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CAPÍTULO 3 METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO

2. Método da Investigação

A opção pelo método para a recolha de dados faz parte integrante de um trabalho de investigação. Quivy e Campenhoudt (1998) consideram que o método escolhido pelo investigador irá formalizar particularmente o seu procedimento e que os diferentes métodos são percursos diferentes concebidos para estarem mais adaptados aos fenómenos ou domínios estudados.

Desta forma, num processo de investigação é necessário assinalarmos o tipo de abordagem que queremos fazer ao real, podendo fazê-lo “do particular para o geral (indutivo), que parte da observação do terreno e pode abrir-se a pistas de investigação muito originais, ou do geral para o particular (dedutivo), que é uma elaboração fechada, construída a partir de resultados de investigações anteriores” (Ruquoy, 1997, p. 97). Neste estudo optámos pela abordagem indutiva referida pela autora, de natureza qualitativa, por considerarmos que nos poderia dar informações mais significativas sobre as questões iniciais. Constatamos, ainda, que no campo das Ciências da Educação, no qual se inscreve a formação de professores, se realizam cada vez mais estudos qualitativos onde se dá ênfase à descrição dos acontecimentos, em detrimento da sua quantificação.

À semelhança de Pacheco (1993), também consideramos que esta pesquisa se caracteriza “por uma investigação das ideias, da descoberta dos significados inerentes ao próprio indivíduo, já que ele é a base de toda a investigação” (p. 10).

Destacando que a investigação qualitativa é descritiva, devendo ser rigorosa e resultar direta e impreterivelmente dos dados recolhidos, Carmo e Ferreira (1998) referem, relativamente ao procedimento dos pesquisadores, que “os investigadores analisam as notas tomadas em trabalho de campo, os dados recolhidos, respeitando, tanto quanto possível, a forma segundo a qual foram registados ou transcritos” (p. 80).

No Quadro que se segue apresentamos, de forma sintética, as características dos métodos qualitativos usados em investigação:

Método Qualitativo

Fenomenológico, porque compreende a conduta humana a partir dos próprios pontos de vista daquele que atua.

Observação naturalista e sem controlo. Subjetivo.

Próximo dos dados, numa perspetiva indutiva.

Fundamento na realidade, orientado para a descoberta, exploratório, expansionista, descritivo, indutivo.

Orientado para o processo.

Válido: dados reais, ricos e profundos. Não generalizável: estudos de casos isolados. Holístico.

Assume uma realidade dinâmica.

Quadro 6 – Características dos Métodos Qualitativos

Fonte: Adaptado de Carmo e Ferreira (1998, p.177)

Segundo Bogdan e Biklen (1994), na investigação qualitativa o investigador, na qualidade de observador do que quer investigar, é o principal elemento de recolha de dados, privilegiando o teor do material recolhido como fonte direta dos dados. De um modo geral, privilegiam-se neste tipo de investigação as seguintes técnicas de recolha de dados: a observação dos sujeitos, entrevistas, notas de campo, consulta de registos biográficos, consulta de documentos históricos e jornalísticos.

É encarada como descritiva, pois os dados recolhidos apresentam-se geralmente em formato de texto (texto das entrevistas, fotografias, gravações, documentos pessoais,…), sem apresentação numérica, quantificada. Os investigadores qualitativos entendem que “as ações podem ser melhor compreendidas quando são observadas no seu ambiente natural de ocorrência, devendo o investigador qualitativo preocupar-se mais com o processo do que com os resultados” (Bogdan & Biklen,1994, p. 48). Desta forma incide mais na descrição e análise das ações, interações e discursos dos sujeitos (processos) do que nos produtos (resultados).

Este estudo possibilitou identificar alguns elementos comuns de que falam Bogdan e Biklen (1994). Um desses elementos é o foco nos contextos naturais como

fontes diretas, daí termos o suporte de técnicas de recolha de dados descritivas, próprias da investigação qualitativa, nomeadamente, as entrevistas e a análise de documentos.

Embora não tivesse ocorrido em tempo real, a observação, própria da investigação qualitativa, também foi aqui contemplada a partir de filmagens. Fizemo-lo com o objetivo de compreender melhor a realidade estudada, e como o objeto de estudo está relacionado com a compreensão do comportamento e práticas do ser humano, realizámos uma investigação empírica, que, de acordo com Hill e Hill (2009) “é uma investigação em que se fazem observações para compreender melhor o fenómeno a estudar. Todas as ciências naturais, bem como todas as ciências sociais, têm por base investigações empíricas porque as observações deste tipo de investigação podem ser utilizadas para construir explicações ou teorias mais adequadas” (p. 19).

Trata-se, então, de um estudo empírico, interpretativo e, essencialmente, exploratório e descritivo. Como referem Bogdan e Biklen (1994, p. 83), “após a conclusão do estudo efetua-se a narração dos fatos, tal como se observaram, e é elaborado, em retrospetiva, um relatório detalhado do método utilizado”.

Segundo Erickson (1986), a investigação interpretativa engloba diversas abordagens, sendo os estudos de casos uma dessas abordagens. Assim, através da metodologia de pesquisa qualitativa, de caráter naturalista, que visa a obtenção de dados descritivos mediante um contato direto e interativo do pesquisador com o objeto de estudo, desenvolvemos uma investigação particularística com dois estudos de caso. Incidindo sobre um contexto mais específico, nomeadamente as atividades exclusivas de abordagem à leitura e à escrita realizadas durante o estágio destes estudantes, esta investigação particularística procurou descobrir o que há de mais fundamental e profundo no nosso estudo, pois permitiu-nos acompanhar todo o processo de preparação, atuação e reflexão dessas atividades.

Na próxima secção apresentaremos o modelo de análise (Anexo 1), a partir do qual procuramos operacionalizar os conceitos presentes nas questões de pesquisa. Explicaremos toda a sua estruturação a partir dos três grandes conceitos de fundo deste estudo (1) aprendizagem da leitura e da escrita; (2) formação e (3) reflexão.