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3. A aprendizagem cooperativa

3.3. Métodos da aprendizagem cooperativa

Podemos afirmar que a aprendizagem cooperativa tem demonstrado os seus efeitos positivos na melhoria do rendimento escolar e no desenvolvimento de competências de cooperação pelos alunos. Desta forma, é necessário criar situações favoráveis ao desenvolvimento destas competências através do trabalho cooperativo. É neste sentido que vários autores desenvolveram diversos métodos de aprendizagem cooperativa e comprovaram a sua viabilidade no desenvolvimento do sentido de cooperação na sala de aula. Contudo, como refere Johnson, Johnson e Stanne (2000, citado por Freitas & Freitas, 2003, p. 45), “existe uma grande variedade de métodos de aprendizagem cooperativa que vão desde os muito prescritivos e concretos até aos muito conceptualizados e

flexíveis”, cabendo ao professor selecionar o método que pretende utilizar no desenvolver das suas atividades, segundo as caraterísticas do grupo em questão. Neste contexto, apresenta-se no Quadro 3 – Métodos de aprendizagem cooperativa, alguns dos métodos destacados por Johnson, Johnson e Stanne (2000), os seus criadores e a respetiva data de desenvolvimento.

Quadro 3 – Métodos de aprendizagem cooperativa Métodos de aprendizagem

cooperativa Autores Data

Aprendendo Juntos Johnson e Johnson Meados dos anos 60 TGT (Teams-Games-

Tournaments) DeVries e Edwards Início dos anos 70 Controvérsia Construtiva Johnson e Johnson Meados dos anos 70

Investigando em grupo Sharan e Sharan Meados dos anos 70 Classe Jigsaw Aronson e Colaboradores Finais dos anos 70 STAD (Students Team

Achievement Divisions) Slavin e Colaboradores Finais dos anos 70

Instrução Complexa Cohen Inícios dos anos 80

TAI (Team Accelerated

Instruction) Slavin e Colaboradores Inícios dos anos 80 Estruturas Cooperativas

(Cabeças numeradas juntas) Kagan Meados dos anos 80

CIRC (Cooperative Integrated

Reading and Composition) Stevens, Slavin, e Colaboradores Fim dos anos 80 Fonte: (Johnson, Johnson & Stanne, 2000) (adaptado)

Neste trabalho, apresentamos apenas os métodos STAD – Equipa de alunos para o sucesso; Jigsaw ou Método dos Puzzles; e, Graffiti Cooperativo, uma vez que foram estes os métodos implementados durante o período de intervenção pedagógica. O método Graffiti Cooperativo não consta nos métodos de aprendizagem cooperativa referidos por Johnson, Johnson & Stanne (2000), uma vez que foi sugerido posteriormente por Lopes & Silva (2009).

3.3.1. STAD – Equipa de alunos para o sucesso

O método STAD – Equipa de alunos para o sucesso foi criado por Robert Slavin durante os anos 70, sendo este um investigador da Johns Hopkins University. Este método permite que os alunos, organizados por grupos, entreajudem-se no processo de aprendizagem dos conteúdos ensinados pelo professor, sendo estes centrados nos conceitos fundamentais a aprender. Com a implementação do método STAD – Equipa de alunos para o sucesso, pretende-se desenvolver formas de interdependência, criando situações de trabalho de grupo em que os alunos são responsáveis, não só pelo sucesso da sua aprendizagem, como também pela dos seus colegas (Lopes & Silva, 2009). Neste sentido, os alunos começam por realizar exercícios em grupo sobre os conteúdos apresentados

pelo professor de forma a prepararem-se para os minitestes individuais. A classificação obtida pelos alunos é somada à pontuação do grupo. Depois de obtido o rendimento do grupo, são atribuídas recompensas (Slavin, 1994).

Segundo Slavin (1986, 1995, 1999) e Stevens, Slavin e Farnish (1991), citado por Lopes & Silva (2009), este método é constituído por cinco componentes principais:

1) Apresentações à turma pelo professor – Etapa A. O professor começa por apresentar a lição, mediante os conteúdos estabelecidos para a aula e a serem avaliados nos questionários individuais. É de salientar que “é importante que o professor informe antecipadamente os alunos sobre a realização do questionário, pois isso fará os alunos compreenderem que terão de prestar muita atenção para que possam obter boas classificações” (Lopes & Silva, 2009).

2) Trabalho de grupo – Etapa B. Os grupos deverão ser constituídos por 4 a 5 elementos, “representando as características de heterogeneidade da turma” (Lopes & Silva, 2009, p. 102). Nesta fase, é proposto que os alunos estudem em conjunto e realizem exercícios para que se possam preparar para a realização do questionário individual. Desta forma, coloca-se “a ênfase, por um lado, nos membros do grupo, que devem dar o seu melhor e, por outro lado, no próprio grupo, que devem dar o seu melhor para ajudar cada um dos seus elementos” (Lopes & Silva, 2010, p. 102).

3) Questionários de avaliação individual – Etapa C. Desta vez, os alunos realizam os questionários individuais sobre os conteúdos estudados, sem qualquer ajuda dos elementos do grupo, atribuindo a cada elemento do grupo, a responsabilidade sobre os próprios conhecimentos.

4) Verificação do progresso dos resultados individuais – Etapa D. Nesta etapa, os grupos reúnem as pontuações obtidas pelos seus elementos nos questionários individuais. Desta forma, todos os alunos podem contribuir com pontos para o grupo.

5) Reconhecimento/recompensa da equipa – Etapa E. Por último, esta fase corresponde ao momento em que os alunos são reconhecidos pelo bom desempenho do grupo, atribuindo-lhes certificados ou outras recompensas.

3.3.2. Jigsaw ou método dos puzzles

O método Jigsaw ou método dos puzzles foi criado por Elliot Aronson e Patnoe em 1978 e pode ser desenvolvido com crianças a partir dos 5-6 anos de idade. Neste método, os alunos “são os tutores da aprendizagem dos colegas e são tutorados por eles. Não dependem excessivamente do professor uma vez que são, mediante o seu esforço pessoal, os construtores da sua própria aprendizagem” (Lopes & Silva, 2010, p. 136).

O objetivo do método Jigsaw é a interdependência, pois divide entre os grupos as tarefas de aprendizagem, promovendo a interação entre os alunos mediante equipas de trabalho. Desta forma, promove-se o conhecimento de que os alunos dependem dos seus colegas de grupo para obter a informação necessária para que realizem uma boa aprendizagem” (Lopes & Silva, 2010, p. 136).

Neste método os alunos são organizados em grupos heterogéneos de 5 ou 6 elementos, denominados por grupos-base. Nesta fase, o professor distribui a cada elemento do grupo a matéria que foi dividida em partes ou secções quanto os elementos de cada grupo. Quando os elementos do grupo terminam de analisar a secção que lhes foi atribuída, saem dos grupos de base e formam outros grupos, denominados por grupos de peritos, em que os alunos se reúnem com os colegas que analisaram a mesma parte da matéria. Depois de reunidos nos grupos de peritos, é proposto que discutam e preparem a parte da matéria que lhes foi atribuída durante um tempo determinado pelo professor. De seguida, dirigem-se aos grupos base e apresentam a matéria que estudaram nos grupos de especialistas aos restantes colegas. Desta forma, “os alunos sentem-se motivados a esforçar-se nos grupos de peritos, para poderem ajudar o seu grupo de base a ter um bom desempenho” (Lopes & Silva, 2010, p. 136).

3.3.3. Graffiti Cooperativo

O método de aprendizagem Graffiti Cooperativo é uma forma criativa de incentivar e registar o pensamento criativo dos alunos na sala de aula. Este método “favorece a criatividade, a flexibilidade intelectual e a tomada de consciência” (Lopes & Silva, 2010, p. 172), podendo ser desenvolvido com todas os alunos da turma, inclusive crianças com Necessidades Educativas Especiais.

Para que este método seja implementado é necessário que os alunos estejam organizados por pequenos grupos. Nesta fase, o professor distribui uma folha giratória por cada grupo dividida em várias partes, consoante o número de elementos dos grupos. Cada aluno possui um espaço na folha giratória para escrever ou desenhar ideias sobre o trabalho proposto pelo professor. Depois do tempo

estabelecido, a folha gira e cada criança realiza o seu trabalho, de acordo com a nova instrução, até que a folha gire e volte à posição inicial. É este produto final que corresponde ao graffiti, que será apresentado e explicado à turma. Assim, o Graffiti Cooperativo é “uma actividade independente em que os alunos podem pensar e escrever as suas respostas livremente” (Lopes & Silva, 2009, p. 172). Assim, este método tem como objetivos desenvolver o pensamento crítico, criativo, da flexibilidade intelectual, tomada de consciência, linguagem escrita, capacidade de síntese, construção do espírito de turma e de equipa, responsabilidade individual, para saber os conhecimentos prévios dos alunos ou o que pensam sobre um conteúdo escolar, etc.” (Lopes & Silva, 2009, p. 172). Os autores acrescentam que o ocupar um espaço próprio na folha de graffiti, permite ao aluno afirmar-se no seu espaço social.