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Métodos de Mensuração da RECD

No documento FERNANDA MARCON DO AMARAL CAMPOS (páginas 66-69)

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.4.9 Métodos de Mensuração da RECD

Na literatura, estudos vêm discutindo a respeito da melhor forma de mensurar a RECD.

Em 1994, Moodie et al propuseram que a medida da RECD fosse realizada com um fone de inserção ER3A acoplado ao molde do bebê. Esse fone forneceria um som de 50dB, com o microfone sonda colocado próximo à membrana timpânica, que captaria a resposta. O mesmo som seria fornecido ao acoplador HA2cc e, então, subtrair-se-ia a resposta do acoplador da curva obtida no MAE do bebê. Esses autores estudaram a medida em crianças e, então, sugeriram a medida com fone de inserção em vez da medida em campo com AASI, pois nem sempre as crianças cooperam durante a avaliação. Também usaram o acoplador HA2, pois o molde de silicone é o mais habitual na população pediátrica e eles não observaram boa aderência desse material ao acoplador HA1.

Em 1995, Westwood e Bamford chegaram a propor que a mensuração da RECD fosse realizada medindo a curva de resposta do AASI, na orelha do paciente (REAR), em campo livre, e então fosse subtraída, desses valores encontrados, a resposta da curva desse mesmo AASI, obtida no acoplador de 2cc.

Moodie et al (1994) mediram a RECD em 15 adultos com fone de inserção ER3A e com o AASI Phonak claro 311. Para tanto, utilizaram o equipamento Fonix 6500 e microfone sonda com profundidade entre 34 e 50

mm. O AASI foi acoplado a um receptor de freqüência modulada (FM), sendo que o tom teste apresentado ao transmissor do FM era fornecido a esta, que transmitia ao receptor que estava acoplado ao AASI do paciente. A saída eletroacústica do FM era combinada com o AASI, que teve o microfone desligado, para assim eliminar a variabilidade da medida em campo e impedir possível retroalimentação. A ligação entre o Fonix com o transmissor do FM se deu pela entrada direta de áudio.

As freqüências analisadas foram entre 200 a 6000Hz. Os autores compararam as médias entre a RECD medida com fone de inserção e a RECD medida com o AASI, e concluíram que os valores da segunda foram maiores do que os valores da primeira. A diferença entre as medidas foi em torno de 5dB, sendo que a maior diferença foi em 200Hz.

Bagatto et al (2004) mediram a RECD com uma nova técnica. O microfone sonda foi fixado à oliva de espuma por meio de um plástico do tipo filme que envolvia ambos. O microfone sonda foi colocado a 2mm após a ponta da oliva de espuma. A mensuração foi realizada duas vezes em 32 bebês com idade corrigida entre 2-6 meses. Se os valores encontrados em freqüências altas fossem piores que em 2kHz, o microfone sonda era aprofundado em 1mm. Essa técnica mostrou-se bastante confiável, pois o teste-reteste foi bom. A média de profundidade do microfone sonda foi de 11,25mm, ou seja, 3,8mm após a ponta da oliva de espuma. Os valores médios da RECD foram 1,6 para 250Hz e 22,1 para 6KHz. O equipamento utilizado foi o Audioscan Verifit.

Munro e Toal (2004) compararam a média da RECD medida com fone de inserção, no equipamento Audioscan RM500, e da medida realizada diretamente com o dispositivo RECD-direct acoplado por meio de uma sapata ao AASI 412 supero da Phonak. Essas medidas foram comparadas com a média da população contida no software. Participaram do estudo 15 adultos. As médias da RECD medidas com fone e com a RECD-direct conectadaao AASI foram semelhantes, exceto em 2kHz, em que a diferença média foi de 4dB. Essa seria, segundo os autores, a freqüência mais afetada pela impedância da fonte sonora utilizada na mensuração. A média do software foi maior do que ambas as medidas realizadas individualmente. Como a medida realizada com o

RECD-direct foi muito próxima da realizada com o fone de inserção, ela também se mostrou válida.

Munro e Hatton (2000) mediram a RECD com fone de inserção e em campo livre com AASI em 24 adultos com o molde de uso, oliva de espuma e de borracha. O fone utilizado foi o ER3A no equipamento fonix FP40, e o AASI foi o ES8 Widex. O estímulo usado foi um som de fala a 60dBNPS. A medida em campo com o AASI foi realizada a 0 azimuth e 0,5m de distância da caixa de som. O sujeito era instruído a olhar fixamente para o centro dessa caixa, sem movimentar a cabeça, que mantinha apoiada em um encosto próprio, localizado na cadeira em que estava acomodado. Um fio com um peso foi posicionado acima do vértix da cabeça do indivíduo, de modo que o avaliador pudesse observar qualquer movimentação. Essa posição era a mesma em que foi realizada a calibração. As medidas foram realizadas duas vezes cada, sendo utilizado o acoplador HA2.

Como resultado, os autores constataram que a RECD medida com fone de inserção foi equivalente à medida em campo livre com AASI, quando mensurada com molde de uso do indivíduo. A maior correspondência ocorreu em freqüências médias; nas freqüências mais altas houve uma pequena variação, provavelmente devido ao posicionamento do microfone sonda. Houve diferença de valores entre a RECD medida com molde de uso habitual e os temporários (olivas de espuma e borracha). Também compararam as medidas obtidas na orelha com a prevista pelo acoplador ao utilizar a RECD medida com fone de inserção e com o AASI, como fatores de correção. As médias das diferenças obtidas são mostradas na tabela 6, para os dois métodos de mensuração, demonstrando a validade do procedimento.

Tabela 6 - Diferença média da resposta medida na orelha e prevista pelo acoplador, utilizando a RECD mensurada com molde. Intervalo de confiança de 95%, para a medida expressa em dB, estudo de Munro e Hatton (2000)

Freqüência

(Hz) 500 1000 1500 2000 3000 4000

Fone 1,4 -0,6 -2,2 -1 0,3 0,9

Bagatto et al (2005) apontaram algumas vantagens em utilizar o fone de inserção na mensuração da RECD em vez do em campo livre com AASI. Ao utilizar o fone, podemos eliminar a variabilidade associada às medidas em campo livre com microfone sonda em crianças e também reduzir o tempo na realização da medida sem a necessidade de cooperação. Os autores também apontaram as dificuldades em realizar a RECD com AASI em campo com bebês, como por exemplo: o efeito do posicionamento do microfone de referência, problemas na calibração e também a possibilidade de aparecer o “feedback” durante a mensuração, pois forma uma ventilação no local que é colocado o microfone sonda, e que esse nem sempre é audível.

2.4.10 - Efeito da fonte sonora e do acoplador utilizado na mensuração

No documento FERNANDA MARCON DO AMARAL CAMPOS (páginas 66-69)

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