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MÉTODO

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Nesta pesquisa foi utilizada a abordagem qualitativa, tipo estudo de caso, empregando para tanto, o método clínico, com base psicanalítica, por considerar que este método está em harmonia com o problema a ser investigado, uma vez que pretende estudar o ser humano, suas interações com outros e suas relações afetivas. Como cita Spitz (1980), os afetos desafiam, hoje e sempre, a sua mensuração e no homem os afetos servem para explicar comportamentos e acontecimentos psicológicos cabendo, portanto, a pesquisa qualitativa. Sendo assim, o método científico que quantifica e mensura tem produzido resultados excelentes nas ciências físicas.

O caráter qualitativo de uma investigação, prima-se pela busca de uma compreensão particular daquilo que se estuda, não se preocupa com generalizações populacionais, princípios e leis. O foco de sua atenção é centralizado no específico, no peculiar, buscando mais a compreensão do que a explicação dos fenômenos estudados (NOGUEIRA-MARTINS, 2004). Para Canzonieri (2010), a pesquisa qualitativa procura compreender o contexto em que o fenômeno ocorre por isso a realidade é construída a partir do próprio estudo; é a busca da compreensão de “como” ocorrem os fenômenos, assim o processo e seu significado são seus principais focos.

Na pesquisa qualitativa (BOGDAN; BIKLEN, 1994), o ambiente natural é fonte direta dos dados e tem como instrumento chave o pesquisador. Para TRIVINOS (1987), o meio em que o ser humano vive, imprime a ele características próprias e que são revelados à luz da compreensão que ele próprio estabelece. Assim, o contexto onde os sujeitos realizam suas atividades e desenvolvem seu modo de vida é fundamental na compreensão de suas ações e a presença do pesquisador, no ambiente onde se desenvolve a pesquisa, é de extrema importância

Ainda segundo Trivinos (1987), o pesquisador qualitativo procura analisar os dados em todos os seus conteúdos, respeitando a forma como surgiram. Na abordagem qualitativa nada é banal, todos os dados ou manifestações podem fornecer pistas importantes na compreensão do fenômeno estudado. As descrições dos acontecimentos estão carregadas de significado que o ambiente lhe imprimi,

produto de uma visão subjetiva. Sendo assim, a interpretação dos resultados tem como pressuposto à percepção de um fato num contexto. Na pesquisa qualitativa o interesse é estudar um determinado problema e verificar como ele se manifesta no cotidiano. Além disso, a maneira como os sujeitos da pesquisa vivenciam e informam uma situação vivida é importante e peculiar a cada um. O autor salienta que a palavra setting adquire um sentido especial para aqueles que trabalham em áreas psicológicas.

Para Turato (2000), o método clínico-qualitativo compreende conjunto de métodos científicos, técnicas e procedimentos adequados para descrever e interpretar os sentidos e significados dados aos fenômenos e relacionados à vida do ser humano, seja de um paciente ou de outra pessoa do campo dos cuidados com a saúde. Compreende uma atitude de acolhida das angústias e ansiedades do sujeito em estudo, com a pesquisa ocorrendo em um “setting” de saúde, ou seja, em um ambiente natural.

O método clínico-qualitativo é sobretudo, importante quando envolve casos complexos, de natureza íntima ou de expressões emocionais difíceis, buscando, o pesquisador, uma relação face a face, com interesse voltados as questões que mobiliza o sujeito, seja sua condição de saúde, processos terapêuticos, etc. A palavra setting adquire um sentido especial para quem trabalha nas áreas “psi”, principalmente para os psicoterapeutas que utilizam referenciais teóricos psicodinâmicos (TURATO, 2003).

Em relação à abordagem psicanalítica na pesquisa, para as autoras Aiello- Vaisberg e Lousada Machado (2003), determinadas estratégias clínicas permitem a realização de pesquisas psicanalíticas, sendo clínica em sua foram de ser, apresentando-se como uma pesquisa intervenção, por não separar a sua aplicabilidade do movimento de produção de conhecimento, já que não lida com “objetos inertes de investigação”, mas ocorre num campo de troca entre pessoas.

Para Lino da Silva (1993) o objeto da psicanálise é o inconsciente, é a gama de significados emocionais possíveis, tendendo a se manifestar à luz da consciência e ao ambiente. O método da psicanálise caracteriza-se por abertura, construção e participação. Trata-se de um método receptivo, valorizando mais a escuta do que a fala, pois seu objeto não se deixa apanhar por táticas experimentais ou técnicas de laboratório. Ao iniciar uma investigação, importante renunciar aos conhecimentos

prévios, embora um saber prévio seja necessário para se equacionar um problema, mas deve colocar-se numa posição de receptiva curiosidade, beneficiando-se do novo material.

III. 1 PARTICIPANTES

Foram selecionadas 03 cuidadoras (as quais denominamos de M.C., S.M., e V.P, apenas para efeito didático, facilitando a leitura do material) dentre várias que são encaminhadas para atendimento em psicoterapia no Instituto de Geriatria e Gerontologia. Essas pessoas apresentavam uma condição fragilizada em relação aos vínculos com aquelas que eram por elas cuidadas; nos três casos, as cuidadas eram suas mães idosas. Tal condição fora detectada durante o processo de triagem/entrevistas iniciais e nos foram encaminhadas pela equipe multiprofissional do Instituto.

III.2 INSTRUMENTOS

Roteiro de Entrevista (Apêndice A), o qual continha dados socioeconômicos, e temas que se relacionaram a questões da dinâmica interpessoal e familiar e que envolviam os cuidados empregados, a rotina diária, as relações entre cuidador- cuidado e demais membros da família. As entrevistas foram baseadas na técnica semidirigida, onde o paciente pode expor suas dificuldades, incluindo o que desejasse, quando e por onde julgar necessário (OCAMPO, 1990). Ainda de acordo com esta autora, esta técnica difere da entrevista totalmente livre, pois o entrevistador pôde intervir quando precisar assinalar alguma questão, auxiliando em situações de bloqueio, para iniciar ou continuar a verbalização; ou para esclarecer pontos obscuros.

III. 3 AMBIENTE

Este estudo foi realizado em um Instituto de Geriatria e Gerontologia localizado na cidade de São Paulo-SP., em sala apropriada para atendimento individual, respeitando a privacidade, onde esteve presente apenas o entrevistador e o participante da pesquisa. Foram realizadas entrevistas, com duração de uma a duas horas cada uma, num total de cinco encontros, aproximadamente.

II.4 PROCEDIMENTO

As cuidadoras foram convidadas a participar da pesquisa, a qual se desenvolveu por meio de entrevistas semi-dirigidas. Para a seleção das participantes, foi realizado um levantamento de cuidadores familiares que, na ocasião, estavam sendo encaminhados para avaliação e/ou acompanhamento psicológico; salientando que antes de iniciar o atendimento psicoterapêutico, os pacientes passam, nesse Instituto, por triagem ou entrevistas iniciais. Estes cuidadores apresentam dificuldades nos cuidados diários a um idoso dependente, neste caso suas mães, e conflitos no relacionamento com o idoso, o que faz elevar ainda mais o estresse diário porque passam, pois, esses se dedicam a um familiar ou pessoa próxima e dependente. Selecionadas as 03 cuidadoras, para investigar estas relações, as mesmas foram convidadas a participar do presente estudo, ficando definido que os dados seriam coletados durante entrevistas em sala de atendimento individual no Instituto onde seriam atendidas, mantendo-se sigilo sobre as informações e identidade das mesmas.

Para o desenvolvimento das entrevistas nos baseamos num Roteiro, elaborado especialmente para o presente estudo. Os encontros tiveram duração de uma a duas horas, num total de cinco encontros com cada uma das cuidadoras. As participantes foram informadas do objetivo e dos procedimentos (entrevistas) e só participaram mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice B).

Os dados foram analisados por meio de leitura e interpretação do material clínico coletado; e a interpretação foi feita à luz do referencial psicanalítico proposto. Embora tenhamos utilizado o referencial psicanalítico, vale ressaltar que o objetivo da pesquisa não incluiu necessariamente a discussão da técnica terapêutica e sim a análise das questões que permeavam as relações familiares, quando o cuidador chega às entrevistas iniciais (triagem), após ser encaminhado para acompanhamento psicológico.

Aspectos éticos

Neste estudo foram respeitadas as questões éticas preconizadas pela resolução nº 466, de 12 de dezembro de 2012, do Ministério da Saúde do Brasil- CNS (BRASIL, 2012) e pelas recomendações do Código de Ética Profissional de Psicologia, resolução CFP nº 010-2005 e resolução nº 023-2007 (CFP, 2007).

Após autorização da Instituição, aceite das participantes e assinaturas do TCLE - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, os dados para a pesquisa foram coletados nos encontros entre pesquisadora e cuidadora, semanais com uma a duas horas de duração. Os números de encontros totalizaram cinco, aproximadamente, com cada uma das entrevistadas, respeitando a disponibilidade da cuidadora, quanto ao dia e horário mais adequado. Após os primeiros encontros, as filhas cuidadoras permaneceram em psicoterapia, enriquecendo a coleta de informações, bem contribuindo para o processo e a mudança delas.

É importante relatar que o projeto dessa pesquisa foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto de Saúde do Estado de São Paulo (Cepis), por meio da Plataforma Brasil, CAAE: 45390515.4.0000.5469 e aprovada sob o nº 1221513 (Anexo A).

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