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Figura 3: Unidade de Tratamento e Compostagem de Sairé Fonte: Google.

CAPÍTULO 3 – REFERENCIAL TEÓRICO

3.5 LOGÍSTICA REVERSA E SUSTENTABILIDADE

Quando se fala em logística reversa, é impossível não relacionar com o tema sustentabilidade, já que a união desses assuntos pode fazer diferença para um futuro sustentável. É um desafio conseguir conciliar lucro, desenvolver trabalhos e serviços que sejam sustentáveis, porém, o mercado já exige às empresas que tratem tal assunto, com o valor que realmente se deve, tendo como foco o retorno para a origem e reaproveitamento de materiais, visando à contenção dos recursos naturais.

A concepção da sustentabilidade em décadas passadas era discutida por ambientalistas, governantes e a sociedade em geral, maneiras de desenvolver ações para a redução do impacto do meio ambiente, visando “um modelo de desenvolvimento que atendesse a necessidade da população presente, garantindo recursos naturais e boa qualidade de vida as gerações futuras” (ALENCASTRO, 2012, p.44).

No princípio esta concepção conforme Sachs (1993) apud Alencastro (2012) era compreendida em cinco dimensões:

• Social: Diminuir as diferenças sociais e considerar as necessidades essenciais pertinentes ao ser humano, como os bens materiais e não materiais de forma igualitária, solidária e digna.

• Ecológica: Minimizar a degradação ao utilizar os recursos naturais, conservando as origens dos recursos energéticos e naturais.

• Econômica: Utilizar modelo de gestão eficiente e eficaz na destinação dos recursos, aumentando a produtividade e realizando ações socialmente sustentáveis, que amenizam os impactos causados a natureza.

• Espacial: Nivelar a divisão dos registros dos indivíduos, impedindo o aumento acelerado da aglomeração geográfica de habitantes, gerando uma combinação entre cidade/campo.

• Cultural: Alternativas voltadas às especialidades de cada biossistema, cultura e espaço.

É importante ressaltar que além das dimensões estabelecidas acima, acrescenta-se também a dimensão da sustentabilidade política, que é a criação dos direitos e deveres dos cidadãos em seus vários aspectos, objetivando a participação das pessoas no desenvolvimento gradativo da sociedade. A Figura 13 demonstra as principais dimensões da sustentabilidade.

Figura 13: As dimensões da sustentabilidade Fonte: Adaptado de Alencastro (2012).

Mais recentemente Mawhinney, (2000) apud Pedroso e Zwicker (2007), definem sustentabilidade como uma nova ideia abrangente, que envolve diferentes significados e contextos específicos habitualmente associados às políticas governamentais, a gestão pública e empresarial, adotando novos hábitos sustentáveis que proporcione mudanças no comportamento dos seres humanos.

“Acima de tudo sustentabilidade tem como preocupação central o modo de produção, ou seja, quem produz, como produz, o que produz, porque produz e quais as consequências

dessa produção” (ALENCASTRO, 2012, p.45). Ela caminha na mesma velocidade que a Logística Reversa às empresas, considerando os valores atribuídos pela crescente conscientização ecológica dos consumidores e da sociedade em geral.

O conceito de sustentabilidade está diretamente relacionado ao conceito desenvolvimento sustentável, que ocorreu por meio de um processo histórico e que, ao longo do tempo, novos autores agregaram novas ideias a este tema que tem sido continuamente redefinido.

Para Wced (1987), apud Valle e Souza (2014):

Desenvolvimento sustentável é um novo tipo de desenvolvimento capaz de manter o progresso humano não apenas em alguns lugares e por alguns anos, mais em todo o planeta e até um futuro longínquo[...]. É aquele que atende as necessidades do presente sem comprometer a capacidade de as gerações futuras atenderem as suas próprias necessidades.

Atualmente o modelo mais utilizado é denominado de Triple Bottom Line (TBL ou 3BL), que representa o tripé da sustentabilidade. “Segundo este conceito, requisitos sociais, ambientais e econômicos das atividades produtivas devem ser geridos de forma integrada” Elkington (1997) apud Xavier e Corrêa (2013). O TBL é entendido como a interação dos 3 Ps (people, planet e profit), “pois se manifesta em três dimensões (gente ou capital humano, planeta ou capital natural e benefício econômico)” (ALENCASTRO, 2012, p.46).

A figura 14 apresenta o tripé da sustentabilidade e suas interações.

Figura 14 – O Triple Bottom Line e interações

Fonte: Adaptado de Xavier e Corrêa (2013).

De acordo com a proposta do TBL devem-se levar em consideração três aspectos: um meio ambiente socialmente justo, ecologicamente correto e economicamente viável. Essa interação entre os três aspectos resultam em diferentes dimensões da sustentabilidade. A ligação entre o aspecto econômico e social enfatiza o capital humano da organização, ao que diz respeito ao pagamento de salários justos, ambiente de trabalho adequado e um relacionamento agradável com a sociedade em geral. Enquanto a interseção entre o aspecto econômico e ambiental prioriza a realização de atividades ambientalmente e economicamente viáveis. E por fim, na relação entre o aspecto social e ambiental, são desenvolvidas ações sociais e ambientalmente toleráveis, visando à diminuição e compensação dos seus impactos ambientais negativos. A interação entre estes três aspectos do TBL resulta na definição da sustentabilidade num significado mais amplo.

Durante anos, as organizações tomavam suas decisões baseando-se diretamente em aspectos econômicos, ou seja, o foco usual das organizações era obter apenas lucratividade e vantagem competitiva no mercado, não levando em consideração os critérios que agregam também as esferas sociais e ambientais (XAVIER; CORRÊA, 2013).

Hoje em dia, a concepção de que o objetivo de uma empresa é apenas o lucro parece superada, pois questões como desenvolvimento econômico, social e ambiental passaram a ter grande relevância e os cidadãos começaram a exigir ações empresariais comprometidas com a ética e com a cidadania.

No entanto, as novas exigências do mercado têm induzido as empresas sendo elas privadas ou públicas, a se adequarem a um modelo de gestão integrada. O artigo 225, § 1°, inciso V, da Constituição Federal “determina que o Poder Público deve controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente”(BRASIL, 1988). Para atender a essas novas demandas, as organizações precisam oferecer produtos socialmente corretos e estabelecer um relacionamento ético com seus clientes, fornecedores e funcionários, bem como preocupar-se com as questões ambientais que venha a suprir as necessidades atuais da sociedade, como também contribuir para as gerações futuras.

O próximo capítulo apresenta os procedimentos metodológicos utilizados para operacionalizar a pesquisa.

CAPÍTULO 4 – METODOLOGIA

4.1 INTRODUÇÃO

Neste capítulo é apresentada a metodologia utilizada para analisar o problema de pesquisa.

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