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Elegemos como método geral da investigação o Estudo de Caso. Yin (1994) caracteriza-o como um método que se «(...) assume como uma das formas de acção passíveis de serem utilizadas na realização de investigação na área das

Ciências Sociais.(...) e quando o foco da investigação se centra em fenómenos que fazem parte da vida quotidiana dos indivíduos»(Yin, 1994,pp.1).

Donmoyer (2000) adverte-nos para as vantagens do recurso ao Estudo de Caso como metodologia de investigação, enfatizando que esta permite-nos, em primeiro lugar, aceder a lugares que a maior parte de nós não teria possibilidade de chegar; em segundo lugar, a experiência vicariante fornecida pelos estudos de caso pode ser preferível à experiência directa. Os estudos de caso permitem-nos olhar para o mundo pelos olhos do investigador, e durante o processo poder descobrir realidades que de outra forma não observaríamos, e em terceiro lugar a citada experiência possibilita uma diminuição da resistência e defesa, por vezes presente, no processo de aprendizagem.

Para Yin (1994) o estudo de caso como modelo de investigação assume-se na maioria dos estudos primariamente como uma abordagem qualitativa que pode ser combinada com dados de ordem quantitativa.

A conjugação dos dados de diferente cariz emerge de diferentes fontes, pois se numa primeira fase pode ser interpretado como uma abordagem qualitativa, esta pode englobar, ainda que de forma diminuta, dados de natureza quantitativa. Pelo que quando recorremos a mais do que uma unidade de análise podemos utilizar a análise de dados empíricos quer qualitativos quer quantitativos como uma estratégia que nos permite a análise de dados de natureza diversa. Os dados provenientes das entrevistas, as sondagens, análise de registos de arquivo, as histórias de vida, as observações participantes e directas, e, artefactos materiais são alguns dos exemplos de fontes empíricas mas que podem ser usadas na abordagem metodológica que é o estudo de caso(lbidem).

A recolha de dados por nós utilizada socorreu-se de um conjunto de fontes e instrumentos de cariz qualitativo e quantitativo que de seguida explanaremos. A versatilidade desta abordagem é corroborada por Creswell (1998) ao apontar que o estudo de caso resulta numa recolha aprofundada de dados provenientes de diferentes fontes presentes no contexto.

De acordo com Creswell(1998) as diferentes fontes de informação podem ser provenientes da observação, entrevistas, material audiovisual, documentos e relatórios.

No estudo de caso desenvolvido optamos por uma abordagem mista com um cariz descritivo, qualitativo e quantitativo. Esta decisão prendeu-se com os

seguintes aspectos: as características do estudo(1), as características da população alvo, ou seja o facto desta usufruírem de atendimento ao nível da Intervenção Precoce(2), e as diferentes fontes de dados utilizadas(3).

Para McWilliam( 2003) existe uma reflexão empiricamente validada que demonstra a pertinência do recurso a métodos mistos na Intervenção Precoce e em Educação Especial. A revisão da literatura acerca da epistemologia da investigação, segundo este autor, comprova que tanto os dados quantitativos como os qualitativos podem usados de forma combinada em estudos de de caso ou outros projectos de investigação. De acordo com esta óptica o recurso a esta forma de acção, no âmbito das investigações realizadas em Intervenção Precoce, promove a qualidade das mesmas.

A investigação realizada envolveu diferentes participantes, embora o foco da intervenção tenha sido um único participante, pelo que parece-nos não ser adequado designar esta investigação como um estudo de caso com um único participante. Mas sim, como um Estudo de caso com vários participantes dado que estes, assumiram o papel de informantes e actores na intervenção delineada. O Estudo de Caso com um único participante ou vários participantes, apresenta como todas as metodologias quantitativas ou qualitativas, vantagens e desvantagens. Designadamente, para Franklin, Allison e Gorman (1997) este tipo de estudo tem vantagens nas seguintes situações:

Em 1o lugar porque permite ao investigador em contextos constituídos por um

único elemento ou um conjunto limitado dos mesmos, ter uma atitude investigativa que permitirá ampliar o conhecimento científico na sua área de saber. O que na nossa investigação foi uma das nossas preocupações, isto é descortinar quais as formas de acção mais ajustadas para desenvolver a comunicação e a linguagem

numa criança com Trissomia 21.

Em 2o lugar tomam-se úteis quando pretendemos estudar até à exaustão os

processos que conduziram à mudança, pois a metodologia utilizada envolve o registo de dados ao longo de um determinado período de tempo, permitindo assim, uma observação dos aspectos dinâmicos da mudança que ocorrem ao longo do tempo.

Ao longo de todo o processo de intervenção delineado para a presente investigação, esteve sempre presente uma dinâmica de avaliação/ intervenção. Promovendo assim, a resposta à questão apresentada pelos autores acerca do

estudo de caso - será que este tipo de intervenção responde às necessidades desta pessoa? Ao permitir dar resposta à mesma, apresenta-se, de acordo com os referidos investigadores, como a terceira vantagem deste género de investigações.

Para Yin (1994) este tipo de abordagem metodológica facilita ao investigador a possibilidade de aprofundar o conhecimento das dimensões de uma diversidade de fenómenos de ordem individual, organizacional, social e politica. Esta característica patente neste tipo de estudos esteve, igualmente, presente no nosso, pois a necessidade de obter informação acerca do participante alvo da intervenção que o caracterizasse nas suas diferentes dimensões foi uma das nossas preocupações. Esta necessidade estava associada ao facto de ser um dos nossos pressupostos organizar uma intervenção significativa e ajustada à criança e à família.

O enfoque do projecto de investigação era o de desenvolver um programa de intervenção ao nível do desenvolvimento comunicacional e linguístico e ter a oportunidade de obter dados que demonstrassem a eficácia deste junto do indivíduo. Para Schramm (1971) o estudo de caso como estratégia de investigação apresenta-se como o processo pelo qual se pretende tornar visível uma decisão ou um conjunto de decisões: o porquê de terem sido tomadas, como foram implementadas e qual o resultado obtido.

A referida intervenção teve por base o modelo das práticas centradas na família, uma avaliação em contexto, designadamente nos dois contextos de vida da criança, foi uma avaliação individualizada, com envolvimento dos profissionais de educação, ainda que tenha sido uma avaliação em equipa monodisciplinar. Esta característica presente na referida avaliação prende-se com o facto de não existirem os recursos humanos que permitam um outro tipo de dinâmicas de avaliação nos contextos onde esta decorreu.

A intervenção ocorreu em contexto, nos dois contextos de vida, contexto pré- escolar e casa, de forma individualizada. Integrada nas rotinas, centrada no jogo e em parceria com pais e profissionais, em concreto o educador dos apoios educativos.

A investigação decorreu em dois contextos diferenciados, a casa e o jardim de infância - cenário da sala de actividades frequentada pela criança alvo do estudo,

uma vez que o contexto do caso pode ser constituído por uma diversidade de cenários, desde o físico ou social ao histórico e ou económico (Creswell, 1998). Utilizamos ainda uma abordagem quantitativa, na medida em que utilizamos uma série de instrumentos com esse cariz, estes foram usados na fase do pré-teste e do pós-teste com o objectivo de obtermos dados com instrumentos referenciados à norma.

Pelo que o enquadramento metodológico do estudo assumiu o formato de metodologia mista, pois como explicita Creswell (2003) " (...) a mixed methods approach is one in which the researcher tends to base knowledge claims on pragmatic grounds( eg. Consequence-oriented, problem-centered, and pluralistic). It employs atrategies of inquiry that involve collecting data either simultaneously or sequentially to best understand research problems. The data collection also involves gathering both numeric infomation(eg. on instruments) as well as text information(eg. on interviews) so that the final database represents both quantitative and qualitative information'^ Creswell, 2003, pp. 18-20).

De seguida apresentaremos de forma esquemática o Desenho do estudo:

Programa de Intervenção

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