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2.2 Logística de perecíveis

2.2.1 Logística dos perecíveis lácteos

A logística é uma das principais engrenagens da gestão da cadeia de suprimentos, atuando desde o planejamento, implementação e controle das informações de modo eficiente e com eficácia (CSCMP, 2016). No contexto dos produtos lácteos esta ferramenta acompanha desde a coleta do leite a granel, insumo básico para a produção, passando pelas indústrias produtivas, manufatura do produto, distribuidores e concluindo seu ciclo quando finalmente chega até o consumidor por meio do varejista.

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Gerenciar o sistema logístico de uma indústria de lácteos é uma atividade complexa e que demanda exigências bem específicas, onde qualquer irregularidade ou deslize no planejamento incorre em percas grandiosas devido à grande perecibilidade do produto em questão (RIBEIRO et al., 2003).

Com a inserção da ferramenta logística no segmento do agronegócio do leite as vantagens competitivas cresceram fortemente, pois as melhorias com a roteirização de transporte armazenagem e conservação do leite possibilitaram uma grande redução nos custos financeiros e aumentaram a capacidade de produzir e atender o cliente com alto nível de qualidade (MARTINS et al.,2004).

Todos os elementos que circundam uma indústria de lácteos precisam ser levados em consideração durante o desenho das atividades que serão inseridas no fluxo de operação logística. O local de concentração da produção láctea, conforme relata Ribeiro et al., (2003), é um dos fatores a serem ponderados, pois existe a preocupação de manter-se próximo as principais bacias leiteiras que fornecem a matéria-prima base para fabricação dos produtos, devido à alta perecibilidade do insumo em questão.

Na indústria de laticínios existem inúmeras empresas competindo por uma participação no mercado, que normalmente é dominado por grandes multinacionais. No Brasil a maior representatividade deste setor está seccionada entre empresas como a Nestlé, Itambé e Piracanjuba, com uma média de produção anual em torno de 1,3 bilhões de litros de leite produzidos no ano de 2017 segundo a Associação Brasileira dos Produtores de Leite.

Na última década as cooperativas de leite ganharam força e participação no mercado, alavancando a produção agropecuária. Diante deste avanço o cuidado com processo logístico passou a ser observado sob uma nova perspectiva, onde então o zelo pela qualidade na coleta do leite que virá se tornar um laticínio tornou- se uma das operações mais amparadas. Aneze (2004) afirma que dentro deste segmento existem três principais momentos: a retirada do leite nas fazendas, o transporte para o local de fabricação e a estocagem do leite.

No Brasil o principal modal de transporte utilizado para transportar o leite das fazendas até o local de produção ainda é realizado através das rodovias, possuindo os caminhões pipas, como assim são chamados, como o principal veículo (ANEZE, 2004).

Assim como diz a teoria, o modal de transporte é o elemento que demanda maior custo financeiro. No segmento analisado por este estudo os gastos com as instalações para armazenagem do leite in natura e seu transporte são de grande representatividade. A técnica mais utilizada atualmente para a coleta do leite (primeira etapa do percurso) é a granelização, que se caracteriza como o resfriamento do leite imediatamente após sua ordenha. A instrução normativa de Nº 51 do ano de 2002 do Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento apresenta os principais requisitos para a armazenagem e transporte do leite, tais especificações irão direcionar o funcionamento das indústrias de lácteos (BRASIL, 2002)

Quanto os armazéns a normativa Nº 51 do Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento regulamenta que estes devem ficar situados em locais arejados, onde tanques com higienização a base de cloro, devem ser utilizados para conservar o leite in natura até a chegada dos carros coletores (BRASIL,2002). Ressalta-se ainda a necessidade de iluminação natural e artificial, pontos de água corrente para a lavagem dos tanques e local reservado para bancada onde serão guardados os utensílios necessários à coleta de amostras de leite que devem ser analisadas microbiologicamente antes serem manufaturados.

A normativa estabelece também os requisitos técnicos mínimos para a refrigeração do leite, que devem estar alinhados com a produtividade do leite. Para tanques de refrigeração por expansão direta, ou seja, tanques que recebem o leite e promovem o seu resfriamento por meio de ventiladores que expulsam o ar quente e geram ar frio, o leite deve ficar em temperatura igual ou inferior a 4ºC (quatro graus

celsius) por um tempo máximo de 3 horas após a ordenha. Já para os tanques de

imersão, a temperatura muda para 7ºC (sete graus celsius).

No Brasil, os tanques de expansão direta são os de maior prevalência entre os produtores. Após o leite estar acondicionado nestes tanques, tem início a etapa de transporte (BRASIL, 2002).

Para que o leite chegue no seu local de fabricação, carros isotérmicos de coleta com temperatura em torno de 4ºC devem realizar o processo de recolhimento do leite nas fazendas e transporte para a indústria. Este processo deve ser executado por profissionais capacitados e com uso de utensílios adequados, que vão da mangueira para transferência do tanque para os caminhões pipas até as

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ferramentas de coleta de amostragem. O processo em questão não deve ultrapassar 48 horas, para que o leite não seja infectado por bactérias, de acordo com a IN 51 de 18 outubro de 2002 do Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Apesar de todas as instruções especificas pelas normativas, o Brasil enfrenta ainda uma série de problemas para o transporte dos laticínios devido à má condição de infraestrutura das vias de roteirização que vão desde a coleta até a distribuição do produto final (RIBEIRO et al., 2003).

Para que o sistema de operação logística funcione com o menor dispêndio de custo e com o melhor nível de qualidade é preciso que seja considerado a proximidade entre o local de coleta e produção, as questões ambientais e legislação, e os roteiros de distribuição do produto final. Com todos estes requisitos alinhados a tendência é que seja construído um plano logístico solido e com níveis qualidade elevados (RIBEIRO et al., 2003).

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