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LONCHAEIDAE SPECIES (DIPTERA: TEPHRITOIDEA) AND THEIR HOSTS IN THE STATE OF AMAPÁ, BRAZIL

LAILSON DO NASCIMENTO LEMOS1*, RICARDO ADAIME2, SALUSTIANO V. COSTA-NETO3, PEDRO CARLOS STRIKIS4, EZEQUIEL DA GLÓRIA DE DEUS1, CRISTIANE RAMOS DE JESUS-BARROS2

1

Universidade Federal do Amapá, Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade Tropical, Rodovia JK, km 4, 68902-280 Macapá, Amapá, Brasil

2

Embrapa Amapá, Rodovia JK, km 5, No. 2600, 68903-419, Macapá, Amapá, Brasil 3

Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Amapá (IEPA), Rodovia Juscelino Kubitschek, km 10, Macapá, Amapá, Brasil

4

Pesquisador Independente, Av. Paschoal Ardito, No. 886, 13473-010 Americana, São Paulo, Brasil

RESUMO

As larvas de Lonchaeidae (Tephritoidea) estão associadas à matéria orgânica em decomposição, principalmente, madeira, flores e frutos. No entanto, algumas espécies são invasoras primárias de frutos e botões florais. O presente trabalho objetivou relacionar as espécies de Lonchaeidae e seus hospedeiros em três municípios do estado do Amapá. Os estudos foram conduzidos em três propriedades rurais, localizadas nos municípios de Mazagão, Porto Grande e Santana. Foram realizadas coletas de frutos de diversas espécies vegetais, a cada 30 dias, no período de janeiro a dezembro de 2012. Em toda a área demarcada realizou-se varredura coletando-se frutos da planta e recém-caídos no solo. Coletou-se 412 amostras (78 espécies vegetais pertencentes a 32 famílias, 4.554 frutos, 323,4 kg). Houve infestação por Lonchaeidae em 50 amostras (23 espécies vegetais de 18 famílias botânicas). Obteve-se 856 pupários de Lonchaeidae, que originaram exemplares de 10 espécies pertencentes aos gêneros Neosilba, Dasiops e Lonchaea. As espécies Neosilba laura Strikis, N. parapeltae Strikis e N. perezi (Romero & Ruppel) foram registradas pela primeira vez na Amazônia. Dasiops inedulis Steyskal foi registrada pela primeria vez no estado do Amapá. Adicionalmente, 25 novas associações de hospedeiros e espécies de lonqueídeos para a Amazônia foram feitas, contribuindo significativamente para o avanço no conhecimento sobre este grupo de insetos na região.

PALAVRAS-CHAVE: Neosilba, Infestação, Fruticultura, Amazônia.

ABSTRACT

The Lonchaeidae larvae (Tephritoidea) are associated with decaying organic matter, mostly wood, flowers and fruit. Nevertheless, some species are primary invasive of fruits and flower buds. This paper aimed to relate the Lonchaeidae species and their hosts in three municipalities of Amapá State. The studies were carried in three farms located at Mazagão, Porto Grande and Santana municipalities. Fruit of different plant species were colected every 30 days, from January to December 2012. In the demarcated areas was held scanning by collecting fruit from the plant or recently fallen on the ground. Was collected 412 samples (78 plant species belonging to 32 families, 4,554 fruits, 323.4 kg). A total of 50 samples fruits were infested by Lonchaeidae (23 plant species of 18 botanical families). We obtained 856 puparia of Lonchaeidae, resulting in specimens of 10 species belonging to the Neosilba,

Dasiops and Lonchaea genera. The species Neosilba laura Strikis, N. parapeltae Strikis and N. perezi (Romero & Ruppel) are recorded for the first time in the Amazon. In addition, Dasiops inedulis Steyskal is recorded for the first time in the Amapá State. Additionally, 25

new associations of lance flies species with host plants were made for the Amazon, representing a significant contribution to advancing knowledge about this group of insect in the region.

INTRODUÇÃO

Os lonqueídeos (Diptera: Lonchaeidae), são insetos diminutos (3-6 mm de comprimento), corpo azul-escuro brilhante e asas hialinas, encontrados, principalmente, em lugares úmidos ou sombreados. Suas larvas estão associadas à matéria orgânica em decomposição, principalmente, madeira, flores e frutos. No entanto, algumas espécies são invasoras primárias de frutos e botões florais (MCALPINE, 1961; NORRBOM; MCALPINE, 1997) e, como tal, podem provocar impacto econômico significativo sobre a produção de frutos (MACGOWAN; OKAMOTO, 2013).

A família Lonchaeidae possui aproximadamente 536 espécies agrupadas em duas subfamílias (Dasiopinae e Lonchaeinae) e oito gêneros (Chaetolonchaea Czerny, 1934;

Dasiops Rondani, 1856; Earomyia Zetterstedt, 1842; Lamprolonchaea Bezzi, 1920; Lonchaea

Fallén, 1820; Neosilba McAlpine, 1962; Protearomyia McAlpine, 1962 e Silba Macquart, 1851). O gênero Setisquamalonchaea, descrito por Morge em 1963, atualmente é considerado sinonímia de Silba (MACGOWAN; OKAMOTO, 2013).

O gênero Chaetolonchaea (sete espécies) ocorre nas regiões Neártica e Paleártica.

Dasiops (128 espécies) é o segundo maior gênero da família, sendo frequentemente

encontrado na região Neártica, contudo há registro de espécies do gênero nas regiões Paleártica e Neotropical, ocorrendo ainda na África, Ásia e Australásia. Earomyia (23 espécies) está restrito as regiões Neártica e Paleártica.

Enquanto o gênero Lamprolonchaea congrega cerca de 20 espécies que ocorre principalmente na região Oriental e Australásia, com espécies conhecidas da África, região do Mediterrâneo e do norte da Europa (Holanda e Alemanha) (MCALPINE; STEYSKAL, 1982; UCHÔA, 2012; MACGOWAN; OKAMOTO, 2013; MACGOWAN, 2014), o gênero

Lonchaea contêm 216 espécies, sendo o gênero com o maior número de espécies conhecidas,

distribuídas em zonas de floresta boreal na região Paleártica e América do Norte, ocorrendo também, na região Neotropical.

Neosilba (40 espécies) ocorre na região Neotropical, principalmente Caribe, México,

Colômbia e Brasil, com registro de apenas duas espécies na região Neártica. Protearomyia (11 espécies) possui representantes na região Neártica e Europa. Silba (100 espécies) ocorre, principalmente, na África, região Oriental e Australásia, com pelo menos uma espécie conhecida da América do Sul (MCALPINE; STEYSKAL, 1982; UCHÔA, 2012; MACGOWAN; OKAMOTO, 2013; MACGOWAN, 2014).

No Brasil, apesar de relatos de lonqueídeos infestando frutos de importância econômica desde a década de 1930, por um longo período esses insetos foram negligenciados nos levantamentos de moscas frugívoras, principalmente, pela falta de conhecimentos taxonômicos. Ns década de 1990, em razão da quantidade de pupários de lonqueídeos obtidos nos levantamentos de moscas-das-frutas, ressurgiu o interesse em estudá-los, especialmente na região sudeste (ARAÚJO; ZUCCHI, 2002). Recentemente, diversos trabalhos foram realizados no Brasil com espécies dessa família, motivados pelo avanço do conhecimento taxonômico das espécies brasileiras.

Em relação às moscas-das-frutas, a família Lonchaeidae é a segunda em importância na América do Sul, perdendo apenas para Tephritidae. Algumas espécies dos gêneros Dasiops e Neosilba são pragas primárias em cultivos de frutas. Em algumas espécies vegetais de importância econômica, como nos citros (Citrus spp.), cajarana (Spondias dulcis Parkison) e espécies de maracujá (Passiflora spp.), os Lonchaeidae podem ser mais abundantes e importantes como pragas que os Tephritidae (UCHÔA, 2012).

Estudos realizados no Brasil revelaram que espécies de Neosilba são pragas primárias em algumas culturas, como por exemplo, mandioca (Manihot esculenta Crantz) em São Paulo (LOURENÇÃO et al., 1996); acerola (Malpighia emarginata Sessé & Moc. ex. DC) no Rio Grande do Norte (ARAUJO; ZUCCHI, 2002); em citros (Citrus spp.) no Mato Grosso do Sul (UCHÔA-FERNANDES et al., 2002, 2003); café (Coffea arábica L.) no Rio de Janeiro (AGUIAR-MENEZES et al., 2007); e em tangerina (Citrus reticulata Blanco) na Paraíba (LOPES et al,. 2008). A espécie de Dasiops frieseni Norrbom & McAlpine é reportada causando danos em frutos de maracujá azedo (Passiflora edulis Sims) em São Paulo (SOUZA-FILHO et al., 2002), e a espécie Dasiops inedulis Steyskal, em botões florais da mesma espécie vegetal, no Estado do Pará (LUNZ et al., 2006).

Os primeiros relatos de lonqueídeos na Amazônia brasileira foram feitos por Silva (1993) no Estado do Amazonas, que registrou espécies de Neosilba associadas a 19 espécies frutíferas, e por Costa (2005), que registrou Neosilba major (Malloch, 1920), Neosilba

zadolicha McAlpine & Steyskal, 1982 e Neosilba sp., em trabalho realizado na Reserva

Adolpho Ducke, em Manaus. Mais recentemente, novos trabalhos foram realizados, gerando significativa contribuição ao conhecimento dos Lonchaeidae na Amazônia, destacando-se os trabalhos de Querino et al. (2010), Strikis et al. (2011), Adaime et al. (2012) e Deus et al. (2013).

Na Amazônia brasileira os lonqueídeos dispõem de um grande número de hospedeiros nativos e exóticos, muitos dos quais são encontrados somente em ambientes silvestres. As

espécies N. glaberrima (Wiedemann, 1830) e N. zadolicha são as mais polífagas e amplamente distribuídas nesta região (STRIKIS et al., 2011). Apesar da intensificação dos estudos, ainda pouco se conhece sobre ecologia e biologia dos lonqueídeos. O presente estudo relata as espécies de Lonchaeidae e seus hospedeiros em três municípios do estado do Amapá.

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