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Esta tese tem como objetivo investigar o papel do capital social nos processos de cooperação e de aprendizado nas redes de inovação, mediado pelo contexto institucional destas redes.

Os objetivos específicos da tese são:

• Contribuir com a construção teórica do conceito capital social, especialmente no contexto das relações entre empresas e instituições envolvidas no processo de inovação.

• Examinar a relação entre as dimensões estrutural, cognitiva e relacional do capital social e o aprendizado das empresas.

• Examinar as relações entre o ambiente institucional e o capital social nas redes de inovação, levando em conta o papel das instituições para a formação de capital social.

• Contribuir para a formulação de políticas de inovação para as redes de inovação. Considerando que há vários trabalhos (Morgan, 1997; Cooke et al., 1997; Lawson et Lorenz, 1999; Asheim et Cooke, 1999; Storper, 2000) relacionando as variáveis do aprendizado com a inovação, o exame do capital social como um construto teórico explicativo do processo de inovação é analisado de forma indireta, por meio da associação das variáveis do capital social com as variáveis relacionadas ao aprendizado.

O argumento teórico apresentado na tese é que o capital social possibilita às empresas inseridas em redes de inovação aumentarem sua capacidade inovadora e tem como pano de fundo os conceitos de ação econômica e social, instituição, redes sociais e imbricamento presentes na sociologia econômica e no novo institucionalismo.

Posto de forma sintética, parte-se do pressuposto de que o capital social permite um maior aprendizado da empresa, especialmente no processo de exploração de novos conhecimentos, mas também no desenvolvimento de atividades colaborativas que ajudam na transmissão de conhecimento tácito.

A hipótese principal é que o capital social, na forma de recursos presentes nas redes sociais, está positivamente relacionado com o aprendizado, influenciado tanto pelos padrões de interação entre os atores da rede de inovação, bem como pelo contexto institucional onde a rede está inserida. A hipótese alternativa da tese seria a não-existência ou existência de relações negativas das dimensões do capital social com o aprendizado e a inovação das empresas.

As dimensões estrutural, relacional e cognitiva de Nahapiet e Ghoshal (1998) são vistas como elementos facilitadores da existência e acesso ao capital social e não como dimensões do capital social. Como foi visto no capítulo teórico da tese, a estrutura social em rede, a linguagem, normas e identidade partilhadas e a confiança nem sempre constituem os ativos e recursos per se identificados com o capital social. Além das dimensões sugeridas por Nahapiet e Ghoshal, sugere-se uma outra, denominada dimensão institucional.

A dimensão institucional parte da assunção que a associação entre capital social e aprendizado se vale do ambiente institucional existente, mesmo que o acesso e o uso do capital social seja resultado de ação deliberada dos agentes. Isto permite um enfoque contextualizado do capital social (Maloney, Smith et Stoker, 2000) nas redes de inovação.

A tese é um estudo de caso múltiplo (multiple case study) comparativo. A razão principal da comparação, neste desenho de pesquisa, é aumentar a validade externa das hipóteses para uma maior generalização das inferências explicativas que resultarão da pesquisa e examinar a importância do ambiente institucional como parte do papel do capital social no aprendizado e no processo de inovação de um modo geral.

O desenvolvimento da tese contemplou uma etapa quantitativa com a realização de um

survey com amostra intencional (não-probabilística) com empresas pertencentes à PTAC e à Rede Petro uma etapa qualitativa. A combinação de técnicas de coleta e análise quantitativas e qualitativas aumenta a robustez da explicação do fenômeno. Segundo Creswell (1994), algumas das vantagens da combinação de técnicas quantivativas (e.g survey) e qualitativas (e.g. entrevistas em profundidade) são a triangulação dos dados para buscar a superação de viés e convergência nos resultados, adição de escopo e amplitude ao estudo e possibilidade da emergência de novas facetas do fenômeno. O entrelaçamento de dados qualitativos e quantitativos permite atingir um entendimento que nenhum dos métodos isoladamente pode oferecer. Uma exigência importante é buscar maximizar a associação entre as duas fontes de dados (Ritchie et Lewis, 2003).

Conforme Babbie (2003), apesar da maioria dos surveys visar, pelos menos em parte, à descrição, muitos têm o objetivo adicional de fazer asserções explicativas. Este é o caso da sua utilização neste trabalho. A pesquisa a ser realizada possui caráter interseccional, os dados foram colhidos em um único momento (Babbie, 2003).

Para o desenho de pesquisa dessa tese, a vantagem da abordagem qualitativa é a contextualização para melhor entender as semelhanças e diferenças na comparação. A pesquisa qualitativa deposita ênfase no contexto situacional e estrutural (Strauss, 1987).

No Brasil, o objeto empírico foi a Rede Petro no Rio Grande do Sul. Trata-se de uma rede, formada por iniciativa de algumas empresas fornecedoras da Petrobrás e da Secretaria de Ciência e Tecnologia do Governo do Estado, com propósito de aumentar a participação dos produtos e serviços do Rio Grande do Sul na cadeia de suprimento da Petrobrás e facilitar o desenvolvimento tecnológico das empresas do setor de petróleo, gás natural, energia e minerais. A Rede Petro reúne empresas, universidades, centros tecnológicos, consultorias e a própria Petrobrás.

No Canadá, o objeto empírico foi a Petroleum Technology Alliance Canada (PTAC) na província de Alberta. Trata-se de uma rede formada pela iniciativa de uma organização informal dos vice-presidentes de produção das empresas de petróleo e gás localizadas em Alberta, a “Vice-President Breakfast Club”, com o propósito de desenvolver pesquisa colaborativa entre empresas de petróleo e gás, empresas de serviço e fornecedores, instituições de ensino e organizações de pesquisa.

Partindo da definição de que redes de inovação resultam de processos de interação entre atores heterogêneos produzindo inovações em qualquer nível de agregação (local, nacional e internacional), os critérios para a escolha dos objetos empíricos foram a existência de atores heterogêneos em ambas redes e o propósito de promover o desenvolvimento tecnológico, o que, em princípio, pode constituir um ambiente caracterizado pela interação entre vários atores preocupados em inovar.

Em sintonia com Przeworski e Teune (1970), para quem a pesquisa comparativa é uma investigação onde mais de um nível de análise é possível com as unidades de observação para cada um destes níveis, são incluídas variáveis de contexto como a existência de instituições de apoio ao desenvolvimento tecnológico e conteúdo das políticas públicas de inovação, bem como os dados agregados (e.g. PINTEC e Survey of Innovation no Canada).

Apesar de ser um estudo comparativo de sistemas muito diferentes35 (Przeworski et Teune, 1970), serão consideradas as mesmas variáveis explicativas para ambos casos, Brasil e Canadá, e as mesmas unidades de análise; empresas e organizações de apoio ao processo de inovação (universidades, institutos de pesquisa, agências governamentais, organizações de capacitação, instituições financeiras e empresas de consultoria). Isto porque um dos objetivos da comparação é identificar não apenas diferentes características entre os sistemas, mas diferenças nos padrões de relação entre as variáveis. De um modo geral, há momentos em que a comparação enfatiza as semelhanças e momentos em que são enfatizadas as diferenças.

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Casos muito semelhantes requerem a verificação das diferenças e, em casos muito diferentes, busca-se encontrar as analogias (Sartori, 1994).

Quando a relação entre variáveis é a mesma em diferentes sistemas, o número de características sistêmicas que operam sobre a variável resposta é reduzido. No caso desta tese, isso aumenta a validade externa do construto teórico, propiciando uma maior robustez, com um grau maior de generalização. Além disso, a comparação permite aprender com as experiências dos outros (Dogan et Kazancigil, 1994).

O questionário do survey incluiu 101 perguntas para as empresas no caso brasileiro e 88 perguntas no caso canadense. Em ambos casos, o questionário foi dividido em oito blocos (ver Anexos I e II). O primeiro apresentou perguntas para traçar o perfil da empresa. O segundo teve perguntas sobre os quatro tipos de inovação (produto, processo, organizacional e comercialização), seguindo a terceira edição do Manual de Oslo36, e perguntas para verifiar o resultado da inovação, considerando o percentual dos novos produtos sobre o total de faturamento da empresa. O terceiro bloco foi sobre as atividades inovativas da empresa. O quarto tratou sobre a gestão do conhecimento com perguntas baseadas em material da OCDE (Measuring Knowledge Management in the Business Sector, OECD, 2003). O quinto foi sobre fontes externas de informação para o desenvolvimento de novos produtos. O sexto avalia a percepção das empresas (com uma tipo Likert de concordância) sobre a rede. O sétimo avalia as dimensões do capital social e o oitavo apresenta perguntas sobre a evolução da empresa em termos de produtos e serviços oferecidos.

Para a operacionalização das dimensões estrutural, relacional e cognitiva foram utilizados grupos de variáveis correspondentes a cada dimensão no survey (ver Anexo I e II). Em sua maior parte, as variáveis serviram como proxy, medindo de maneira indireta o construto capital social. Ou seja, as empresas que apresentam as medidas mais altas nas variáveis teriam melhores condições de acessar ao capital social. É bom lembrar que as variáveis das dimensões estrutural, relacional e cognitiva necessitam ser mediadas pelo contexto institucional.

Para mensurar a dimensão estrutural do capital social por meio do survey, foram realizadas perguntas que permitissem construir uma matriz sociométrica. A construção da matriz sociométrica permite uso da análise estrutural de redes (social network analysis) com o cálculo de medidas de centralidade, densidade e a existência de buracos estruturais. Além disso, as variáveis utilizadas permitem verificar a multiplexidade das relações dos atores da

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No caso da inovação organizacional, não foi incluída a relação externa da empresa, diferindo do Manual de Oslo nesse item.

rede ou variedade dos conteúdos da colaboração. As variáveis sobre a repetição de projetos de colaboração com cada ator, bem como a freqüência e duração da colaboração são importantes para verificar o grau de estabilidade da rede. O maior tempo, freqüência e número de vezes em que ocorre a colaboração revela uma maior estabilidade das relações em rede. Abaixo seguem as variáveis da dimensão estrutural.

• Nome das organizações com as quais a empresa colabora • Tipo de colaboração

• Freqüência da comunicação • Duração da colaboração

• Número de vezes que ocorreu a colaboração

Para mensurar a dimensão relacional, foram utilizadas variáveis sobre confiança interpessoal, comunicação informal, expectativa de duração das relações e comprometimento com os projetos de colaboração intermediados pela Rede Petro e PTAC. Valendo-se de uma escala de concordância tipo Likert, foram utilizadas as seguinte variáveis para a dimensão relacional.

• Confiança interpessoal

• Relações pessoais com membros da organização onde ocorre a colaboração • Comunicação informal

• Realização de investimentos específicos para projetos desenvolvidos a partir da

rede

Na operacionalização da dimensão cognitiva, considerada a mais difícil de operacionalizar, foi utilizada uma escala de concordância tipo Likert para verificar variáveis que pudessem sinalizar a importância de uma linguagem e histórico de experiências comuns na solução de problemas e desenvolvimento da colaboração. Assim, as variáveis utilizadas foram:

• Linguagem comum com os parceiros (know-how e termos técnicos)

• Linguagem comum ajuda na comunicação de objetivos e interesses durante a

parceria

• Solução conjunta de problemas para o sucesso da parceria • Partilha dos mesmos objetivos em relação à rede

Antes do início da coleta de dados, ainda que de maneira informal, os questionários foram enviados para doutores e doutorandos nas áreas de administração e sociologia para que emitissem opiniões tanto sobre o conteúdo quanto sobre a construção dos questionários. O

propósito deste pré-teste foi buscar validade de conteúdo e de construção. A validade de conteúdo expressa o grau com que uma medição cobre a amplitude de significados incluídos nos conceitos. Já a validade de construção indica o modo como uma medida se relaciona a outras variáveis num sistema de relações teóricas. Assim, além das relações teóricas entre capital social e inovação parcialmente estabelecidas, serão considerados os dados de entrevistas em profundidade e a análise documental dos coletados e analisados na fase exploratória da pesquisa.

3.1 Coleta de Dados

O survey no Brasil foi realizado com 50 empresas nos meses de abril e maio de 2005. No Canadá, ele foi realizado com 55 empresas nos meses de setembro e outubro de 2005. O questionário auto-aplicado foi enviado por correio eletrônico para 81 empresas no Brasil e para 126 no Canadá. A taxa de resposta no Brasil foi de 62% e de 44% no Canadá. A população das empresas de serviços e fornecedoras da indústria de petróleo e gás no Canadá pertencentes à PTAC é de 150 empresas e a população equivalente no Brasil pertencente à Rede Petro é de 110 empresas. O não envio do questionário para todas as empresas ocorreu por duas razões. Primeiro, pela dificuldade de acesso aos dados de contato na empresa e porque algumas empresas estavam fora do escopo das atividades relacionadas aos serviços e produtos essenciais da indústria do petróleo e gás (e.g. agências de publicidade e escritórios de advocacia). O perfil dos respondentes pode ser classificado nas seguintes categorias: diretor executivo da empresa, gerente/diretor de produção, gerente/diretor de tecnologia ou de P&D, gerente de marketing e gerente de vendas. A ampliação do perfil dos respondentes obedeceu a um critério de conveniência e acessibilidade.

A fim de obter o mailing list com os nomes, telefones e correio eletrônico dos contatos nas empresas, negociou-se com a secretária executiva da Rede Petro e com o presidente da PTAC a entrega de um relatório executivo com os principais resultados do survey. Vale registrar que, no caso da PTAC, foram quase dois meses de negociação para obter a concordância da diretoria da organização em apoiar a pesquisa. A aceitação da colaboração da Rede Petro foi facilitada pela existência de relações pessoais com aqueles que atuaram na sua formação.

Embora o questionário tenha sido desenhado para ser auto-aplicado, a maioria dos casos, cerca de 70%, respondeu por telefone. Os questionários eram enviados por email explicando o prazo de entrega, 20 dias a contar da data de envio. Em seguida, no caso da Rede

Petro, foram feitas ligações de follow-up para certificar se o respondente havia recebido e explicar a importância da pesquisa. Passados os 20 dias, foram feitas inúmeras ligações, especialmente no caso da PTAC, solicitando a resposta e buscando persuadir o respondente. Como a taxa de resposta dos questionários enviados por email era muito baixa, o questionário foi reencaminhado e feito um contato para que fosse respondido por telefone. O respondente lia as perguntas e ditava as respostas por telefone.

Para os respondentes da PTAC foram necessárias, em média seis ligações para cada empresa. Aqui é importante mencionar uma variável de contexto que dificultou a coleta dos dados do survey no Canadá. O período de coleta coincidiu com forte atividade das empresas de serviço e fornecedoras. A indústria do petróleo estava em alta com o barril a mais de U$ 60.

Para a etapa qualitativa, foram realizadas 32 entrevistas em profundidade no Canadá com duração entre 20 e 60 minutos. As entrevistas foram realizadas nos meses de setembro e outubro de 2005. O tempo mais curto de entrevista no Canadá também tem relação com o intenso funcionamento da indústria do petróleo. Das 32 entrevistas, 28 foram gravadas. As entrevistas foram realizadas com empresas de petróleo e gás (8), empresas fornecedoras da indústria de petróleo e gás (8), instituições de ensino (6), organizações de pesquisa (2), órgãos do governo federal (3), associação das empresas fornecedoras da indústria de petróleo e gás (Petroleum Services Association of Canada - PSAC) (1), membros da equipe executiva da PTAC (2) e consultores (2). O roteiro das entrevistas abordou três temas centrais; motivação para ingresso na PTAC, benefícios obtidos com o pertencimento à rede e problemas e desafios do ponto de vista da organização do entrevistado. As empresas fornecedoras foram selecionadas com o apoio do presidente da PSAC, tendo em vista que os dados do survey ainda não estavam tabulados para aplicar o critério das empresas mais inovadoras.

No Brasil, foram realizadas 19 entrevistas em profundidade com duração entre 50 e 90 minutos nos meses de dezembro de 2005 e janeiro de 2006. Foram entrevistadas dez empresas fornecedoras ou não da indústria de petróleo e gás, escolhidas de acordo com o critério de empresas mais inovadoras com base nos resultados do survey. Além das empresas, foram entrevistados três instituições de ensino, o atual e o antigo representante da FINEP no Rio Grande do Sul, a atual e o antigo secretário executivo da Rede Petro na Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado, o Secretário de Ciência e Tecnologia na época do surgimento da Rede Petro em 1999 e o representante do SEBRAE/RS na Rede Petro. Apenas uma entrevista não foi gravada. As entrevistas com as empresas foram conduzidas juntamente com outro

pesquisador que fez uma tese de doutorado sobre a Rede Petro na engenharia de produção da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Além das entrevistas, foram coletados documentos no site da PTAC, documentos cedidos por membros da PTAC e da Rede Petro RS, além de documentos cedidos por outro pesquisador sobre a Rede Petro RS que também foi membro fundador da Rede. Além destas fontes primárias também foram usados dados da PINTEC no Brasil e do Survey of Innovation do Canadá, ambos dados de 2003.

Seguindo Przeworski e Teune (1970), a fim conhecer os fatores sistêmicos relevantes, também foram analisadas fontes secundárias, buscando ampliar as informações mais gerais do Canadá e do Brasil no tema da tese. O procedimento se aplica à comparação entre países como o Canadá e o Brasil, países com trajetórias econômicas, sociais e políticas bastante distintas. Assim, a comparação em sistemas muito diferentes permite eliminar os fatores sistêmicos que não são relevantes. Diante das diferenças mais claramente percebidas entre os dois casos, buscar-se-á as semelhanças entre ambos.

3.2 Análise de dados

Tanto na parte qualitativa quanto na parte quantitativa, a análise foi feita em dois níveis; a de cada caso investigado (within-case analysis) e entre os casos (cross-case analysis) (Yin, 1994).

O primeiro passo da análise quantitativa foi realizar uma análise descritiva das amostras no Brasil e no Canadá. No tratamento dos dados, para fins de construção de uma explicação baseada na associação entre variáveis, foram utilizadas técnicas de análise multivariada como análise fatorial, análise de regressão múltipla e análise de conglomerados. O objetivo das análises multivariadas foi tentar identificar em que medida o construto das dimensões do capital social poderiam discriminar o maior ou menor grau de inovação das empresas.

A análise de redes não foi possível porque a grande maioria das empresas não indicou as empresas e organizações com as quais elas mantêm relações de colaboração, tanto no Brasil quanto no Canadá, mas especialmente nos dados do Canadá isso impediu a construção da matriz sociométrica. Em função disso, a operacionalização da dimensão estrutural não foi possível e isso constituiu uma importante limitação na coleta e análise dos dados.

No momento seguinte, com o objetivo de verificar um certo grau de causalidade37 nas relações entre as variáveis explicativas com a variável resposta que dão sustentação para a principal hipótese da tese, foram rodadas análises de regressão múltipla com as variáveis das atividades inovativas, gestão de conhecimento, fontes de informação e capital social e a variável resposta percentual de faturamento oriundo de novos produtos.

No entanto, os modelos de regressão obtidos não passaram nos testes de validade (significância e percentual e alto percentual de resíduos que expressa a quantidade da variância não explicada pelo modelo). As análises de conglomerados, realizadas com as duas bases de dados em conjunto, foram muito pouco discriminantes em relação às variáveis de capital social. Foi a análise fatorial que permitiu verificar melhor, na lógica do método comparativo, as diferenças e semelhanças entre o caso brasileiro e o caso canadense, além de algumas correlações bivariadas. Segundo Hair et al. (1998), além de permitir uma redução das variáveis com uma perda mínima de informação, a análise fatorial pode identificar a estrutura das relações entre as variáveis e isso é fundamental para entender as semelhanças e diferenças entre os dois casos.

Para a análise qualitativa das entrevistas em profundidade foram adotados os seguintes passos. Primeiro, as entrevistas foram transcritas com um arquivo Word em separado para cada entrevista. Depois, foram formadas categorias analíticas a partir da leitura do material e

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