questionados no cenário internacional,

fazendo emergir um debate relacionado à “eficácia” das propostas do

movimento moderno, particularmente àquelas que buscavam solucionar o

aparente “caos urbano” na passagem da década de 1950 para a década de

1960. É observada, principalmente, na visão de CURTIS (2008) e MONEO (2008);

ARQUITETURA MODERNA BRASILEIRA NOS ANOS 1970 – Trata dos

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pós-64 com a emergência do “brutalismo paulista”, das experiências arquitetônicas no auge do “milagre brasileiro” e da produção do final dos anos 1970, com uma arquitetura pouco difundida. Esses assuntos são discutidos em Acayaba (1986), Arantes (2002), Bastos (2003), Khoury (2003), Segawa (1999), Sanvitto (1994) e Spadoni (2003).

Curtis (2008) vai caracterizar de forma abrangente a arquitetura internacional dos anos 1970 e o que representou o pluralismo arquitetônico enquanto expressão de um período marcado pelas diferentes reflexões sobre ao pensamento moderno. Moneo (2008) comenta particularmente o pensamento de Aldo Rossi, Robert Venturi e Peter Eisenman, arquitetos e teóricos importantes para a compreensão das transformações na produção arquitetônica entre os anos 1960 e 1970 e do surgimento da arquitetura “pós-moderna”.

Acayaba (1986) e Sanvitto (1994) destacam as experiências realizadas pela arquitetura paulista, particularmente os exemplares em que dominou a expressão do concreto armado aparente. Bastos (2003) assinala a importância dessa mesma arquitetura que, para ela, vai além dos limites da cidade de São Paulo e marca a produção arquitetônica brasileira dos anos 1970. Arantes (2002) e Khoury (2003) vão tratar particularmente das experiências realizadas pelo grupo Arquitetura Nova, representante paulista que, de certa forma, se contrapõe à hegemonia do “brutalismo paulista”.

O trabalho de doutoramento de Francisco Spadoni (2003) foi a mais importante referência para a compreensão dos anos 1970 na arquitetura moderna brasileira e na delimitação de um corpus de arquitetos e obras que caracterizam a produção desse período.

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A leitura desses títulos subsidiou o primeiro capítulo da dissertação e buscou construir uma visão geral das experiências da arquitetura moderna internacional entre os anos 1960-1970 e da produção arquitetônica brasileira da década de 1970.

1.4.2 Pesquisa em arquivo

O Setor de Construção do Arquivo Central da PMJP guarda grande volume de documentos relacionados às construções realizadas em João Pessoa. Estão particularmente organizados e íntegros os registros de 1975 até a atualidade. Nele foram encontrados documentos que tratavam de: remembramento / desmembramento de terrenos, alinhamento de calçadas, levantamentos planimétricos, projetos de reforma e ampliação e projetos de construção, entre outros. A pesquisa no Arquivo permitiu dimensionar o objeto de trabalho e o tempo necessário para sua realização. Para encontrar as residências de interesse para a pesquisa foi necessário investigar um grande número de documentos de diferentes naturezas, como: alvarás de construção, cartas de “Habite-se” e processos de embargo.

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Quadro 03 Modelo da ficha para anotação das informações preliminaressobre as residências construídas em João Pessoa nos anos 1970

Elaboração: Ricardo F. Araújo

Para encontrar os registros arquitetônicos da década de 1970 foi necessário “revirar”

664 pastas-arquivos, as quais continham em média 25 processos cada, ou um total de 16.600 processos com o objetivo de encontrar material para o desenvolvimento da pesquisa.

Quadro 04 Número de pastas e de processos arquivados referentes às residências

construídas em João Pessoa nos anos 1970

Elaboração: Ricardo F. Araújo

Não foram encontrados os arquivos dos anos 1970 e 1971 e parte do arquivo dos anos 1972-1974 estava incompleto, com projetos “mutilados” ou deteriorados pela umidade. Devido à dificuldade de manuseio deste material e à falta de integridade do mesmo, o levantamento inicial restringiu-se ao período 1975-1979.

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verificar a expressão arquitetônica das casas em projetos completos, com toda documentação gráfica: plantas baixas, cortes, fachadas e em alguns casos detalhes e perspectivas.

Observe-se ainda, que o arquivo do primeiro ano da década de 1980 também foi pesquisado, porque foi comum encontrar um projeto de determinado ano em pastas de anos posteriores. Por exemplo: projetos aprovados em 1976 foram encontrados em processos de 1978; projetos aprovados em 1979 foram encontrados nas pastas de 1980 (ver Quadro 05). Os documentos não estavam arquivados por ano de aprovação do projeto, mas pelo ano em que o processo foi encerrado com a entrega da carta de “Habite-se”. Para que o maior número possível de projetos residenciais fosse contemplado, essa ação não poderia ser descartada. É evidente que para atingir o maior número possível de exemplares, o levantamento deveria ter avançado por mais alguns anos da década de 1980, mas isto inviabilizaria o prazo para a realização da pesquisa.

Quadro 05 Número de residências encontradas no arquivo

de interesse para a pesquisa

Elaboração: Ricardo F. Araújo

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algumas descobertas sobre a produção arquitetônica da cidade de João Pessoa nos anos 1970 e a observação dos tipos de experiências arquitetônicas realizadas nas 217 casas encontradas no arquivo.

O número de casas projetadas por arquitetos é pequeno quando comparado ao volume de construções realizadas em João Pessoa nos anos 1970. Vale à pena mencionar que o número de residências encontradas correspondeu apenas a 1,30% de toda a produção de construção civil realizada em João Pessoa entre os anos 1975-1980. Constatou-se que, naqueles anos, engenheiros civis e desenhistas assinavam a maior parte dos projetos arquitetônicos na cidade. Os projetos de alguns poucos edifícios institucionais, de lazer e residenciais eram da autoria de arquitetos.

1.4.3 Sistematização das informações

Esta etapa correspondeu à sistematização do conhecimento sobre a arquitetura moderna, através do confronto entre a leitura das referências bibliográficas estudadas e da organização das informações provenientes do material pesquisado no Arquivo Central da PMJP.

Além de oferecer obras de interesse para este trabalho, a pesquisa no arquivo possibilitou a descoberta de informações de diferentes naturezas, importantes para a compreensão de parte da história da produção arquitetônica da cidade de João Pessoa nos anos 1970. Por exemplo, na segunda metade da década de 1970, a Caixa Econômica Federal – CEF enviou cartas-convite para alguns poucos arquitetos solicitando a elaboração de estudo-preliminar para o Edifício-sede da Caixa Econômica Federal, Agência Cabo Branco, a ser construído na Via Expressa Miguel Couto, duas destas propostas estavam no arquivo da prefeitura. Foram encontradas ainda algumas fotografias (Imagem 06 / Imagem 07) anexadas aos processos que pediam a expulsão dos camelôs das calçadas em frente a estabelecimentos comerciais no centro da cidade1 e projetos de alguns edifícios multifamiliares e institucionais construídos na cidade naqueles anos.

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No Capítulo II, apresentarei um breve panorama da produção arquitetônica moderna na cidade de João Pessoa nos anos 1970 com base neste material encontrado.

Imagem 06 / Imagem 07 Camelôs instalados na calçada do Paraíba Palace Hotel

Fonte: Arquivo Central da PMJP

A sistematização das informações do arquivo também permitiu identificar as localidades “preferidas” para a construção das casas modernas e a origem dos profissionais arquitetos que atuavam na cidade nos anos 1970.

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Quadro 06 Distribuição do número de residências encontradas no arquivo por bairros

Elaboração: Ricardo F. Araújo

A preferência por estas localidades também estava relacionada à expansão da infra-estrutura urbana que se ampliava com a atuação do Projeto CURA, promovido pelo Governo do Estado da Paraíba no final dos anos 1970.

Comparada com as décadas anteriores, os anos 1970 assistiram a expansão do número de arquitetos que passavam a atuar na cidade, uma década que propiciou a chegada de profissionais de diferentes regiões brasileiras.

Uma extensa lista de profissionais foi levantada a partir do material coletado no arquivo, um total de 50 nomes (Quadro 07). Grande parte deles tinha registro no CREA de Pernambuco, mas também foram encontrados registros do Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, São Paulo e um profissional com formação no exterior.

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(*) Formado na Holanda

Quadro 07 Arquitetos atuantes na cidade nos anos 1970

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Quadro 08 Arquitetos atuantes na cidade entre 1930-1970

Fonte: Pereira (2008)

Da extensa lista dos profissionais encontramos arquitetos com larga experiência, como Carlos Alberto Carneiro da Cunha, Mário Glauco di Láscio, Pedro Abrahão Dieb e Tertuliano Dionísio, e jovens profissionais recém-formados em Pernambuco, nos anos 1970, e que na década seguinte, anos 1980, projetariam seus nomes no cenário da arquitetura local, como Amaro Muniz Castro, Expedito Arruda e Régis de Albuquerque Cavalcanti.

Os arquitetos Mário Glauco Di Láscio e Pedro Abrahão Dieb participaram da criação do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal da Paraíba (CAU-UFPB) em 1974. Juntaram-se a estes, alguns nomes presentes no Quadro 07, formando o corpo docente do curso da UFPB, os arquitetos Amaro Muniz Castro, Aristóteles Lobo Magalhães Cordeiro, Francisco de Assis Gonçalves da Silva, José Luciano Agra de Oliveira, Marcos Marinho da Costa, Maria Grasiela de Almeida Dantas, Nilo Martinez, Rômulo Sérgio de Carvalho e Ubiratan Vasconcelos Leitão da Cunha. Além destes, completaram o corpo docente, Hélio Costa Lima e João Lavieri.

O fluxo de arquitetos para a cidade, possivelmente, esteve ligada a uma expansão do mercado de trabalho proporcionado pelo chamado “milagre brasileiro”, à criação do Curso de Arquitetura da UFPB e à instalação de agências locais de órgãos federais na cidade nesse mesmo período.

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atuar no mercado local. Sobre a atuação dos arquitetos pernambucanos, por exemplo, vale destacar que, de acordo com o quadro apresentado por PEREIRA (2008), o arquiteto Acácio Gil Borsoi reduziu sua atuação na cidade no início da década. E, de fato, não foram encontrados no Arquivo Central da PMJP projetos de sua autoria após 1975. Também vale destacar, dentre o material encontrado, um conjunto de casas assinadas pelos arquitetos pernambucanos Antonio José do Amaral e Silva e Maria Berenice Fraga do Amaral, aqui domiciliados até meados da década de 1970.

Da arquitetura residencial objeto de estudo, nesta etapa, foi anotado: tipos e dimensões de lotes, áreas de construção, programas de necessidades e técnicas/materiais construtivos utilizados. Para estes últimos (técnicas e materiais) foram constatadas as especificações existentes nos projetos e, particularmente, aquelas especificações dos boletins de classificação anexados aos projetos residenciais. No entanto, estes boletins não eram suficientes para identificação do tipo de experiência moderna, nem a autoria do profissional arquiteto era condição suficiente para afirmar sobre uma qualidade da produção arquitetônica moderna local. Fazia-se necessário “apurar” a observação sobre os projetos arquitetônicos e reconhecer neles elementos que remetessem à experiência moderna.

A busca pelos elementos modernos ou a identificação de “impressões” que relacionassem as 217 casas com determinados tipos de experiências modernas foi uma atividade extenuante, mas estimulante.

A meu ver, a forma é o elemento mais facilmente identificável numa obra arquitetônica e uma das “qualidades” que pode ser avaliada antes de outras. Por isto, primeiramente, foi levado em consideração a configuração formal das 217 casas, observando, particularmente a unidade de linguagem ou a similaridade de elementos que interligavam as fachadas e a volumetria, ou seja, o resultado final da forma.

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Do ponto de vista volumétrico, em algumas casas predominavam uma configuração “monolítica” ou uma massa em que a horizontalidade era a expressão mais enfatizada (Imagem 08). Em outros casos o que chamava a atenção era o movimento resultante do tratamento dinâmico dado à cobertura (Imagem 09) ou a forma e escala do reservatório d’água superior (Imagem 10) ou ainda os pequenos volumes que se projetavam para o exterior, como sheds (Imagem 11) e caixas suspensas (Imagem 12). A observação do volume ajudou a perceber que os resultados formais das casas eram conseqüência das decisões contidas na espacialização e até mesmo nas decisões técnico-construtivas, aspectos que até então não haviam sido observados adequadamente.

Imagem 08 Ênfase na horizontalidade

Residência Sr. Antonio da Silva Morais/ 1975/ Antonio José do Amaral e Silva

Fonte: Arquivo Central da PMJP. Foto: Ricardo F. Araújo

Imagem 09 Dinâmica da coberta

Residência Sr. Luís Régis Pessoa de Farias/ 1975/ Antonio José do Amaral e Silva

Fonte: Arquivo Central da PMJP. Foto: Ricardo F. Araújo

Imagem 10 Forma e escala do reservatório superior

Residência Ary Carneiro Vilhena / 1977 / Régis de Albuquerque Cavalcanti

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Imagem 11 Elementos formais gerados pela iluminação indireta (sheds) Residência José Cassildo Pinto/ 1979 / Jonas Arruda Silva

Fonte: Arquivo Central da PMJP. Foto: Ricardo F. Araújo

Imagem 12 Volumes que se projetam

Residência E. Gerson Construções LTDA. / 1976 / Carlos Alberto Carneiro da Cunha

Fonte: Arquivo Central da PMJP. Foto: Ricardo F. Araújo

O que se constatou foi que observar unicamente o aspecto formal das 217 residências não era suficiente para tratar todos os tipos de experiências modernas presentes na arquitetura residencial de João Pessoa nos anos 1970. Era necessário aprofundar a observação ainda mais, para além dos elementos formais, buscando a experiência moderna do modo mais amplo possível. Foi então que passou a ser considerado os aspectos espaciais e técnico-construtivos para ampliar a compreensão sobre o universo das residências modernas estudadas.

Do ponto de vista espacial, algumas casas apresentavam esquemas de plantas claramente geométricos em que era perceptível a concepção do espaço livre a partir de uma “malha”, ou modulação espacial. Ou esquemas que valorizavam o centro do espaço residencial (um jardim coberto de pérgulas de concreto ou a grande sala de jantar-estar) e os ambientes dispostos à sua volta. Ou ainda um interior marcado por desníveis.

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valorizados pela expressão gráfica dos arquitetos locais, seja no desenho das fachadas ou das perspectivas.

Foi se constatando que as 217 casas encontradas no arquivo (ver em Anexo 01) apresentavam algum tipo de experiência que se relacionava claramente com decisões da arquitetura moderna.

Como a observação inicial não foi suficiente para encontrar exemplares representativos da arquitetura objeto de estudo e diante da dificuldade de se trabalhar com todo este número, passou-se a “contar” os tipos de experiências modernas presentes em cada exemplar. Desta tarefa resultou a formação de dois grupos de casas: um que se caracterizava pela presença de pelo menos um tipo de experiência moderna (uso de técnicas construtivas associadas ao concreto armado, por exemplo) e outro grupo que se caracterizava pela presença de dois ou mais tipos de experiências modernas (modulação espacial, modulação da estrutura de sustentação, geometrização da forma, uso de técnicas construtivas associadas ao concreto armado, por exemplo). O primeiro grupo reuniu 101 casas e o segundo 116. A quantidade e a variedade de experiências modernas presentes nas casas do segundo grupo apontou objetos modernos por excelência, os quais favoreciam o avanço da pesquisa.

A tarefa de dividir as 217 casas em dois grupos possibilitou a descoberta dos exemplares mais representativos da arquitetura objeto de estudo, a dimensionar o número de projetos a serem organizados em fichas de análise (ver em Anexo 22), a determinar o número de casas a serem incorporadas pela pesquisa de campo e pelo levantamento fotográfico e a reduzir o esforço para a escolha dos exemplares a serem analisados posteriormente.

Considerando este procedimento, vale ainda salientar que o descarte das 101 residências do primeiro grupo não chegou a comprometer os objetivos da pesquisa, uma vez que os tipos de experiências formais, espaciais e técnico-construtivas observadas nelas mantiveram-se presentes nos 116 exemplares do segundo grupo. As casas do primeiro grupo não traziam experiências “representativas”, ou diferentes, elas se repetiam nas casas do segundo grupo.

Considerando que o projeto arquitetônico de cada uma das 116 casas dispunha de uma média de 04 pranchas de desenhos, 464 pranchas foram

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reproduzidas através de scanner e gravadas em CD para organização das 116

fichas de análise. Desta maneira foi possível preservar o material do arquivo e evitar o manuseio e desgaste das pranchas originais, bem como permitir o livre acesso aos projetos sem precisar recorrer à burocracia do Estado, ou seja, torná-las disponíveis. Além do mais, com a organização e a observação voltada agora para as fichas de análise a experiência moderna foi se revelando mais facilmente. Elas foram importantes para sistematizar os conteúdos modernos a partir da análise dos esquemas das plantas e dos cortes, do tratamento das fachadas, do sistema estrutural adotado e da imagem exterior das 116 casas selecionadas.

1.4.4 Pesquisa de campo

Buscou-se constatar o estado de conservação das 116 casas e limitar a observação do ponto de vista exterior, uma vez que o tempo gasto para conseguir permissão para adentrar as casas prejudicaria o cronograma do trabalho. Através da pesquisa de campo e do levantamento fotográfico foram feitas as seguintes constatações:

Constatou-se certa dificuldade em observar integralmente as construções, devido à altura dos muros que as isolavam do entorno ou a massa de vegetação que encobria o volume arquitetônico. O entorno das casas modificou-se ao longo desses anos, logo a paisagem urbana também. A preocupação com a segurança, além de aumentar a altura do muro, tornou comum o uso da cerca elétrica, o que dificultou a aproximação ao imóvel. A mureta que, muitas vezes cumpria o papel de integrar a casa com o entorno foi substituída pela “fortificação”, pelo muro elevado que, pelo menos

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Imagem 13 – Residência Dr. Francisco Xavier Sobrinho / 1975 / Mário Glauco Di Láscio

Foto: Ricardo F. Araújo

Imagem 14 – Residência Artur Gonsalves Ribeiro / 1976

/ Régis de Albuquerque Cavalcanti

Foto: Ricardo F. Araújo

Imagem 15 – Residência Túlio Augusto Neiva Morais/ 1978/ Carlos Alberto

Carneiro da Cunha e Edmundo Ferreira Barros

Foto: Ricardo F. Araújo

O uso de fachadas de alumínio, ou do tipo “Night and Day”, apostas às casas,

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tiveram o uso residencial substituído por atividades comerciais, de serviço ou institucionais.

Imagem 16 – Residência Maria Zélia Mesquita de Carvalho / 1978 /

Régis de Albuquerque Cavalcanti

Foto: Ricardo F. Araújo

Imagem 17 – Residência Maria Jaydeth M. Leite / 1979 /

Régis de Albuquerque Cavalcanti

Foto: Ricardo F. Araújo

Imagem 18 – Residência do arquiteto / 1979 / Marcos

Marinho da Costa

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Algumas construções, bem conservadas, escondem as vigas originais em concreto aparente com pintura; os revestimentos originais, como casquilho de tijolo aparente ou cerâmico, muitas vezes estão camuflados.

Imagem 19 – Residência Maria Solange Fonseca Maia / 1977 /

Régis de Albuquerque Cavalcanti

Foto: Ricardo F. Araújo

Imagem 20 – Residência Edísio Souto / 1978 / Amaro

Muniz Castro

Foto: Ricardo F. Araújo

Imagem 21 – Residência Teones Barbosa de Lira / 1979 /

Amaro Muniz Castro

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Vários “óbitos” ou “mortes anunciadas” foram constatados, particularmente na

Orla marítima (Cabo Branco, Tambaú e Manaíra).

Imagem 22 – Residência Sr. Potengi Holanda de Lucena / 1976 /

Antonio José do Amaral e Silva

Foto: Ricardo F. Araújo

Imagem 23 – Residência Aécio Pereira Lima / 1978 /

Carlos Alberto Carneiro da Cunha e Edmundo Ferreira Barros

Fonte: Arquivo Central da PMJP.

Imagem 24 – Residência Sr. José da Guia Ferreira Nóbrega / 1978 /

William Bernardo Sampaio Mendes

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Diversas casas não foram encontradas devido à mudança de nome dos logradouros públicos, particularmente na praia do Bessa, que nos anos 1970 eram identificados apenas como Rua Projetada ou outros códigos diferentes dos atuais.

Para “recompensar” a pesquisa de campo foram encontradas casas em

excelente estado de conservação, sem alteração de uso, cuja configuração atual mantém a expressão original encontrada em seu projeto arquitetônico.

Imagem 25 – Residência Sr. Luís Régis Pessoa de Farias / 1975 /

Antonio José do Amaral e Silva

Foto: Ricardo F. Araújo

Imagem 26 – Residência Múcio Antonio S. Souto / 1978 /

Mário Glauco Di Láscio

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Imagem 27 – Residência do arquiteto / 1979 / Emile Pronk

Foto: Ricardo F. Araújo

Imagem 28 – Residência Haroldo Coutinho de Lucena / 1979 /

Expedito Arruda

Foto: Ricardo F. Araújo

Das 116 residências observadas em campo constatou que:

11 casas (ou 9,50% delas) não existem mais, passando a fazer parte dos ÓBITOS dos anos 1970;

46 casas (ou 43,10% elas) não foram encontradas devido à mudança de nome dos logradouros nos últimos anos;

59 residências (ou 47,40% delas) foram encontradas e fotografadas.

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