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CAPÍTULO 3 METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO

3. Modelo de Análise

A fase de construção do modelo de análise (Anexo 1) constituiu a charneira entre a problemática assente e o trabalho que iria ser realizado no campo de análise. De acordo com Quivy e Campenhoudt (1998, p. 155) o modelo de análise “é composto por conceitos e hipóteses estritamente articulados entre si para, em conjunto, formarem um quadro de análise coerente”, que nos permitirá orientar o trabalho de recolha e análise de dados. Neste estudo o modelo de análise não integra as hipóteses previstas por estes autores, no entanto, foi construído com o objetivo de precisar as relações entre os conceitos, as suas dimensões, categorias e subcategorias.

Este modelo permitiu criar os instrumentos de observação capazes de fornecer as informações adequadas para responder às questões de investigação, como sejam os guias de preparação da aula, guiões de entrevista e as grelhas síntese de reflexão.

Conceito Dimensão Categorias Subcategorias

Aprendizagem da leitura e da escrita Representações sobre a aprendizagem da leitura e da escrita na educação pré- escolar Relevância Suporte de aprendizagens posteriores Desenvolvimento de competências comunicacionais Metodologia Papel dos intervenientes

Procedimentos

Competências Representações sobre as competências que devem ser privilegiadas

Atividades Representações sobre as atividades que devem ser privilegiadas

Práticas Domínios

Consciência fonológica Reconhecimento e escrita de palavras

Compreensão dos discursos orais e interação verbal

Conteúdos Linguagem oral

Linguagem escrita Organização do

grupo

Modalidades Critérios

Recursos Materiais pedagógicos

utilizados

Avaliação Objeto (s)

Estratégia (s) Quadro 7- 1.º Conceito do Modelo de Análise: Aprendizagem da leitura e da escrita.

O modelo de análise divide-se em três grandes conceitos de fundo deste estudo, a saber:

A) Aprendizagem da leitura e da escrita. B) Formação.

C) Reflexão.

O Quadro 7 apresenta o 1º conceito, que se refere à aprendizagem da leitura e da escrita, as suas dimensões, categorias e subcategorias.

No que respeita a este conceito, pretendemos obter informações que se relacionassem com as representações dos formandos sobre a aprendizagem da leitura e da escrita na EPE e as suas práticas.

Foi a partir de entrevistas que obtivemos informações que descrevessem estas representações. Assim, com o objetivo de entender como estes equacionam a sua intervenção pedagógica neste domínio de aprendizagem, foram delineadas algumas questões que nos permitissem apurar qual a relevância, para os inquiridos, da aprendizagem da leitura e da escrita em contexto da EPE. Neste momento interessava saber, sobretudo, se aqueles valorizavam esta aprendizagem como suporte de aprendizagens posteriores ou como oportunidade de desenvolvimento das competências comunicacionais da criança.

A fim de perceber a justificação das opções pedagógicas dos formandos em termos de intervenção, pretendeu-se indagar os formandos sobre o papel dos intervenientes no processo (educador / papel da família / papel da criança) e os procedimentos metodológicos por eles considerados adequados em termos de abordagem à leitura e à escrita, nomeadamente, a nível da organização do ambiente educativo e dos procedimentos, bem como recolher informações sobre as suas representações relativamente às competências, atividades e domínios que devem ser privilegiadas na aprendizagem da leitura e da escrita.

No que se refere à investigação particularista dos estudos de caso, foi a partir da análise de sequências didáticas, comentários pré e pós visionamento e as videogravações de sessões de aula que, pretendemos obter informações relativas a (1) conteúdos abordados no âmbito da linguagem oral e escrita; (2) organização do grupo, quais as modalidades utilizadas e critérios a ter em conta; (4) recursos materiais pedagógicos utilizados e (5) estratégias e objeto de avaliação. No entanto, todos os participantes do estudo foram consultados sobre estes aspetos da prática pedagógica.

O Quadro 8 apresenta o 2.º conceito que se refere à formação:

Conceito Dimensão Categoria Subcategoria

Formação Representações sobre a formação obtida Ao nível do desenvolvimento de conhecimentos

Das áreas específicas curriculares Pedagógico didáticas Avaliação Ao nível do desenvolvimento de competências Relacionais Pedagógico didáticas Avaliação Representações sobre as necessidades de formação Ao nível do desenvolvimento de conhecimentos

Das áreas específicas curriculares Pedagógico didáticas Avaliação Ao nível do desenvolvimento de competências Relacionais Pedagógico didáticas Avaliação Representações sobre as dificuldades sentidas Ao nível do desenvolvimento de competências

Grau de satisfação do aluno Ao nível do desenvolvimento

de conhecimentos Quadro 8 – 2.º Conceito do Modelo de Análise: Formação

Após esta análise, pretendemos, a partir de entrevistas, obter informações que se relacionassem com as representações dos formandos sobre 1) a formação obtida ao nível do desenvolvimento de competências e conhecimentos adquiridos, (2) perceber as suas representações próprias sobre as necessidades de formação, e, por último, (3) conhecer as dificuldades sentidas pelos formandos.

Assim, em termos de formação obtida das áreas específicas curriculares, pretendemos apurar o nível do conhecimento dos formandos relativamente ao enquadramento curricular da EPE e sobre teorias de aprendizagem de leitura e escrita.

Sobre as competências relacionais do formando, tentamos perceber, para além da fundamental interação com as crianças, como processam a gestão de interações e /ou conflitos entre crianças, com colegas de estágio e /ou supervisores.

Em termos de formação obtida, necessidades de formação e dificuldades sentidas pelos formandos elaboramos questões que nos permitissem recolher dados ao nível das suas representações sobre conhecimentos e competências adquiridos. Nomeadamente, (1) conhecimento de materiais adequados ao desenvolvimento da literacia; (2) competências de seleção e construção de recursos didáticos; (3)

conhecimento e competências de planificação dos processos de aprendizagem e seleção /criação de instrumentos de avaliação das aprendizagens; (4) organização e gestão do grupo e (5) gestão das especificidades físicas e /ou cognitivas das crianças.

O Quadro 9 apresenta o 3º conceito que se refere à reflexão:

Conceito Dimensão Categoria Subcategoria

Reflexão

Para a ação Contexto educativo

Necessidades das crianças Interesses das crianças Contexto em que a criança se insere

Fundamentos teórico- curriculares

Leitura de autores da especialidade

Consulta das OCEPE, MAEPE e outros documentos orientadores Outras Orientações dos supervisores Da universidade Da escola Análise de práticas anteriores

Do (a) próprio (a) Do supervisor de escola De colegas

Sobre a ação Autoscopia Capacidade de reflexão sobre a prática, após as videogravações Capacidade de se adaptar à mudança

Vontade de aperfeiçoar as práticas Atitude auto crítica e avaliação profissional

Interação com os supervisores e colegas

Frequência da realização das sessões de trabalho com o supervisor

Descrição das sessões de trabalho Lugar à reflexão nas sessões de trabalho com os supervisores e com a educadora cooperante depois da observação das aulas. Quadro 9- 3.º Conceito do Modelo de Análise: Reflexão

Com esta operacionalização, pretendemos obter informações que se relacionassem com a reflexão para e sobre a ação, com a finalidade de conhecer a dinâmica do relacionamento entre os supervisores, formandos e colegas e a importância atribuída à auto e hetero - avaliação no contexto das observações.

Seguidamente apresenta-se uma secção onde se identifica a população, explica e justifica a constituição da amostra e se faz uma apresentação descritiva da mesma.