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Métodos para avaliação de acessibilidade Web

1. INTRODUÇÃO

1.2. OBJETIVOS E SUPOSIÇÕES

2.1.6. Métodos para avaliação de acessibilidade Web

No contexto da avaliação de acessibilidade Web, há trabalhos que enfocam este aspecto como fator preponderante para a melhoria dos conteúdos de sítios Web. Alguns trabalhos (ABOU-ZAHRA et al., 2006a; MANKOFF, FAIT, TRAN, 2005; ROWAN et al, 2000; SLOAN et al., 2000; TANAKA, BIM, DA ROCHA, 2005) enfocam mecanismos para a avaliação de acessibilidade, enquanto outros (HACKETT, PARMANTO, ZENG, 2003; PARMANTO, ZENG, 2005) propõem métricas para identificar barreiras de acessibilidade. As barreiras de acessibilidade Web (Web

Accessibility Barriers) são situações enfrentadas por pessoas com inabilidades causando

perda de tempo e esforço desnecessário durante a interação com os conteúdos Web (HACKETT, PARMANTO, ZENG, 2003; PARMANTO, ZENG, 2005).

Mankoff, Fait e Tran (2005) consideram que as barreiras de acessibilidade estão associadas à falta de experiência dos desenvolvedores, quanto à implementação dos requisitos de acessibilidade, e à ausência de boas referências, testadas e homologadas de forma efetiva, que auxiliem a identificação dos problemas de acessibilidade dos sítios Web ainda nas fases de desenvolvimento. Alguns autores (HACKETT, PARMANTO, ZENG, 2003; PARMANTO, ZENG, 2005) consideram uma métrica para mensurar barreiras de acessibilidade para sítios Web. A métrica WABScore (Web Acessibility

acessibilidade tendo como insumo a quantidade de barreiras ou dificuldades encontradas em relação aos pontos de verificação do WCAG 1.0.

Em um contexto mais amplo, outros autores propõem métodos diferenciados para a avaliação de acessibilidade Web. Henry et al. (2006e) abordam os seguintes métodos: (i) avaliação heurística, ou confrontação de conformidade, realizada por especialistas em acessibilidade, (ii) interações nas fases de projeto de sítios (design

walkthroughs), que buscam identificar problemas de acessibilidade precocemente com a

ajuda de facilitadores que se passam por usuários reais, (iii) técnicas de apresentação (screening techniques) utilizadas para identificar problemas de acessibilidade específicos por meio da simulação de inabilidades em usuários comuns e (iv) testes formais de usabilidade que são aplicados para grupos de usuários com inabilidades reais em situações controladas.

Entretanto, os testes de usabilidade, quando aplicados para a avaliação de acessibilidade, não devem ser realizados da forma tradicional, mas devem ser customizados (HENRY et al., 2005b). O planejamento dos testes de usabilidade envolve a escolha dos participantes, baseada em critérios específicos, a preparação de materiais de apoio, a escolha do local, o planejamento do tempo a ser alocado nos testes e a convocação dos participantes.

Melo, Baranauskas e Bonilha (2004) propuseram o método de observação participativa para a avaliação de acessibilidade com a presença de usuários reais com inabilidades. Este método é baseado em testes de usabilidade e consiste na condução de sessões de avaliação com a participação de um usuário com algum tipo de deficiência e de um observador. Durante a aplicação deste método, o usuário é convidado pelo observador para a execução de tarefas específicas envolvendo a busca de informações em alguns sítios Web. Tais tarefas são escolhidas com base em critérios específicos de

cada avaliação e, durante a execução das tarefas, o usuário poderá adotar estratégias que lhe sejam mais convenientes.

O observador deverá interagir com o usuário a fim de fornecer-lhe informações básicas e o entendimento correto do objetivo a ser alcançado para cada tarefa, sendo que, durante a interação, o observador poderá estabelecer um diálogo para registro das dificuldades e estratégias adotadas pelo usuário durante a execução das tarefas ou, a seu critério, e em sendo permitido pelo usuário, poderá registrar a sessão interativa em áudio e vídeo. O objetivo da sessão interativa é a identificação das barreiras encontradas e as estratégias utilizadas pelo usuário para contorná-las (MELO, BARANAUSKAS, BONILHA, 2004).

Finalmente, Abou-Zahra et al. (2006a) propõem diferentes abordagens para a avaliação de acessibilidade Web: (i) por intermédio de revisão preliminar para identificação de potenciais violações, (ii) por meio da avaliação de conformidade com o WCAG, (iii) utilizando abordagens para contextos específicos envolvendo a fase de desenvolvimento dos sítios Web, avaliação de sítios legados e avaliação de páginas com conteúdo dinâmico, (iv) com o envolvimento de usuários reais durante sessões de avaliação baseadas em testes de usabilidade, (v) com o uso de ferramentas automatizadas com enfoque sobre os pontos de verificação do WCAG, e (vi) de forma mista envolvendo revisão preliminar e equipe com experiência no guia WCAG.

Pode-se observar, para os métodos e abordagens apresentados, que os testes de usabilidade são comumente utilizados para a avaliação de acessibilidade. Os testes de usabilidade são utilizados para prover dados subjetivos e quantitativos sobre atividades realizadas por usuários reais em relação a um determinado produto.

Segundo Henry et al. (2006e), os testes de usabilidade podem ser utilizados para a avaliação de acessibilidade Web, com a colaboração de usuários com inabilidades,

desde que customizados para focar problemas de acessibilidade. As customizações devem envolver os seguintes aspectos: (i) utilização de técnicas de interação (think-out-

loud) com a presença de facilitadores, (ii) coleta de dados deve focar o entendimento

dos erros relacionados a problemas de acessibilidade e (iii) tarefas requeridas para os usuários devem ser direcionadas para áreas comumente geradoras de problemas de acessibilidade.

Outra abordagem bastante utilizada para avaliar a acessibilidade Web considera o uso de ferramentas automatizadas. As ferramentas automatizadas disponíveis para avaliação de acessibilidade Web podem ser pagas ou de uso livre. Segundo Abou-Zahra et al. (2006c), as ferramentas existentes são agrupadas quanto ao modo de operação pelas seguintes características: (i) geração de relatórios, (ii) avaliação passo-a-passo, (iii) inserção de resultados automatizados e (iv) transformação de páginas. As principais funcionalidades presentes nas ferramentas de avaliação (ABOU-ZAHRA et al., 2006c) são apresentadas no Quadro 3.

Quadro 3 - Funcionalidades das ferramentas de avaliação de sítios Web (ABOU- ZAHRA et al., 2006c)

Funcionalidade Descrição

Acessibilidade Garantia de que a ferramenta pode ser operada por pessoas com inabilidades.

Cobertura Abrangência da ferramenta quanto à avaliação dos pontos de verificação.

Configuração

Capacidade da ferramenta em suportar parametrizações relacionadas à verificação de acessibilidade, geração de relatórios e abrangência da avaliação (páginas estanques, conjuntos de páginas, sítios Web etc.).

Integração

Nível de suporte para plataformas heterogêneas hardware, software e formatos de exportação de dados (HTML, EARL, CSV etc.).

Suporte a políticas

Capacidade da ferramenta em suportar as políticas ou recomendações de acessibilidade conhecidas (Web Accessibility Initiative, Section 508 etc.). Confiabilidade Confiabilidade dos resultados das avaliações de

Quadro 3 (cont.) - Funcionalidades das ferramentas de avaliação de sítios Web (ABOU-ZAHRA et al., 2006c)

Funcionalidade Descrição

Reparo Capacidade de correção das violações de acessibilidade encontradas.

Suporte a tecnologias Web

Capacidade de avaliação de conteúdos Web que utilizam tecnologias Web distintas (CSS, HTML, XHTML, SMIL, SVG, MATHML etc.).