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2   Sistemas Hipermídia: Conceitos, Características e Evolução

2.4   O que pode ser adaptado em Sistemas Hipermídia Adaptativos 30

2.4.10   Métodos e Técnicas para Adaptatividade no Suporte a Apresentação 42

Os métodos de adaptação de apresentação, ou adaptatividade no suporte à apresentação, primam pela organização do conteúdo de forma a auxiliar no processo de adaptabilidade de apresentação. A idéia principal da apresentação adaptativa é adequar o conteúdo de um nodo acessado por um usuário a conhecimento, objetivos e outras características desse usuário. É possível encontrar, na literatura, a descrição de técnicas e sistemas orientados à apresentação adaptativa de textos (STAFF, 1997) e de técnicas e sistemas orientados à apresentação adaptativa de objetos multimídia (BRUSILOVSKY, 1996). A seguir, serão apresentados alguns métodos de adaptatividade de apresentação considerados clássicos, que se baseiam nas pesquisas realizadas por (BRUSILOVSKY, 1996).

Explicação Adicional

A Explicação Adicional (EA) é muito popular entre os métodos de adaptação de conteúdos, pois seu objetivo é ocultar do usuário alguma parte da informação sobre algum conceito que não seja relevante para o nível de conhecimento ou o interesse do usuário. Por exemplo: detalhes muito preliminares e descritivos de determinado domínio podem ser suprimidos e não serem apresentados a usuários com nível de conhecimento insuficiente para entendê-los. Por outro lado, usuários iniciantes terão a possibilidade de solicitar EA, as quais podem permanecer ocultas para usuários veteranos, que não necessitam mais delas. Em termos mais gerais, certa classe de usuários pode requerer informações adicionais, especialmente preparadas para eles, que não são mostradas às outras classes (PALAZZO, 2002), (BUGAY, 2006).

Explicação Requerida (ER) e Explicação Comparativa (EC)

Os métodos Explicação Requerida (ER) e Explicação Comparativa (EC) podem ser utilizados para alterar a informação apresentada ao usuário, dependendo do seu nível de conhecimento sobre os conceitos relacionados. O primeiro método induz uma ordenação dos conteúdos ao usuário, em que a informação apresentada em primeiro lugar é pré-requisito para a seguinte (BRUSILOVSKY, 1996), (PALAZZO, 2002), (GASPARINI, 2002), (DE

BRA, 2006). Seguindo esta idéia, ao apresentar a explicação de um conceito, o sistema insere a explicação de todos os conceitos requeridos para o seu entendimento. Este método é empregado no sistema C-book (KAUFFMAN, 1993).

O C-Book é um sistema de apresentação adaptativa. Utiliza técnicas diferentes por diversas razões, adaptáveis da apresentação do uso. A informação que não é relevante ao nível de conhecimento do usuário é oculta. Fornece explanações do pré-requisito que não são conhecidas pelo usuário antes de apresentar um novo conceito. É um sistema que usa técnicas adaptáveis da navegação, ajudando a encontrar a maneira mais curta para os objetivos da informação (orientação global).

O método da Explicação Comparativa (EC) baseia-se na similaridade existente entre dois conceitos. Quando um conceito similar ao que está sendo apresentado é conhecido, o usuário recebe uma explicação comparativa, realçando as semelhanças e diferenças entre os dois conceitos. Este método costuma ser particularmente eficiente no domínio das linguagens de programação (BRUSILOVSKY, 1998).

Um exemplo de Explicação Requerida (ER) pode ser visualizado na figura 10, que mostra uma hipermídia adaptativa para ensino de matemática desenvolvido na Universidade Estadual do Norte do Paraná (BERTOLAZI, 2006). A figura 10 (a) possui conteúdo que é pré-requisito para as figuras 10 (b) e 10 (c).

Figura 10. Exemplo Explicação Requerida. Fonte: Bertolazi (2006). (a)

(c) (b)

Nota-se que, neste caso, ocorre uma ordenação dos conteúdos ao usuário, em que a informação apresentada em primeiro lugar é pré-requisito para a seguinte. Segundo a idéia, ao apresentar a explicação de um conceito, o sistema insere a explanação de todos os outros conceitos requeridos para o seu entendimento. A Explicação Requerida (ER) é um tipo de hipertexto eficaz no aprendizado do aluno por levar ordenação dos conteúdos, introduzindo pré-requisitos a determinadas informações com uma seqüência lógica para os acessos. O usuário terá todos os conceitos necessários para o entendimento de um determinado conteúdo.

Nas pesquisas realizadas em De Bra (2006), este também é um método adotado no desenvolvimento de uma ferramenta de autoria em hipermídia adaptativa (DE BRA, 2006). Sua aplicação é similar ao exemplo da figura 10.

Explicação Variante (EV)

A Explicação Variante (EV) considera que mostrar ou esconder determinadas partes da informação pode ser insuficiente para promover a adaptação, uma vez que usuários diferentes possuem grande chance de necessitar de informações essencialmente diferentes. Por meio da EV, o sistema armazena diversas variantes para alguns dos conteúdos de uma página e o usuário obtém a apresentação que corresponde ao seu modelo (PALAZZO, 2002).

Uma aplicação de EV pode ser visualizada na pesquisa de Jones (2006), que a utiliza para prover explanações variantes, dependendo do modelo de usuário. As explicações variantes são criadas seguindo critérios variados, tais como: nível de dificuldade do conceito,

links relacionados com o conceito, tamanho da apresentação e até o tipo de mídia.

Classificação de Fragmentos (CF)

Classificação de Fragmentos (CF) considera o nível de conhecimento e a experiência do usuário para ordenar fragmentos de informação sobre o conceito de modo que a informação mais relevante para o usuário (de acordo com o seu modelo) é apresentada primeiro (PALAZZO, 2002), (MOSTAFA, 2006).

Texto Condicional (TC)

O Texto Condicional (TC) possibilita a divisão da informação em diversas porções de texto. Cada porção é associada a uma ou mais condições relacionadas ao nível de conhecimento do usuário. Ao apresentar a informação, o sistema mostra apenas as porções de texto que tiveram suas condições satisfeitas. Cada um dos fragmentos ou porções de texto deve ser associado a uma condição. Para apresentar um determinado conceito, o sistema apenas utiliza o fragmento que se molda à condição estabelecida como verdadeira. Geralmente, a implementação de TC requer alguma programação; entretanto, é também muito flexível e permite implementar todos os métodos de adaptação relacionados acima, à exceção da Classificação de Fragmentos (PALAZZO, 2002), (MOSTAFA, 2006).

Stretc.htext

Técnica que também permite apresentar ou ocultar condicionalmente porções de texto, de acordo com o nível de conhecimento do usuário. Stretc.htext foi sugerida no sistema

MetaDoc (BOYLE; ENCARNACIÓN, 1994) e, posteriormente, desenvolvida em KN-AHS

(KOBSA, 1995). Baseia-se em um tipo especial de hipertexto, em que os links podem ser expandidos para seus conteúdos ou concentrados novamente em uma palavra-chave. O cerne da técnica é apresentar ao usuário uma página onde todas as informações relevantes estejam expandidas e todas as informações irrelevantes sejam representadas por apenas uma palavra ou frase, de acordo com o modelo de seu particular conhecimento (MOSTAFA, 2006).

Uma técnica escolhida para adaptar o conteúdo matemático do projeto desenvolvido na Universidade Estadual do Norte do Paraná (BERTOLAZI, 2006) foi Stretc.htext (ST), já que este tipo especial de hipertexto possui uma dinâmica de expansão e concentração em uma palavra-chave. A implementação deste método em um sistema hipermídia é fundamental, e tem se mostrado bastante eficiente, pois auxiliará a navegação do usuário para compreensão de algum conceito já estudado ou que ainda não foi assimilado. Essa metodologia facilitará, por exemplo, a leitura de um texto informativo ou explicativo, em que o conteúdo é organizado como um conjunto de fragmentos visíveis e os SHA determinam quais fragmentos são expandidos e quais são contraídos para a apresentação inicial. O usuário pode, então, decidir qual fragmento deseja expandir. A figura 11 mostra um exemplo desta técnica. Ao

clicar no texto que está salientado na figura 11 (a), deve ser aberto o texto apresentado na figura 11 (b), caracterizando, assim, o efeito de Stretc.htext.

Figura 11. Exemplo Stretc.htext. Fonte: Bertolazi (2006).

Fragmento Variante (FV) e Página Variante (PV)

O método EV pode ser implementado pelas técnicas de Fragmento Variante (FV) ou Página Variante (PV). A PV é considerada a mais simples das técnicas de apresentação adaptativa, pois consiste em manter duas ou mais páginas alternativas para cada conceito, cada uma delas adaptada a determinada classe de usuário. Já a técnica FV permite a implementação do método EV em uma granulação mais fina do que a PV, uma vez que seu foco são fragmentos do texto e não páginas inteiras (PALAZZO, 2002), (KUIPER, 2006). Um exemplo de emprego de PV pode ser visualizado na figura 12, que mostra a utilização de PV em formulários eletrônicos (e-form) adaptativos (KUIPER, 2006).

O exemplo mostra duas páginas variantes do mesmo e-form. O acesso a cada uma delas depende do perfil do usuário. No caso da figura 12 (a), o formulário é indicado para usuários que possuem dependentes; na figura 12 (b), a página variante é acessada por usuários que não possuem dependentes.

(a)

Figura 12. Utilização de Página Variante em e-form Fonte: Kuiper (2006).

Frames

Técnica bastante eficiente que, em toda a informação sobre um determinado conceito, é representada sob a forma de um frame. Os slots do frame podem conter diversas EV sobre o conceito, links para outros frames, exemplos, etc. Regras especiais de apresentação são empregadas para decidir quais os slots de um determinado frame devem ser apresentados a certo usuário e em que ordem específica isto deve ocorrer; também são utilizadas no trabalho de Kuiper (2006).