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Figura 3: Unidade de Tratamento e Compostagem de Sairé Fonte: Google.

CAPÍTULO 3 – REFERENCIAL TEÓRICO

3.3 LOGÍSTICA REVERSA DO PÓS-CONSUMO

Os bens de consumo destinam-se a satisfazer as necessidades ilimitadas dos seres humanos, possuem ciclos de vida útil e são descartados pelos consumidores finais, de maneiras distintas, após desfrutá-los. Conforme Leite (2009, p. 38) “a vida útil de um bem é entendida como o tempo decorrido desde a sua produção original até o momento em que o primeiro possuidor se desembaraça dele”. Os bens produzidos e lançados no mercado que possuem um determinado tempo de vida útil para serem utilizados são classificados em três grandes categorias de bens, elencados por Leite (2009) da seguinte forma:

• Produtos duráveis: são determinados bens utilizados durante um tempo de vida útil que varia de alguns anos a algumas décadas. Exemplo: eletrodomésticos, eletroeletrônicos, máquinas e equipamentos industriais, automóveis, navios, construções civis de diversas naturezas, entre outros.

• Produtos semiduráveis: são bens que apresentam características duráveis ou descartáveis com tempo de vida útil média de alguns meses, raramente superior a dois anos, que vão se desgastando aos poucos. Exemplo: calçados, roupas, baterias de automóveis, baterias de celulares, óleos lubrificantes, computadores e seus periféricos, entre outros.

• Produtos descartáveis: são bens utilizados durante um determinado tempo de vida útil de algumas semanas, raramente superior a 6 meses. Ex: embalagens, brinquedos, materiais para escritório, suprimentos para computadores, artigos cirúrgicos, pilhas de equipamentos eletrônicos, fraldas, jornais, revistas, etc.

Um bem é chamado de pós-consumo quando é descartado pela sociedade. O momento do descarte pode variar de alguns dias a vários. As diferentes formas de processamento e comercialização, desde a sua coleta até a integração ao ciclo produtivo como matéria-prima secundária, são chamados canais de distribuição reversos de pós-consumo (RESENDE, 2004, p.23).

Já para Guarnieri (2011, p. 55) “Logística reversa de pós-consumo pode ser vista como a área da logística reversa que trata dos bens no final de sua vida útil, dos bens usados com possibilidade de reutilização (embalagens) e os resíduos industriais”. A logística reversa de pós-consumo dá uma destinação correta aos produtos em desuso, com a possibilidade de serem recondicionados, reciclados ou reinseridos na linha de produção.

O canal reverso do pós-consumo trata os bens que são despachados pela sociedade em geral, os quais são destinados a aterros sanitários seguros ou retornam ao ciclo de produção através de um canal de distribuição específico. O canal de distribuição do pós-consumo, segundo Leite (2009) é composto por quatro subsistemas: reuso, desmanche, reciclagem e incineração.

O reuso é uma das etapas que compõe o canal de distribuição do pós-consumo, caracteriza-se a partir de bens que apresentam condições de uso e ainda exercem sua função de origem, mesmo após serem utilizados por diversos indivíduos até o término de sua vida útil, sem que haja reelaboração. Essa prática constitui o mercado de produtos usados, onde são negociados eletrodomésticos, produtos eletrônicos, equipamentos de informática entre outros, que podem ser passados de uma pessoa para outra, sendo desfrutados até o fim de sua vida útil.

Nesses casos, portanto, os canais reversos de ‘reuso’ são definidos como aqueles em que se tem a extensão do uso de um produto de pós-consumo ou de seu componente, com a mesma função para a qual foi originalmente concebido, ou seja, sem nenhum tipo de remanufatura (CLM, 1993, apud LEITE, 2009, p. 8).

Após esses produtos atingirem o fim de sua vida útil, não havendo mais possibilidade de serem reutilizados, são encaminhados ao processo de desmanche, método este, de reaproveitamento dos produtos de pós-consumo.

“Podemos definir ‘desmanche’ como um sistema de revalorização de um produto durável de pós-consumo que, após sua coleta, sofre um processo industrial de desmontagem no qual seus componentes em condições de uso ou de remanufatura são separados de partes ou materiais para os quais não existem condições de revalorização, mas que ainda são passíveis de reciclagem industrial” (LEITE, 2009, p.9).

Nesta atividade os produtos descartados são desmanchados e passam por um processo de separação de peças, os materiais com possibilidade de uso ou remanufatura são encaminhados para serem remanufaturados na indústria de tal forma que possam ser utilizados na fabricação de novos produtos ou serem reaproveitadas e comercializadas no mercado de segunda mão, sem a necessidade de passar por reprocessamento industrial.

Remanufatura é quando os componentes provenientes do processo de desmanche industrial ou provenientes da substituição de peças durante a manutenção de bens duráveis passam por técnicas avançadas de engenharia de produção que promovem a sua reparação ou renovação, de modo que a qualidade dos produtos remanufaturados procura devolver o produto às suas especificações originais, afim de ser enviado ao mercado secundário ou a própria indústria (VALLE; SOUZA, 2014).

As peças que não possuem condições de serem recuperadas são direcionadas ao processo de reciclagem. Quando reciclados, os materiais que compõe os produtos descartados retornam para a cadeia de suprimentos, onde passam por um procedimento de transformação e revalorização, podendo ser utilizados como matéria-prima secundária para a constituição de novos produtos ou até mesmo reintroduzidos na fabricação de produtos da mesma natureza.

Para Razzolini Filho e Berté, (2013 p. 100):

Reciclagem é definida como a atividade de recuperação de matéria-prima para a fabricação de novos produtos. Também se denomina reciclagem o retorno da matéria-prima ao ciclo de produção, além de designar, genericamente, o conjunto de operações envolvidas para esse retorno.

O processo de reciclagem divide-se em duas categorias classificadas por Leite (2009) da seguinte maneira:

 Canais de distribuição reversos de ciclo aberto: são compostos por diversas fases caracterizadas pelo retorno de materiais constituintes dos produtos de pós-consumo: metais, plásticos, vidros, papéis, entre outros. Os materiais extraídos podem ser reintegrados ao ciclo produtivo e substitui matérias-primas novas na produção de diferentes tipos de produtos. A figura 10 apresenta exemplos do retorno ao ciclo produtivo de materiais constituintes extraídos de bens de pós-consumo.

Figura 10: Exemplos de ciclo reverso aberto Fonte: Leite (2009).

 Canais de distribuição reversos de ciclo fechado: são compostos por diversas fases caracterizadas pelo retorno de materiais constituintes dos produtos de pós-consumo, onde os materiais provenientes de determinado produto descartado são seletivamente extraídos para produção de um novo produto semelhante ao de origem. Visando benefícios econômicos, tecnológicos, logísticos ou de outra ordem, todas as etapas da cadeia produtiva reversa são especializadas para a revalorização do material constituinte de determinado produto.

Figura 11: Exemplos de canais reversos de ciclo fechado Fonte: Leite (2009).

Entretanto, quando a reciclagem não for viável, os produtos, resíduos e materiais podem ser destinados a três tipos de disposição final: Os aterros sanitários, que são locais

seguros onde os resíduos sólidos são enterrados entre as camadas, de tal maneira a minimizar a contaminação do solo (VALLE; SOUZA, 2014). Podendo ser também incinerados, “obtendo-se a revalorização pela queima e extração de sua energia residual” (LEITE, 2009, p.9) ou destinado a outro local considerado não seguro, onde são desprezados em rios, lagos, terrenos, causando riscos à população e ao meio ambiente (JARDIM et al, 2012).

A figura 12 apresenta os fluxos dos canais de distribuição direto e reverso do sistema logístico.

Figura 12: Canais de distribuição diretos e reversos Fonte: Leite (2009).

No esquema geral apresentado, a possibilidade de uma parcela desses produtos de pós-consumo ser dirigida a sistemas de destinação final seguros ou controlados, que não provocam poluição, ou não seguros, que provocam impactos maiores no meio ambiente (LEITE, 2009, p.8).

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