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4. CASO DE ESTUDO

4.4. Matriz de definição dos itinerários pedonais para inclusão do idoso

4.4.2. Métodos de consolidação de informações técnicas

Em busca de consolidar as informações até aqui levantadas, achou-se necessário ouvir a opinião dos utentes e de profissionais que trabalham diariamente na freguesia. Através de questionários realizados com alguns frequentadores idosos, informações ofertadas pelo técnico João Adrião da

Junta de Freguesia de São Vicente, uma conversa com o chefe do Regimento de Sapadores de Bombeiros (4ª Companhia) e com uma funcionária da Extensão de Saúde das Mónicas é possível

compreender se a pesquisa, até aqui feita, está a seguir na direção correta, antes que se defina o percurso pedonal de inclusão do idoso.

Ao técnico responsável pela Junta de Freguesia de São Vicente, João Adrião, foi perguntado no dia 03 de abril de 2018, quais são os locais mais procurados pelos idosos dentro do perímetro da

freguesia? Segundo o técnico, os locais mais procurados são “principalmente junto ao Largo da Graça e Rua da Graça, a que se soma Sapadores e Santa Apolónia, assim como feira da ladra, e artérias que para estes locais confluem.”

Segundo a funcionária da Extensão de Saúde das Mónicas, Margarida, no dia 4 de abril de 2018, às 18:40 horas, quando questionada sobre qual faixa etária é mais recorrente nos atendimentos do centro de saúde, ela disse:

- Olha atendemos a um bocado de tudo, porém aparecem muitos bebés e idosos cá.

Ao ‘Chefe Fernandes’, como se identificou, responsável pelo Regimento de Sapadores de Bombeiros (4ª Companhia), foi questionado no dia 03 de abril de 2018, se:

- As chamadas de socorro aos bombeiros devido à quedas de idosos nos passeios é

frequente?

A resposta foi clara.

- Sim, claro que há quedas, recebemos muitos chamados de idosos que se acidentam nas ruas, intensificam-se em algumas alturas do ano, quando está muito frio ou muito calor por exemplo. Além das quedas, também temos alguns chamados de atropelamentos de idosos. Isso acontece porque é uma zona que há uma população envelhecida.

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- Apesar das quedas nas ruas, o maior número de chamados com idosos são para acidentes que acontecem dentro de casa. Normalmente são aqueles idosos que não conseguem mais sair de suas casas e não tem família ou alguém para ajudá-los.

Percebe-se com as respostas do Chefe Fernandes que além da zona realmente contar com uma população envelhecida, como mostram as informações obtidas na fase de identificação de áreas prioritárias, ainda há muitos acidentes de idosos dentro do perímetro da freguesia, ou seja, presume- se que por algum motivo a zona não é segura e confortável para o peão idoso. Quanto a frase de complemento de Fernandes, nota-se que além das quedas recorrentes de idosos nas vias da freguesia, ainda há aqueles, que por alguma limitação física, barreira psicológica ou por qualquer outro motivo que os desincentive a sair às ruas, permanecem fechados em suas casas.

Ainda lhe foi perguntado se os bombeiros sabem onde ocorrem mais acidentes de pessoas que

caem nas ruas dentro do perímetro da freguesia? Mas a esse questionamento o bombeiro não

soube responder, disse que eram informações estatísticas e que ele não as obtinha.

Outra forma de consolidar informações até aqui obtidas, é o questionário que foi realizado com alguns utentes idosos que usufruem do espaço público da freguesia. O questionário tem como principal função consolidar a escolha dos pontos de interesse com a opinião dos utentes da área, já que até então, tais pontos haviam sido estipulados através de informações in loco e análise técnica. No questionário foram feitas perguntas amplas com o objetivo de não condicionar as respostas das pessoas que participaram do estudo e deixá-las automaticamente mais à vontade para lembrarem por onde caminham diariamente, assim como as dificuldades que enfrentam durante seus percursos. Aos participantes foi perguntado inicialmente, como fator eliminatório, dados pessoais como o nome, a idade e o local onde vivem, para perceber se esses se enquadram no perfil da pesquisa. Foram aceitos participantes não só que residiam na freguesia de São Vicente, como também os que tinham suas moradas próximas e frequentam a área semanalmente ou diariamente. Após esse passo, foi anotado junto aos dados dos participantes a data e hora em que foi feito o questionário e o local em que a pessoa foi abordada. Só então foi possível iniciar com duas perguntas simples, claras e abertas aos participantes. No seu dia-a-dia quais os sítios que costuma frequentar dentro da freguesia,

pelo menos uma vez na semana? Evitas de ir a algum sítio devido à dificuldade de chegar a pé, se sim qual é esse local e por que evitas?

A pesquisa foi feita com poucas pessoas pois tratar-se apenas de um questionário para a consolidação de informações técnicas já apresentadas anteriormente. As respostas foram

65 semelhantes entre si, foi possível constatar que mesmo entre pessoas com costumes e gênero diferentes, a população acima de sessenta e cinco anos que frequenta a área de análise busca no seu cotidiano pontos de interesse comuns, tais como vendas, cafés, mercados, frutarias e comércio em geral, além de frequentar áreas de lazer como jardins e largos, onde podem desfrutar do conforto que esses sítios trazem e sociabilizar com os demais. Alguns também mencionaram a dificuldade de acessar o Centro de Saúde das Mónicas.

Quanto a conexão da freguesia com o entorno não houveram reclamações quanto a quantidade e o acesso as paragens de autocarro, alguns participantes que foram questionados próximo a Igreja de São Vicente, ainda mencionaram que não encontravam dificuldade em descer até a estação intermodal de transportes de Santa Apolónia para apanhar metro e comboio, pois obtém o passe mensal e podem apanhar o autocarro que os transporta até a estação.

Curioso é que quando questionados se havia algum sítio que evitavam ir dentro da freguesia devido as dificuldades de se chegar a pé, a maior parte dos participantes disse que não, que conseguiam acessar facilmente e estavam satisfeitos com os acessos dispostos a eles, porém resta saber se essas pessoas realmente apresentam satisfação genuína sobre o assunto, ou se essa característica provém simplesmente, do facto de que essas pessoas não tem conhecimento de outras possibilidades mais eficientes e confortáveis de acesso pedonal.

As exceções sobre a satisfação de acesso aos pontos de interesse dos utentes foi quanto a dificuldade de chegar a pé a Extensão de Saúde das Mónicas, a maioria reclama da inclinação acentuada da via, da coesão ao peão através dos passeios estreitos, dos veículos estacionados em cima das calçadas, do pavimento irregular e da falta de sinalização, além das más condições das vias próximas a Rua dos Sapadores e na porção noroeste da freguesia.

O questionário em si confirmou a concentração dos pontos de interesse encontrados nos mapeamentos anteriores, principalmente quando se trata da Extensão de Saúde das Mónicas, do Largo da Graça e da Rua dos Sapadores devido à grande quantidade de comércio, além das áreas de convivência como o Largo da Graça, Jardim de Santa Clara e Largo da Igreja de São Vicente de Fora. Ver os questionários feitos com os utentes na íntegra em Anexo B.

A seguir o mapeamento dos pontos de interesse mencionados pelos participantes no questionário dentro da freguesia de São Vicente e pelo técnico João Adrião, responsável da Junta de Freguesia de São Vicente.

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Figura 4.11 – Identificação dos pontos de interesse na freguesia citados nos questionários e pelo

técnico responsável da Junta de Freguesia de São Vicente – elaboração própria