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3 SUSTENTAÇÃO TEÓRICA

4.1 PESQUISA NASCER NO BRASIL

4.1.3 Logística de campo Equipe técnica

A equipe técnica responsável pela execução da coleta de dados teve a seguinte composição: a) coordenação executiva; b) coordenação

regional; c) coordenação estadual; d) supervisor de campo e d) entrevistador de campo.

A coordenação executiva foi constituída por diversos pesquisadores, tendo um coordenador geral e coordenadores centrais. O coordenador geral foi o idealizador do projeto e assumiu, juntamente com os coordenadores centrais, a responsabilidade pela integração da equipe, andamento do projeto, relação com os órgãos de fomento e gerenciamento financeiro do projeto. Esta coordenação também foi responsável pela elaboração dos questionários e manuais de instrução dos instrumentos de campo; pela definição da logística do estudo; pela organização do trabalho de campo e pelos contatos institucionais (LEAL, 2009).

Aos coordenadores regionais foram atribuídas as responsabilidades de identificar, selecionar, treinar e padronizar os coordenadores estaduais e as equipes de supervisores e entrevistadores; distribuir os questionários e recebê-los preenchidos; enviar os questionários preenchidos para a equipe central; encaminhar pedidos de pagamento, como passagens e diárias da sua região para a coordenação central, em parceria com os coordenadores estaduais (LEAL, 2009).

Os coordenadores estaduais, designados individualmente para cada estado da Federação, tiveram como responsabilidades a realização de contato com as Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde; o repasse de informações sobre os objetivos do estudo e o início da pesquisa; o contato com os diretores dos estabelecimentos de saúde selecionados para o estudo e a autorização para realização da pesquisa; a organização do trabalho de campo em cada estabelecimento; a divulgação do estudo na mídia local; o controle do desempenho dos supervisores de campo; a solicitação e controle do pagamento dos entrevistadores, das passagens e diárias necessárias para a realização do trabalho de campo, à coordenação regional (LEAL, 2009).

Aos supervisores foram conferidas as responsabilidades sobre a distribuição e recebimento diário dos questionários e equipamentos dos entrevistadores; a organização e o deslocamento da equipe de campo para os municípios; o monitoramento do desempenho dos entrevistadores e da qualidade dos dados coletados; a revisão dos questionários e reaplicação em uma sub-amostra (LEAL, 2009).

Os entrevistadores, por sua vez, foram responsáveis pela aplicação dos questionários e a revisão dos mesmos diariamente, antes do envio ao supervisor, com a identificação de incoerências e/ou incompletudes de informação. Os entrevistadores foram todos

estudantes universitários ou profissionais das áreas de saúde ou humanas (LEAL, 2009).

Para a realização das entrevistas telefônicas de acompanhamento das mulheres após a alta hospitalar, foi contratada uma empresa reconhecida por sua competência, neste tipo de coleta de dados. As perdas de seguimento foram consideradas quando as mulheres afirmavam que não possuíam telefone, ou quando não puderam ser contatadas após cinco tentativas, em dias e horários alternados (LEAL et al., 2012).

Estudo piloto

Um estudo piloto foi realizado em dois municípios das regiões Nordeste e Sudeste, com o intuito de verificar a logística do trabalho de campo e a adequação dos questionários em condições reais. Nesta oportunidade foram testadas as máscaras eletrônicas para digitação dos dados e os programas de restrição e coerência das informações, com a realização de ajustes que se fizeram necessários (LEAL et al., 2012).

Treinamento

A coordenação realizou 27 treinamentos para as equipes de pesquisa estaduais, realizados localmente, durante cinco dias consecutivos, visando garantir a padronização dos entrevistadores. Durante os treinamentos, foram apresentados a descrição do estudo e seus objetivos, a logística de campo, além de realizar a leitura dos questionários e manuais de instrução, com dinâmicas para demonstrar a aplicação dos questionários e obtenção de dados dos prontuários. O treinamento também consistiu de uma parte prática, realizada num estabelecimento de saúde elegível, mas não selecionado para o estudo, com posterior envio dos dados coletados, para o servidor central na FIOCRUZ. Foram desenvolvidos e validados formulários eletrônicos, com a distribuição de netbooks para a coleta de dados. Cada entrevistador e supervisor receberam um login e uma senha antes de iniciar o trabalho de campo, que foram armazenados junto com os dados, a partir de entrevistas e registros dos prontuários, o que permitiu a identificação dos responsáveis pelo preenchimento do questionário. O questionário apresentou uma identificação única com um código para o Estado, um código para o município, um código para o hospital, o tipo de questionário e um número com a ordem da puérpera na unidade. A

identificação do hospital permitiu vinculá-lo ao substrato ao qual pertencia: região geográfica, conjunto de municípios e características dos hospitais (LEAL et al., 2012).

Coleta de dados

Antes de iniciar a coleta de dados, o coordenador estadual e o supervisor de área entregaram uma carta da coordenação do projeto ao gestor municipal, acompanhada de uma cópia resumida do projeto e do parecer do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) (ANEXO C), juntamente com dois Termos de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), um para ser assinado pelo gestor (ANEXO D) e os outros para dar ciência do que será entregue ao diretor do estabelecimento de saúde e às puérperas selecionadas (ANEXO E). O supervisor realizou uma visita agendada, com aplicação de um instrumento padronizado, para conhecer a forma de organização da assistência ao parto e, assim, preparar o desenvolvimento do trabalho de campo. A equipe permaneceu na instituição selecionada o tempo necessário para completar o número de puérperas amostrado (LEAL, 2009).

Em todo o Brasil a coleta de dados teve início em fevereiro de 2011, e finalizou em julho de 2012. Para cada estabelecimento de saúde sorteado houve um período variável de coleta, conforme o número de partos por dia, o número de entrevistadores, de turnos e de entrevistas realizadas; sendo os dados coletados em dias consecutivos, incluindo os finais de semana. As puérperas que aceitaram participar foram entrevistadas no pós-parto imediato, e as informações dos prontuários foram resgatadas ao término da internação da puérpera e do recém- nascido (LEAL et al., 2012).

Características dos questionários

A coleta de dados foi constituída de quatro questionários. O primeiro questionário, Questionário Hospitalar Puérpera (QHP) (ANEXO F), aplicado à puérpera, após o período mínimo de seis horas do evento do nascimento, foi composto por variáveis de identificação materna, nível de escolaridade e de renda, condições de moradia, antecedentes obstétricos, dados antropométricos maternos, informações sobre a gestação em questão, assistência pré-natal, história obstétrica, enfermidades e uso de medicamentos durante a gestação, trabalho de parto, parto e avaliação da assistência prestada a ela e ao recém-nascido.

Durante a entrevista, o cartão de pré-natal e exames de ultrassonografia gestacional foram fotografados e posteriormente os dados relevantes foram extraídos e digitados em formulários eletrônicos (LEAL et al., 2012).

O segundo questionário, Coleta de Dados do Prontuário (CDP) (ANEXO G), foi preenchido com dados disponíveis no prontuário, após a alta do hospital ou no 42o dia para as puérperas e no 28o dia para os recém-nascidos, que permaneceram no hospital, incluindo os casos transferidos para outros hospitais. Os dados obtidos continham informações sobre: assistência pré-natal; admissão hospitalar; informações sobre o trabalho de parto, parto e pós-parto (tipo de parto, dilatação no momento da admissão no hospital, trabalho de parto espontâneo ou induzido, métodos para o alívio da dor e analgesia de parto, complicações imediatas da anestesia, uso de partograma, uso de ocitocina durante o trabalho de parto, cardiotocografia na admissão e no trabalho de parto, amniotomia, episiotomia, manobra de Kristeller, presença de acompanhante durante o trabalho de parto e período pós- parto, e morbidade materna); além de informações do recém-nascido (Apgar, peso ao nascer, idade gestacional, cuidados com o recém- nascido no pós-parto imediato, uso de oxigênio e ventilação mecânica, intercorrências clínicas, admissão em UTIN ou UCIN, início da amamentação), e condições no momento da alta ou óbito (causa) da mãe e do concepto (LEAL et al., 2012).

O terceiro questionário, Entrevista Domiciliar por Telefone (EDP) (ANEXO H), foi aplicado à mãe, entre o 45o e o sexto mês após o nascimento, por meio de contato telefônico, para obter informações sobre a evolução da mãe (nova hospitalização, complicações puerperais, desconforto materno, satisfação com o atendimento recebido e reavaliação do motivo da opção pela cesárea) e do recém-nascido (aleitamento materno, imunização, morbidade, nova hospitalização e óbito) (LEAL et al., 2012).

O quarto questionário, Questionário de Estrutura – Processo (QEP) (ANEXO I) foi aplicado pelo supervisor ao gestor do hospital, através de formulário de papel, a fim de avaliar as instalações hospitalares, como: número de leitos, profissionais (quantitativo por especialidade), certificação hospitalar (ensino, referência para alto risco, Hospital Amigo da Criança, Prêmio ProfessorGalba de Araújo e outros), disponibilidade de laboratório de patologia e análises clínicas, Unidade Transfusional ou Banco de Sangue, Banco de Leite Humano, Unidade de Terapia Intensiva Adulto e Neonatal, existência de protocolo baseado

em evidências e uso adequado de tecnologia para o parto e nascimento (LEAL et al., 2012).

Controle de qualidade

Durante a coleta de dados, para assegurar a qualidade e minimizar erros sistemáticos ou aleatórios, foram adotados procedimentos padronizados com a elaboração de manuais, a monitorização da coleta de dados e o acompanhamento do trabalho de campo. Esses procedimentos tiveram o objetivo de monitorar a evolução do trabalho de campo com calendário estabelecido, assegurar a manutenção das características da representatividade da amostra e monitorar a taxa de participação das puérperas. Os questionários foram replicados pelo supervisor de campo, em uma amostra aleatória de 5% das mães entrevistadas (LEAL et al., 2012).