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Ponte (1994: 3) caracteriza o estudo de caso da seguinte maneira:

“Um estudo de caso pode ser caracterizado como um estudo de uma entidade bem definida como um programa, uma instituição, um sistema educativo, uma pessoa ou uma unidade social. Visa conhecer em profundidade o seu “como” e os seus “porquês” evidenciando a sua unidade e identidade próprias. É uma investigação que se assume como particularista, isto é, debruça-se deliberadamente sobre uma situação específica que se supõe ser única em muitos aspectos, procurando descobrir o que há nela de mais essencial e característico.”

Quanto a este método que foi utilizado no trabalho, tratou-se de uma abordagem metodológica de investigação especialmente adequada para quando se procura compreender, explorar ou descrever acontecimentos e contextos mais ou menos complexos, nos quais podem estar simultaneamente envolvidos diversos factores.

O estudo efectuado é um estudo de caso, porque segundo Bell (1997:22), é o que está "especialmente indicado para investigadores isolados, dado que proporciona uma oportunidade para estudar, de uma forma mais ou menos aprofundada, um determinado aspecto do problema em pouco tempo". No dizer de Mucchielli (1987), o caso deve ser centrado numa única problemática, em que o investigador deverá procurar a unidade da situação dos dados brutos recolhidos.

Para Yin (1994) um estudo de caso é uma investigação empírica que investiga um determinado fenómeno contemporâneo dentro de seu contexto da vida real, principalmente quando os limites entre esses dois elementos, não estão definidos com a devida clareza. O seu principal objectivo é explorar, descrever ou explicar um “caso” considerado importante para que seja feito o respectivo estudo ou investigação.

Apesar disso, embora o objecto do estudo seja circunscrito, a abordagem do estudo de caso é sempre uma abordagem holística pois permite que todo o contexto onde ocorre a investigação, tenha relevância na descrição e interpretação dos dados.

Assim Yin (1994), relembra que esta metodologia do estudo de caso, requer exigências intelectuais e emocionais por parte do investigador que outras estratégias metodológicas descoram. Lidar com a sensatez no relacionamento social durante o processo investigativo, parece ser uma tarefa bastante árdua principalmente se pensarmos que o investigador deve integrar-se no meio sem se implicar totalmente.

mesmo autor enumera algumas competências que o investigador dos estudos de caso deve possuir. Assim:

- Deve ser uma pessoa que saiba fazer boas perguntas – e interpretar respostas. - Deve ser uma pessoa que seja um bom ouvinte e que não seja traído pelas suas próprias ideologias ou preconceitos.

- Deve ser uma pessoa que seja adaptável e flexível, que consiga ver as situações inesperadas como oportunidades e não como ameaças.

- Deve ser uma pessoa que tenha uma boa capacidade de “agarrar” os aspectos que estão a ser estudados, quer se trate de um trabalho com uma orientação teórica ou política, ou mesmo num estudo exploratório.

- Deve ser uma pessoa que não seja influenciada por preconceitos, incluindo os que derivam da teoria. Tem de ser sensível e reagir a evidências contraditórias.

Neste tipo de metodologia de investigação, o papel do investigador é complexo e daí que seja imperativo ele ter consciência, logo de início, das vantagens e das limitações do tipo de estudo em que se envolve. Muitas das vezes é no final do seu trabalho que o investigador se sente mais preparado tecnicamente, facto este que o poderá motivar a proceder a novas investigações ou ainda proceder a mudanças decorrentes da sua investigação.

Yin (1994) afirma ainda que esta abordagem se adapta à investigação em educação, quando o investigador é confrontado com situações mais complexas, de tal forma que dificulta a identificação das variáveis consideradas importantes e procura:

- Respostas para o “como?” e o “porquê?”

- Encontrar interacções entre factores relevantes, próprios dessa entidade

- Descrever ou analisar o fenómeno, a que se acede directamente, de uma forma profunda e global

-Apreender a dinâmica do fenómeno, do programa ou do processo.

Assim, para Yin (1994) um “estudo de caso” baseia-se nas características do fenómeno em estudo e num conjunto de características associadas ao processo de recolha de dados e às estratégias de análise dos mesmos.

Por outro lado, Bell (1989) define o «estudo de caso» como um termo ‘guarda- chuva’ para uma família de métodos de pesquisa cuja principal preocupação é a interacção entre factores e eventos.

Fidel (1992) refere que o método de «estudo de caso» é um método específico de pesquisa de campo. Estudos de campo são investigações de fenómenos à medida que ocorrem, sem qualquer interferência significativa do investigador.

Coutinho e Chaves (2002), argumentam que quase tudo pode ser um “caso”: um indivíduo, um personagem, um pequeno grupo, uma organização, uma comunidade ou mesmo uma nação.

Argumentam ainda que o investigador pode recorrer a múltiplas fontes de dados e a técnicas de recolha diversificados, tais como: observações directas e indirectas, entrevistas, questionários, narrativas, registos de áudio e vídeo, diários, cartas, documentos, entre outros.

Benbasat et al (1987) consideram que um estudo de caso deve possuir as seguintes características:

- Fenómeno observado no seu ambiente natural;

- Dados recolhidos utilizando diversos meios (observações directas e indirectas, entrevistas, questionários, registos de áudio e vídeo, diários, cartas, entre outros);

- Uma ou mais entidades (pessoa, grupo, organização) são analisadas;

- A complexidade da unidade é estudada aprofundadamente;

- Pesquisa dirigida aos estágios de exploração, classificação e desenvolvimento de hipóteses do processo de construção do conhecimento;

- Não são utilizadas formas experimentais de controlo ou manipulação;

- O investigador não precisa especificar antecipadamente o conjunto de variáveis dependentes e independentes;

- Os resultados dependem fortemente do poder de integração do investigador;

- Podem ser feitas mudanças na selecção do caso ou dos métodos de recolha de dados à medida que o investigador desenvolve novas hipóteses;

- Pesquisa envolvida com questões "como?" e "porquê?" ao contrário de “o quê?” e “quantos?”.

Segundo Bell (1993), o “estudo de caso” permite ao investigador isolado, a possibilidade de se concentrar num caso específico ou situação e identificar, ou tentar identificar, os diversos processos interactivos em curso. O método de estudo de caso proporciona uma oportunidade para estudar, de uma forma mais ou menos aprofundada, um determinado aspecto de um problema em determinado espaço de tempo.

Ainda de acordo com Bell (1993), o estudo de caso, quando bem sucedido, fornece ao leitor uma ideia tridimensional, ilustra relações e questões de carácter educativo, entre outras indicações.

No nosso caso em concreto, a investigação decorreu, como já referimos, num Agrupamento do Distrito de Vila Real e a recolha dos dados foi feita junto dos

Este agrupamento foi escolhido, por razões de conveniência, que se prendem com a facilidade de acesso ao local de investigação e respectivos intervenientes.

O facto de haver uma grande proximidade na relação entre o investigador e os participantes no estudo (professores e monitores) pode ser considerado como uma vantagem, no sentido de existir um maior e diversificado conhecimento mútuo dos intervenientes na investigação. O investigador não é considerado um elemento perturbador ou estranho no ambiente em estudo. Estamos pois de acordo com Bogdan e Biklen (1994) quando afirmam que a investigação em educação pode tirar partido da relação de proximidade existente entre o investigador e o objecto de estudo. Tratando-se de um estudo de caso, os resultados a que se chegou, são válidos apenas para este caso estudado.

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