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MÁSCARA DE NAGA RASSA

No documento Imaginário da Serpente de A a Z (páginas 122-125)

Máscara de um demônio-serpente do Sri Lanka, usada em danças para espantar os maus espíritos que causam doenças. As Nagas ou ser- pentes sagradas têm o poder de proteger, mas também de destruir.

MEDUSA

Medusa era a única mortal das três irmãs Górgonas: Medusa, Esteno e Euríale. Filha de Fórcis e Ceto (v.), divindades marinhas, era uma bela mulher que possuía serpentes no lugar dos cabelos e transformava em pedra quem olhasse diretamente nos seus olhos. Foi amaldiçoada por Atena, pois ousou competir com ela em beleza. Perseu a matou por decapitação com a ajuda dessa deusa. Para tanto, usou o escudo ofertado por ela que refletia as imagens como um espelho. Olhando através do espelho, Medusa não poderia petrificar Perseu, pois ele não

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estava olhando diretamente para seus olhos, todavia ela ficou inde- fesa. Perseu cravou-lhe uma espada no pescoço do qual jorrou sangue e veneno mortal, cujo fluido poderia ressuscitar qualquer morto. Do sangue venenoso nasceu o cavalo alado Pégaso.

MELAMPO

Médico que teve os ouvidos purificados por serpentes a fim de compreender a linguagem dos pássaros. É chamado de o homem dos pés pretos, pois diz a tradição que, ao nascer, sua mãe o colocou à sombra, mas por inadvertência deixou os pés expostos ao sol. Aqui, a ciência da serpente também estende o seu poder ao reino das sombras e da luz, concilia a alma e o espírito, as duas zonas da consciência, o sagrado esquerdo e o sagrado direito.

Filho de Amitáon, um dos eólios, era adivinho e efetuou uma das mais famosas curas da Mitologia. Melampo foi o primeiro mortal dotado de poderes proféticos. Em frente à sua casa havia um antigo carvalho que abrigava um ninho de serpentes. As velhas cobras foram mortas pelos seus criados, mas Melampo resolveu cuidar dos filhotes, alimentando-as cuidadosamente. Certo dia, enquanto dormia sob o carvalho, as serpentes lamberam as suas orelhas. Ao despertar, espan- tou-se porque podia entender a linguagem dos pássaros e também das criaturas rastejantes. Esse conhecimento dava-lhe a capacidade de prever os eventos futuros, então ele se tornou um vidente de renome.

Certa vez, seus inimigos o capturaram e o puseram sob rigorosa prisão. No silêncio da noite, Melampo ouviu dois vermes da madeira conversando sobre o estado de putrefação do madeiramento do edifí- cio, prevendo que o telhado cairia em breve. Ele revelou esse fato aos seus captores e ordenou-lhes que o deixassem sair, advertindo-os que também se prevenissem. Eles obedeceram a Melampo, escapando à destruição. Os algozes recompensaram-no e passaram a respeitá-lo. Melampo curou a impotência de Íficlos, filho do rei Fílaco, da Tessália, depois de descobrir o tratamento necessário pela conversa das aves. Curou também a loucura das prétides, filhas de Preto, rei de Tirinto.

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Girard (1997, p. 653) citando Eliade observa que a serpente mítica ‘conhece todos os segredos, é a fonte da sabedoria, e entrevê o futuro’; daí

provém em muitos povos o costume de comer carne de serpente para se desen- volverem a clarividência e o campo dos conhecimentos. Isso explica também que ‘para os chineses, por exemplo, a serpente seja a origem do poder mágico, e que os termos hebraicos e árabes que designam a magia derivem dos que designam as serpentes.

MELUSINA

Espírito feminino das águas doces, dos rios e das fontes sagradas. Ela é geralmente representada como uma mulher que se transforma em serpente da cintura para baixo. Algumas vezes, é também repre- sentada com asas, duas caudas e, por vezes, mencionada como sendo uma nixie. Para Durand (1997, p.317), o motivo das asas vem complemen-

tar o malefismo ofídico agravado pela propaganda cristã medieval.

Melusina é, às vezes, utilizada como figura heráldica, tipica- mente em brasões de arma no Sacro Império Romano-Germânico e na Escandinávia, onde apóia a cauda escamosa em um dos braços. Ela pode aparecer coroada. O brasão de armas de Varsóvia apresenta uma imagem muito semelhante a uma representação de Melusina, bran- dindo uma espada e escudo. Ela é o espírito das águas do Vistula que identificou para Boreslaus de Masovia, o sítio apropriado para uma cidade em fins do século XIII.

A mais famosa versão literária da lenda de Melusina, a de Jean d’Arras, foi compilada em torno de 1382–1394 numa coletânea de his- tórias contadas por tecelãs. Foi traduzida para o alemão em 1456 por

Thüring von Ringoltingene popularizou-se como conto de fada:

Elynas, o Rei de Albany, saiu para caçar certo dia e deparou-se com uma bela dama na floresta. Ela era Presina, mãe de Melusina. Ele a persuadiu a ser sua esposa, ela concordou sob a condição de que ele não deveria entrar na alcova quando ela desse à luz ou banhasse suas crianças. Casaram-se. Ela deu à luz a trigêmeas. Elynas violou o pacto,

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Presina, porém, deixou o reino com suas três filhas e viajou para a ilha perdida de Avalon.

As três meninas, Melusina, Melior e Palatina (ou Palestina), cres- ceram em Avalon. Em seu décimo quinto aniversário, Melusina, a mais velha, perguntou por que elas haviam sido levadas para Avalon. Ao ouvir sobre a promessa quebrada pelo pai, Melusina jurou vingança. Ela e suas irmãs capturam Elynas e o trancafiam, com suas riquezas, numa montanha. Presina se enraiveceu quando tomou conhecimento do que as filhas haviam feito ao pai e as puniu rigorosamente. Melusina foi condenada a tomar a forma de uma serpente da cintura para baixo, todo sábado.

O tempo passou. Certo dia, um jovem chamado Raymond de Poitou encontrou Melusina numa floresta da França e lhe propôs casamento. Da mesma forma que sua mãe havia feito, ela estabeleceu a condição de que ele nunca deveria entrar no quarto dela aos sábados. Ele que- brou a promessa e a viu sob a forma de uma mulher-serpente. Ela, todavia o perdoou. Somente quando, durante uma discussão, ele a chamou de “serpente” em plena corte, é que ela assumiu a forma de um dragão, deu-lhe dois anéis mágicos e se foi para nunca mais voltar.

No documento Imaginário da Serpente de A a Z (páginas 122-125)