3.1 DIMENSIONAMENTO DE ESCADAS AUTOPORTANTES – MÉTODOS
3.1.2 Método de Cusens e Kuang por Knijnik e Tavares (1977)
Knijnik e Tavares (1977) abordaram diversas teorias aproximadas para a análise de escadas autoportantes, entre elas: FUCHSSTEINER6, CUSENS e KUANG7; GUERRIN8. Na Figura 19 são apresentados os sistemas estruturais desenvolvidos por estes autores, respectivamente.
FUCHSSTEINER6 sistematizou a escada autoportante como um pórtico espacial composto por duas barras inclinadas, referentes aos lances da escada, ligadas por uma barra curva, referente ao patamar, Figura 19 (a).
Já CUSENS e KUANG7 consideraram ser mais coerente utilizar uma barra reta com o comprimento do patamar localizada na intersecção entre o patamar e os lances da escada ao invés da barra curva para representar o patamar. Os lances inclinados permanecem sendo representados por duas barras inclinadas, Figura 19 (b).
E, por fim, GUERRIN8 em seu sistema estrutural considera os lances da escada articulados junto ao patamar, o patamar sendo rígido o bastante para que a deformação horizontal gerada seja admitida como praticamente nula, Figura 19 (c).
Segundo os autores o método de GUERRIN é considerado bastante simplificado, sendo que a consideração a respeito da deformação horizontal ser próxima de zero facilita o processo de análise.
6
FUCHSSTEINER, W., “Escaleras” in Manual Teórico Prático del Hormigon – Beton – Kalender, Libreria “El Ateneo” Editorial, Argentina, 1957.
7
CUSENS, A. R., KUANG, JING-GWO, “Experimental Study of a Freestanding Staircase”, J. Amer, Concrete Inst, v. 63, no. 5, may 1966.
8
Figura 19- Escada Autoportante modelos de: (a) Fuchssteiner; (b) Cusens; (c) Guerrin.
(a) (b) (c)
Fonte: Knijnik e Tavares (1977, p.109).
Entre os três estudos apresentados, Knijnik e Tavares optaram por desenvolver seu trabalho com base no método de CUSENS e KUANG.
O método de CUSENS e KUANG aborda a análise da escada a partir de uma aproximação, “a substituição do sistema espacial de lajes pela estrutura de barras espacial”.
Neste método de cálculo tem-se como objetivo determinar as grandezas hiperestáticas momento fletor (!L) e esforço horizontal (}L) no ponto médio do sistema, ou seja, o ponto O na Figura 20. Aplicando-se tais grandezas em cada parte na qual a estrutura da escada fica dividida é proporcionada a conservação do estado de equilíbrio da estrutura, obtendo-se um sistema estatisticamente determinado.
Figura 20 - Modelo de Cusens.
Fonte: Adaptado de Knijnik e Tavares (1977).
Após deduções matemáticas, Cusens e Kuang propõem um sistema de duas equações e duas incógnitas para a determinação das grandezas hiperestáticas. O sistema, expresso em termos das incógnitas hiperestáticas ML e HL é apresentado a seguir:
xA∙HL + B∙M ~~~~+ C = 0 D∙HL + E∙M ~~~~+ F = 0
(52)
Os coeficientes A, B, C, D, E e F, são todos função apenas das características geométricas e das cargas da estrutura, obtidos a partir das seguintes equações:
A=0,333 ·&DY Q,huh& ·&&
D · (53) B= -1,15 · (54)
C= -&D·&&
D
^ · Y&<
· & V Z &V &b2Y&< V Y&& D
S &V&& b
2Y&< Y &Q,huh& ·& & V&&b²4 c&<² (55) D= -1,15 · · &· N (56) E=&
U · &V ² Y &U,SQ& ·&
(57)
F= <&· &
w
Z^& V & V D Y ],]h& V&
& V&&Z c&D <D
(58)
Sendo:
< \&V (59)
D \&_V U · < (60)
\ &]U& V&Q,SS c Q,U]& V&U · _
<
(61)
\&U& V&bU ·
<d&V
_
w (62)
Onde:
M< = carga linear uniformemente distribuída sobre o patamar (kN/m);
MD = carga linear uniformemente distribuída sobre o lance (kN/m);
qp = carga uniformemente distribuída sobre o patamar (kN/m²);
E a, b, b1, c, tl e tp são características geométricas, as quais podem ser
compreendidas na representação da Figura 21. Respectivamente, as incógnitas referem-se à comprimento do vão do lance inclinado, distância entre eixos dos lances, metade da largura do lance, largura do patamar, espessura do lance e espessura do patamar.
Figura 21 – Geometria da escada.
Fonte: Knijnik e Tavares (1977, p. 111).
Determinados tais coeficientes, a partir do sistema de equações obtêm-se as grandezas ML e HL, e então pode-se determinar as solicitações em qualquer ponto da estrutura, a partir das seguintes equações de momentos nas barras do pórtico, determinadas pelos autores:
· BARRA OB
!+ \&HL&· &
!P \&ML Y&M<·&²U
!? \&M<·&pU&·
(63)
(64)
· BARRA BC
!+ \ &0&
!P \&&MU &·<& y~² !? \&MU &· p ·< y~
(66)
(67)
(68)
· BARRA AB
!+ \ &ML · N c&HL&·&%U&V N YMU V < % D
Z c&%<D · N&
!P \ &ML · N c&HL&·&%U&V N YMU V < % D
Z c&%<D · N&
!? \&M<·&pU&·&&b2Y&%< Y&M<·&&b2Y&%< · N c&HL&· N&V A
Y&MD·&A D&· ² N U (69) (70) (71)
Figura 22 – Orientação dos momentos.
Fonte: Knijnik e Tavares (1977, p. 111).
Sendo os momentos !+ e !? momento fletores e !P momento torçor na estrutura.
A solução apresentada anteriormente representa o cálculo exato, sem grandes simplificações.
Knijinik e Tavares apresentam em seu artigo a possibilidade de executar simplificações que facilitam a obtenção das incógnitas ML e HL, são estas simplificações:
1) Admite-se c 2 b1;
2) Admite-se α = 30°; 3) Admite-se = 3,62;
4) Assume-se que sobre o lance tem-se um carregamento que não age sobre o patamar, que é o peso dos degraus, considerado de forma conservativa em 25% das cargas sobre o patamar;
5) Assumindo c 2 b1, O passa a ser:
O \ &Q,hQ& V n
@
w (72)
6) Adota-se a relação entre os módulos de elasticidade transversal e longitudinal do concreto como 0,435.
Realizadas as simplificações, os coeficientes A, B, C, D, E e F, podem ser expressas da seguinte forma, como um sistema simplificado:
A=Aa,b a (73) B=Ba,b a (74) C=Cqp,a,b a, b1 b (75) D=Da,b a (76) E=Ea,b a, tl tp (77) F=Fqp,a,b a, b1 b , tl tp (78)
A partir deste sistema de equações simplificado pode-se determinar famílias de curvas que fornecem diretamente os valores de ML q p ∙a2, através das linhas cheias, e HL q p ∙ a2, através das linhas tracejadas, em função de b a , b1 e tb l , tp Figura 23.
Figura 23 – Método simplificado Cusens – modelo ábaco.
Fonte: Knijnik e Tavares (1977, p. 117).
As curvas desenvolvidas são adimensionais e representam o modelo do ábaco desenvolvido. No Anexo G encontram-se as curvas desenvolvidas, para os valores de tl propostos. tp
Quando os valores de tl são diferentes dos apresentados na tabela tp
realiza-se o processo de interpolação linear entre dois valores lidos para duas curvas entre as quais esteja contido o valor que se deseja obter.
É importante destacar que a aplicação do método das curvas é restrito às escadas que se enquadram exatamente ou aproximadamente às simplificações apresentadas. As escadas que possuírem configuração distinta não podem ser dimensionadas utilizando os ábacos, mas sim realizando o método de cálculo inicial proposto por Cusens.
Segundo Knijik e Tavares a determinação dos esforços hiperestáticos a partir da utilização dos ábacos possui uma incerteza de aproximadamente 15 %.